Pelo menos penso que aprendemos que não é com mudanças de regime que se altera o que quer que seja.
Sampaio Bruno qualifica o povo português como “uma massa inerte, passiva, sem coesão”. Acontece que no início do século seguinte o povo espevitou: em 1908 assassinou o rei, em 1910 implementou (como quem implementa uma argália; palavras de Alberto Gonçalves na revista Sábado) a república através da força e resultando em muitas mortes, em 1911 expulsou as ordens religiosas, em 1915 a marinha bombardeou parte de Lisboa matando mais de 200 pessoas, em 1918 é assassinado o presidente da República Sidónio Pais, em 1921 militares da marinha e da GNR matam o então primeiro-ministro António Granjo, o revolucionário Machado dos Santos e mais algumas figuras da república, em 1926 há nova mudança de regime através de um golpe militar. Conclusão: o défice e a dívida pública, que já estavam maus, ficaram abaixo da lama. Depois tivemos um inetrregno de 40 anos – e as condições económicas, apesar das dificuldades, algumas pontuais,, foram bem melhores. Cansados de tanta estabilidade política voltámos com mais um golpe de Estado (quando a transação poderia ter ocorrido como em Espanha) e, consequentemente, afundamento das contas públicas. Ao fim de 15 anos de estabilidade lá começaram a melhorar. Agora temos esta crise e parece que voltamos com a lenga-lenga do “povo é sereno”, da “massa inerte, passiva, sem coesão”.
Caro PMF
Pode encontrar isso e o seu contrário na literatura portuguesa.
Basta citar Camões: Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor supremo,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, se de tal gente.
«no início do século seguinte o povo espevitou: em 1908 assassinou o rei». fica-se siderado pela profundidade da análise que faz do regicídio um resultado de um espevitamento. Como não há hoje rei para matar, nem república para proclamar – e sabendo-se o que foi e é a república nestes 100 anos, o que proporia Bruno? Outro acordo ortográfico?
Aprenderemos com a História?
Pelo menos penso que aprendemos que não é com mudanças de regime que se altera o que quer que seja.
Sampaio Bruno qualifica o povo português como “uma massa inerte, passiva, sem coesão”. Acontece que no início do século seguinte o povo espevitou: em 1908 assassinou o rei, em 1910 implementou (como quem implementa uma argália; palavras de Alberto Gonçalves na revista Sábado) a república através da força e resultando em muitas mortes, em 1911 expulsou as ordens religiosas, em 1915 a marinha bombardeou parte de Lisboa matando mais de 200 pessoas, em 1918 é assassinado o presidente da República Sidónio Pais, em 1921 militares da marinha e da GNR matam o então primeiro-ministro António Granjo, o revolucionário Machado dos Santos e mais algumas figuras da república, em 1926 há nova mudança de regime através de um golpe militar. Conclusão: o défice e a dívida pública, que já estavam maus, ficaram abaixo da lama. Depois tivemos um inetrregno de 40 anos – e as condições económicas, apesar das dificuldades, algumas pontuais,, foram bem melhores. Cansados de tanta estabilidade política voltámos com mais um golpe de Estado (quando a transação poderia ter ocorrido como em Espanha) e, consequentemente, afundamento das contas públicas. Ao fim de 15 anos de estabilidade lá começaram a melhorar. Agora temos esta crise e parece que voltamos com a lenga-lenga do “povo é sereno”, da “massa inerte, passiva, sem coesão”.
GostarGostar
Caro PMF
Pode encontrar isso e o seu contrário na literatura portuguesa.
Basta citar Camões:
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor supremo,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, se de tal gente.
GostarGostar
«no início do século seguinte o povo espevitou: em 1908 assassinou o rei». fica-se siderado pela profundidade da análise que faz do regicídio um resultado de um espevitamento. Como não há hoje rei para matar, nem república para proclamar – e sabendo-se o que foi e é a república nestes 100 anos, o que proporia Bruno? Outro acordo ortográfico?
GostarGostar