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OE2011 – Reduzir despesas?

17 Outubro, 2010

Aeroporto: “Em relação ao Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), prosseguir-se-á o processo com vista à sua contratação, concepção, construção, financiamento e exploração.” (OE 2011)
TGV: “Em relação ao transporte de passageiros, dar-se-á início à execução das obras constantes do contrato de concessão do troço Poceirão-Caia, do Eixo Lisboa-Madrid, o que deverá ocorrer no primeiro trimestre de 2011” (OE2011)

14 comentários leave one →
  1. anonimo's avatar
    17 Outubro, 2010 18:10

    Do Portugal Profundo
    http://www.doportugalprofundo.blogspot.com/

    Passos Coelho e o complexo bancário-construtor

    O Dr. Pedro Passos Coelho foi eleito presidente do PSD em 27-3-2010.
    Estamos em 16-5-2010. Teve, por aqui, cinquenta dias de graça.

    A minha opinião sobre a sua candidatura e o que representava foi clara
    no período anterior à sua eleição e no acto da sua vitória: entendia
    que representava alguns interesses muito prejudiciais ao País e ao PSD
    e que a sua eleição seria, por isso, muito desastrosa, ainda mais pela
    época crítica que se atravessava. Mas o facto da sua eleição devia ser
    respeitado, com a concessão de um tempo de graça, um tempo de prova em
    que ele pudesse contrariar a minha análise e enfileirar uma linha
    justa ou perder-se sem remédio na teia que já o envolvia.

    Pedro Passos Coelho não contradisse a expectativa que eu tinha e
    expressei. Pelo contrário, agravou-a. Depois de um período inicial em
    que, distanciando-se da imagem de criado da profana eminência parda
    Ângelo Correia, mostrou prudência e sentido de Estado, nomeadamente na
    questão presidencial, e certa ousadia ideológica – em seguir a
    proposta de que, com excepção de doentes e inválidos, não deve haver
    prestação social sem trabalho social -, não demorou a ceder aos
    interesses económicos de bancos e construtoras. Não era uma
    inevitabilidade: após a eleição, Passos Coelho podia seguir um caminho
    próprio, passar a representar a vontade do PSD e a interpretar o
    desígnio nacional, renegando a imagem de testa di ferro* – de
    interesses económicos e que excedem, agora, muito o universo
    pardacento da Fomentinvest. A eminência parda é agora uma hidra com
    várias cabeças, muito mais poderosa.

    Tenho para mim, e para os leitores, que o acudir de Pedro Passos
    Coelho a José Sócrates, na véspera da quarta-feira negra, de pânico na
    dívida soberana de Portugal e de queda das bolsas, que redundou no
    pré-acordo de 28 de Abril de 2010, foi um movimento ditado pelos
    interesses económicos em questão. A bancarrota do Estado português, em
    7-5-2010, que aqui denunciei, e a submissão de Portugal a um regime de
    protectorado da UE-FMI, na cimeira europeia de 9-5-2010, consolidaram
    o entendimento. E foram esses mesmos interesses que se lhe impuseram
    no inédito pacto de governo da madrugada de 13-5-2010, em que, à parte
    os interesses que mamam, um partido chucha e o outro chora, e o
    obrigaram a «dar a mão» a José Sócrates. A maratona negocial entre os
    lugares-tenentes Fernando Teixeira dos Santos e António Nogueira
    Leite, que, segundo o Expresso (de 15-5-2010) foi concluído às 6:55 da
    manhã, que entretanto promete uma redução adicional do défice em 2011
    para 4,6% do PIB, foi motivada pela necessidade de enterrar o pacote
    da austeridade (o tal segundo Programa de Estabilidade e Crescimento,
    para substituir a irresponsabilidade do primeiro), debaixo da
    ubiquidade noticiosa da celebração papal de Fátima, no 13 de Maio de
    2010, esvanecendo a indignação imediata pela dureza das suas medidas.
    Com natureza de escorpião, o primeiro-ministro fez constar que era
    mais suave no plano fiscal, e mais preocupado com as pequenas e médias
    empresas, do que o PSD queria, quando, segundo o Expresso de
    15-5-2010, subiu, nesse acordo, a isenção de aumento do IRC para as
    empresas até dois milhões de euros de lucro; e mandou criticar o
    parceiro de acordo pelo facto de Passos Coelho ter pedido desculpa aos
    portugueses pelo apoio à austeridade e aumento dos impostos do Governo
    Sócrates!…

