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desastre à vista

1 Setembro, 2011
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Questões prévias: a) este governo não é responsável pelo estado dramático em que se encontra o país. Mesmo considerando que Pedro Passos Coelho foi, por razões políticas, demasiado complacente para com o segundo governo de Sócrates, tendo-lhe permitido continuar a agonizar lentamente e, por arrasto, agravando os custos da dívida pública portuguesa, não se lhe podem imputar responsabilidades pela situação falencial do nosso país; b) o momento que vivemos corresponde ao fim de um longo ciclo de vida política e social em toda a Europa, sentido com especial intensidade nos países mais frágeis como Portugal, que é vulgarmente conhecido como «modelo social europeu», consubstanciado politicamente num «estado social», este último levado ao extremo pelos delírios planificadores e integradores da «união política» de Bruxelas. Genericamente, trata-se de um sistema baseado numa organização social concebida a partir do estado, com uma forte limitação da responsabilidade e da decisão individual, e que é dotado de um numeroso conjunto de incentivos à despesa pública e ao endividamento privado, assim como à forte redução da liberdade laboral e do risco empresarial. Este modelo tem vindo a desenvolver-se há décadas, agravou, com o tempo, as consequências aparentemente benéficas das suas políticas, e podia e devia – porque deu sinais de alarme em tempo mais do que devido – ter sido desmantelado, quando, por razões demagógocas, de pura lógica partidária e eleitoral, foi sempre agravado, sobretudo nos últimos dez anos. Se tem sido desmontado a tempo, teríamos evitado muito do pior que nos está agora a acontecer. Não foi e agora pagaremos os custos elevadíssimos da sua implosão; c) apesar de considerar um erro, admito que um governo de formação recente, numa situação de falência nacional, com obrigações financeiras draconianas a cumprir perante credores impacientes e a necessidade de garantir financiamento externo para poder pagar despesas correntes, num contexto de uma economia desfeita e com uma administração pública esclesorada e arcaica, tenha de lançar mãos da única fonte possível para captar recursos financeiros: assaltar o contribuinte. Poderia não se tratar, aqui, de uma opção política pela redistribuição, mas apenas de conseguir meios para pagar, nos curtíssimos prazos disponíveis, aos credores, evitando a falência e as suas trágicas consequências. Admitamos que é isto que se está a passar…

Posto isto, vejamos aonde nos poderá conduzir a estratégia orçamental do governo de Passos Coelho, ontem apresentada ao país pelo seu Ministro das Finanças.

Em primeiro lugar, o documento, sendo embora apresentado pelo Ministério das Finanças, e, por isso, em bom rigor, ter a obrigação principal de nos falar das contas públicas, deveria explicar as políticas de curto, médio e longo prazo com as quais o governo conta que o país se desenvolva, cresça economicamente e torne as contas públicas saudavelmente sustentáveis. O documento não o faz, ou melhor, só o faz parcialmente, como veremos, reservando para cada um dos ministérios da tutela a explanação dessas políticas. Isto demonstra, desde logo, que o acompanhamento do Ministério das Finanças sobre essas definições essenciais não será preventivo mas sucessivo, ou, coisa pior, que o governo ainda não tem definições claras a este respeito.

Em segundo lugar, no que se refere à organização do estado, da qual sempre partirá qualquer hipótese de inversão da situação actual, o documento não explica como se irá reduzir o seu peso «para o limite das possibilidades financeiras do País» (p. 36). A criação de um Programa de Redução e Melhoria da Administração Central (PREMAC), com excepção da vaga promessa de reduzir em 15% os serviços da administração central e cargos dirigentes (p. 37), fixada para um prazo não definido (os 4 anos do plano?), é, no demias, um conjunto de vacuídades sem objectivos claramente enunciados. A «Reorganização dos serviços desconcentrados da Administração Central» (pp. 37 e 38) ficará a cargo de propostas feitas por cada ministério até ao final do ano em curso. E se a sua execução deverá estar concluída até ao fim do primeiro semestre de 2012, não se estabelecem metas, nem objectivos, ficando, assim, as decisões condicionadas à descricionaridade dos ministros e ao plano por cada um deles apresentado. Já o desmantelamento daquilo a que o documento chama – e bem – o «Estado Paralelo» (p. 38 e 39), as fundações, institutos, entidades públicas empresariais, etc., será objecto de uma reorganização a cargo do Ministério das Finanças em articulação com cada um dos ministérios da tutela, e feita a partir de um «questionário de resposta obrigatória» (p. 38) que lhes será endereçado. Duvido, francamente, da eficácia de tão ligeiro procedimento para desmantelar um polvo de tão extensos tentáculos e poderosas ventosas. Mas, a ver vamos…

