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Tendencialmente gratuito

29 Junho, 2011

No último  Prós e Contras, reuniram as corporações ligadas à saúde para discutir a falta de dinheiro. Claro que nenhum deles pôs seriamente em causa o sacrossanto tendencialmente gratuito. Mas em vários momentos do programa reveleram-nos o outro lado da moeda do tendencialmente gratuito. Gente muito responsável ponderou seriamente a hipótese de deixar de tratar doentes para poupar dinheiro. Gente muito responsável defendeu, embora de forma rebuscada, que os medicamentos inovadores devem ficar fora do SNS porque são caros. O SNS resulta portanto de um contrato não escrito que diz mais ou menos o seguinte: passe para cá o seu dinheiro, abdique da sua autonomia financeira, que nós depois tomamos as decisões de vida ou de morte por si.

20 comentários leave one →
  1. Fredo's avatar
    Fredo permalink
    29 Junho, 2011 12:02

    Hoje, ler o blasfémias é uma coisa sinistra.

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  2. afédoshomens's avatar
    afédoshomens permalink
    29 Junho, 2011 12:12

    palhaçada de post!

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  3. Eduardo Fernandes's avatar
    Eduardo Fernandes permalink
    29 Junho, 2011 12:20

    Nem dá para comentar…

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  4. D's avatar
    29 Junho, 2011 13:28

    Olha, não sabia que o Câmara Corporativa tinha mudado de nome e ideologia.

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  5. JFP's avatar
    JFP permalink
    29 Junho, 2011 13:38

    Este poste é absolutamente cretino

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  6. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    29 Junho, 2011 13:49

    Lembram-se das maravilhas da execução orçamental do governo anterior?
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    “O défice público no primeiro trimestre ficou em 3177 milhões de euros em contabilidade nacional (a que interessa a Bruxelas), o que representa 7,7 por cento do PIB, ficando ainda distante do objectivo de 5,9 por cento definido para o conjunto deste ano, segundo as contas nacionais trimestrais por sector institucional divulgadas hoje pelo INE.”
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    In http://economia.publico.pt/Noticia/defice-publico-de-77-por-cento-no-primeiro-trimestre_1500731
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    O Teixeira dos Santos vai dar aulas de quê? Como aldrabar as contas? Se é assim, muitos bons contabilistas vão sair das suas aulas. lololololololol
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    Porquê que o nosso SNS é caro? Muito por culpa da duplicação dos actos médicos.
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    Vou contar o que se passou com a minha mulher.
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    Nas férias a minha mulher teve umas dores no peito. Foi ao médico de familia que por sua vez reenviou para fazer umas análises. Dois actos médicos e o problema por resolver.
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    Pois bem, chegados onde vivemos, o inicio é igual. Médico de familia, reenvia para um hospital, novas análises e resolução do problema. Dois actos médicos e problema resolvido.
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    Daqui se podo concluir que os custos do nosso SNS também é culpa da nossa má organização. Da burrocracia e, muito importante isto, os actos médicos são quase 4exclusivamente decididos pelos… Médicos. Quando não deviam.
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    Escusado será dizer que Portugal tem dos mais caros e ineficientes SNS da Europa. Mas há pense o contrário, não é?
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    PM E curioso. Em Portugal a minha mulher pagou pelos dois actos médicos. Onde estamos, nem um tostão. E esta hein?

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  7. SG's avatar
    29 Junho, 2011 15:58