    A reunião de pré-acordo PS-PSD entre Sócrates e Passos Coelho, no
    fatídico 28-4-2010, quando o Estado se encontrava à beira da
    bancarrota (que aconteceu em 7-5-2010), decorreu na mesma manhã em em
    que o Governo socialista celebrou o contrato de concessão rodoviária
    do Pinhal Interior (variante do Troviscal e outras obras absolutamente
    urgentes e imprecindíveis) no valor de 1,244 mil milhões de euros (que
    fez crescer a dívida portuguesa em mais de cerca de 1% face ao Produto
    Interno Bruto-PIB) ao consórcio Mota-Engil/BES. Não acredito que essa
    concessão, que faz crescer a dívida portuguesa face ao PIB em cerca de
    1%, não tenha sido discutida, nem que Passos Coelho se tenha oposto
    veementemente a que tal sucedesse – se assim fosse, o líder do PSD
    expressaria a sua indignação específica com tal procedimento de má-fé
    negocial e denunciaria o pré-acordo logo nessa noite ou nos dias
    seguintes. Porém, nada li da indignação do líder do PSD com esse
    absurdo despesismo do Pinhal Interior na pré-eminência da bancarrota
    nacional, o que me leva a supor ter sido consentida essa concessão.
    Mais ainda, o Governo socialista celebrou o contrato de adjudicação do
    patético troço do TGV Caia-Poceirão em 8-5-2010, no valor de 1,494 mil
    milhões de euros ao consórcio liderado pela Brisa e Soares da Costa,
    que representa mais de 1% da dívida pública portuguesa face ao PIB, na
    mesma altura em que decorria em Bruxelas a reunião crítica em Bruxelas
    para impor a José Sócrates as medidas de austeridade a tomar por
    Portugal face à bancarrota do Estado português, que tinha ocorrido na
    véspera, medidas essas em contrapartida de uma linha caritativa de
    crédito adicional e do compromisso dos bancos centrais em comprar
    dívida portuguesa para evitar a subida exponencial dois juros… E
    também neste caso não vi o PSD a denunciar o acordo por má-fé
    socratina, o que me leva a crer que esta concessão tenha sido
    consentida, por mais que se disfarce. Como se vê, cerca de dois por
    cento de aumento de dívida face ao PIB consignados a obras públicas
    não urgentes e de escassa utilidade imediata, mais ou menos o que se
    pretende poupar no défice em dois anos à custa do bem-estar do povo,
    nos salários, pensões, subsídios e impostos – e não se diga que essa
    questão não se põe por causa da diluição dos encargos ao longo de
    dezenas de anos, pois a dívida aumenta, o serviço da dívida aumenta,
    os juros aumentam e a credibilidade financeira da República Portuguesa
    diminui. Em conclusão deste assunto, verifica-se também um pacto de
    grandes obras públicas entre Sócrates e Passos Coelho, em que metade
    desta despesa de cerca de 2% da dívida pública face ao PIB, é para a
    Mota-Engil/BES e outra metade para a Brisa, do Grupo José de Mello, e
    a Soares da Costa, da Investifino, que aumentam o endividamento do
    País e diminuem o bem-estar dos portugueses, sem que o povo se
    tranquilize quanto à solvência do Estado. E, estranhamente, Bloco de
    Esquerda e PC alinham nesse despesismo absurdo das grandes obras
    públicas, realizadas á custa do bem-estar do povo.

    Para os interesses económicos predominantes no País, Pedro Passos
    Coelho significa uma emulação fresca de José Sócrates e mais
    defensável. Não, por acaso, as sondagens começam a fazer um caminho
    inverso, numa tentativa sistémica de reciclagem ambiental do
    primeiro-ministro que tem o consenso geral, mesmo no PS – com a
    excepção do próprio Sócrates… Sócrates, que veio da Cova da Beira para
    a capital ainda agarrado aos conhecimentos regionais, evoluíu, depois
    de chegar ao Governo, para um entendimento trinitário, sem perder a
    tutela profana omnipresente, que se junta nas alturas mais críticas
    quando teme que o poder possa cair… no povo. A mesma tutela, e os
    interesses do mesmo género, têm confiança de que Passos Coelho seguirá
    a mesma política promíscua e de submissão áquilo que posso chamar, na
    acepção do general Eisenhower, o complexo bancário-construtor. O
    desperdício do dinheiro do Estado em investimentos faraónicos absurdos
    tornou-se um problema tão grave quanto o ócio socialista da
    subsidio-dependência.

