Socialismo: manual de instruções
Nacionalizar uma empresa privada depois desta acumular prejuízos que ascendem a 5500 milhões de euros, prejuízos esses surgidos em consequência de gestão danosa e fraude financeira; depois das dívidas pagas, voltar a pôr a empresa no mercado, quando esta é avaliada por um valor inferior a 10% do total dos prejuízos acumulados; propor um preço mínimo de ida a concurso correspondente a 50% do valor em bolsa da empresa. Resultado: talvez 180 milhões de euros para o Estado e 4000 milhões de euros (no mínimo) fora dos bolsos dos contribuintes, essa entidade a que não se deve recorrer em caso algum (leia-se subsídios à Cultura, financiamento da Saúde e da Educação, prestações sociais, função pública, etc. ,etc.). Pois, uma maravilha. O caso BPN (e a seguir, podemos ter a certeza, virá o BPP) é um exemplo a seguir por todos nós, é bom de ver. À consideração dos anafados
liberais[socialistas] do costume. Aplaudamos.
Texto de Sérgio Lavos, no Arrastão, a que se apenas corrigiu um pequeno lapso terminológico no título e na parte final….
Lapsos no entanto muito recorrentes nos dias de hoje. O Sérgio deverá certamente recordar-se que de uma forma geral, os que defenderam a intervenção estatal à custa do contribuinte no BPN e no BPP foram os socialistas de todos os quadrantes incluindo conservadores estatistas. Os liberais, liberalmente disseram: não consegue cumprir compromissos? Feche-se! Falência com eles! Terá também presente que nas sociedades capitalistas o mérito é premiado e o demérito punido, pelo que falências são coisas corriqueiras. Já nas sociedades socializantes o mérito é desincentivado e o demérito desculpado e diluído em responsabilidade social a ser paga pelos do costume em proveito de alguns. Foi o caso.
Não vale a pena agora é querer virar o bico ao prego.

Parece evidente que o Estado tentou ser o pára-quedas para centenas, senão milhares de famílias vítimas da gestão danosa e fraudalenta dos gestores. Responsabilizar estes vigaristas, é o mínimo que se exige.
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É claro que um verdadeiro liberal desde o início só tinha de se opor à intervenção estatal nos bancos BPN e BPP. Mas também é claro que eu li muitos textos de gente que afirma defender o liberalismo, gente de direita, por altura da nacionalização do BPN, a defender a acção do Governo, porque, cito por alto, “a falência daquelas instituições financeiras levaria ao colapso da Banca nacional e à consequente crise”. Resultado: intervieram, nacionalizaram, passados dois anos privatizam estourando o “dinheiro dos contribuintes” (gosto tanto desta expressão aplicada neste contexto) pelo caminho. Eu sei qual foi a posição dos Blasfemos neste caso – preocuparam-se mais com a falta de supervisão do que com as fraudes que lá foram cometidas. E depois andaram algum tempo a assobiar para o lado quando se falou da ligação de figuras do PSD aos anos de desvario do banco. Posições contra a nacionalização? Andei a ver os arquivos, mas curiosamente não vi nada que se assemelhasse a isso. Se me pudesse o Gabriel indicar tal texto (não digo que esteja a procurar mal), agradeço.
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Caro Sérgio,
Assim de repente, detectei estes dois: https://blasfemias.net/2008/11/05/furia-nacionalizadora/
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Embora eu ache mais relevante o Sérgio inverter os dois conceitos, capitalismo e socialismo. Neste último é que o infractor não é responsabilizado; é nesse sistema que as perdas são socializadas; é nas sociedades socializantes que não se permitem falências; é nesse esquema mental que se utilizam os poderes do estado para proteger interesses privados. No capitalismo ou de economia de mercado ia à falência e o resto era coisa de policia.
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como é podem dizer mal dos socialistas este fizeram um frete a todos os liberais que tinham lá investimentos e emprestimos astronomicos não registados ora só poder ser cão que morde o dono.
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Mas também é claro que eu li muitos textos de gente que afirma defender o liberalismo, gente de direita…»
Erro comum e grosseiro. Em Portugal, no seio dos partidos políticos de regime, não há ninguém a defender uma posição liberal muito menos a equipa dirigente do actual CDS. São aliás (desgraçadamente) excepcionais as profissões de fé liberal à excepção de umas esparsas posições, a título individual, na blogoesfera e um ou outro artigo nos jornais.