Em terceiro lugar, no âmbito ainda da reforma e do controlo do estado, o controlo da despesa pública conhece uma determinação orientadora que é, lamento, absolutamente pífia e que se arrisca a ser absolutamente ineficaz, que consiste na responsabilização de cada ministro «pelo estrito cumprimento dos limites orçamentais fixados para o seu ministério» (p. 42). O que lhe sucederá, porém, se os desrespeitar? Será pessoalmente responsabilizado? Incorrerá em responsabilidade civil ou mesmo penal, como sucede no Brasil, desde a aprovação da Lei da Responsabilidade Fiscal, se as contas anuais do seu ministério não forem aprovadas pelo órgão legalmente competente? Claro que não! Apenas será penalizado (o seu ministério) «nas dotações a atribuir no ano seguinte» (p. 42). A eficácia desta medida pode ser igual a zero, como, na prática, o tem sido ao longo destes anos.

Em quarto lugar, nas medidas sectoriais a aplicar à intervenção do estado português nos três sectores que, referindo somente o ano de 2010, consumiram 50,6% da despesa do estado – educação, saúde e solidariedade social – não há qualquer vestígio claro do estado se pretender retirar – ainda que parcialmente – de cada uma delas, mas apenas de as «reformar», enquanto sectores de forte presença estatal. Eis algumas das intenções manifestadas no documento sobre estes sectores: «racionalizar a rede escolar» (p. 47); «racionalizar os recursos humanos da educação» (p. 47); «implementar, onde possível, um plano de substituição de fontes de financiamento» (p. 48); «implementação de um Plano de Redução de Custos nos Hospitais» (p. 49); «revisão do modelo das taxas moderadoras» (p. 48); «elaboração de um Plano Estratégico para o sector da saúde» (p. 48); enquanto que na segurança social a «estratégia» se limita a cortes: congela as pensões (p. 50), cria um imposto («contribuição») especial sobre as pensões acima de 1.500€, e reduz os prazos máximos de concessão do subsídio de desemprego e da aplicação dos montantes máximos dos valores de cada prestação paga (p. 51). Em suma: quer o estado português retirar-se, ainda que parcialmente, ainda que gradualmente, da saúde, da educação e da segurança social, áreas que lhe consomem mais de metade do orçamento, com resultados francamente (e cada vez mais…) insatisfatórios? Não, não quer, embora seja isso que é necessário fazer.

Em quinto lugar e mais preocupante do que tudo o que até aqui foi dito: a economia. O problema é o seguinte: neste cenário de recessão provocada por impostos altíssimos e que vão continuar a aumentar nos próximos quatro anos, que levam as empresas à falência, que provocam a diminuição da procura interna, o aumento do desemprego, a desconfiança dos credores internacionais e, consequentemente, o aumento das taxas de juro das nossas dívidas, como prevê o governo que a economia portuguesa possa crescer? É que sem crescimento económico, tudo o resto será infrutífero e agravará mais ainda o estado do país. A resposta é desoladora: com «o crescimento das exportações, associado à redução prevista das importações» (p. 25). Toda a estratégia de crescimento económico, pelo menos pelo que revela o documento em análise, se baseia nesta ideia que, quase diríamos, parece saída do mercantilismo bulionista dos séculos XVI e XVII, cujo irrealismo ficou já demonstrado nessa época. A verdade é que, desde logo e em primeiro lugar, nada garante que, num clima de crise e recessão internacional, a procura externa dos nossos produtos aumente, risco que, aliás, o próprio documento assinala nas páginas 28 e 29. Por outro lado, por que razão hão-de as nossas esmpresas ser mais competitivas do que outras de países com impostos mais baixos, leis laborais mais flexíveis e uma justiça mais rápida? Se não o têm sido nos últimos anos, como vão passar a sê-lo num ambiente de recessão agravado, precisamente nos mesmos anos em que o governo prevê esse crescimento, concretamente em 2012 e 2013? Há aqui uma contradição insanável, que o documento tenta salvar propondo um cenário, «a partir do ano de 2013», no qual se prevê que «a economia inicie um período de crescimento económico fruto da recuperação da procura interna» (p. 25). Mas como irá a «procura interna» aumentar num clima de aumento da carga fiscal, do desemprego, e com o congelamento de pensões e salários? A resposta volta ao ponto inicial: «a correcção dos desiquilíbrios macroeconómicos, e da continuação do bom desempanho das exportações» (p. 25). Não foi esta a aposta (perdida) de José Sócrates e dos seus dois governos?

