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O desígnio que falta

29 Setembro, 2010
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Se há coisa que os políticos de todos os quadrantes adoram, é a formulação grandiloquente de “desígnios nacionais”. Quando implementados, redundam geralmente no espalhafato circense (Expo 98, Euro 2004) ou em obras faraónicas na construção e/ou nos transportes. Sócrates inovou apondo-lhes o qualificativo “estratégico” o que, na prática, significou torná-los ainda mais gigantescos e ruinosos.

Mas há um desígnio que nunca ninguém formulou e que constituiria um projecto mobilizador e libertador para todos os cidadãos: baixar a carga fiscal para, no mínimo, metade da actual. A única forma de o atingir, passa pela redução drástica da despesa pública. Ontem, já era tarde para iniciá-la. Mas se não o fizermos, estamos condenados a um irreversível empobrecimento.

16 comentários leave one →
  1. Francisco's avatar
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    29 Setembro, 2010 12:48

    Totalmente de acordo. E há muito que cortar sem ter que sacrificar muita da componente social da despesa pública (as pensões mais baixas ou até um certo patamar, subsídios de doença e de desemprego). Quantos institutos públicos precisam de uma profunda reengenharia das suas competências, eliminando sobreposições, trabalho inventado, formulários e procedimentos que não acrescentam valor aos cidadãos). Quantos organismos públicos têm 5 e mais membros nos seus Conselhos Directivos, cada um com as suas regalias especiais.
    E quanto às pensões: porque se continua a permitir que sejam atribuídas pensões na função pública (ou seja, em que a componente de contribuição individual para o valor da pensão é muito baixa, e portanto são os contribuintes que a pagam, em boa parte) de valor superior por exemplo, à remuneração de um director-geral no activo? Porque não se acaba com isso de imediato?
    FMA

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  2. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    29 Setembro, 2010 14:07

    Nem mais. A única solução para Portugal é que haja mais quem crie riqueza.
    Isso só acontecerá se quem o fizer for despenalizado.

    lucklucky

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  3. Arnaldo Madureira's avatar
    Arnaldo Madureira permalink
    29 Setembro, 2010 17:37

    Sim, realmente, os países que têm uma carga fiscal de 20% são muito ricos!

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  4. Arnaldo Madureira's avatar
    Arnaldo Madureira permalink
    29 Setembro, 2010 17:38

    Quem é que cria riqueza?

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  5. Arnaldo Madureira's avatar
    Arnaldo Madureira permalink
    29 Setembro, 2010 18:19

    A Suíça tem um bom nível de vida e contas públicas razoavelmente equilibradas com 30 a 35% do PIB de despesa e receita públicas e tem um perfil de despesa pública de ensino e saúde igual ao de Portugal. A Suécia também, mas num nível próximo dos 50%.

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  6. LR's avatar
    29 Setembro, 2010 18:24

    Arnaldo,

    “Sim, realmente, os países que têm uma carga fiscal de 20% são muito ricos!”
    Podem não ser muito ricos, mas para lá caminham. Há uma correlação negativa entre níveis de fiscalidade e taxas de crescimento. Quanto menor o nível de fiscalidade, maior a quantidade de recursos no sector privado que os sabe alocar de forma bem mais eficiente.

    “Quem é que cria riqueza”?
    Quem produz bens e serviços transaccionáveis em regime concorrencial.

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  7. LR's avatar
    29 Setembro, 2010 18:25

    Arnaldo,

    “A Suíça tem um bom nível de vida e contas públicas razoavelmente equilibradas com 30 a 35% do PIB de despesa e receita públicas e tem um perfil de despesa pública de ensino e saúde igual ao de Portugal. A Suécia também, mas num nível próximo dos 50%.”
    Qual dos dois é mais rico?

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  8. Arnaldo Madureira's avatar
    Arnaldo Madureira permalink
    29 Setembro, 2010 18:50

    Qual dos dois é mais rico? 1º A riqueza de Suécia é mais do que suficiente. O ganacioso é que nunca está satisfeito e é muito feio ser ganancioso. Mas, se é isso que queres, podemos comparar a Suíça com a Noruega.
    Queres que vão ser os primeiros ricos com uma carga fiscal de 20%? Podes escolher Burma, Singapore, Macau, Turkmenistan, Central African Republic, Bangladesh , Guatemala , Hong Kong,
    Guinea, Cambodia, Cameroon, Nepal, Peru, , Paraguay, Haiti, The Philippines, Armenia, Democratic Republic of Congo, Taiwan, Laos, Dominican Republic, Panama, Thailand,
    Chile, Chad, El Salvador, Indonesia, Madagascar, Pakistan, China. Estão todos a caminho de ser ricos e a carga fiscal nunca vai passar dos 20%.
    E há uma correlação positiva entre níveis da fiscalidade e PIB per capita.
    O sector privado sabe alocar recursos mais eficientemente nalgumas actividades, claro que sim. E depois? Quem é quer acabar com o sector privado?
    Diz-me lá quem é que produz bens e serviços transaccionáveis em regime concorrencial.