    Caro João Miranda,
    Vejo, com agrado, que você e a sua família nunca estiveram verdadeiramente doentes. Perceberá que um dia que tal aconteça (oxalá o mais tarde possível) que ter uma doença “economicamente catastrófica” como um cancro, uma insuficiência renal a necessitar de diálise, uma patologia a necessitar de cirurgia cardíaca ou neurocirurgia, ou outras, não haverá seguro de saúde que o salve e terá de escolher a qual olho operar, que o outro fica cego, ou que perna preservar, porque o seguro só paga a cirugia a uma delas.
    O Serviço Nacional de Saúde é uma conquista civilizacional, daquelas poucas em que Portugal está na liderança do mundo, pelo que representa de conforto para uma população inteira, mas também pelo que representa em investimento nas pessoas que constroiem um país.
    Há ainda muito desperdício? Há, certamente. Há ainda coisas a melhorar? Sim, concerteza.
    E a discussão que se deve ter é, certamente como aplicar um x% do PIB (decisão política) em cuidados de saúde, de modo a que cheguem à maior parte da população possível.
    Claro que o dinheiro não chega para tudo e terá que haver uma comparticipação por parte das pessoas, sob a forma de taxas moderadoras, mas de um modo em que moderem mesmo, não como existe agora.
    Por outro lado não me venham com a história de que os que têm mais podem pagar, pois esses já pagam mais impostos e não é justo que paguem duas vezes.
    O principal problema da democracia é que a asneira também é livre. Não há problema nenhum em defender interesses disfarçados de ideias politico-ideológicas, mas pelo menos, em nome da honestidade intelectual, declarem os vossos conflitos de interesses.
    Aqui vão os meus: Médico do SNS; proprietário de uma pequena clinica.
    Cumprimentos,
    SG

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  8. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    29 Junho, 2011 17:01

    Não tenho dúvidasque a politica a seguir é desligar as máquinas dios cuidados intensivos.
    Em termos de mercado, abre-se um novo nicho: a potenciação do negócio das agências funerárias….

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  9. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    29 Junho, 2011 17:07

    Se o Paulo Macedo – um dos instrumentos mais eficazes da politica de Sócrates, tão eficaz que até tramou este !-
    utilizar as mesmas técnicas que utilizou na DGCI, não tenho dúvidas que muitos doentes preferirão suicidar-se, como se suicidaram e fugiram muitos contribuintes que foram rapinados, coimados, penhorados à falsa fé e até executados pelo fisco e por uma administração pública com requintes de totalitarismo.
    Se fôr assim, viva o mercado e viva Lenine!

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  10. licas's avatar
    licas permalink
    29 Junho, 2011 17:29

    Desligaram a maquina de vida artiicial ao __________SÓCRATES
    ( e foram os Portugueses !). Ih, ih, ih,ih,ih, . . .

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  11. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    29 Junho, 2011 17:34

    Sócrates está bem e vai regressar dentro de pouco tempo.
    Também foram buscar o Dr. Salazar a casa…
    A situação vai agravar-se de tal ordem, que só um homem determinado, com experiência e respeitado lá fora poderá pôr ordem neste país.
    Mas nessa altura, espero que os professores, a «justiça», os «empresários subsdidiados» e os comentadores avençados da treta que pululam nas televisões como infestantes (!!!), fiquem de bico calado e trabalhem afincadamente.
    Só o trabalho os libertará da escravidão intelectual do bitaite!

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  12. João Pires da Cruz's avatar
    29 Junho, 2011 18:22

    Eu concordo com o princípio do tendencialmente gratuito, como a maioria dos funcionários do sistema concordam. Aquilo que eles não concordam comigo é que a única coisa que me impede de dar esse serviço é o dinheiro que eles me cobram. Como sempre disse, podemos ter o dobro do estado social, basta que os funcionários ganhem metade.

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  13. Fincapé's avatar
    Fincapé permalink
    29 Junho, 2011 21:14

    Excelente, a resposta de SG!

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  14. D.O.'s avatar
    D.O. permalink
    29 Junho, 2011 22:24

    SG:
    Disse tudo!

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  15. manuel.m's avatar
    manuel.m permalink
    30 Junho, 2011 00:12

    Caro Dr. SG :
    Com absoluta seriedade faço-lhe a seguinte pergunta :
    Como gere os conflitos de interesses que a sua actividade pessoal necessáriamente suscitam em si próprio ?
    (Médico do SNS – Serviço público e gratuito ;Médico proprietário de uma Clinica-actividade privada e paga )
    Note que não ponho em causa a sua idoneadade,o que seria abusivo e leviano da minha parte,mas que lições aprende no seu quotidiano ,sendo simultaneamente médico e gestor? Certamente que na sua Clinica tem de gerir os recursos disponiveis de maneira que produzam os melhores resultados possiveis.Acharia desejavel que como médico do SNS tivesse de se ater a um orçamento rigorosamente limitado de maneira que fosse obrigatóriamente parcimonioso nos medicamentos e exames que prescreve ? Ou acha que esse sistema poria sobre os seus ombros o fardo da decisão de quais dos seus doentes teriam “direito” ao melhor tratamento possivel e outros não ? Não seria que se acabaria numa situação em que os idosos,por exemplo, seriam preteridos na prestação dos cuidados médicos em favor dos mais jovens ? E finalmente não acha que uma Sociedade onde tal acontecesse não seria ela mesmo uma Sociedade doente e a precisar de “tratamento” ?