Em conclusão, e ressalvando que nos limitamos ao documento apresentado ontem pelo Ministério das Finanças, faltando considerar os planos de cada um dos ministérios e do conjunto do governo, o que daqui sai só nos poderá conduzir ao desastre: um aumento brutal da carga fiscal, nenhuma reforma sectorial da intervenção do estado que verdadeiramente a extinga ou diminua radicalmente, e a aposta numa variável incontrolável para o crescimento económico – as exportações – e que no que de nós depende, isto é, nas condições concorrenciais das nossas empresas, não augura nada de bom. Lamento imenso, mas por este caminho só nos pode esperar o desaste.

38 comentários leave one →
  1. Não-há-paciência's avatar
    Não-há-paciência permalink
    1 Setembro, 2011 06:26

    Sim, pois, está bem, o Estado que se vá retirando dessas áreas e depois logo veremos, aí sim, o desastre em todo o seu «esplendor».

    As intelijumências ainda não perceberam que foi o afastamento dos Estados de determinados sectores, convictos de uma olímpica auto-regulação, que também nos trouxe aqui.

    Mais: o problema não é o estado social ou balelas do género, antes os políticos incompetentes e criminosos que nos têm governado.

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  2. Ui Ca Bom's avatar
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    1 Setembro, 2011 07:48

    CAA onde andas tu pa?

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  3. jose silva's avatar
    jose silva permalink
    1 Setembro, 2011 08:38

    Caro Rui,

    Há alguns equívocos sobre as exportações. De facto elas tem crescido nos últimos trimestres, não devido à aposta do Sócrates, mas sim ao facto de beneficiarem do aumento dos custo de produção na China. No futuro, relativamente às exportações o cenário é menos optimista.

    Também há equivocos no seu raciocínio de o Estado Social provocar o aumento do endividamento privado. De facto, a financeirização da economia ocidental nos últimos 40 anos foi uma resposta das elites americanas à incapacidade da economia real crescer. Ocorreu em primeiro lugar nos EUA, que nada tem de Estado Social.

    Basicamente, PPCoelho é mais do mesmo. A economia dos bens e serviços não transaccionáveis sedeada em Lisboa tem o poder político na mão. Nunca permitirão o fim das vacas gordas e que se lixem os contribuintes. E a próxima vítima vai ser o ministro ASPereira que no Natal já estará de regresso à mulher, filhos, Canada e Desmitos. O lobby de Lisboa que vive dos contribuintes tem muito poder. Há demasiados interesses em jogo para uma simples blogosfera ou uns simples políticos de turno alterem este comportamento já genético que afecta várias dezenas de milhares de dirigentes de empresas em Lisboa.

    Nada disto é inesperado. Enquanto que a direita fora de Lisboa votar no PSD ou CDS o status quo irá manter-se. O padrão de governação de PPC era previsível mesmo antes das eleições, como escrevi aqui: http://norteamos.blogspot.com/2011/06/missoes-do-mpnpda-no-novo-cenario.html

    Razão tem o seu amigo Pedro Arroja. Em Portugal a suposta elite lê a realidade com base em teorias que decoraram e nunca vêem bem o problema. Acho que isto também se aplica a si.