A verdade é que, em Portugal, há mais de 100 anos que persiste um horror, ou melhor, ódio às ideias liberais. Aqui reside a subserviência atávica dos portugueses aos humores do poder e as subsequentes procuras de “encostos”. O paroxismo é atingido com os homo freeportus.
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Toni, sff não confunda “liberais” com investidores. O liberalismo é uma ideologia, aliás pode até desdobrar-se em várias, que parte de certos princípios e premissas muito próprios para formular um projecto de sociedade, que crê ser a mais adequada ao livre desenvolvimento do Homem enquanto indivíduo.
Coisa diferente é uma gentinha que anda por aí que se arroga de ideias “liberais” tão só, apenas e na exacta medida em que as mesmas sejam convenientes aos seus interesses. Tipos que se dizem liberais na altura de obter privatizações de monopólios chorudos mas choram baba e ranho pela teta do Estado quando aso coisas correm mal, não são liberais. São parasitas.
Há oportunismo ideológico em todos os quadrantes, sabe? É por essas que depois temos um “Engenheiro” José Sócrates que só tira o socialismo da gaveta quando é para lançar chavões de esquerda contra o PSD.
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««como é podem dizer mal dos socialistas este fizeram um frete a todos os liberais»»
É o chamado “dinheiro do PS”. Nem imagina o que custou aos socialistas pagar o BPN.
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Ok, caro Gabriel, de facto o seu post insurge-se claramente contra a nacionalização e portanto é coerente com uma ideia de liberalismo económico. Mas olhe que o outro texto que me indica anda por ali a dar uma no cravo e outra na ferradura sem se decidir se foi uma coisa má ou boa. E tudo o resto publicado aqui sobre o tema parece muito pouco liberal neste caso.
Quanto à inversão que eu fiz, é uma provocação, claro, porque a operação empreendida pelo PS é uma aberração, qualquer o prisma por onde se veja. Não é capitalismo, porque nacionaliza uma empresa falida, nem é socialismo, porque passado pouco mais de ano e meio, privatiza-a. É uma paródia (mas nós é que somos os bobos) ao capitalismo, capitalismo tuga, se quiser (mas nos estrangeiro aconteceram coisas parecidas). Já agora, a economia de mercado que defende – uma empresa vai à falência e a partir daí torna-se um caso de polícia – parece ser uma utopia, tanto como é o socialismo, a julgar pela distância que entre teoria e prática, quando se trata do sistema financeiro. Os E. U.A. e a Inglaterra, então foram campeões neste domínio. Será que as leis do mercado não se aplicam à banca?
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Obviamente que os liberais sempre estiveram contra a nacionalização do BPN.
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Caro Sérgio,
E quem lhe diz que os EUA e o RU são países de liberalismo económico, onde funciona a Economia de Mercado?
Essa sempre foi uma mentira amplamente difundida mas facilmente desmontável. Veja que a América da Era Bush Filho supostamente é o paraíso do “neoliberalismo” (seja lá isso o que for). Mas na verdade, o que se viu foi um constante aumento da despesa e do défice público norte-americanos nesses anos (a dívida crescia a um ritmo de 1.5 mil milhões de dólares por dia desde 2002!!!). Isto porque a América Republicana NÃO é liberal. Está sim predominantemente ligada ao conservatismo (ou na sua última versão, os neocons), que nos dá esta belíssima fórmula de sucesso para gerir o Erário Público: baixar impostos nas classes mais abastadas, expandir o orçamento militar, dizer “sim” a todos os pedidos de Estados e lobbys amigos para “abir a torneira”. Um Mundo admirável, como se vê.
Já agora, e ainda sobre “Mercado Livre” nos EUA. Sabe o papel que a Fannie Mae e a Freddie Mac tiveram na Crise do Subprime não sabe?
E sabe o que querem dizer os nomes? Federal National Mortgage Association e Federal Home Loan Mortgage Corporation
São parte dessa maravilhosa realidade americana que são as GSE: government-sponsored enterprises
Mercado Livre my ass lol
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“Será que as leis do mercado não se aplicam à banca?”
