Títulos nobiliárquicos nas pastas ministeriais
Os escritores têm frequentemente a capacidade de ver o óbvio que nos escapa. É isso que acontece neste texto de Jorge Reis Sá que veio no PÚBLICO da passada semana:
«Numa altura em que toda a gente se preocupa com a essência das coisas, permitam-me centrar um bocadinho o debate numa questão que pode parecer, ainda que mal, pouco essencial – o poder da palavra.
O novo Governo será apresentado dentro de poucos dias e nele estará inscrito muito daquilo que pode, ou não, salvar o país da bancarrota. Poderia, por isso, começar imediatamente a economizar palavras da mesma maneira que pensa economizar pastas ministeriais. Não se correria o risco de surpreender na tomada de posse o novo e recatado ministro dos Negócios Estrangeiros, dr. Paulo Portas, com novos “Assuntos do Mar”. Ou, no caso, e citando o PÚBLICO de 10 de Junho, com “Negócios Estrangeiros, da Internacionalização e da Lusofonia”. Se é dos “Negócios Estrangeiros”, já pressupomos que também há-de ser da “Lusofonia” e, não fosse esse o negócio, da “Internacionalização”.
O mesmo vale para o ministro da Economia, que não precisa de continuar a ser “da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento” (todos esperamos que o ministro da Economia a queira desenvolvida). Ou para a Agricultura, que também já foi do “Desenvolvimento Rural e Pescas” (se for da Agricultura e não quiser ser do Desenvolvimento Rural é porque é esquizofrénico e não serve para ministro). No tempo do dr. Santana Lopes houve até lugar a um Ministério das Cidades, da Administração Local, Habitação e Desenvolvimento Regional. Não admira que o Governo tivesse durado tão pouco – com alguém sem saber se havia de governar habitações, localidades, cidades ou regiões, só podia ter havido problemas.
Mas o caso mais substantivo é a “Educação e Ensino Superior”. O poder das palavras deve ser aqui bem medido. Eu, enquanto pai, agradeço penhorado, mas não preciso de nenhum ministro da Educação. Menos ainda de um ministro da Educação e do Ensino Superior (a natureza judicativa inscrita no nome da pasta não diz muito bem do restante ensino). Preciso, isso sim, de um ministro do Ensino. É que a educação deve ser dada em casa. Na escola, eu espero que instruam, que ensinem – a ler, a contar, a escrever, e depois coisas bem mais sérias, como Geografia, História ou Biologia. A existência de um Ministério da Educação demite os próprios pais do seu maior dever. A escola serve, antes de tudo o mais, para ensinar.
Peço-vos, por isso, dr. Pedro Passos Coelho e dr. Paulo Portas, também recato e sobriedade no uso dos termos. Chega de títulos nobiliárquicos nas pastas ministeriais. Neste momento, precisamos é de alguém que faça muito, mas com poucas e bem escolhidas palavras»

Esse Reis-Sá é um pateta petulante, que se julga poeta e escreve (com os pés…) umas patacoadas sem nexo.
Transcrever-lhe as patetices é dar-lhe uma importância que a lesma manifestamente não tem.
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As palavras têm poder. Nem o ensino é educação, nem educação é ensino. Chamar ao ministério que devia tratar do ensino, ministério da educação foi um erro trágico que trouxe consequências muito graves para as gerações futuras. Ignorar o poder das palavras é um erro que se paga caro, tão caro que agora a sociedade confunde educar com ensinar e o resultado está à vista. Os Portugueses são agora um povo mal-criado e ignorante. Ao menos no tempo do Salazar eram educados.
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«Negócios» Estrangeiros está correcto.
Compra de submarinos, bazucas, fardamentos e outras merdas ao estrangeiro….
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Ministério da Instrução Pública — era assim que ele era chamado. Oh depois, passou a ser da Educação NACIONAL. Já não era para ler, escrever e contar, era também par inculcar “valores nacionais”. Era o tempo dos lusitos, dos chefes de quina e dos comandantes de castelo… “Mocidade, quem manda? Salazar, Salazar, Salazar.”
Cá para mim, acho que o Dito nem gostava destas arraias. Com o tempo e o choque da realidade essas pepineiras esbateram-se e os valores — trabalho, honestidade, poupança, modéstia, contenção — eram universalmente bons.
Vamos andando.
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Este Arlindo da Costa não quer ir de férias?
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“No tempo do dr. Santana Lopes houve até lugar a um Ministério das Cidades, da Administração Local, Habitação e Desenvolvimento Regional. Não admira que o Governo tivesse durado tão pouco – com alguém sem saber se havia de governar habitações, localidades, cidades ou regiões, só podia ter havido problemas.” Percebo a dúvida da cara Helena, quando afirma que na escola, entre outras disciplinas, instruam Geografia. Parece que também a ela escapou tal vertente. Afirmar que habitações, localidades, cidades (fiquei confuso, uma cidade não é igualmente uma localidade? saberá a Helena o que será a Administração Local?) ou regiões não tem a menor relação – mas uma vez, a falta de conhecimentos em Geografia parece fazê-la esquecer o que são interdependências territoriais – revela a sumidade do seu raciocínio. Tenho pena de não ter continuado com mais divagações, sempre me ria um pouco mais.
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