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  4. Portela Menos 1's avatar
    Portela Menos 1 permalink
    1 Setembro, 2011 09:11

    Taxa sobre “ricos” renderá menos de 0,06% do PIB
    in jornal “i”

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  5. Pi-Erre's avatar
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    1 Setembro, 2011 09:15

    O governo procura resolver os problemas do país usando os métodos de um curandeiro a tratar uma doença grave.
    Isto é puro charlatanismo.
    Estamos bem entregues, não há dúvida!…
    O “professor” Bambo faria melhor.

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  6. Portela Menos 1's avatar
    Portela Menos 1 permalink
    1 Setembro, 2011 09:33

    Aplicar medidas mais gravosas do que as indicadas pela “esquerdista” troika do lado do 1/3 da receita, de modo a antecipar a não obtenção de resultados do lado dos 2/3 da despesa. Esta é a táctica de um governo sem estratégia.
    No fim das contas a economia não crescerá, o desemprego atingirá níveis nunca antes vistos e os palermas do costume continuarão a defender que os rendimentos de capital não devem ser taxadas mais do que a mísera % (10-15) que o “planeamento fiscal” permite!

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  7. Hawk's avatar
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    1 Setembro, 2011 09:43

    Creio que o problema é o espírito “rentista” de grande parte dos portugueses. Toda a gente quer é um rendimentozinho assegurado sem que tenha nada que fazer. Creio que essa atitude era frequente na Europa dos anos 20, mas desapareceu com a crise de 1929. Por cá continua e deve estar representado tanto no tal “lobby de Lisboa” de que fala um dos comentadores deste post, como nos adictos do “Estado Social” . Portugal não tem património material ou humano suficiente para assegurar tal renda.

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  8. Gonçalo's avatar
    1 Setembro, 2011 10:05

    Quase tudo certo.
    Apenas o equívoco recorrente sobre as exportações:
    O mercado externo é determinante pois só poderemos comprar (aceder a bens e serviços só produzidos no exterior) se exportarmos ao mesmo nível.
    Porque no referente à Economia é exactamente igual vender mais um euro ou comprar menos um euro.
    Quero eu dizer que no mercado interno, os nossos produtos também concorrem com as produções externas.
    E, também aqui, precisam de serem concorrênciais.
    http://notaslivres.blogspot.com/2011/08/o-porque-resistencia-descida-da-tsu.html
    e a ideia do desastre que aí vem.
    Se vamos por aí, estamos lixados. Temos que acomodar e reagir à ideia que não vai haver crescimento durante muitos anos. Talvez nunca mais…
    É que terá chegado o momento de outras “massas” populacionais do globo. Muito mais pobres do que nós, auxiliadas pela Globalização.
    http://existenciasustentada.blogspot.com/2010/11/6-desenvolvimento.html

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  9. JP Ribeiro's avatar
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    1 Setembro, 2011 10:28

    O pais precisa de um Partido Liberal Democrata que nos livre desta tralha socialista que nos tem governado ininterruptamente desde 1974. Mas como se todos vivemos drogados pelo Estado assistencialista?

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  10. blitzkrieg's avatar
    blitzkrieg permalink
    1 Setembro, 2011 10:46

    É lamentável e terrivelmente claro que o Governo não tem intenções de reduzir seriamente o Estado.

    Cortes de 15%? São apenas apertos de cinto forçados que vão tentar estrangular um corpo demasiado grande para que o cinto resista. O antigo Ministério da Economia tinha mais de 1000 pessoas. Funcionaria perfeitamente com apenas 300, para as funções que tem hoje. E reduzindo-lhe as funções…

    O Ministério da Segurança Social podia ser cortado nas despesas operacionais em mais de 50%. Implicaria passar várias funções para privados e cortar nas enormes gorduras.

    O Ministério da Educação, só com uma racionalização da alocação de professores e revisão dos horários (e das dezenas de micro-regras destinadas a engordar a máquina impostas lentamente pelos sindicados ao longo dos últimos 35 anos…) teríamos uma redução da dimensão de todo o Ministério em mais de 30.000 professores. O Ministério podia ser cortado para apenas 70% do que é hoje com algum trabalho de fundo.

