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Não se metam com os juízes

25 Novembro, 2010
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Todos os dias os mais diferentes operadores do sistema de Justiça violam o dito “segredo de Justiça”. Pode falhar-me a memória, mas não me recordo de alguma vez um ter sido condenado, ou mesmo julgado.
No caso “Face Oculta” o semanário “Sol” entendeu, a meu ver bem, que desde o momento em que o processo contra José Sócrates fora mandado arquivar pelo presidente do Supremo este se encontrava liberto do “segredo de Justiça”. Noticiou o que tinha a noticiar, utilizando (apesar dos protestos de sabemos quem) a figura legal do “assistente”.
Claro que tal audácia não ia passar impune. O presidente do Supremo já anunciara, de resto, que quer a imprensa devidamente “bem comportada” e “disciplinada”. Não fico por isso surpreendido que os jornalistas do “Sol” vão a julgamento. Estou com a Felícia: “O que me preocupa é a verdade. O meu dever mais sagrado é o de informar. E não estamos a ser acusados de faltar à verdade. Quando me acusarem de mentir, eu preocupo-me. Isto não me intimida. É a vida”.
Pois é.

22 comentários leave one →
  1. Santos Costa's avatar
    Santos Costa permalink
    25 Novembro, 2010 21:50

    É falar com o sr. Martins e o sr. Palma. Talvez eles tenham uma carta na manga para resolver os problemas de fugas de informação…

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  2. MAT's avatar
    MAT permalink
    25 Novembro, 2010 22:02

    Caro JMF,

    todos sabemos da sua admiração pela Felicia Cabrita. Afinal há muito que fazem o mesmo jogo… Ainda assim não posso deixar escapar as frases que coloca na boca da referida jornalista:

    “O que me preocupa é a verdade. O meu dever mais sagrado é o de informar. E não estamos a ser acusados de faltar à verdade. Quando me acusarem de mentir, eu preocupo-me.”

    Sendo assim, como explica o texto do insuspeito José Pacheco Pereira que, a propósito de uma biografia que a Felicia Cabrita escreveu de Pedro Passos Coelho, disse o seguinte:
    “Pode ser que, quanto ao resto, alguma coisa seja verdadeira, mas desconfio muito pela amostra. No que me diz respeito directamente, ou a factos, reuniões e acontecimentos de que fui testemunha directa, em particular nos anos de Cavaco Silva (de cuja Comissão Política fui membro), tudo o que lá está são reconstruções a posteriori de eventos, com o objectivo explícito de gerar uma determinada imagem biográfica, mas muito longe da verdade. No que mais directamente se me refere, por exemplo quanto às eleições na Distrital de Lisboa, não há um único facto que seja verdadeiro: os números estão errados, as descrições são falsas, o que se passou grosseiramente deturpado. E é que não é um problema de interpretação, se fosse isso deixaria passar com caridade, mas são factos, números, eventos, testemunhos. Portanto a autora Felícia Cabrita confiou nas suas fontes, que a enganaram, e deveria tirar daí as suas ilações, mas também não verificou o que lhe disseram, o que devia ter feito. Até porque vem tudo nos jornais da época, ou quase tudo. E, felizmente, para a história futura, eu guardo os papéis todos e tenho uma excelente memória.”

    Ah… Pois é!

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  3. ping pong's avatar
    ping pong permalink
    25 Novembro, 2010 22:04

    Pois é, mas neste país – como atestado por exemplos de governantes e responsáveis por instituições de referência democrática(?) – a verdade está nas calendas das prioridades e quem se atreve a defendê-la é condenado (mesmo pelo povo obnubilado por tanta mentira).

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  4. José's avatar
    José permalink
    25 Novembro, 2010 22:09

    “Todos os dias os mais diferentes operadores do sistema de Justiça violam o dito “segredo de Justiça”. QED.

