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Renegociar as PPP

4 Maio, 2011

Alguém consegue explicar como é que isso se faz?

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O que ganham os concessionários com a renegociação?

75 comentários leave one →
  1. Grunho's avatar
    Grunho permalink
    4 Maio, 2011 08:28

    Não sei se consegues entender que a intenção não é cuidar dos lucros dos concessionários.

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  2. José's avatar
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    4 Maio, 2011 09:10

    Talvez explicado de outro modo se entenda melhor. A negociação das PPP foi feita por quem? Por responsáveis do ministério das Finanças, pelo menos. O tal Emanuel e assim. Se estes foram negligentes ou incompetentes como parece que foram e de modo mais que suspeito ( não quero avançar para o aspecto criminal mas penso nisso também) que se deve fazer?

    Aceitar sem discussão essa burla inominável? Quem o disse foi Carlos Moreno juiz do Tribunal de Contas.

    É preciso, essencial, fazer uma auditoria a essas negociações das PPP para perceber se houve crime. E isso faz-se num inquérito criminal que já devia estar a decorrer no DCIAP se este organismo funcionasse com outra directora ou outro espírito cívico.

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  3. José's avatar
    José permalink
    4 Maio, 2011 09:13

    Os concessionários podem estar a ganhar muito mais do que deveriam e tal se deve à negociação criminosa que já foiu denunciada e de modo simples: se por exemplo nas SCUTS se entendeu que o tráfego era de cem carros por minuto e passam 10, ficando o excesso em falta por conta do Estado quem é que ficou prejudicado e de modo gravíssimo?

    E quem é o responsável por isso? A concessionária só se preocupou em assegurar o pagamento dos 100…

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  4. essagora's avatar
    essagora permalink
    4 Maio, 2011 09:14

    Grunho,

    imagine que tem um contrato assinado com o Estado, essa entidade idónea, que lhe dá umas certas vantagens. A que propósito você iria rasgar esse contrato e substituí-lo por outro que lhe desse menos vantagens?

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  5. Sergio Costa's avatar
    Sergio Costa permalink
    4 Maio, 2011 09:15

    Da mesma forma que se renegoceiam os salários com os funcionários públicos, as pensões com os reformados e os impostos com os contribuintes:)

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  6. VFS's avatar
    4 Maio, 2011 09:17

    Mais dinheiro.

    Segundo a lógica socrática contemporânea, Portugal (ainda) vai precisar dum PEC20.
    Felizmente para nós, o Sócrates está disponível para as negociações.

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  7. Portela Menos 1's avatar
    Portela Menos 1 permalink
    4 Maio, 2011 09:23

    Este acordo é um desastre e, sem uma Auditoria total ás contas públicas e uma Restruturação da dívida, daqui a três anos estaremos pior.

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  8. anti-comuna's avatar
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    4 Maio, 2011 09:29

    Este acordo com o FMI tem duas partes interessantes. Uma é má. A má a que o Estado não precisa de baixar o défice rápidamente, quando devia ser exigente nesse aspecto. Portugal precisa de ter superávites orçamentais, pois este acordo resolve problemas de liquidez de curto prazo mas não baixam a dívida público. E esse foi o erro na Grécia.
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    O bom aspecto é este: o Estado vai ter que emagrecer. Para já, temos as privatizações como leitmotiv da saída do Estado de alguns sectores da economia, mas o FMI deve ter outras exigências do género que podem ajudar a aliviar o peso do Estado sobre a economia.
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    O pouco que é conhecido também suporta a ideia que as reduções do défice vão ser através do corte na despesa pública e não no agravamento da carga fiscal. O que é uma vitória dos que dizem que o problema está no Estado e não na economia e é o Estado que não deixa a economia privada crescer.
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    Em termos políticos o governo foi derrotado, pese embora a propaganda do Sócrates. O PSD pode cantar vitória política mesmo que o acordo esteja assinado mesmo antes da queda do governo. E a sua vitória pode ser medida através de uma medida simbólica mas interessante. As empresas vão descontar menos para a Segurança Social e em termos globais a fiscalidade deverá manter-se. Parece que o esforço da redução do défice se vai fazer pela via da despesa.
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    Se este acordo em termos globais dá uma vitória ao PSD e até é melhor do que o próprio PEC IV, falta-lhe (pelo que se conhece) ambição. E o PSD se quiser mostrar que quer ganhar eleições tem espaço para mostrar um programa ambicioso de corte na despesa do Estado e redefinição das suas funções. O PSD não tem desculpa se não apresentar medidas complementares a este acordo. E medidas suplementares a este acordo passa por fazer um haircut aos que têm concessões nas famosas publico-privadas. O PSD tem agora uma oportunidade que merece ganhar eleições. Vamos ver se o faz. Porque este acordo é uma grande vitória política para o PSD mas não chega para merecer ganhar eleições. Por isso, vamos ver o que ele propõe como medidas complementares para estimular o crescimento económico.
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    O Sócrates veio cantar vitória mas com este acordo teve uma das maiores derrotas políticas de sempre: afinal o PSD tinha razão em chumbar o PEC IV e o seu papão afinal veio mostrar que o problema é falta de reformas estruturais e cortes na despesa pública, que o Sócrates nunca as conseguiu fazer.
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    Uma interessante nota. Até nos apoios à banca, este pacote de ajudas é generosos. Aliás, este acordo é sobretudo excelente para a banca. O que é estranho, pois é esta a maior beneficiária deste acordo. Enfim, cada vez percebo menos disto.

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  9. JEM's avatar
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    4 Maio, 2011 09:38

    Se viermos a ter de reestruturar, deveríamos começar por renegociar as PPP.

    Os concessionários terão a ganhar a renúncia do Estado a declarar o default aos pagamentos. É o mesmo que se passa numa reestruturação de dívida soberana. O credor prefere receber alguma coisa, do que ver o devedor dizer que não tem dinheiro para pagar nada.

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  10. anti-comuna's avatar
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    4 Maio, 2011 10:01

    “Se viermos a ter de reestruturar, deveríamos começar por renegociar as PPP.”
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    Eu acho estranho tantos falarem em reestruturação de dívidas mas nunca tocam nas PPPs. Quando são estes contratos que deviam ser denunciados e não falhar os pagamentos aos investidores internacionais, que na sua boa fé, acreditaram em Portugal e não tentaram aproveitar-se dos nossos idiotas no Estado. E isto para ser benigno, porque na realidade, as PPPs são um roubo escandaloso aos contribuintes portugueses que me parece haver matéria para meter na cadeia alguns chico-espertos da nossa praça.

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  11. zazie's avatar
    zazie permalink
    4 Maio, 2011 10:10

    Exacto anti-comuna!

    Exacto! é isso que diz quem sabe, fora do ruído político.

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  12. anti-comuna's avatar
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    4 Maio, 2011 10:12

    Mas a Moddys diz o mesmo que eu. Este acordo não chega:
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    “Moody’s: Portugal precisa de “plano credível” para conseguir regressar ao mercado
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    Portugal precisa de um “plano credível” para colocar o seu défice orçamental sob controlo e conseguir regressar ao mercado de dívida, assinalou Anthony Thomas, analista da Moody’s, em declarações citadas pela Bloomberg.
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    “O que estamos à espera é de um plano credível para colocar o défice sob controlo”, disse Anthony Thomas, reagindo ao anúncio de ontem de que o Governo chegou a acordo com a troika para Portugal receber ajuda externa no valor de 78 mil milhões de euros.
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    O responsável da Moody’s assinalou que “Portugal não está com o acesso fechado aos mercados” e que não vai conseguir ganhar esse acesso aos mercados “até que o valor do défice seja muito mais baixo. Isso é a prioridade”.”
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    In http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=482415
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    E a Moddys tem razão, pois a Grécia falhou precisamente porque as reduções dos défices orçamentais não resolvem o problema fundamental: cada vez mais dívida. E Portugal se teve a oportunidade de ter mais tempo para reduzir os défices, isso na prática é um erro do FMI. Porque o peso da dívida continuará a crescer que impedirá Portugal de conseguir ir ao mercado financiar-se normalmente. A menos que o crescimento económico disparasse o que não é previsivel.
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    O PSD se quiser ganhar eleições tem que ser claro nisto. O FMI ajuda-nos a enfrentar dificuldades de curto prazo na falta de liquidez mas não resolve o risco da insolvabilidade e este só se elimina com superávites orçamentais.
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    Penso que é preciso mudar as mentalidades em Portugal e é preciso que todos compreendam. O crescimento económico em Portugal só vai ser saudável quando o peso do Estado cair e deixar de parasitar tanto o sector privado. E além de um peso menor do Estado na economia, ter superávites orçamentais para que a liquidez necessária aos agentes económicos seja fornecida pelos mercados de capitais.
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    O PSD se quiser mostrar que merece ganhar eleições tem que interiorizar isto: mostrar um programa claro de baixar o peso do Estado e da dívida pública. Se não o fizer, não merece ganhar eleições.