    Mas muitíssimo mais podia ser reduzido assim permitissem que os privados pudessem entrar em força nestes terrenos de domínio público…

    Infelizmente, ninguém quer assumir que existem 200 mil funcionários públicos a mais, e que o Estado devia funcionar com 1/3 do que tem hoje, migrando muitas responsabilidades para os privados.

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  11. Torres's avatar
    Torres permalink
    1 Setembro, 2011 10:49

    A solução será unicamente definir novas fronteiras para Portugal: a norte,Santigo de Compostela;a sul:o paralelo de Leiria. Só assim será possível fazer de Portugal um país realmente evoluído e civilizado.

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  12. blitzkrieg's avatar
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    1 Setembro, 2011 10:51

    O que é ainda mais aflitivo é que, estrangulando a economia privada o Estado mata a hipótese de transitar serviços para o privado.

    O destino de muitos desses serviços será o colapso. Um pouco como vemos hoje a RTP. Gorda demais, cara demais, subsidiada, envidividada. Mesmo que um dia deixem de transmitir e fechem, ainda sobra um buraco de 750 milhões de euros… e na melhor das hipóteses terá de haver um negócio do tipo do BPN – alguém compra os equipamentos e o edifício e fica com metade ou menos dos funcionários, mas o buraco e os excedentários ficam no Estado. O mais provável é que tudo se degrade lentamente até uma podridão ditar uma morte agoniante da maioria dos serviços públicos.

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  13. SM's avatar
    1 Setembro, 2011 11:04

    Podem tentar inventar uma teoria mas a história é feita de factos e foi assim:

    1. Com a resposta à Grande Depressão, à II Guerra Mundial e à reconstrução pós IIGM, a divida pública em % do PIB subiu, até 1950, nos EUA dos 10% para 120% e no Reino Unido de 20% para 250%. Actualmente não chegam aos 100%.

    2. EUA e RU não foram à falência e até construíram as bases para os Gloriosos 30 Anos, quando a inflação também não era vista como um problema assassino e com o desenvolvimento dos Gloriosos 30 Anos veio também a queda para menos de 50% em 1980.

    3. Mas durante a década de 70 começaram a marchar e a crescer na década de 80 em frente medidas de uma cartilha neo-liberal, a liberalização financeira sem regras e o aumento do peso da acumulação de rendimentos no vértice da pirâmide social que despoletaram cada vez mais crises à medida que a cartilha era implementada, fazendo crescer a dívida pública mas desta vez para acudir e transferir a dívida privada para o domínio público. O desastre à vista é o da vossa teoria que foi sendo incorporada na governança e economia mundial.

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  14. ramiro marques's avatar
    1 Setembro, 2011 12:10

    Caro Rui A.
    Parabéns pelo texto. Há um problema insanável no país: 10700000 habitantes; 3 milhões de aposentados, muitos jovens ainda, 5 milhões de ativos, 700 mil desempregados registados e 300 mil no RSI. Matematicamente, não há força eleitoral para desmantelar o estado social. A única maneira terá de vir do exterior: com a perda de soberania em matéria orçamental, fiscal e económica. As elites políticas tiveram 37 anos para mostrarem o que valem: não valem nada!

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  15. Gonçalo's avatar
    1 Setembro, 2011 12:24

    SM
    Nesses anos, a Globalização era uma miragem e a China não tinha ainda adoptado o capitalismo…
    http://existenciasustentada.blogspot.com/2010/09/3globalizacao.html
    Certo, Ramiro Marques.
    http://existenciasustentada.blogspot.com/2011/01/17-democracia.html

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  16. esmeralda's avatar
    esmeralda permalink
    1 Setembro, 2011 12:48

    Até parece que tudo o que está a acontecer é novidade! Até parece que não se antevia o actual cenário! Até parece que, fosse qual fosse o governo, não teria de tomar estas medidas ou outras bem piores! Não nos esqueçamos de como as coisas foram sendo prorrogadas por José Sócrates (não por Teixeira dos Santos!) e nós fomos vendo os juros a subirem desmesuradamente, sem que ninguém fizesse nada! E tantos foram os avisos! Mas gastar com desperdícios e derrapagens isso sim, foi um ver-se-te-avias! País de doidos!