    Em primeiro lugar, quem são os “operadores de justiça”? É que a Justiça não funciona do mesmo modo que o metropolitano. Nem como uma redacção de jornal e mesmo aí, não sei bem quem seriam os operadores das notícias. O porteiro do prédio ou a moça das fotocópias também são “operadores” do sistema?
    No caso, um advogado de defesa é um dos tais operadores de justiça? Tenho as minhas dúvidas e por isso pergunto para ver a resposta como deve ser. Em caso de ausência da mesma, tomo este texto como uma provocação. Gratuita.

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  5. José's avatar
    José permalink
    25 Novembro, 2010 22:12

    Dito isto, tenho por certo que o caso dos jornalistas do Sol configura mesmo uma violação de segredo de justiça, por isso mesmo um crime. Mas nem todos os crimes devem ser punidos. Desde logo porque poderão existir causas de justificação.
    O problema, quanto a mim é do Ministério Público e não dos juizes ( o que não é bem a mesma coisa, como se sabe). O MP poderia ter arquivado o processo com essa justificação.

    Eu tê-lo-ia feito.

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  6. Por outra's avatar
    Por outra permalink
    25 Novembro, 2010 22:14

    A verdade antes de mais, diz Felícia, que só a verdade me interessa.
    Ao que Noronha replica, eh, a senhora jornalista, por acaso pensa que está na Alemanmha, Suécia ou um desses país do Norte, da Noruega ou Finlândia? Ta, isto aqui é Portugal, temos mais em que pensar que a verdade, antes da qual está o negócio, o interesse pessoal e do partido, enfim, do poder, numa palavra, da famelga, que é dizer, o interesse da família.
    É que era bom, qualquer dia ainda o trabalhador ia ganhar tanto como o doutor, o escriturário como o empresário e o operário três vezes mais do que hoje aufere, enquanto o juiz passaria a ganhar um terço, tal e qual que na Alemanha.
    Mas é maluca, de certeza. Na Alemanha e esses países, um juiz só tem que ser honesto, saber de leis e interpretá-las, justa e equidistantemente, enquanto aqui tem de saber traí-las, se preciso, e, com defender o poder do mais forte, estar a par de muito mais as manigâncias.

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  7. Carlos Dias's avatar
    Carlos Dias permalink
    25 Novembro, 2010 22:18

    “O meu dever mais sagrado é o de informar. E não estamos a ser acusados de faltar à verdade”
    Ela disse isto?
    Mas o problema aqui não é a verdade.
    (É outra coisa)

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  8. Por outra's avatar
    Por outra permalink
    25 Novembro, 2010 22:18

    Já o josé, qual juiz igualzinho ou um desses advogados sabidos encontra sempre forma de dar a volta ao prego, ao gosto do poder manhoso, a cuja mesa medra a justiça toda, não só juízes.

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  9. José's avatar
    José permalink
    25 Novembro, 2010 22:20

    É melhor não chamar o Noronha para este assunto por duas razões: a primeira é que também me apetecia zurzir. A segunda é…bem, não é preciso dizer.

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  10. Por outra's avatar
    Por outra permalink
    25 Novembro, 2010 22:20

    O problema aqui é outra coisa manhosa, cozinhada antecipadamente, à maneira.

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  11. José's avatar
    José permalink
    25 Novembro, 2010 22:21

    Por outra: anda muito enganado se julga que me comporto assim.

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  12. Por outra's avatar
    Por outra permalink
    25 Novembro, 2010 22:23

    E diz o FMI que por isso Portugal sofre do buraco dessa crise, porque a justiça é um faz de conta de serviço e cola ao poder, como ao mais forte contra o mais fraco. Numa palavra, é vendida.

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  13. Por outra's avatar
    Por outra permalink
    25 Novembro, 2010 22:27

    O Sol disse-o e não há muito e ainda há pouco também o Marinho, esta justiça é um pára-quedas, coisa assim, mais que tudo serve é a encobrir os crimes de quem, por enriquecer, se dispor ao frete, mais fortemente os comete.