    Nenhum líder da oposição ignora que a co-responsabilização por um
    programa de austeridade, de um governo mortalmente afectado pela
    corrupção, lhe é prejudicial e ao seu partido: o consolo dos eleitores
    socialistas pela atitude de Passos Coelho não traz um voto ao PSD.
    Pedro Passos Coelho poderia ter feito como Mariano Rajoy, que
    responsabilizou o Governo Zapatero pela situação dramática de Espanha
    e apresentou um plano alternativo ao plano de austeridade do Governo
    socialista, deixando ao Governo de José Sócrates a responsabilidade
    pela tragédia das finanças públicas e da economia nacional e pela
    decisão de um pacote de austeridade que aumenta a receita à custa do
    bem-estar do povo em vez de diminuir a despesa das obras públicas
    socraónicas. Não é do seu interesse eleitoral arrostar com a culpa e o
    contágio do socratismo.

    Nem é do interesse do País a aliança com José Sócrates. A decisão de
    Passos Coelho apoiar o pacote de austeridade de José Sócrates não se
    pode justificar com o patriotismo. A linha patriótica não consente
    qualquer aliança com este PS ou co-responsabilização do PSD pelo
    pacote de austeridade do Governo Sócrates. Por dois motivos: porque a
    substituição do Governo socialista e a sua responsabilização é uma
    necessidade da recuperação nacional e porque o pacote de austeridade,
    mais o que tem escondido, é nefasto para as finanças e a economia do
    País. A constituição do novo bloco central de Sócrates-Coelho prolonga
    a agonia do povo e penhora ainda mais o Estado à satisfação dos
    interesses de grupos bancários e de obras públicas.

    Por tudo isto, julgo que a liderança de Passos Coelho, e da sua
    direcção, está a ser um desastre para o PSD e o País. Portanto, deve
    ser criada no PSD uma alternativa justa, moderada, reformista e sem
    qualquer compromisso com o socratismo que se prepare, durante esta
    inevitável erosão do governo socialista e as elições presidenciais,
    para servir o País em representação do povo.

    Pós-Texto (23:45 de 17-5-2010): Beijos de Judas e o tango de Sócrates
    com Passos Coelho
    A alegada posição de Miguel Frasquilho, o economista do grupo Espírito
    Santo que faz parte da entourage de Passos Coelho, expressa no
    relatório «A Economia Portuguesa – Maio de 2010» da Espírito Santo
    Research, de elogio da «consolidação das contas públicas do Governo de
    José Sócrates» e onde, de acordo com o jornal, «assegura que Portugal
    não enfrenta riscos de liquidez, evoca o PEC para realçar os esforços
    do Governo para reduzir o défice das contas e reafirma a sua confiança
    no crescimento económico impulsionado pelas reformas estruturais» é
    mais outro ferroada de Sócrates a Passos Coelho, por intermédio da
    central governamental de informação, produtora dos tais conteúdos e
    veiculada pelos meios de confiança, neste caso o DN, de 17-5-2010.
    Beijos de Judas que culminam na frase assassina, e de muito mau gosto,
    de Sócrates que, hoje, no Foro ABC, em Madrid , revelou Passos Coelho
    como seu parceiro de… tango (i, de 17-5-2010):
    «Como se diz em espanhol [sic] para dançar o tango são precisos dois.
    Durante muitos meses não tinha parceiro para dançar. Felizmente houve
    uma mudança na oposição. Tem agora um líder que olha para a situação
    com responsabilidade e patriotismo».
    Sócrates é um dançarino que morde depois de beijar. E Passos Coelho
    não recuperará desta ferida.

    * A expressão «testa di ferro» terá origem no elmo fechado (e no
    serviço de Felipe II de Espanha…) de Emanuel Felisberto de Sabóia
    (1528-1580), que, após a morte de D. Sebastião, no desastre de Alcácer
    Quibir, em 4 de Agosto de 1578, foi pretendente ao trono de Portugal
    por ser filho da infanta Beatriz de Portugal, segunda filha de D.
    Manuel I e de D. Maria de Aragão, e cunhada do imperador Carlos V.