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  17. esmeralda's avatar
    esmeralda permalink
    1 Setembro, 2011 12:54

    As elites políticas não valem mesmo nada! Souberam criar a subsidiofobia para sobreviverem. E dar emprego aos amigos e conhecidos para angariar votos. Na Câmara do meu concelho, no tempo de António Guterres, foi um delírio nunca visto! Está cheia de gente que não faz nada! E despedi-los????

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  18. FilipeBS's avatar
    FilipeBS permalink
    1 Setembro, 2011 13:30

    Ninguém tem coragem para o dizer, mas uma das causas profundas (se não mesmo a principal) da situação em que nos encontramos hoje é a Democracia que construímos em Portugal. A Democracia que temos traduz-se por um sistema eleitoral e partidocrático que é estrutural e sistémicamente vulnerável à criação de dívida, ao gastar a crédito, ao prometer o que não se tem e não se pode dar, ao viver acima das possibilidades. Para se ser eleito é preciso agradar ao Zé Povinho-eleitor, assim como aos muitos lóbis existentes no país. Os primeiros-ministros são apenas eleitos porque esses lóbis lhes emprestaram apoio durante as campanhas. Mas depois de ser empossado, chega a factura. O Não há esperança, nem com PS, nem com PSD nem com CDS, nem com qualquer outro partido — existente ou por criar — enquanto o partido vencedor de eleições só o for na medida em que teve o apoio emprestado de inúmeros lóbis parasitários. Isto quer dizer que pode não haver mesmo solução à vista no actual sistema político.
    Continuo a achar que pode haver Liberdade (de expressão, de associação, de reunião, de pensamento, de mercado, etc.) sem haver, necessariamente, uma democracia partidocrática tal como existe hoje.

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  19. Pi-Erre's avatar
    Pi-Erre permalink
    1 Setembro, 2011 13:30

    “País de doidos!”
    .
    De doidos e de doidas, tá bem?

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  20. A. C. da Silveira's avatar
    A. C. da Silveira permalink
    1 Setembro, 2011 13:37

    Andámos duas semanas a ler e a ouvir nos blogues e nos media, inflamados desejos de uma maior contribuição fiscal dos mais ricos. Ontem o ministro das finanças anunciou um “extra” no IRS de quem ganha mais de 150 mil euros por ano, e no IRC das empresas que tenham lucros acima do milhão e meio de euros. Agora já andam alguns a ganir que quem ganha 150 mil por ano não é rico. Entendam-se lá sff.
    Quanto aos cortes na despesa, tenham calma, porque o aumento do IVA ao pé do que aí vem em cortes na despesa, é uma festa. Vai ser doloroso. É só esperar pela apresentação do proximo orçamento de estado. E vai haver um rectificativo, lembram-se? Anda para aí muita gente distraída.

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  21. Trinta e três's avatar
    1 Setembro, 2011 13:38

    P. Coelho já disse que não vai tocar nas grandes fortunas, com medo que elas “fujam” do país. Moral da história: vale a pena ser vigarista em Portugal. Segunda conclusão: com governantes cobardes como os que temos tido, não vamos a lado algum.

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  22. Pi-Erre's avatar
    Pi-Erre permalink
    1 Setembro, 2011 13:40

    FilipeBS:
    Não é a democracia que tem a culpa mas sim o socialismo (ou os socialismos de todas as matizes).
    De resto, democracia é coisa que nunca existiu, nem mesmo na Grécia clássica esclavagista onde foi inventada. Trata-se apenas de um embuste para enganar o zé-povinho e garantir o acesso ao Poder de uns tantos gananciosos.

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  23. FilipeBS's avatar
    FilipeBS permalink
    1 Setembro, 2011 14:09

    Caro Pi-Erre,
    A Democracia tem culpa na medida que ela tem sido muito propícia a criar todas essas matizes de socialismo. Veja-se como o PSD mais liberal de sempre e o CDS (o partido mais à direita) coligados, chegados ao Poder, conseguem ter um discurso e uma prática tão socialista. Ninguém sobrevive ao Poder em Democracia. Transformam-se todos em grandes defensores do Estado Social, do Estado-paizinho/mãezinha.
    Quanto à segunda afirmação, de que a democracia tem sido um embuste (“para enganar o zé-povinho e garantir o acesso ao Poder de uns tantos gananciosos”), estou de acordo.