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  16. Francisco Colaço's avatar
    Francisco Colaço permalink
    30 Junho, 2011 12:12

    Caro SG,
    .
    Não posso estar mais de acordo consigo numa coisa: uma doença debilitante no momento errado pode retirar o potencial produtivo de uma pessoa. Essa doença pode nem ser física. Pode ser uma depressão gerada por um divórcio ou a perda de um filho ou de um cônjuge. Ora, se essa doença apanhar uma pessoa sem pecúnio imediato, essa pessoa foi-se. Tout court, sairá dos produtivos para entrar nos dependentes.
    .
    Dito isto, o nosso SMS está refém da mais camareira, corporativa, desonesta, impertinente, intemerata, meliante, pedante, poluta classe da história portuguesa salvo os juízes: os médicos (ordenei os qualificativos por ordem alfabética). Por cada dois ou três médicos honestos, e há-os, existe um que faz para a classe o que o violador de Telheiras fez aos engenheiros. lixa o nome. Ora, meu caro SG, há os que desviam clientes abastados dos serviços públicos para as clínicas privadas, os que atendem os utentes com o mesmo empenho que o Bin Laden metia ao comer umas febras de porco, e os que prescrevem medicamentos avançados mesmo para uma constipação comum e que vão em formações pagas às Ilhas Caimão ou às Bermudas. Há os que fazem comprar equipamentos caríssimos (por exemplo de TAC, última geração, à Siemens) onde não há pessoas para o operar, nem se interessam com isso, pois a venda estará feita, mesmo que o equipamento fique inactivo.
    .
    Dirá que minto ou exagero? Não me preocupa nem outra coisa esperava. Se fosse ministro a minha primeira iniciativa (agora chama-se medida) era terminar com as ordens profissionais (inclusive a minha, a dos engenheiros), e abrir os cursos de medicina a quem os quiser cursar. Esta é a solução do SMS, se bem que apenas a sete anos de distância.

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  17. esmeralda's avatar
    esmeralda permalink
    1 Julho, 2011 18:16

    Mas… que Serviço Nacional de Saúde?! É preciso visitar certos Centros de Saúde e urgências de hospitais! Estão fora do que se passa realmente!

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  18. SG's avatar
    1 Julho, 2011 23:47

    Caros Amigos, vamos às respostas:
    1. Como gere os conflitos de interesses que a sua actividade pessoal necessáriamente suscitam em si próprio ?
    Muito bem: a minha actividade é convencionada, pelo que só recebo doentes da área de residência correspondente à minha clinica, que o SNS me manda, não sou eu que os “escolho”. E, para ficar com a minha consciência perfeitamente tranquila, faço questão de ser o médico do meu serviço que mais doentes coloca na técnica concorrente, explicando sempre tudo com o máximo de isenção que consigo e deixando ao doente a última palavra na escolha da modalidade de substituição da função renal.

    2. Casos de desvios de doentes abastados para as suas clinicas privadas são casos de polícia e de vem ser denunciados. Sem dó nem piedade. Ainda assim estou convencido que são uma minoria.

    3. Deixar entrar toda a gente para Medicina: espero que tenha a noção de que as 7 faculdades de Medicina credíveis (há mais duas não credíveis: Faro e Aveiro) têm um limite de capacidade de alunos. Imagine-se internado numa enfermaria e ter uma turma de 20 alunos em cima de si a auscultá-lo ou a palpar-lhe a barriga ou a meter-lhe o dedo no…, porque o seu caso é pedagogicamente interessante…. Por outro lado, entupir o mercado de trabalho com profissionais e criar precariedade não leva a nada. A seguir ao 25 de Abril entraram milhares de pessoas, depois, nos anos oitenta fecharam a torneira. Agora têm vindo a abri-la cada vez mais ao ponto de entrarem 1700 médicos por ano. Durante 10 anos vai ser possível absorver estes profissionais. A continuar assim vai acontecer o que aconteceu aos enfermeiros. Há muitos, estão desempregados, o Estado gastou na sua formação e agora desperdiça esse investimento e quem ganha com isso são os privados que, sem terem gasto na formação usufruem deles a preço de saldo.