É praticamente impossível que assim seja dada a natureza da actividade bancária. Os bancos têm activos ilíquidos e passivos líquidos. Isto torna-os vulneráveis a crises de confiança. Nenhum banco, por mais saudável e bem gerido que seja aguenta uma corrida dos seus depositantes. Assim, para garantir a estabilidade do sistema bancário é necessário segurar os depósitos. Tal é feito via intervenção estatal, o que cria uma situação de ‘moral hazard’ à qual é difícil (impossível?) de fugir.
Este sector será aquele para o qual é mais razoável defender um sistema público por oposição a um privado. Simplesmente porque é praticamente impossível ter um mercado a funcionar verdadeiramente (há-de aparecer aí o CN a dizer que se os bancos fossem obrigados a ter 100% de reservas que então não haveria corridas aos bancos, mas tal não é verdade)
Quanto à decisão de nacionalizar o BPN, que se traduz em prejuízos de 4000 milhões de euro (contas aí do nosso Gabriel), é impossível de saber se foi uma boa decisão ou não. Caso o BPN não tivesse sido nacionalizado ele teria ido ao charco, penso que quanto a isso não há dúvidas. Indo ao charco, teria arrastado mais bancos com ele, devido ao pânico gerado? Se sim, então a decisão do governo poupou bem mais do que os 4000 milhões de Euros. Se não, então foi uma má decisão. No contexto da altura, e com a informação disponível, e dada a facilidade com que se estavam a gerar corridas aos bancos, penso que a decisão de Teixeira dos Santos foi a mais avisada
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“Os liberais, liberalmente disseram: não consegue cumprir compromissos? Feche-se! Falência com eles!”
Ó Gabriel, os liberais que tinham conta no BPN disseram isso?
Literalmente?
Ou só aqueles que recebem pela CGD?
Caro Gabriel, você sabe muitas coisas.
Ou então imagina.
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Caro Carlos Dias,
O BPN tem mais de 120 mil clientes. Todos “liberais” mal intencionados, quer ver?
Provavelmente muitos “liberais” com conta no BPN, como lhes toca directamente no bolso, põem de lado a ideologia e agradecem o facto de ainda terem o seu dinheiro. Mas sabe que mais? O mesmo pensarão muitos “socialistas”, “trotskistas”, “democratas-cristãos”, “social-democratas” e gente sem qualquer posicionamento ideológico que pura e simplesmente quer é ver o seu capital assegurado.
Estar a falar no oportunismo dos “liberais do BPN” nesta matéria é ridículo. Fale antes nos interesses dos clientes do BPN, dos interesses da CGD, dos interesses do Governo e de outros tantos que queira arranjar para opor ao interesse PÚBLICO na matéria.
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Caro Carlos Dias,
Experimente ensaiar a pergunta que endereça, retórica já se vê, substituindo “liberais” por “socialistas”.
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E só de pensar que poderíamos ter comprado 8 submarinos com os 4.000 milhões, e pasme-se… já estavam pagos!
Das duas uma, ou enterraram muito no BPN, ou os submarinos foram muito baratos.
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Factos: Guterres começou por pensar em 5 submarinos e acabou por decidir-se por três. Durão Barroso, e Ferreira Leite, adjudicaram dois.
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#5
Ódio às ideias liberais é um grande exagero. Vou transcrever umas ideias liberais que os portugueses decerto não odiariam, se fossem transpostas para cá:
“People today are struggling with spiralling debts, rising food and energy bills and unaffordable mortgages. A decade of complacency by Gordon Brown has meant that with plummeting house prices, falling growth, rising inflation and rising unemployment, the outlook for the UK economy has not looked so bleak since the Tory recession of the 1990s.
We want to offer real help to the millions of families trying to make ends meet, so we will get wasteful government spending under control and give the economy a boost by cutting taxes for people from the bottom up. We will also crack down on big business and the super rich who exploit tax loopholes and do not pay their fair share. We will strengthen the economy by requiring the Bank of England to take house prices into account when setting interest rates and we will effectively regulate the banking system to prevent irresponsible lending and business practices.”
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E verdade que ouvi muita gente do PSD e CDS a falar do “risco sistémico” de o Estado não intervencionar os bancos falidos. Para a esquerda em geral esses são partidos ditos “liberais”, e daí a confusão que alguma cabecinhas pretendem alimentar.
Mas “liberal” é alguém que é abertamente a favor do capitalismo, incluindo as falências (e o tal risco sistémico) que estas comportam. Há poucos liberais em Portugal, mal grado o terror que esses poucos incutem na inteligenzia da esquerda. O que me faz pensar que esta gente está mesmo aterrorizada com os resultados de um século de prática socialista, e do seu efeito sobre uma população cansada de tanta mentira.