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  13. Conde Venceslau's avatar
    Conde Venceslau permalink
    4 Maio, 2011 10:13

    O corte que fizeram aos salários dos funcionários públicos não passa de uma denúncia unilateral de um contrato. Se o o estado o pode fazer para estes contratos por maioria de razão o deveria fazer, nem que seja por uma questão de justiça, para as PPP. Não se trata de saber o que é que os privados das PPP querem, caguei nisso, o que se trata é de denunciar, moralizar e acabar com o regabofe dos lucros garantidos obscenos (18% ao ano) de investimentos que não têm um risco que justifique lucros tão grandes. E já agora, os incompetentes e/ou corruptos que negociaram e assinaram esses contratos deviam ser presos.

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  14. anti-comuna's avatar
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    4 Maio, 2011 10:30

    Este acordo, pelo pouco que se conhece, é mesmo interessante nisto. Este acordo tem duas componentes fundamentais: fazer face à falta de liquidez de curto prazo (por isso a generosidade para a banca, embora seja exigente em termos de reforço dos capitais próprios) e evitar o colapso da actividade económica; obrigar o Estado a fazer reformas estruturais, a começar pelas privatizações e cortes na despesa pública.
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    A parte boa é que o FMI e a UE concluiram que os problemas de Portugal nascem do enorme peso do Estado da falta de reformas estruturais. Ou seja, a estratégia do governo falhou e iria continuar a falhar se continuassem a governar desta forma. Então com este acordo, obriga o governo (qualquer que ele seja, mesmo o futuro governo) a cortar na despesa e a liberalizar parte da actividade económica. Agora, seja qual for o governo, é por aqui que passa a saída da crise.
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    Este acordo é mau por não ser ambicioso e apenas adiar o problema do enorme peso da dívida estatal. Porque, repito, só com superávites orçamentais é que Portugal sairá da lista negra dos mercados. E é isso que a Moodys diz e é bom que se repise em Portugal.
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    De resto, o acordo é globalmente bom, pois não sobe em termos globais a carga fiscal, que é isso que tem andado a fazer o Sócrates, desde que chegou ao poder. Este acordo é a maior derrota política do Sócrates de que há memória. É a UE e o FMi a dizerem que fomos mal governados e com uma estratégia orçamental suicida e uma política económica errada. Em suma, aquilo que eu digo há muito. Tinhamos uma política orçamental e económica no limiar da estupidez. Este acordo corrige estas políticas e obriga mesmo um futuro governo xuxa a mudar de agulhas.

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  15. anti-comuna's avatar
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    4 Maio, 2011 10:37

    Lentamente, aquilo que vai sendo conhecido é excelente:
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    “acordo entre o Governo e a troika refere que Portugal terá de reduzir a partir de Julho de 2012 o número de câmaras e juntas de freguesias, actualmente 308 e 4.259 respectivamente, reduções que terão de estar concretizadas nas próximas eleições autárquicas que decorrerão em 2013.
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    De acordo com o documento a que a Lusa teve acesso, é dito que “em Julho de 2012, o Governo irá desenvolver um plano de consolidação para reduzir significativamente o número destas entidades”.
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    O memorando diz também que, até Dezembro deste ano, terá que ser publicado um levantamento de todas as entidades públicas, incluindo associações, fundações e outros organismos em todos os níveis da Administração Pública, que permitirá ao Governo decidir quais deverá encerrar ou manter.
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    Deverão ser igualmente criadas até Julho de 2012 novas leis da administração pública que regulamentem aquelas entidades.
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    Com estas medidas pretende reduzir-se os custos operacionais e parar temporariamente a criação de novas entidades pública, incluindo empresas municipais.
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    Na terça-feira, o primeiro-ministro José Sócrates afirmou na sua comunicação ao país que Portugal conseguiu um “bom acordo”, sendo que fonte oficial disse à Lusa que o empréstimo da troika será de 78 mil milhões de euros durante três anos, incluindo a recapitalização da banca, caso seja necessária.
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    Os representantes da ‘troika’ vão reunir-se hoje com PSD e CDS-PP. ”
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    In http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=482431
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    Esta é uma grande derrota política do governo e da esquerda, que nunca tiveram coragem de atacar o excesso de Estado em Portugal. O Sócrates veio ontem com ar triunfalista cantar vitória, mas aquilo que vai sendo conhecido, é uma profunda derrota do PS e do Sócrates. O FMI quer ir à máquina do Estado e em não aos contribuintes. O FMI quer ir ao funcionamento do Estado e não cortar nas reformas mais baixas dos pensionistas portugueses.
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    O pouco que vai sendo conhecido é excelente. É cortar no Estado e não parasitar mais a economia. :)))

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  16. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 10:41

    Grande razia que o FMI vai fazer:
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    “Novo aeroporto sem fundos públicos e TGV Lisboa-Porto suspenso
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    É uma travagem brusca nos projectos das grandes infra-estruturas de obras públicas financiados em regime de Parcerias Público-Privadas (PPP) ou de concessões. “Iremos suspender a concretização de todas as novas PPP e grandes projectos de infra-estruturas até que uma avaliação detalhada da respectiva exequibilidade esteja concluída”, garante o memorando de entendimento entre o Governo português e a ‘troika’ da União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional (FMI).
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    Mas estas são apenas duas das principais medidas. Uma referência especial foi inscrita para a ligação de TGV entre Lisboa e Porto, um projecto que se manterá suspenso enquanto o programa de ajuda externa ontem aprovado estiver em vigor, – até ao final de 2014. Esta linha já tinha sido adiada pelo actual Governo, tendo a sua entrada em operação deslizado de 2015 para 2017, data que se torna novamente irrealista. Também não há qualquer referência à linha de TGV Lisboa-Madrid, cujo primeiro contrato está a ser analisado pelo Tribunal de Contas.”
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    In http://economico.sapo.pt/noticias/novo-aeroporto-sem-fundos-publicos-e-tgv-lisboaporto-suspenso_117260.html
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    Ainda há menos de uma semana este governo vinha dizendo que iria manter estes projectos. lolololololol
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    Grande derrota do Sócrates. O FMI atacou onde mais doi nos xuxas: nos seus interesses eleitorais e nos seus lobbies que o alimentam. lololololololol

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  17. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    4 Maio, 2011 10:42

    Anti-comuna,

    Empurraram mais um vez com a barriga. Para já são promessas que vão reduzir entidades públicas, sem nada de concreto.

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  18. Antonio's avatar
    Antonio permalink
    4 Maio, 2011 10:43

    Bingo!!!!

    Até que enfim vejo a pergunta formulada como deve ser! Toda a gente fala em renegociar as PPP’s.. mas negociar como? Negociar o quê? São certamente boas notícias para todas as concessionárias…

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  19. José's avatar
    José permalink
    4 Maio, 2011 10:48

    O corte que fizeram aos salários dos funcionários públicos não passa de uma denúncia unilateral de um contrato. Se o o estado o pode fazer para estes contratos por maioria de razão o deveria fazer, nem que seja por uma questão de justiça, para as PPP. Não se trata de saber o que é que os privados das PPP querem, caguei nisso, o que se trata é de denunciar, moralizar e acabar com o regabofe dos lucros garantidos obscenos (18% ao ano) de investimentos que não têm um risco que justifique lucros tão grandes. E já agora, os incompetentes e/ou corruptos que negociaram e assinaram esses contratos deviam ser presos.

    Exactamente isto para pôr a tremer os corruptos.

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  20. José's avatar
    José permalink
    4 Maio, 2011 10:49

    Citação do Conde Venceslau. O seu a seu dono.