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  9. Arnaldo Madureira's avatar
    Arnaldo Madureira permalink
    29 Setembro, 2010 18:59

    Os países discriminados acima são os que têm despesa pública abaixo de 20%. Receita fiscal abaixo de 20%:United Arab Emirates
    Equatorial Guinea
    Qatar
    Bahrain
    Libya
    Burma
    Kuwait
    Oman
    Chad
    Republic of Congo
    Saudi Arabia
    Nigeria
    Iran
    Angola
    Haiti
    Central African Republic
    Yemen
    Algeria
    Bhutan
    Bangladesh
    Mexico
    Nepal
    Democratic Republic of Congo
    Comoros
    Cambodia
    Pakistan
    Ethiopia
    Sierra Leone
    Panama
    Cameroon
    Syria
    Madagascar
    GuineaBissau
    Gabon
    Indonesia
    Paraguay
    Micronesia
    Laos
    Guatemala
    Uganda
    Burkina Faso
    Tanzania
    Rwanda
    El Salvador
    Guinea
    Taiwan
    The Philippines
    Mozambique
    Hong Kong
    Sri Lanka
    Singapore
    Malaysia
    Lebanon
    Ecuador
    Dominican Republic
    Costa Rica
    Egypt
    Niger
    Peru
    Côte d’Ivoire
    Mali
    Thailand
    São Tomé and Príncipe
    Togo
    Mauritania
    Armenia
    Honduras
    Benin
    Venezuela
    Mauritius
    Zambia
    Malawi
    Tajikistan
    China
    Burundi
    Azerbaijan
    India
    Chile
    Vanuatu
    Nicaragua
    The Gambia
    Kenya
    Colombia
    Ghana
    Ora, digam lá se não são estes todos os países que estão a crecer imenso, a caminho de ser ricos e que nunca vão ter despesas e receitas públicas acima de 20%? São, pois!

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  10. LR's avatar
    29 Setembro, 2010 19:23

    Arnaldo,
    Daqui a 20/30 anos veremos como se posiciona a Europa em termos de rendimento per capita. E vejo que, pela tua óptica, ficaríamos sempre na idade da pedra para não sermos gananciosos.

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  11. Arnaldo Madureira's avatar
    Arnaldo Madureira permalink
    29 Setembro, 2010 20:27

    LR

    20 ou 30 anos. ok. Mas não estou nada ansioso. E quem dera que estes países, daqui a 30 anos, estivessem ao nível da Europa, porque eles também têm direito a ter um bom nível de vida.

    Precisamos de tempo para gozar os prazeres que o progresso económico nos proporciona. Por isso, não queremos maximizar o progresso económico. Entre a Idade da Pedra e a obsessão da maximização permanente do crescimento económico, há muitos estados possíveis. Tu só conheces o 8 e o 80, o teu “liberalismo” e o socialismo. Mas há muito mais mundo.

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  12. LR's avatar
    29 Setembro, 2010 21:45

    Arnaldo,

    Ok, senta-te à sombra da bananeira a gozar os benefícios do crescimento passado e qualquer dia não tens gozo nem benefícios. Lembra-te que a concorrência à escala global existe. Num nível mais prosaico, se uma empresa julga que pode viver “ad eternum” das receitas de uma inovação de sucesso, irá em pouco tempo à falência. Imagina, por exemplo, que a Microsoft parava quando lançou a 1ª versão do Windows. Já teria sido ultrapassada há muito pelos concorrentes. Se abdicas de crescer, de inovar, de almejar sempre mais, estagnas, entras em decadência, morres mais cedo. Será esse o futuro da Europa, gorda, adiposa, sem agilidade, habituada a mamar na teta do estado social, em risco de secar.

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  13. Eduardo F.'s avatar
    29 Setembro, 2010 21:52

    «Quem é que cria riqueza?» – Arnaldo Madureira
    Uma resposta é insofismável: não é o Estado. Logo…

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  14. Arnaldo Madureira's avatar
    Arnaldo Madureira permalink
    29 Setembro, 2010 23:00

    É insofismável, mas só para si. Se o Estado possuir uma barbearia e o barbeiro lhe desfizer a barba, não cria riqueza. Se o barbeiro se mudar para uma barbearia privada e lhe desfizer a barba, já cria riqueza. Percebe-se perfeitamente.
    Volto a perguntar: quem cria a riqueza?

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  15. Arnaldo Madureira's avatar
    Arnaldo Madureira permalink
    29 Setembro, 2010 23:04

    LR
    Já te revelei que há muito mundo entre a estagnação e a tua obsessão com o crescimento máximo. E deixa lá a estagnação que ninguém falou nisso.

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  16. Arnaldo Madureira's avatar
    Arnaldo Madureira permalink
    29 Setembro, 2010 23:09

    LR
    E já sei que aqueles países que enumerei acima é que estão a caminho de ficarem ricos.

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