À frente dos nossos olhos
Enquanto adepta das histórias do futebol, dei de caras com o caso do Brasil-Chile, disputado no Maracanã em 1989, jogo no qual se decidia o apuramento para o Mundial de 1990. Segundo leio no texto de Brian Homewood, que assistiu ao encontro, já se estava na segunda parte, com o Brasil a ganhar por 1-0, quando um foguete lançado de dentro do estádio cai muito próximo da baliza chilena. Em segundos instala-se o caos no Maracanã: o guarda-redes chileno, Roberto Rojas, está por terra e tem sangue na cara. O jogo é suspenso e os adeptos brasileiros saem do Maracanã em ambiente de luto: temem que um caso de tal gravidade leve à sua exclusão do Mundial. E tinham fortes razões para assim pensar.
Nas horas seguintes, os acontecimentos sucedem-se até que aquilo que aconteceu no estádio passou a ser visto de outro modo: o sangue na cara de Roberto Rojas era real, contudo não fora provocado pelo petardo, mas sim pelo canivete que o guarda-redes muito oportunamente trazia escondido na luva e com que se mutilara durante a confusão gerada pelo rebentamento. Ao fim de algumas horas, as 132.000 pessoas que tinham assistido a este jogo concluíam que aquilo que acontecera não era aquilo que tinham julgado ver. O Chile acabou excluído do Mundial de 1990 e também do de 1994. Já a lançadora do petardo, Rosemary de Mello de seu nome, fez o habitual percurso de vilã a capa da Playboy brasileira (para os interessados, consultar o número de 15 de Novembro de 1989).
A tentação de criar um facto estrondoso que aparentemente decorre à frente dos olhos de todos de modo a gerar uma reviravolta nos resultados revelou-se um risco excessivo no futebol. O mesmo não se pode dizer da política. Em Portugal, esta tentação tem pairado no ar e pode dominar mesmo as próximas presidenciais, que, tudo indica, em termos de argumentário de campanha, serão muito mais duras do que as de 2006.
Um dos primeiros sinais desta alteração de registo chegou quando Manuel Alegre se viu obrigado a dar esclarecimentos sobre se tinha ou não desertado do serviço militar. Sintomaticamente, o assunto não tinha merecido qualquer referência nas anteriores presidenciais, em que Manuel Alegre também foi candidato. Depois Cavaco Silva viu-se confrontado com a transformação da sua decisão de se fazer representar no funeral de José Saramago não numa prosaica polémica mas já num antecaso. Tivesse Saramago morrido uns meses depois e a campanha de Cavaco Silva teria um sério problema a resolver.
É enorme a vulnerabilidade dos candidatos perante estes não-casos. Um candidato a navegar contra uma torrente de notícias que nem se podem desmentir porque não reportam a nada de concreto é um exercício quase desesperado. E basta ter lido esta semana a transcrição no Correio da Manhã de uma parte da conversa que Rui Pedro Soares e Paulo Penedos mantiveram no dia 25 de Junho de 2009 para perceber como há quem esteja disponível para usar as técnicas de Roberto Rojas. A dado momento, segundo o Correio da Manhã, Rui Pedro Soares disse a Paulo Penedos: “tem de ser forçado, ele devia falar. Ele é candidato à Presidência da República, tem de dizer que o Presidente parece que está a ser parcial em favor do PSD, que está preocupado com uma empresa privada.” Ou seja, Rui Pedro Soares queria que Paulo Penedos telefonasse a Manuel Alegre para o forçar a criticar a intervenção de Cavaco Silva no caso PT/TVI. Rui Pedro Soares até fornecia o argumentário: Cavaco estava preocupado com uma empresa privada. E trata Manuel Alegre como um da sua igualha. Felizmente que daquela vez os boys não conseguiram os seus intentos e, tal como Roberto Rojas, viram expostos diante de todos os seus artifícios.
Mas convém não esquecer que, nas campanhas políticas, ao contrário do que acontece no futebol, ninguém pode parar o jogo. E, tanto quanto a vida ensina, não só é mais fácil enganar um país inteiro do que os 132 mil adeptos que enchiam o Maracanã para aquele Brasil-Chile como os países se conseguem enganar durante mais tempo.
*PÚBLICO

pois, já começou a pintar os cenários da porqueira, o cavaco remete-os para o site da presidência que explica tudo do bpn às conspirações e os outros que se amanhem com o correio, cresponews e sucedâneos da piggy guedes, tipo zé maneis & lenas.
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Algo de estranho se passa quando a Helena Matos passa um vídeo onde é visível um “Fora Pinochet”.
O mundo está às avessas…
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helena matos já acredita que os políticos enganam os cidadãos…
excepto se forem políticos americanos e excepto em acontecimentos de setembro…
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ao cuidado do Sr. José Silva, do comentário #3…
http://sic.sapo.pt/proj_sicradical/scripts/videoplayer.aspx?videoId=59408DAB-BA55-4FE5-A745-27449A3484FE
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ao cuidado do Sr. José Silva, do comentário #3…
http://www.youtube.com/watch?v=QFOA0aIoCng&feature=related
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A selvajaria contemporânea não é só islâmica e stalinista.
Tb os Hindús têm laivos de barbárie:
HOMEM CATÓLICO INDIANO PARALÍTICO QUEIMADO VIVO POR HINDÚS EXTREMISTAS, nos “progroms” anti-Cristãos de Agosto /Setembro de 2008(censurados pelos media, of course!!!)
Os assassinos forma condenados a SEIS ANOS de prisão!!!
http://www.ucanews.com/2010/07/02/orissa-riot-sentence-falls-short-of-justice/
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Huumm
Este #3 deve ter um Q.I. desgraçadamente muito abaixo de zero.
Vai ver se está a chover Ketchup lá fora….
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