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  21. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 10:54

    Caro JM, o acordo afinal ainda não foi totalmente fechado. Mas o que se vai evndo é excelente. Dirá que não chega. Eu também digo que não. Mas o pouco que vai sendo conhecido é bom.
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    Por exemplo, em termos fiscais vão acabar as excpeções à regra:
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    “A partir de 2012, os trabalhadores e pensionistas da classe média vão mesmo ser chamados a pagar mais IRS. O polémico corte nas deduções à colecta com despesas de saúde, educação, empréstimos à habitação, lares e energias renováveis consta do pacote de medidas que a troika exige a Portugal, em troca da concessão de um empréstimo global de 78 mil milhões de euros durante os próximos três anos. ”
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    In http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=482349
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    No IVA vão-no simplificar e aproximá-lo aos padrões europeus. Os custos com o trabalho vão ser reduzidos, penalizando menos quem trabalha (descontos para a Segurança Social). Vão ainda, aqui as dúvidas, dar flexibilidade ao próximo governo para implementar mais medidas em relação ao funcionamento do Estado.
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    Claro que Vc. tem razão. É em parte empurrar o problema com a barriga, mas é uma correcção nas más políticas orçamentais até agora seguidas. A filosofia por trás deste acordo vai totalmente contra aquilo que tem sido seguido, em especila nos tais PECs, que não passavam de mera rapina fiscal sobre os portugueses.
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    Claro que não chega. Mas obrigar o próximo governo, qualquer ele que seja, a mudar de filosofia é já um bom acordo. É um corte radical com o que tem sido feito em Portugal até hoje. E isso, meu caro JM, já é uma grande vitória. E olhe que eu sempre me opus à vinda do FMI, porque isto devia ter sido feito pelos portugeses e não virem os estrangeiros ensinar Portugal a governar-se.

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  22. Insurrecto Meditativ's avatar
    4 Maio, 2011 11:02

    João Mirada, que imaturidade, desculpe lá – não leve muito a sério, atenção.
    O objectivo de quem profere a renegociação das PPP não é servir o Estado, é servir-se ele próprio dos objectivos e méritos que tal proposta confere.

    Fica bem, é só isso, dizer algo dessa natureza. É como a renegociação da dívida. É bonito. É vantajosamente transmissível.

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  23. Sousa Pinto's avatar
    Sousa Pinto permalink
    4 Maio, 2011 11:11

    Caros comentadores
    Repararam naquela imagem de ontem, quando o Sócrates apareceu ao lado do Teixeira dos Santos a informar do acordo com a Troika?
    Fez-me lembrar o programa sobre Cinema que havia na TV antes do 25 de Abril.
    No fim da intervenção do Sócrates, só faltou o Teixeira dos Santos dizer:
    – Boa note!

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  24. AF's avatar
    4 Maio, 2011 11:15

    Portanto, e usando as palavras que fui pescando por aqui acima:
    Um tipo da classe média (aliás, classe abaixo de miserável, segundo as contas do outro senhor), vou em termos práticos inchar ainda mais. Por outro lado, o acordo é generoso pra banca. É assim?
    Nem me falem das fusões e reestruturações; essas eu já sei como é, um passinho atrás e dois à frente logo de seguida.

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  25. tric's avatar
    tric permalink
    4 Maio, 2011 11:30

    quando é que Portugal sai ou é expulso do Euro? quais são as previsões de crescimento económico…
    -2% em 2011, – 3% em 2012… no inicio deste ano a Espanha vai pedir ajuda ao FMI e meio de 2012, vai aparecer o pacote FMI II…-3% em 2013…

    A Banca recebeu dinheiro para ir financiar as privatizações…O FMI empresta dinheiro aos Bancos com o aval do Estado, os Bancos vão gastar grande parte desse dinheiro no financiamento das privatizações, o dinheiro regresa ao Estado e …As PME´s vão continuar a xuxar no dedo quanto ao crédito bancario e a fechar… dos 12 mil nem uma gota vão vêr…o desemprego a fome…este acordo é uma setença de morte à economia portuguesa…Quando é que Portugal sai do euro?

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  26. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 11:34

    “Um tipo da classe média (aliás, classe abaixo de miserável, segundo as contas do outro senhor), vou em termos práticos inchar ainda mais. Por outro lado, o acordo é generoso pra banca. É assim?”
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    Em parte é isso mesmo. A classe média que tem beneficios fiscais perdem-nos. O IVA, com demasiadas excepções à regra, também subirá. (Por exemplo, há nos países nórdicos uma coisa interessante: todos os produtos e serviços pagam IVA a 25% ou acima, mesmo os alimentos.) Ou seja, esta simplificação fiscal vai ao bolso dos contribuintes.
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    Depois, o FMI quer travar parte do endividamento dos portugueses e sugere um aumento do IMI para penalizar quem compra casa. (E também quem já as tem, mas aí tentando fazer com que haja desalavancagem, daí uma queda nos impostos que permitem as suas transações.)
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    A banca é generosamente beneficiada (cerca de 1/3 das ajudas vão para a banca se ela não conseguir financiar-se nos mercados) mas também é penalizada. Isto é, o Estado vai garantir que a banca sirva de intermediário financeiro para colmatar o eventual colapso da liquidez interna mas por outro lado, vai obrigar que ela, a banca, suba os capitais próprios ou desça os empréstimos concedidos. Ou um mix de ambos casos, desta forma acaba por na prática, dar com uma mão e tirar com a outra. Bancos como o BES, por exemplo, têm aqui um desafio que não é pera doce.
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    Em termos globais a carga fiscal até deve diminuir, mas vai beneficiar os trabalhadores e a criação de emprego, penalizando o consumo e quem tem beneficios fiscais, que deturpam cada vez mais o mercado.
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    Lá está. Este acordo com o FMI é bom neste aspecto. Vem corrigir a filosofia seguida em Portugal desde há muitos anos. Em termos imediatos não mostra haver ambição mas em termos estruturais, o objectivo é libertar a economia do espartilho do Estado.
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    É por isso que eu considero este acordo interessante embora não o suficiente. Este acordo assenta na premissa que é preciso dar liquidez á economia portuguesa e dar espaço aos privados para deixarem de suportar tanto o peso do Estado. A parte má é que isso não garante a solvabilidade do Estado. Por isso, cabe aos partidos da oposição complementar as medidas do FMi e ir mais longe no corte do peso do Estado, sem afectar de sobremaneira os contribuintes. O FMI prevê despedimentos na função pública, mas quase nem se nota, se houver reformas antecipadas, como tem havido.
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    O que acordo não fala e isso seria importante saber, é como vai ser consolidado o sector público empresarial nas contas públicas. Desconfio que o FMI vai exigir privatizações incluindo aqui hospitais, por exemplo. Vamos ver.
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    Mas o acordo é bom para Portugal. Não aquilo que deveria ser, ou seja, mais exigente, mas por outro lado é um corte radical nas políticas económicas e orçamentais seguidas em Portugal. E, note-se, é uma profunda derrota política da esquerda, em especial do PS. E só por isso, o acordo é excelente.

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  27. José's avatar
    José permalink
    4 Maio, 2011 11:36

    Sousa Pinto: vou roubar a ideia muito bem lembrada.

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  28. zazie's avatar
    zazie permalink
    4 Maio, 2011 11:39

    ahahahahahaha

    Esta do “Boa Note” foi a melhor que li.

    “:O)))))))))

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  29. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 11:49

    Repare-se que as partes ditas más do acordo vão de encontro ao que tem sido proposto pela generalidade dos opinadores contra o governo:
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    ‘Golden shares’ do Estado são para eliminar até Julho”
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    In http://economico.sapo.pt/noticias/golden-shares-do-estado-sao-para-eliminar-ate-julho_117264.html
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    “Menos oito mil funcionários públicos por ano”
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    In http://economico.sapo.pt/noticias/menos-oito-mil-funcionarios-publicos-por-ano_117257.html
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    “Desempregados só vão ter subsídio durante 18 meses”
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    In http://economico.sapo.pt/noticias/desempregados-so-vao-ter-subsidio-durante-18-meses_117242.html
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    Todas estas noticias são uma mudança importante em Portugal. Uma mudança de filosofia do que agora tem sido seguido em Portugal. É mesmo a derrota do PS e do Sócrates.
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    Se isto chega? Eu tenho dúvidas. Mas sei que isto, face aos PECs e ao PEC IV, é uma completa reviravolta. É mesmo uma mudança, imposta pelo exterior, que vai contra tudo aquilo que a esquerda andou a vender ao país.
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    Outro aspecto que eu acho interessante é isto. O acordo prevê que as medidas poderão ser aprofundadas pelo novo governo. Mas isto é excelente, pois abre a porta a que o novo governo tome ainda mais medidas de corte na despesa. Porque, o acordo, incide quase todo sobre o corte na despesa e não tanto na arrecadação de receitas. Por isso eles não são tão exigentes em termos de cumprimento de metas orçamentais. Compreende-se isso, mas não chega, na minha opinião.
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    É por isso que eu penso que o PSD poderá aproveitar este acordo e mostrar ser capaz de apresentar uma alternativa credível. Porque, por muita propaganda que o governo faça, este acordo é uma pesada derrota política do Sócrates e do PS. Porque o acordo está a contar com uma derrota do governo e abre a porta à renegociação do acordo feito. isto leva-me a crer que as propostas do PSD foram bem recebidas pela troika mas que não a impõem por causa do governo. Mas a partir do momento que o governo aceita e até anuncia o acordo, a troika consegue que o próximo governo, mesmo que liderado pelo mentiroso, tenha que seguir uma mudança radical nas suas tradicionais receitas governativas.
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    O acordo é bom. Pode ser excelente mas só se o PSD abrir a pestana, pois a troika dá a vitória completa ao PSD em termos de medidas necessárias para tirar Portugal do buraco em que os socialistas o meteram.