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  24. A. C. da Silveira's avatar
    A. C. da Silveira permalink
    1 Setembro, 2011 14:29

    Trinte e tres:
    Então ser rico é ser vigarista? Ou ser trinta e tres é ser imbecil?

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  25. ricardo's avatar
    ricardo permalink
    1 Setembro, 2011 14:58

    Quem é que vai investir e trabalhar para aumentar as exportações, se o ameaçam que, caso tenha sucesso, lhe vão roubar o que ganhar porque está a viver às custas dos pobrezinhos?

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  26. APOCALIPSE's avatar
    APOCALIPSE permalink
    1 Setembro, 2011 15:30

    Perdão , mas não é bem verdade . CS foi o pai do MONSTRO . Cs foi eleito PR com votos inferiores à totalidade dos restantes(portugueses) . Para ser reeleito , lixando om País , casou com Socrates , obrigou a MFL a retardar a necessaria saida do PSD e aprovar o OGE2010 , obigou o PSD(PPC) a aprovar o OGE2011 , o PEC1 , o PEC2 e o PEC3 . Já reeleito obriga PPC a reprovar o PEC4(porquê?) e correm com Socrates (retaliação das escutas a Belem?) . A final , CS é o filho do MONSTRO …A proposito , três frases , uma relativa à mulher de César , outra relativa a Brito Camacho e ainda Albino Forjaz de Sampaio …
    Continue com bom textos . PARABENS .

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  27. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    1 Setembro, 2011 15:57

    Cavaco é, sem sembra de dúvidas, o Frankeistein deste regime podre e vicioso.
    Fez tudo para ser reeleito.
    Até obrigou o PSD a subscrever toda a politica de Sócrates, para que, vencida a disputa eleitoral, tirasse o tapete ao grande PM, que foi José Sócrates.
    Desde dessa data, Portugal entrou no clube dos falidos e irrelevantes.
    Obrigado, Sr. Silva.

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  28. MFIGAS's avatar
    1 Setembro, 2011 16:29

    Falta um “r” em “desastre” na última frase do texto.
    Falta uma “estratégia de crescimento económico” no programa de Governo, alguém que pense o país como um todo e menos contas de merceeiro nos ministérios.
    O desastre já era previsível, não percebo o porquê da (des)ilusão que levou tanta gente a acreditar neste Governo.
    A falta de estratégia era notória, já a ausência de qualquer ideia estruturada para reduzir despesa é surpreendente para quem, enquanto na oposição, escrevia e discursava tanto sobre a facilidade em cortar gastos.
    Bullshit para entreter parolos… só se engana quem quer, ontem, hoje e sempre.

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  29. FilipeBS's avatar
    FilipeBS permalink
    1 Setembro, 2011 17:07

    MFIGAS,
    De acordo. Como português que sou, fico precupado com isto tudo, porque parece mesmo não haver esperança. O sistema está totalmente viciado. O que podemos fazer nós? Assistir impávidos e serenos ao assalto do Estado por políticos mentirosos e devedores de favores? Por favor, alguém que diga o que as pessoas conscientes podem fazer por Portugal!

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  30. afédoshomens's avatar
    afédoshomens permalink
    1 Setembro, 2011 17:54

    até a tia angela sabia que depois do grande PM que foi sócrates vinha o dilúvio!

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  31. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    1 Setembro, 2011 18:41

    A Democracia em Portugal há talvez duas décadas que funciona contra a Liberdade.
    No pós 25 de Abril houve mais Liberdade por talvez uma Década. Até talvez fins de 80, início da década de 90.
    Mas a partir do momento em que o Soci@lismo e Social Democracia conseguiu comprar suficientes votos com dinheiro dos impostos, fabricou uma clientela que começou a manobrar para subir impostos a cada legislatura.
    Isto colocou o país dividido em duas culturas. Uma que paga – cada vez menor – e uma que se alimenta cada vez maior.
    Como é óbvio uma Democracia transforma-se em Tirania quando se formam duas culturas distintas.
    Especialmente quando o poder da Maioria tirar à Minoria é absoluto ao quase.