    4. A exclusividade seria boa, mas não nas condições actuais, em que o SNS não tem oportunidade de segurar os melhores. Um chefe de serviço em final de carreira ganha 3000-4000 euros. Um assistente graduado com 20 anos de carreira e 12 de especialista ganha 2200€. Claro que podem criar desemprego médico inundando o mercado com médicos. resolverá o problema da inveja de alguns outros grupos profissionais, mas não melhorará certamente a qualidade dos serviços prestados.

    5. A função das ordens profissionais é ser o garante da qualidade dos cuidados, da formação contínua através da titulação. Tenho confiança no nosso novo bastonário e na sua acção para defender estes pontos de vista. E é essencial aprovar rapidamente a lei do acto médico. Afinal concordará que nem todos deverão exercer Medicina, ou não?

    6. Quanto aos medicamentos, eu receito imensos genéricos e a quota dos genéricos é muito alta: 80 a 90%, se considerarmos os medicamentos que têm genéricos. Quanto aos casos de suborno, corrupção e afins…. polícia e cadeia com eles!!!

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  19. SG's avatar
    1 Julho, 2011 23:50

    Ah! E, Esmeralda, em que mundo vive?
    Eu não tenho qualquer dúvida que o SNS é o melhor dos serviços que o Estado Português presta aos seus cidadãos (incluindo Justiça, Segurança, Segurança Social, Habitação, Educação….)

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  20. miguelvcarvalho's avatar
    2 Julho, 2011 08:25

    resposta ao anti-comuna

    está mais do que comprovado de que a sequência 1) médico de família 2) hospital generalista é a mais eficaz do ponto de vista monetário. Imagine que a passagem pelo Centro de Saúde (CS) não existia: à menor comichão ou dor de cotovelo as pessoas iriam à urgência, onde seriam observados por um especialista que recebe mais por hora e que tem um maior número de situações urgentes para resolver; se a urgência estiver literalmente atafulhada de potenciais mariquices caras ao Estado, o desperdício seria bem maior

    onde é que se desperdiça? médicos sem paciência para puxar pela cabeça ao final de 20 horas de trabalho e que pedem uma TAC quando com manobras de avaliação com as mãos (a dita semiologia médica) chegariam à hipótese de diagnóstico. sim, tem de haver mais médicos para não estarmos todos a fazer horas extraordinárias em turnos de 24 horas com desgaste de capacidades, e que são muito caras ao estado

    se teve de ir ao hospital fazer análises, eu não sei que análises foram, mas uma boa parte delas é passível de ser realizada em aparelhos, bastava que estes existissem nos CS. se o médico de família pudesse fazer análises ali mesmo, poupava-se dinheiro porque 1) a sua mulher não estaria mais umas horas a deambular de serviço em serviço e poderia estar a ser produtiva, para além do transtorno óbvio que deve ter sido 2) seriam realizadas num local mais periférico do SNS, não indo novamente na mesma linha encher a urgência do hospital

    e relativamente ao proteccionismo médico, acho que deveria haver grande coragem do governo para se abrirem mais vagas de medicina geral e familiar. defendo que pelo menos 75 por cento das vagas deveriam ser destinadas a esta especialidade dado que o rácio ideal seria 1 médico hospitalar para cada 3 de medicina geral, e neste momento o que se verifica é uma inversão desta proporção. se isto ainda não aconteceu é porque 1) medicina geral e familiar é tida como a especialidade dos maus alunos de medicina 2) para os meninos e meninas poderem entrar na especialidade do papa e herdar o negócio de família, a clínica privada. talvez com um ministro gestor na saúde tal venha a acontecer e que abram mais centros de saúde com serviço de atendimento permanente (as mini-urgências)

    cumprimentos,

    Miguel

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