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  30. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 11:57

    Este acordo é mesmo bom em termos do que Portugal precisa. Pode não ser suficiente mas era isto que Portugal precisava. O PSD se tivesse apresentado as suas propostas antes, tinha aqui a sua melhor bandeira política. Infelizmente este PPC é um azelha, senão…
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    Tudo boas notícias:
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    “Despedimentos vão ser mais fáceis (act)”
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    In http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=482463
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    “Impedida criação de novas empresas públicas”
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    In http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=482483
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    “Plano prevê receitas de 5,5 mil milhões em privatizações”
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    In http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=482481
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    Sempre me opus à vinda do FMI, porque sempre pensei (e continuo a pensar) que os portugueses tinham a obrigação de fazer isto que agora vem exigir o FMI. Mas estas medidas que o FMI está a exigir são todas boas para Portugal. TODAS! TODAS!
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    Este acordo é uma grande vitória para Portugal e uma grande derrota para o Sócrates e para o PS. Isto é totalmente contra o que era seguido pelo governo e em especial pelo PEC IV.
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    Há males que vêm por bem. lololololololol
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    Agora uma coisa. Isto pode ser um bom trampolim para Portugal. Porque, se o próximo governo projectar superávites orçamentais, um reforço da queda do peso do Estado na economia… os mercados irão premiar Portugal, mesmo que paguemos taxas de juro mais altas do que deveriamos, senão tivessemos recorrido ao FMI e tivessemos feito isto pela nossa própria cabeça- No entanto, este acordo do FMI é muito bom. Muito bom mesmo. haja vontade do PSD em abrir a pestana e ser mais ambicioso.

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  31. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 12:05

    Este acordo com o FMI tem a filosofia necessária para tirar Portugal da crise:
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    http://economico.sapo.pt/noticias/conheca-todas-as-medidas-da-troika-que-vao-mudar-a-sua-vida_117265.html
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    Mas há uma coisa que os gajos do FMI exigem e mostra até que ponto qual a preocupação deles:
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    “As empresas vão passar a descontar menos para a Segurança Social. O programa de austeridade da ‘troika’, negociado com Governo, prevê a redução da taxa social única, mas apenas da parte que é da responsabilidade dos empregadores, como uma das medidas mais importantes para aumentar a competitividade da economia.
    .
    O documento com as contrapartidas pela ajuda externa, a que o Diário Económico teve acesso, explica que o aumento da competitividade do país vai envolver “uma grande redução” nas contribuições dos empregadores para a segurança social.
    .
    Para compensar o Estado pela perda desta receita e para não colocar em risco o sistema de pensões nacional, serão tomadas medidas que deverão passar por alterações na estrutura e nas taxas de IVA; cortes permanentes adicionais na despesa; e aumento de outros impostos que não tenham um efeito adverso na competitividade.

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    In http://economico.sapo.pt/noticias/patroes-descontam-menos-para-a-seguranca-social_117256.html
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    Tudo isto são boas noticias. A carga fiscal global deverá manter-se ou até mesmo descer mas existe uma mudança filosófica em termos fiscais. Por exemplo, os famoso défices tarifários da energia vão ser eliminados através da fiscalidade e, por outro lado, essa propaganda ás renováveis é logo penalizada com o fim desses beneficios fiscais. Só aqui há uma mudança de mentalidades em Portugal.
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    Estou é curioso em como o FMI vai tratar as famosas PPPs. Desconfio que alguém vai ficar a arder… ehehheheehheh

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  32. FV's avatar
    4 Maio, 2011 12:29

    “Renegociação das PPP” é um eufemismo para quebrar os contratos actuais e impôr condições menos favoráveis, acho que já toda a gente precebeu isso.

    Se estivéssemos num estado de direito isto não poderia acontecer, mas em compensação também muitos dos contratos eram inválidos por haver conflito de interesses.

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  33. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 12:40

    “Se estivéssemos num estado de direito isto não poderia acontecer, mas em compensação também muitos dos contratos eram inválidos por haver conflito de interesses.”
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    Uma subida dos impostos também é uma quebra de contrato. Logo, entre subir impostos e rasgar contratos com as élites de Lisboa… eheheheheh
    .
    .
    Mas agora Vc. tocou no ponto certo: conflito de interesses. Eu vou mais longe: CORRUPÇÃO PURA E DURA! ;))

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  34. A C da Silveira's avatar
    A C da Silveira permalink
    4 Maio, 2011 13:01

    Andam todos chateados, jornalistas e socialistas, com as cartas que o Catroga enviou ao Silva Pereira, às quais ele apenas respondeu, e mal e porcamente, a uma. Eu não sei o que está escrito nessas cartas, mas desconfio que são para jogar mais tarde: o governo não respondeu porque não podia responder, mas vai ser obrigado a isso na campanha eleitoral. As eventuais reticencias que o PSD porá ao acordo do resgate, hão-de ter a ver com os contractos e encargos futuros com as PPPs e as dividas das empresas do estado.
    Não percebo nada de direito, mas se for provado que quem fez os contractos das PPPs por parte do estado agiu com dolo ao não proteger o interesse publico, certos empreiteiros e escritorios de advogados não poderão ser considerados cumplices?

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  35. AF's avatar
    4 Maio, 2011 13:10

    “Estou é curioso em como o FMI vai tratar as famosas PPPs. Desconfio que alguém vai ficar a arder… ehehheheehheh” – anti-comuna

    Eu não desconfio, tenho a certeza … e mais, tenho a certeza que sei quem é que vai ficar a arder… os mesmos, pra variar 😛

    Apesar de tudo, não desejo a nenhum dos comentadores acima, que parecem tão satisfeitos com este plano, em especial ao anti-comuna, que me parece um tipo trabalhador … não desejo que se veja numa situação em que seja despedido, receba uma indemnização de 10 dias / ano antiguidade (como ouvi há pouco), fique com um subsídio de desemprego (mesmo que temporariamente, por um ou dois meses, até encontrar novo trabalho, que cada vez é mais complicado) miserável, a pagar imposto sobre esse mesmo subsídio, e a pagar bens essenciais (como a electricidade) a preços altíssimos. Que não tenha família nem encargos fixos, ao menos.
    Sabem, ele há bons e maus exemplos em todo o lado. Mas isto que eu descrevi, também é o “país real”. É o país de quem trabalha. É o país daqueles para quem as horas extraordinárias sem respectivo pagamento já são uma realidade há muito. É o país que não é produtivo, porque por mais que trabalhe, há sempre coisas a empenar a engrenagem toda (normalmente situadas no topo). É a estes, mais uma vez, que vai tocar a parte de leão da despesa. São estes que cada vez mais vão sentir a pressão, porque há sempre um desgraçado de um estagiário pronto a aceitar a escravidão por uns poucos Euros, quando não é de borla. E estas medidas são mais do mesmo em dose reforçada, e só continuam a pressionar a tendência de nivelar por baixo. Os problemas, esses, continuam por resolver. Numa situação ideal, aliviar a carga fiscal das empresas permitir-lhes-ia um maior desafogo e maior capacidade de investimento (nos seus empregados, por exemplo? em optimizações de metodologias e organização?). Mas, se formos honestos, sabemos bem como é que a grande maioria dos nossos “empresários” funciona.

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  36. PLus's avatar
    PLus permalink
    4 Maio, 2011 13:10

    Respondendo ao João Miranda:
    O estado português tem três grandes trunfos:
    -A perspectiva de contratos futuros. Quem não aceitar renegociar o contrato ficaria na lista negra do estado para futuros contratos.
    -Publicação da todas as clausulas dos contratos. Tem a certeza que essas empresas querem ver exposto todos os contornos dos contratos que assinam?
    -Possibilidade de denuncia de contrato. Só esse risco levaria muitos empresas a terem abertura para renegociar.

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  37. José's avatar
    José permalink
    4 Maio, 2011 13:36

    Plus:

    Exactamente.

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  38. AF's avatar
    4 Maio, 2011 13:56

    PLus, José,

    Em primeiro lugar, o estado português não é pessoa de bem.
    Depois, os contratos futuros, como os passados, não serão decididos com base em critérios de interesse para o país.
    A seguir, a publicação e exposição das cláusulas parte do princípio que haveriam veículos para que tal se fizesse livremente e com a devida isenção e atenção necessárias; sabemos bem com o que contamos dos nossos media.
    Quanto à possibilidade de denúncia dos contratos, no outro prato da balança estarão as indemnizações a pagar (bem ou mal).