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  2. Motinha's avatar
    Motinha permalink
    17 Outubro, 2010 18:24

    Segundo o INE, o aeroporto de Lisboa perdeu, entre 2007 e 2009, 500 mil passageiros. Não dizia, há algum tempo, o Governo PS que o referido aeroporto iria esgotar a sua capacidade? Com o défice, com a dívida pública, com as dívidas das familias, com os salários da FP a serem reduzidos, com os impostos a aumentar exponencialmente, podemos dar-nos ao luxo de fazer um novo aeroporto em Lisboa? O que eles querem sabemos nós bem…é dar mais uma obra aos amiguinhos de sempre, que lhes garantem o emprego no fim do mandato…Num país verdadeiramente democrático e onde as povo tivesse consciência do que lhe andam a fazer, este Governo já tinha fugido para o exílio há muito tempo…

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  3. montenegro's avatar
    montenegro permalink
    17 Outubro, 2010 18:28

    Aeroporto de Alcochete, se faz favor

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  4. fagulhas's avatar
    fagulhas permalink
    17 Outubro, 2010 18:32

    O Balbino por aqui? perdeu clientes? vem vender peixe podre

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  5. PMP's avatar
    PMP permalink
    17 Outubro, 2010 18:41

    A manutenção do TGV e do NAL são razões para o PSD e PPC votar contra o orçamento.
    PPC pode e deve apresentar medidas de redução de centenas de entidades públicas, aproveitando a boleia do Ministro das Finanças.

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  6. Capitão Gancho's avatar
    Capitão Gancho permalink
    17 Outubro, 2010 18:43

    Motinha:

    Talvez fosse interessante averiguar quem são os consultores do governo acerca do aeroporto. Averiguar se, por exemplo, não estão ligados aos Aéroports de Paris ou afins.

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  7. PMP's avatar
    PMP permalink
    17 Outubro, 2010 19:04

    Sócrates quer desviar as atenções do orçamento para a revisão constitucional, espero que o PSD e PPC não lhes liguem nenhuma até à votação final do orçamento.

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  8. Ana C's avatar
    Ana C permalink
    17 Outubro, 2010 19:11

    Ó anomimo, você até deve ter razão, se a gente conseguir ler o post até ao fim! A malta até fica sem respiração com o tamanho do texto….

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  9. Ana C's avatar
    Ana C permalink
    17 Outubro, 2010 19:20

    Anónimo: é só para lhe dizer que já li o texto e que as questões que levanta são muito interessantes. Digo-lhe, até, que um texto destes merecia ser assinado pois está muito bom. Por mim, obrigada pela a sua bem válida opinião e indicação de factos.

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  10. Rui Moreira's avatar
    Rui Moreira permalink
    17 Outubro, 2010 19:46

    mais não seja por isto, espero qu PPC não ceda e chumbe o orçamento.
    este orçamento só vai permitir mais negociatas, mais irresponsabilidades.
    basta de delírio socratista.
    prefiro o fmi ao js

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  11. Arnaldo Madureira's avatar
    Arnaldo Madureira permalink
    17 Outubro, 2010 20:56

    é preciso acalmar os mercados. os mercados temem que o governo lhes feche a torneira e não tenham lucro em portugal. o nal, o tgv, a 3ª ponte, a 3ª AE, etc, são como a cenoura que se põe à frente do burro para ele andar para a frente. ou como as lebres que os galgos perseguem.

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  12. PMP's avatar
    PMP permalink
    17 Outubro, 2010 21:53

    PPC deve propor a renegociação das PPP’s com base nas alterações dos mercados e o cancelamento imediato de todas as novas PPP’s.

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  13. FCR's avatar
    FCR permalink
    17 Outubro, 2010 23:43

    Estudos e Projectos……sigam o rasto dos honorários pagos e compreenderão melhor tudo.
    (a obra….pouco interessa)

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  14. jose horta's avatar
    18 Outubro, 2010 10:32

    Reduzir a despesa mas eles andam a comprar carros topo de gama a comprar submarinos e outras coisas que nos nao sabemos a crise e para o mexilao que esta sempre lixado.

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