facas longas?

A segunda volta das eleições presidenciais brasileiras vai ser muito mais difícil do que esperava o estado maior do PT e da candidata Dilma Roussef, apesar da distância considerável de votos que separa ainda os dois candidatos. Em política, todavia, os processos de queda são dificilmente reversíveis, e a verdade é que Dilma está em queda há algumas semanas, desde, pelo menos, o início do episódio Erenice. A desilusão dos resultados do primeiro turno já agravou essa sensação de perda e estendeu-a ao próprio presidente Lula, intocável até domingo passado, e que algo me diz será o alvo principal da oposição nestas próximas longas quatro semanas e mesmo até de críticas internas no seu partido e na sua base eleitoral aliada. No fim de contas, a escolha de Dilma nunca foi consensual e foi da inteira e exclusiva responsabilidade de Lula da Silva. A convicção era a de que ele conseguiria garantir a vitória de qualquer candidato, dado o prestígio e popularidade com que está a terminar o seu segundo mandato. Foi por essa razão, e apenas e só por ela, que Dilma acabou por ser aceite pelo PT e pelos seus aliados. A eleição de domingo passado provou que a popularidade de Lula não foi suficiente e que Dilma terá que demonstrar que não é apenas uma criação do presidente cessante, mas que tem vida própria. Em queda, não lhe será fácil. E é também sabido que, em política, é nestes momentos que as alianças se principiam a desfazer, os pactos a titubear e que as facas se começam a afiar..