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  39. Outside's avatar
    Outside permalink
    4 Maio, 2011 14:28

    Posted 4 Maio, 2011 at 13:10
    Muito bem.
    Coisas simples tornadas complexas e obscuras devido à mão-de-obra existente, a culpa não é do equipamento/material ao dispôr, é dos operadores.

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  40. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 14:32

    “Apesar de tudo, não desejo a nenhum dos comentadores acima, que parecem tão satisfeitos com este plano, em especial ao anti-comuna, que me parece um tipo trabalhador … não desejo que se veja numa situação em que seja despedido, receba uma indemnização de 10 dias / ano antiguidade (como ouvi há pouco), fique com um subsídio de desemprego (mesmo que temporariamente, por um ou dois meses, até encontrar novo trabalho, que cada vez é mais complicado) miserável, a pagar imposto sobre esse mesmo subsídio, e a pagar bens essenciais (como a electricidade) a preços altíssimos. Que não tenha família nem encargos fixos, ao menos.”
    .
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    Sabe uma coisa? É verdade que há bastantes atropelos aos direitos dos trabalhadores em Portugal, mas não exagere. Eu vivo num país onde não existe subsidio de desemprego do Estado (há um seguro para isso, pago pelo trabalhador), não há indemnizações por antiguidade em caso de despedimento, não há salário minimo e, pasme-se, é tido como dos mais competitivos do mundo. Ao mesmo tempo é tido como paradigma do famoso Estado Social. Portanto, cuidado com o que pensa ser um calvário em Portugal comparado com outras sociedades.
    .
    .
    Reconheço que a mentalidade em Portugal penaliza muito o trabalhador. Mas não tanto como é julgado a pensar. O problema é que o sindicalismo tuga é conservador e arcaica e por isso é que, tanto querem proteger os trabalhadores dos crápulas que acabam por transformar os agentes económicos em opressores do próprio trabalhador, a começar pelo próprio Estado e a acabar nos próprios sindicatos.
    .
    .
    Vou-lhe repetir mais uma vez: vivo numa sociedade onde não há salários minimos, susidios de desemprego e nem sequer indemnizações em caso de despedimento por antiguidade. Vivo numa sociedade liberal, sabe? Mas olhe que não vivo em África ou nos USA. ehehehehehhe

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  41. Carlos Duarte's avatar
    Carlos Duarte permalink
    4 Maio, 2011 14:55

    No caso dos PPP é fácil: o Estado assume o custo da obra (a ser avaliado por um auditor externo, nomeado pela troika) e denuncia o contrato. Caso as empresas se recusem, o Estado avança com uma denúnica unilateral por incumprimento (tenho a certeza que nao escapa UM PPP) e marcha tudo para tribunal… entretanto o Estado congela pagamentos e quero ver se as empresas se aguentam…

    Tendo em conta que a maioria dos PPP sao com empresas parasitas, ninguem iria sentir a sua falta!

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  42. AF's avatar
    4 Maio, 2011 14:58

    Caro anti-comuna,

    “…Eu vivo num país onde não existe subsidio de desemprego do Estado (há um seguro para isso, pago pelo trabalhador)…”

    Certo … por aqui também é mais ou menos assim, se bem que é obrigatório e descontado directamente na fonte (isto, mais uma vez, no caso dos trabalhadores por conta de outrem). A Seguradora é o estado, também.

    Agora parece que cada vez mais lhe chamam benefícios sociais do estado ou coisa que o valha … como se fosse o estado generoso a dar a esmola aos calaceiros, e agora vai ter que começar a dar menos. NÃO É. É pago todos os meses por quem trabalha. Se agora o “bolo” não chega, é porque se misturou alhos com bogalhos, e não se geriu criteriosamente.

    Fico feliz por saber que o meu amigo anti-comuna vive num país onde, pelos vistos, as coisas funcionam tão bem, e deve haver tanto emprego com condições minimamente razoáveis, não sujeito a factores manhosos mas antes ao mérito, que se dispensam esses mecanismos básicos de segurança.

    Mas já agora ilucide-me: um indivíduo com 60 anos, por exemplo, que sempre desempenhou correctamente as suas funções, e se vê sem emprego, o que faz?

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  43. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 15:06

    “Mas já agora ilucide-me: um indivíduo com 60 anos, por exemplo, que sempre desempenhou correctamente as suas funções, e se vê sem emprego, o que faz?
    .
    .
    Depende dos anos que fez descontos. Se tem anos suficientes pode ser reformado antecipdamente mas é penalizado por tal. Mas por norma, fica a cobrar o seguro de desemprego e é quase obrigado a meter-se em formação. Entretanto, não pode recusar uma oferta de emprego a menos que o salário oferecido seja muito mais baixo que o anterior. Salário semelhante, é obrigado a aceitar o emprego mesmo que as funções sejam socialmente menos atraentes. Por exemplo, um professor despedido (sim, aqui os professores também são despedidos, mesmo que trabalhando para o Estado) pode ser obrigado a ser recepcionista num aeroporto, desde que o salário oferecido não seja muito diferente daquele anteriormente auferido.
    .
    .
    Olhe, aqui a reforma já vai nos 70 anos. ;))

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  44. zazie's avatar
    zazie permalink
    4 Maio, 2011 15:10

    A questão é pescadinha com rabo na boca.

    Tudo isso é possível se houver uma economia forte. Agora num país onde se espatifou a economia, não se trata de facilitar mudança de emprego, trata-se de consequências de desemprego sem alternativa.

    É quer por cá não só se espatifaram as alternativas como se criou concorrência estatal. E é óbvio que a discrepância entre quem é funcionário público e quem não é, não tem a menor comparação com esses países nórdicos.

    Aí a chicotada foi feita há muito mais tempo e em boa altura. Por cá, chamar-se liberalização do que praticamente não existe parece-me mais um eufemismo.

    E existem outros males que são fruto de décadas e décadas de nem ser preciso pensar qualquer desenvolvimento ou sequer linhas de governo. Portanto, quando se diz que isto é neotontismo é mentira. Os neotontos negam a importância de uma boa governação e de planos de governação.
    Acham mesmo que o estado zero de governação é que se chama liberalismo.

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  45. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 15:11

    Só lhe dou uma nota. O facto de obrigar as pessoas a trabalharem noutras funções com salários semelhantes, curiosamente, nivela os salários e cria menos desigualdades salariais. O que mostra que as ideias-feitas em Portugal não colam com a realidade.
    .
    .
    É por isso que numa mesma empresa, um serralheiro, por exemplo, tenha um salário não muito abaixo de um engenheiro. Portanto, como vê, este neoliberalismo dá resultado até a combater as desigualdades sociais.
    .
    .
    Em Portugal a desigualdade entre um quadro superior ou até mesmo médio e o dito de colarinho azul é de tal forma promovida pelo Estado e suas leis, que na prática gera um fosse social enorme, que depois é um entrave ao aumento da produtividade da empresa. Ou seja, quanto maiores as desigualdades nas empresas, nas diversas funções, maiores os conflitos de interesses dentro da organização, logo, menos eficientes as políticas das empresas. É por isso que em Portugal se vê uma espécie de luta de classes e todo o cão e gato gosta que lhe tratem por senhor doutor engenheiro. Apesar destes novos licenciados terem salários cada vez mais baixos, à entrada do mercado de trabalho. No fundo, acabam por todos perder, já que numa economia que não funciona, o nivelamente é feito por baixo em vez de ser feito por cima.

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  46. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 15:15

    “Tudo isso é possível se houver uma economia forte. Agora num país onde se espatifou a economia, não se trata de facilitar mudança de emprego, trata-se de consequências de desemprego sem alternativa.”
    .
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    Estas leis foram introduzidas quando a economia aqui estava destruida e quase pior que em Portugal. Portanto, foi o remédio que eles encontraram e funcionou. Isto é, em vez de se lamentarem das falências em catadupa e que não tinham economia para isso, puseram as leis e experimentaram. Essas leis levantaram a economia. Ou seja, a economia estava destruida por leis azelhas.
    .
    .
    Claro que as sociedades são diferentes e as culturas também. Mas o que tu dizes também diziam os velhos do restelo aqui há cerca de 30 anos atrás. No entanto… Resultou. Vá-se lá saber porquê. ;))

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  47. zazie's avatar
    zazie permalink
    4 Maio, 2011 15:15

    Meter-se em formação aahhahaha

    Não digas disparates. Por cá ninguém quer saber o que sabes fazer mas apenas se há cunha ou se até pode servir como estagiário à borla.