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  32. FilipeBS's avatar
    FilipeBS permalink
    1 Setembro, 2011 19:23

    Bem dito, lucklucky.

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  33. Eduardo F.'s avatar
    1 Setembro, 2011 23:38

    O DEO evidencia uma cobardia a toda a prova do governo. Não consegui encontrar no documento uma reflexão, um único pensamento, sobre o que devem ser (e não ser) as funções do Estado pelo que só posso concluir que este governo não acha que haja algo a discutir nessa matéria. Ergo, este é mais um governo socialista que irá tentar – parece ser o seu único objectivo – salvar o “estado social” através de uma mais “competente” gestão. Creio que o desastre é inelutável.

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  34. menvp's avatar
    2 Setembro, 2011 00:16

    PARA UMA MELHOR GESTÃO DOS RECURSOS HUMANOS, E FINANCEIROS, DA SOCIEDADE:
    A regra dos «3 ordenados mínimos»
    .
    Os gajos de Cuba podem ter montes de defeitos… no entanto, possuem o know-how necessário para formar a quantidade de profissionais de saúde necessária às populações!
    .
    Tal como dizem os chineses – «não dês um peixe, ensina a pescar» – ou seja: a solução não é importar médicos cubanos, mas sim, pedir ajuda ao governo cubano… para que se consiga formar a quantidade de profissionais de saúde necessária!
    .
    .
    NOTA:
    Por exemplo, é escandaloso existir falta de médicos em ‘n’ serviços públicos de saúde!… De facto, oferecendo um salário de TRÊS ordenados mínimos… um serviço de saúde público não deveria ter problemas em contratar um médico.
    {Uma obs: Deveria-se recorrer ao know-how cubano… para avaliar qual o número de profissionais de saúde que será necessário formar para cumprir esta «regra dos três dos ordenados mínimos»… leia-se: AVALIAR O NECESSÁRIO AUMENTO DA OFERTA… para a procura existente… }.
    {Mais uma obs: não se pode ceder a determinados corporativismos… se os corporativistas se recusarem a formar pessoas… então, há que recorrer a formadores aonde eles existam: no (ou vindos do) estrangeiro (Cuba, República Checa, Republica Dominicana, etc)… leia-se: aonde existam formadores disponíveis para dar formação a estudantes: «não dês um peixe, ensina a pescar»}.
    .
    .
    P.S.
    Como é óbvio, a regra dos «3 ordenados mínimos» deve ser aplicada a outras profissões aonde existe oferta de serviço público.
    A «Regra dos 3 ordenados mínimos» não será um tecto salarial… mas sim, um indicador objectivo: se existe procura de profissionais (propondo um salário de 3 ordenados mínimos)… e não existe oferta de profissionais interessados nesses postos de trabalho… ENTÃO: há que aumentar a oferta de profissionais nessa actividade profissional – leia-se, aumentar o número de pessoas com a formação necessária para desempenhar esses trabalhos [escusado será dizer que é um escândalo estar a desviar recursos para ‘CURSOS DE FORMAÇÃO DE DESEMPREGADOS’].

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  35. Leme's avatar
    Leme permalink
    3 Setembro, 2011 01:51

    esmeralda
    Posted 1 Setembro, 2011 at 12:48 | Permalink
    *****
    Tenho a certeza de que ninguém me vai ler mas, acabadinho de chegar, finalmente encontrei aqui qualquer coisa que faz sentido. E calhou ser a Esmeralda a pessoa com quem decidi desabafar.
    Pois é. A conclusão de tanta discussão sobre o que se passou nos últimos anos, acontecimentos também a terminar o ciclo iniciado com o PREC, é simples: Portugal tem os dias contados e as perspectivas mais claras apontam para uma Espanha a anexar este lindo rectângulo à beira-mar plantado, esperando-se que se siga outro invasor, em crescimento galopante, que já se baba só de pensar no El Andaluz.

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  36. Leme's avatar
    Leme permalink
    3 Setembro, 2011 01:53

    São as hipóteses mais certas que temos num futuro próximo.

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