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  14. José's avatar
    José permalink
    25 Novembro, 2010 22:44

    Houve uma notícia hoje que deveria ter sido também citada para se ver a Justiça que temos: um indivíduo, ainda jovem ( menos de 21 anos) assaltou um escritório, suponho que de um advogado. Foi detido passado pouco tempo e assumiu o facto perante a polícia. Até se prestou a fazer um reconhecimento do local onde os factos tinham sucedido. E até confessou o crime.
    Foi acusado pelo MP. Foi julgado e foi absolvido. Motivo? Por uso de métodos proibidos de prova, uma especialidade do professor Costa Andrade que estudou os autores alemães para escrever um livro sobre o assunto.
    Diz o jornal que o tribunal entendeu que o reconhecimento feito pela polícia, sem o acompanhamento de um advogado, constitui método proibido de recolha de prova e portanto, abosolveu o culpado de facto, porque o uso de um método proibido de prova torna nula a prova recolhida. Ora será de acreditar que o arguido em julgamento se terá calado ( a conselho do advogado de defesa) e por isso a prova não se produziu e foi absolvido.

    Se assim foi, e segundo li no jornal foi, então de quem será o problema? Da Justiça?

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  15. José's avatar
    José permalink
    25 Novembro, 2010 22:46

    E como título acho mais verdadeiro: “Não se metam com os jornalistas!”

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  16. Carlos Dias's avatar
    Carlos Dias permalink
    25 Novembro, 2010 22:49

    Vamos lá a utilizar toda a nossa sapiência (a que utilizamos em todos os nossos sucessos da vida).
    O problema português está tão simplesmente na falta de cultura e ciência dos empresários das pequenas e médias empresas (se disser nano empresas já sei que todos se começam a rir).
    São eles que empobrecem e esvaem o capital deste país tão bem utilizado pelo pessoal porreiro.
    São eles que dão cabo do sistema (para não dizer pegada que é mais moderno) ecológico deste país.
    São eles que não querem empregar toda a gente – nem muito menos os desempregados.
    São eles que não se sabem comportar nas reuniões em que está presente um rep. do governo.
    São eles… bem, (antes que me apeteça mandá-los para o Campo Pequeno) são eles que apoiam toda essa ralé europeia que não nos compreende, que não sabe escrutinar a nossa idiossincrasia e não nos quer emprestar dinheiro como fazem os nossos amigos banqueiros.
    Se é assim, está bem.
    -Pessoal, fassam mais um dia de greve para lhes mostrar como é dificil ir trabalhar quando nós não queremos.

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  17. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    25 Novembro, 2010 23:58

    Desgraçado daquele que se vir envolvido numa questão judicial!
    Prefiro o tribunal da Santa Inquisição do tempo do Torquemada!
    Pelo menos saberia por que era acusado e sentenciado!

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  18. Manuel António Perei's avatar
    Manuel António Perei permalink
    26 Novembro, 2010 00:08

    BLAFESMICOS CRESÇAM . O SEGREDO, nunca existiu. VAIS GUARDA-LO COMO?

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  19. Manuel António Perei's avatar
    Manuel António Perei permalink
    26 Novembro, 2010 00:27

    JUSTIÇA, SEIS LETRAS. Três candidatos. Uma dúzia de tretas!

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  20. Me's avatar
    26 Novembro, 2010 01:13

    pena que isso não seja verdade , o ” não se metam com os juízes”. a Justiça é a única coisa que poderia fazer com que a democracia representativa funcionasse , sempre em cima dos outros “pilares” . claro que o pgr teria de ser eleito , como lá nos states. e tinha de ganhar bastante dinheiro , muito mais que um PR , dado ser muito mais importantes para os cidadãos , e aceitar que a sua vida financeira ( e de familiares) fosse regular e escrupulosamennte vistoriada. mesmo após terem saído do cargo.

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  21. Nuno's avatar
    Nuno permalink
    26 Novembro, 2010 02:28

    O problema dos jornalistas nâo é mentirem, é não dizerem a verdade ou fazerem alguns desvios desnecessários. Porém, a grande maioria é fiel ao dono… e o dono não presta.

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  22. Karocha's avatar
    Karocha permalink
    26 Novembro, 2010 14:17

    * Nuno

    Bingo!!!

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