    E, nos casos em que é preciso mais, apenas te pedem o canudo! apenas canudo. E tudo arrumadinho por supostas áreas fechadas de especializações ditadas pelo nome dos cursos.

    Por cá era impensável alguém entrar para um banco, para trabalho de sistemas, apresentando como currículo profissional ter sido barman noutro país e dj numa universidade

    “:O))))))
    É que nem era chamado para entrevista. Preferiam sempre um MBA sem saber fazer contas mas que tivesse passado por uma série de cunhas com nomes sonantes.

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  48. Carlos Duarte's avatar
    Carlos Duarte permalink
    4 Maio, 2011 15:17

    Caro A-C,

    Vc. vive no Canadá?

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  49. zazie's avatar
    zazie permalink
    4 Maio, 2011 15:18

    O simples facto de contratarem economistas para áreas onde o que importa é ser-se barra em matemática é um exemplo.

    Esta treta é a pré-história da economia que vive apenas do status. E os únicos que investem são gente que se fez a si própria e lá tem meia dúzia de familiares ou até de empregados. O resto são multinacionais que aproveitam as regalias que os tugas não têm e que tanto estão cá como vão para outro lado à procura de mão de obra mais barata.

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  50. zazie's avatar
    zazie permalink
    4 Maio, 2011 15:19

    Não interessa muito onde vive. Interessa que não se pode comparar países com forte economia de décadas e décadas com um fruto do PREC.

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  51. zazie's avatar
    zazie permalink
    4 Maio, 2011 15:21

    Por cá praticamente nem existem agências de emprego!

    E só mesmo quem for de terceira é que precisa de ir a uma agência porque sempre que abre uma vaga já está tomada por conhecido.

    Cá as vagas até só existem um tanto para se cumprir formalidades à posteriori.

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  52. zazie's avatar
    zazie permalink
    4 Maio, 2011 15:23

    Ou porque é que julgam que existe fuga de cérebros?

    Acham que é porque preferem ser emigrantes em climas lixados? claro que não. Mas em coutadas é complicado fazer valer mérito.

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  53. Luis Gaspar's avatar
    4 Maio, 2011 15:23

    Há “negociações” unilaterais. Claramente que proponho uma dessas para o presente caso. Reduz a segurança jurídica? A justiça é mais importante que o direito.

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  54. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 15:25

    “É que nem era chamado para entrevista. Preferiam sempre um MBA sem saber fazer contas mas que tivesse passado por uma série de cunhas com nomes sonantes.”
    .
    .
    Bom, mas isso geralmente acontece em países onde o trabalho é fortemente regulado. Mas atenção que as cunhas funcionam em todos os lados e, vê lá tu, que nalgumas sociedades é mesmo um bom sinal. Ou seja, ter referências internas ajuda um tipo a entrar numa organização. Mas é claro que há cunhas e cunhas. Mas numa sociedade onde o trabalho é mais livre e regulamentado, as cunhas perdem eficácia se não funcionar. isto é, se o tipo entra na empresa e é um nabo, além de corrido também gera má imagem em quem o indicou, o que logo aí filtra muito o tipo de cunhas que se faz por aqui. Dito de outra forma, ninguém mete uma cunha para um amigo se não tiver uma elevada fé que esse amigo vai ser bom naquilo que vai fazer na empresa.
    .
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    E não, não vivo no Canadá mas também não vou dizer onde. Mas não é nos USA. ;)) Nem em Inglaterra, claro, mas já vivi lá.

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  55. AF's avatar
    4 Maio, 2011 15:27

    Olhe, por cá, pelo que percebo, também é mais ou menos assim. A grande diferença está no facto que as ofertas estão tão baixas, que é quase garantido que ninguém é pressionado a aceitar o novo trabalho. Portanto, também vai fazendo umas formações e “cobrando o seguro”. Só que parece que se lhe chamar seguro a coisa já é digna, mas sendo subsídio de desemprego, é uma desonra. E agora a seguradora vai alterar unilateralmente o contrato de seguro mais uma vez. Mas é normal.

    Vou dar-lhe um exemplo que ainda há pouco tempo dei (até foi aqui no Blasfémias, salvo erro): num site de oferta de empregos, procura por Técnico de Informática, nas várias cidades anexas ao Porto; única resposta, pede LICENCIATURA em TI, conhecimentos de marketing, internet, criação e gestão de sites, viatura própria, etc… por €525.
    Acha isto normal? Saudável?

    Eu sei que se ouvem muitas vezes empresários a queixarem-se que não há mão-de-obra. Mais uma vez, repito, há sempre bons e maus exemplos.
    Mas falando das PMEs, salvo raras excepções, as condições que se oferecem são tantas vezes miseráveis!
    Asseguro-lhe, eu rio-me a bandeiras despregadas quando se fala por aí na “geração mil euros”, naquele tom condescendente e com desdém … mas quais mil euros????? Pra muito boa gente, com qualificações, com vontade de trabalhar, com honestidade … isso é uma meta a atingir, não é o patamar miserável que se faz crer por aí à boca cheia!

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  56. zazie's avatar
    zazie permalink
    4 Maio, 2011 15:28

    «É por isso que em Portugal se vê uma espécie de luta de classes e todo o cão e gato gosta que lhe tratem por senhor doutor engenheiro.»

    Exacto. Mas até nesse detalhe do tratamento e dos pergaminhos se nota como é tudo simulacro e importância dos nomes.

    Ainda ontem aquele ogre do PSD que era do PS ficou logo muito enxofrado por o outro ter dito que ele devia saber pois era licenciado em economia. O imbecil tratou logo de emendar com ar ofendido- “licenciado, não, Doutor!”

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  57. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 15:28

    “Mas é claro que há cunhas e cunhas. Mas numa sociedade onde o trabalho é mais livre e regulamentado, as cunhas perdem eficácia se não funcionar. ”
    .
    .
    Isto está mal explicado. Deveria ser assim:
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    .
    “Mas é claro que há cunhas e cunhas. Mas numa sociedade onde o trabalho é mais livre e DESREGULAMENTADO, as cunhas perdem eficácia se não funcionar. ”
    .
    .
    Mil desculpas.
    .
    .
    Só uma nota. O Canadá é um exemplo de como é possível casar liberalismo económico com forte presença do Estado. Logo, não é liquido que a cultura de um país seja impeditiva de atingir um determinado equilibrio, entre os interesses colectivos e os individuais. Neste aspecto, o Canadá pode ser apresentado como um pais europeu instalado a norte do “satã” norte-americano. eheeheheheh

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  58. zazie's avatar
    zazie permalink
    4 Maio, 2011 15:32

    Eu concordo com o resultado e sei isso na prática.

    Mas o que digo é que é impensável pensar-se a pescadinha de rabo na boca sem se alterar completamente as áreas da economia e as políticas mais profundas de que tipo de país se quer.

    Porque aí concordo com o José. O marcelismo teve um projecto e esse projecto foi destruído. Hoje temos uma falsa economia por migrações para a cidade, destruição de indústrias, agricultura e pescas em troca de fundos e em troca de auto-europa e despejo de plasmas e maquinetas dos alemães. Em troca de economia de consumo do que é deles.

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  59. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 15:34

    “Vou dar-lhe um exemplo que ainda há pouco tempo dei (até foi aqui no Blasfémias, salvo erro): num site de oferta de empregos, procura por Técnico de Informática, nas várias cidades anexas ao Porto; única resposta, pede LICENCIATURA em TI, conhecimentos de marketing, internet, criação e gestão de sites, viatura própria, etc… por €525.
    Acha isto normal? Saudável?”
    .
    .
    É normal. sabe porquê? Porque a economia portuguesa está completamente armadilhada pelo Estado e seus parasitas, que depois não gera ofertas de trabalho suficientes para absorver a mão-de-obra gerada das universidades. Eu quando me apontam esse tipo de exemplos, quando vou a Portugal (e vou amiude, porque é o meu país, ainda) eu digo sinceramente: emigre. Porque, lá fora, pagam mais por menos trabalho exigido, até porque a qualidade dos portugueses está acima da média dos demais países. Uns têm coragem e tentam. E a maioria dá-se bem. Mas mesmo bem. Porque a qualidade da nossa mão-de-obra é, e digo-o com toda a convicção, excelente. E por isso, as empresas que exigem muito em Portugal por pouco dinheiro fazem-no porque têm demasiada oferta de mão-de-obra.
    .
    .
    Eu, e digo isto com a profunda convicção, não me importo nada de ver tugas a aparecerem por aqui, com uma mão á frente e outra á trás e eu tentar ajudar no pouco que posso. Porque depois, além de ver um compatriota melhor, eu sei que sou bem visto por indicar boa mão-de-obra. Como vê, até nas cunhas eu tenho sorte de ser português. ehehhehehh

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  60. zazie's avatar
    zazie permalink
    4 Maio, 2011 15:34

    Vou indo. Muito gosto eu de morder estes pascácios ao tacho que saltitam de partido para o que dá mais e sacam sempre dos famosos doutoramentos ainda que o que sabem fazer com eles seja paleio.