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«Vou transcrever umas ideias liberais que os portugueses decerto não odiariam, se fossem transpostas para cá»
Por acaso não tem um prontuário à mão?
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Caro JP Ribeiro #15,
Exactamente.
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…Elisa não resiste mandar algumas indirectas a Rui Rio. “Pintaram os bairros, mas esqueceram-se de vos dizer que o dinheiro é do Estado, é do PS”
JN
Não percebo porque continuam a falar em dinheiro dos contribuintes.Isso já nem existe há anos.
“Dai, pois, a Sócrates o que é de Sócrates e a Deus, o que é de Deus”
(Mateus 22:21).
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…também é claro que eu li muitos textos de gente que afirma defender o liberalismo, gente de direita, por altura da nacionalização do BPN, a defender a acção do Governo…
Quem são esses “liberais” ? – “gente de direita” não é liberal na sua maioria, 90% da Direita em Portugal continua a defender a existência de todos os Ministérios que a esquerda também defende que existam.
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Caros amigos,
Para se ser liberal é necessário ter uma grande autoconfiança, e confiança nos outros. Como costumo dizer, serei monárquico quando for o rei. Aplicando a este caso, só serei liberal se tiver confiança nas minhas próprias capacidades.
A maior parte do nosso povo não a tem porque não tem confiança em si próprio, não acha que pode sobreviver à competição.
Por mim, defendo um estado mínimo, protegendo especialmente apenas quatro classes de pessoas: crianças, idosos, deficientes e aqueles que, por uma circunstância alheia e infeliz, se virem temporariamente impedidos de exercer a sua profissão e cidadania (doença, acidente, morte de um familiar próximo, qualquer coisa deste cariz).
Mais, quantas pessoas têm vindo dos Estados Unidos ou do Reino Unido trabalhar em Portugal em busca de «estabilidade laboral»? Liberalizem-se de uma vez os despedimentos, com um mês de reintegração (não lhe chamem indemnização, por favor!) em todos os casos, e vamos ver, após um ou dois trimestres de transitório, o que a pressão sobre os empregados e a liberalização do mercado de trabalho fará.
Aliás, façamos o seguinte, à laia de experiência: nos contratos em que o trabalhador opte por um regime de livre despedimento (com um mês de indemnização ou de pré-aviso salvo «justa causa»), terá direito a duas semanas adicionais de férias, a gozar na época baixa. Basta isto. Assim que o trabalhador entre a «efectivo», deixa de ter direito a estas férias adicionais. Vamos ver quantas pessoas passariam a «efectivas» ou desejariam passar.
Eu, pessoalmente, estou farto de ver o demérito e a mediocridade encorajadas e premiadas no país e na Europa. Se seremos ultrapassados pela Índia é porque os pais lhes dizem «vai para engenharia, e se não conseguires ao menos tira medicina».
Francisco Colaço
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Uma proposta liberalizante e particularmente assertiva em tempos de fortíssima restrição financeira: extinção dos Ministérios da Economia, Agricultura, Educação, Ciência e Cultura.
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http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/ps-be-e-pcp-chumbam-suspensao-do-tgv_1439471
PS, BE e PCP chumbam suspensão do TGV
28.05.2010
………….
Melhor do que “Nacionalizar uma empresa privada depois desta acumular prejuízos” é estar de raiz no nascimento do próximo buraco negro dos recursos financeiros portugueses.
Quem irão os nosso caríssimos (literal e figuradamente) neo-comunistas, neo-socialistas e neo-“whatever” culpar quando começarem a chegar as facturas da construção e deficits de exploração deste novo e luxuoso sugador do tal pseudo-Estado-mais-do-que-Social?
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O MEDO DE INVESTIGAR O DESPEDIMENTO COLECTIVO DE 112 PESSOAS DO CASINO ESTORIL COM MILHÕES DE LUCROS QUEM ESTÁ POR DETRÁS DESTE DESPEDIMENTO QUE GABINETE DE ADVOGADOS FOI ESCOLHIDO PARA MONTAR ESTE DESPEDIMENTO QUEM ESTÁ NO CORPO ADMINISTRATIVO DA ESTORIL SOL QUEM INVESTIGA O TRAFICO DE INFLUENCIAS.
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