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  61. Carlos Duarte's avatar
    Carlos Duarte permalink
    4 Maio, 2011 15:34

    Caro A-C,
    O que descreveu é similar ao sistema canadiano, daí a pergunta.
    Quanto às cunhas, nao tenho nenhum problema com isso no privado, tenho problemas no publico. A maioria dos privados aceitam de bom grado sugestoes de alguem para um lugar, porque a pessoa que sugere surge como “aval” do empregado, ou seja, existe um incentivo para quem mete a cunha para sugerir apenas alguém que é competente. Mais, essa pessoa fará pressao sobre o “beneficiado” da cunha para ter um elevado rendimento pois nao quer sofrer por tabela. A titulo de exemplo, ainda ontem ouvi uma entrevista com o fundador da Cantor-Fitzgerald (a propósito do bin Laden) em que ele explicou o “ethos” da empresa e que a maioria dos funcionarios eram contratados por referencias de quem já lá trabalhava.

    Caro AF,

    De duas uma: ou a empresa arranja quem procura por € 525 euros ou nao arranja. Se nao arranja, tem de oferecer mais. Se quem arranja nao serve, tem de oferecer mais. É simples e justo! O problema talvez esteja no excesso de pessoas com a qualificaçao referida, mas isso dificilmente é problema da empresa, correcto? Posso-lhe dizer que um soldador ganha nas calmas o triplo disso e nao tem curso superior… se calhar quem tirou uma licenciatura em IT deveria ter tirado um curso tecnico-profissional de soldador!

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  62. anti-comuna's avatar
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    4 Maio, 2011 15:44

    Caro Carlor Duarte, o Canadá é um bom exemplo daquele que eu aponto como ser possível em qualquer tipo de sociedade. E estamos a falar de um país que tem uma história imigratória semelhante aos USA, mas sem tantos defeitos como os USA. E sei que Vc. associou logo o Canadá, porque é um bom exemplo do que eu descrevo e funciona. Embora poderia funcionar melhor, mas as influências americanas são muito fortes. Mas de resto, o canadá é o país mais “europeu” fora da Europa.
    .
    .
    E não é por simpatizar com o Canadá que o digo, são os inúmeros tugas que lá vivem e explicam como é viver naquele país. Mas já estive para ir viver no Canadá, na zona de Alberta. Porquê? Porque precisamente é um país que consegue conciliar liberalismo económico com a tentativa de limitar os danos de más práticas desse mesmo liberalismo económico.

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  63. zazie's avatar
    zazie permalink
    4 Maio, 2011 15:46

    Referências de quem lá trabalha não é o que se chama cunha.

    Cunha é ocupar lugares, passando à frente e lugares onde basta ser-se medíocre. Claro que isso é mais fácil no estatal mas também no que tem um pé num lado e o outro noutro.

    E o que eu disse é que mesmo em empresas não existe sequer a mentalidade de contratar pessoas pelo que sabem fazer fora do nome que vem no canudo. E isso acontece também em França, por exemplo.
    Por isso, quando se diz que o problema é de falta de formação de sexagenários para não ficarem mais tempo desempregados, é treta. Não deve haver país onde existe tanta gente até bem nova com tanto canudo e tanta frequência de cursos e formações.
    Os fundos da UE serviram para essa patranha. E os centros de desemprego ainda por lá têm acólitos a vender “formação”.

    Somos mesmo um país de formadores de coisa nenhuma.

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  64. AF's avatar
    4 Maio, 2011 15:53

    Caro Carlos Duarte,

    Eu não disse que o problema é da empresa … o que eu digo, embora com tanta coisa isto às vezes perde-se, é que há uma tendência cada vez mais niveladora por baixo, e que não me parece vá ser muito ajudada pelas medidas “fiscais” e sociais anunciadas. Isso foi um exemplo da tendência geral, especialmente no que diz respeito às gerações mais novas. Daí, se calhar o tal exemplo do soldador até se encaixa. Mas note, eu falo basicamente da minha vivência, do que vejo, do que leio, e do que tento interpretar. Não sou dono da verdade e muitas vezes estarei errado. 🙂

    Caro anti-comuna,

    Emigrar é uma solução. Mas isso resolveria os meus problemas, e não é disso que estamos a falar 🙂 Dos meus problemas, pelo menos para já, ainda vou conseguindo tratar 🙂

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  65. Carlos Duarte's avatar
    Carlos Duarte permalink
    4 Maio, 2011 15:55

    Cara Zazie,
    Pode ser apenas semântica, mas referências nao implica que o candidato fica com o lugar, enquanto uma cunha sim. Quando se pede referências de alguém, está-se a avaliar o mérito “global” do candidato, nao a aceitar a opiniao de um terceiro como palavra final.
    Quanto à formaçao, em sexagenários é, obviamente, treta. Um sexagenário ou tem experiencia que o recomende para um lugar ou nao tem. A formacao so tem impacto nos desempregados mais jovens, que nao tem ou nao podem contar com a experiencia a seu favor – e aí o problema poe-se no TIPO de formacao que está disponivel. A formaçao deveria ser dada em funcao da procura do mercado de trabalho e nao em áreas que nao lembrao ao Menino Jesus!

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  66. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 15:59

    “Isso, quando se diz que o problema é de falta de formação de sexagenários para não ficarem mais tempo desempregados, é treta. Não deve haver país onde existe tanta gente até bem nova com tanto canudo e tanta frequência de cursos e formações.”
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    Exacto. Por isso, quando em Portugal era moda despedir gente nos bancos por estarem acima dos 55 anos, eu sempre defendi que era um erro crasso. E desde aí não me enganei. Deitaram fora pessoas que sabiam distinguir bons de maus clientes, pessoas que davam o rosto pelo banco e meteram uma carrada de licenciados, as mais das vezes uns cepos, mesmo com elevada formação. E lembro-me perfeitamente de ter uma acesa discussão com uma pessoa que lhe dava gostar correr com essa gente. O que me leva à questão da formação.
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    A dada altura, eu e essa pessoa (que era responsável pelo departamento dos RH de um conhecido antigo banco, absorvido depois outro) discutíamos esse problema. E essa pessoa dizia-me a mim: mas achas que um banco moderna deve aceitar um caixa que vai trabalhar de galochas e atender clientes numa instituição bancária? E a minha resposta era sempre: dá formação ao tipo e vais ver que o balcão torna-se mais rentável e a clientela agradada. Ensina-lhes a atender clientes de um modo mais moderno e até a vestir-se. (Que o BCP fazia na altura e era considerado “revolucionário”.)
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    Mas não. Correram com aquela tropa toda, que até já sabia quem eram os caloteiros e tal. E malta com muitos anos pela frente foi reformada á força só para dar um ar de modernidade. Quando isso era conseguido se dessem formação à malta, que ainda por cima, entraram no sistema bancário numa altura em que a banca era mesmo exigente em termos de seriedade e capacidade de relacionamento humano.
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    Por aqui, ainda hoje, existem pessoas de idade avançada que estão a aprender os rudimentos de informática, de linguas, etc. gente com idade que em vez de ser logo corrida é aproveitada para outras funções, porque é gente com muitos anos nas organizações e detêm um know how e uma cultura empresarial que se identifica com a organização. E que correspodem bem quando são solicitados. E não é preciso ter um curso superior pois esta gente tem anos de trabalho que não há universidade nenhuma que lhes dê essa tarimba.
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    .
    Nessa altura, a banca portuguesa, por miopia, correu com muita gente de valor só por causa da idade e da falta de canudos e até estudos. Quando até tinham um centro de formação que era dos melhores da Europa mas desperdiçado porque não reciclavam os mais velhos.
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    É por isso que a ainda hoje a banca está cheia de agências com fraca rentabilidade. Porque muita gente foi trabalhar para as agências sem um minimo de conhecimentos a nível de relacionamento humano, fulcral no negócio bancário.
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    Isto é apenas um exemplo do mau aproveitamento em Portugal de gente com uma determinada idade com uma mais valia incrivel. Enfim.

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  67. zazie's avatar
    zazie permalink
    4 Maio, 2011 15:59

    A formação de desempregados é uma vigarice sustentada pelo Estado e com compadrio de cunhas.

    Era a isto que me referia.

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  68. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    4 Maio, 2011 16:09

    Não esquecer que a maioria do «beneficiários» das PPP’s são quase todos (gestores, accionistas, advogados e consultores) recrutados no miolo do PPD/PSD e muitos da ala cavaquista.
    Renegociar com esta gente, que está muito habituada a mamar desde o tempo das privatizações “à la Cavaco”, não vai ser nada fácil.
    Tirar a malga a quem está a comer com sofreguidão é um bocadinho arriscado.
    Mas Sócrates já demonstrou que não tem medo de nada.

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  69. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 16:11

    “Quanto à formaçao, em sexagenários é, obviamente, treta. Um sexagenário ou tem experiencia que o recomende para um lugar ou nao tem. A formacao so tem impacto nos desempregados mais jovens, que nao tem ou nao podem contar com a experiencia a seu favor – e aí o problema poe-se no TIPO de formacao que está disponivel.”
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    Aqui discordo em absoluto. Uma coisa que hoje em dia é descurada em muitas organizações (que deu origem a muitos problemas depois, iniciada com a moda do Downsizing) é a incapacidade de criar uma cultura empresarial. isto é, cada empresa tem a sua história, cultura, métodos, etc. Não há duas empresas iguais. Ora, para gerar essa cultura (e por isso a morte das empresas familiares tantas vezes foi anunciada e nunca realizada) é preciso gente com anos de empresa a transmitir os valores da empresa. E essa gente com muitos anos de empresa, mesmo quando precisam de mudar de lugar, são aquelas que geram as forças competitivas no interior da empresa. E basta por vezes criar um plano de carreira a essas pessoas, que escolhem os cursos que desejam tirar dentro de um leque que a empresa considera fundamental) que elas são capazes de gerar mais valias importantes nas empresas.
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    Há gente em Portugal que nunca tinha trabalhado com computadores que foram capazes, já perto da reforma, de aprender a trabalhar com ferramentas informáticas e adaptarem-se aos novos desafios. Eu conheço exemplos. E, curiosamente, normalmente essas empresas são familiares e aguentam bem as crises. E falo de casos no Norte de Portugal, tido como mais atrasadinho.
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    É claro que por vezes não há mesmo lugar para essa gente. E aí, é certo, há que ajudar essa gente a desligar-se da empresa sem muitos danos, tanto para elas como até para a cultura dentro da empresa. Porque, gente que vai embora, além de levarem no coração a empresa (e isso demora anos a gerar numa organização) levam as amizades, que por sua vez podem ser afectadas pelo colega que foi embora e desmotiva as equipas de trabalho.
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    Por isso, gente com 60 anos pode aprender bem novas funções na empresa. É claro que não se pode meter um operário têxtil a programar máquinas. Isso a acontecer é raro. Mas na generalidade das empresas há sempre lugar para essa gente a menos que a empresa viva uma crise terrível e tenha mesmo que baixar a massa salarial e não tenha outro remédio que mandar gente embora. Mas mesmo assim é preferível mandar gente mais nova embora que gente mais velha. Porque, repito, aquela know how que elas portam nem sempre é colmatado por gente mais nova.
    .
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    Para uma empresa ser competitiva é preciso mais que máquinas, patentes, matérias-primas, etc. É preciso uma equipa. Um aglomerado de pessoas com uma dada cultura e mentalidade para gerar resultados. E isso, meu amigo, uma pessoa de 60 anos é bem mais capaz que um recém licenciado aos 23.

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  70. Carlos Duarte's avatar
    Carlos Duarte permalink
    4 Maio, 2011 16:17

    Caro A-C,

    O meu post referia-se a desempregados, nao a formacao intra-empresa (que acho indispensável, seja formal ou informal).

    Um desempregado com 60 anos, especialmente se o for numa profissional nao-qualificada (trabalhador indiferenciado) nao é por aprender a trabalhar com computadores que vai arranjar emprego.

    Pessoalmente, e por experiencia próprioa, posso-lhe dizer que um trabalhador qualificado (ou muito experiente ou ambos) com 60 anos tende a ser melhor que um mais jovem, desde que a empresa saiba gerir as limitaçoes inerentes à idade.

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  71. zazie's avatar
    zazie permalink
    4 Maio, 2011 16:27

    Um desempregado com 60 anos o mais que tem a fazer é pegar nos patacos e fazer negócio.

    Não precisa de tentar aprender isso num centro de desemprego- pergunte a um candongueiro competente

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  72. p.fontenova's avatar
    p.fontenova permalink
    4 Maio, 2011 16:35

    ganham outras PPP

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  73. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    4 Maio, 2011 16:47

    “O meu post referia-se a desempregados, nao a formacao intra-empresa (que acho indispensável, seja formal ou informal).”
    .
    .
    Mesmo a desempregados, já fora da empresa, é possível fazer formação, se houver acordo entre empresas e entidades públicas. Dou-lhe um exemplo, da empresa onde trabalha a minha mulher.
    .
    .
    Essa empresa, familiar, teve uma crise enorme. (Parecida com a crise que afectou a generalidade das empresas portuguesas. E teve que baixar a massa salarial na casa dos 33%, senão falia. E o que fizeram? A empresa reuniu-se com as entidades públicas (governo, autarquias e respectivas escolas) e com os representantes dos trabalhadores. Foi lhes comunicado o motivo do despedimento mas foi tudo faseado e combinado, de forma a que muitos mais entradotes e não queriam estar reformados, recebessem formação, tanto na empresa como em escolas públicas, de molde a que fosse tudo feito sem dor. É claro que o Estado assumiu custos da empresa. É claro que a empresa assumiu custos. É claro que os trabalhadores assumiram custos e até tiveram que ir para o desemprego. Mas foi tudo feito dentro da paz social e preservando, tanto os interesses da empresa como trabalhadores.
    .
    .
    Muitos desempregados montaram negócios próprios, como a Zazie refere. Outros reformaram-se, sendo penalizados. Mas muitos receberam formação na empresa, porque não há muitas escolas capazes de reproduzir um ambiente empresarial e depois foram trabalhar para outras empresas. E estavam a ser formados na empresa onde trabalha a minha mulher!
    .
    .
    O que aconteceu? A crise passou, muitos lá conseguiram empregos noutros locais e a empresa onde trabalha a minha mulher sobreviveu, adaptou-se e nos últimos 5 anos duplicou o número de trabalhadores. Mas isto aconteceu porque as lideranças são boas. isto é, tanto os sindicalistas, como as autarquias e tipos do Estado e chefias empresariais tiveram como objectivo último, minimizar o impacto económico, social e empresarial do despedimento de milhares de trabalhadores na altura. E esta empresa era e ainda é a maior empregadora da região. Só que aqui há boas lideranças e não há as guerrinhas entre capitalistas e comunistas, como é norma em Portugal. (E veja-se que a Autoeuropa faz milagres porque há uma cultura empresarial, sindical e até das entidades públicas que não se v~em como inimigos mas parceiros sociais a sério.)
    .
    .
    Em Portugal continua a haver a sacrossanta guerra de classes, da luta de classes destrutiva, que impede aumentos de produtividade e paz social, tão necessária para absorver crises. Num país desenvolvido as crise são assumidas como oportunidades de mudar para melhor, sem grandes traumas em termos ideológicos. Por isso a solidariedade social é até mais proficua, porque não há tanto a dicotomia rico pobre; capitalista e comunista. Em Portugal, sobretudo no Sul, ainda hoje funciona nesses moldes. Não é por acaso que 20% dos deputados tugas são, ainda, comunistas. Uma aberração em toda a OCDE.
    .
    .
    Lá está. A formação de desempregados não pode ser feita nos moldes tradicionais. Se for feita nas empresas, mesmo que depois não tenham lugar na empresa em termos de emprego, acaba por gerar uma melhor formação de qualidade, porque não há muitas escolas que consigam reproduzir ambientes empresariais.
    .
    .
    Agora, veja-se que esta estratégia foi usada na Alemanha em grande escala e deu resultados. É claro que os liberais radicais dizem logo que isto é socialismo. Os bons liberais dizem que é união para produzir bons resultados. E funciona. Tanto a nível micro como macro.

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  74. Trinta e três's avatar
    4 Maio, 2011 20:29

    Não tardará muito para que João Miranda aqui venha perguntar: “Que interesse tem renegociar a dívida portuguesa”?

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  75. AF's avatar
    4 Maio, 2011 20:51

    anti-comuna,

    A formação por cá interessa, na medida exacta dos subsídios ou descontos que der pra sacar. Fora isso, interessa muito pouco.

    Os estágios profissionais interessam para obter mão-de-obra a custo zero, ou pouco mais.
    Mais uma vez, salvo honrosas excepções.

    E o grosso das nossas empresas não encaixa nessa visão organizativa que o amigo descreve. Quanto mais não seja, pela dimensão.

    É mais gestão tipo livro de mercearia, infelizmente.

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