O que seria se?…
Sá Carneiro morreu há 31 anos e é hoje das pessoas mais mitificadas, em grande medida por via de uma morte trágica e prematura. Ninguém pode ao certo dizer o que aconteceria se ele hoje fosse vivo, se consolidaria a imagem de líder carismático e visionário, ou se estaria igualmente desgastado como todos os outros pela usura do poder. Mas todas as especulações são válidas e arrisco fazer a minha, baseando-me no seu carácter visionário, na sua indiscutível capacidade de ter razão antes do tempo, de saber antecipar os acontecimentos.
A revisão constitucional far-se-ia, como se fez depois da sua morte, mas talvez se fosse mais longe. A este título, convém recordar que quando ele a propôs, todo o establishment se mobilizou contra ele, inclusivamente muitos do próprio PSD. Durante muito tempo, ele esteve sozinho nessa luta, mas persistiu e avançou contra tudo e contra todos, o que denotava a força das suas convicções. É interessante comparar o paralelismo que existe com Pedro Passos Coelho quando, há cerca de 1 ano, propôs também a revisão constitucional. Caiu igualmente o Carmo e a Trindade, mas o paralelismo termina infelizmente aqui. Ao contrário de Sá Carneiro, Passos Coelho não soube antecipar o “estrondo” mediático da sua proposta, amedrontou-se com toda a berraria do mainstream e terá metido a proposta na gaveta após verificar que “não passou nos media”. Talvez Passos Coelho se venha um dia a arrepender de não ter tido a coragem de afrontar todo o establishment com aquela que poderia e deveria ser a “mãe de todas as reformas”, aquela que seria verdadeiramente “fracturante” para acabar com um regime caduco.
Em finais dos anos 80, Sá Carneiro estaria a pedir, não outra revisão, mas uma nova Constituição para um novo regime. Teria mais uma vez o país político contra si e de novo encetaria um combate de forma isolada. Mas conquistaria o “país real” de forma relativamente fácil, formulando aquilo que ele não era capaz, mas de facto desejava. Ele descobriria antes de todos que o povo prefere um regime personalizado, uma autoridade sufragada e defenderia um regime puramente presidencialista, no fundo aquele que incorpora uma filosofia verdadeiramente republicana. Não estaríamos perante um súbito pendor presidencialista, mas porventura perante uma convicção já antiga: ainda na ala Liberal, propôs a eleição do presidente por sufrágio universal, proposta que repetiria em 1976 e que conseguiria ver consagrada na Constituição. Defenderia a responsabilização política, instituindo apenas círculos uninominais para o Parlamento. Defenderia uma efectiva separação de poderes, com eleições separadas para o Parlamento (poder legislativo) e para a Presidência (poder executivo). Assumiria a instituição de verdadeiros checks & balances entre o executivo, o legislativo e o judicial com cada um dos poderes a poder vetar decisões dos outros. Garantiria a estabilidade eliminando as moções de censura e obrigando ao diálogo entre os diferentes órgãos de poder. Claro que ele seria o 1º Presidente eleito no novo regime.
Nos finais dos anos 90 lançaria novo “escândalo” e seria o 1º líder do Ocidente a questionar a viabilidade do Estado Social, mas com uma força e autoridade obviamente superiores às de Medina Carreira. Muito antes de Ângela Merkel e antes da crise financeira do sub-prime, ele proporia a consagração constitucional do equilíbrio orçamental e de limites à dívida e à despesa pública. Tivesse ele sucesso e não estaríamos garantidamente na crise actual. Bem mais importante, Sócrates “nunca teria existido”, pois Sá Carneiro já teria feito suficiente pedagogia e elevado os padrões de exigência do eleitorado para que este não fosse nos “cantos de sereia” da demagogia rasca.
Seria talvez liberal antes de todos nós. No fundo, o que ele sempre foi, talvez sem o saber. Mas, em devido tempo, assumi-lo-ia com a sua habitual frontalidade, para grande escândalo de muitos, como habitualmente.
Claro, tudo isto é pura e ingénua especulação e sobretudo wishfull thinking. Mas que o País estaria diferente para melhor, não tenho dúvidas.

já estava a estranhar não comemorarem o 4 de dezembro!
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Se Sá-Carneiro fosse vivo teria vergonha de ver como a trampa tomou conta do seu PPD/PSD!
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Estás como o Santana Lopes, que gosta de vez em quando de espairecer à sombra de um cadáver.
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o que seria se não tivessem destruido o modelo economico-social que Salazar e a geração de Ouro criou…
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e vão voltar a criar mais uma fantochada de comissão de inquérito, certo?
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Salazar foi uma merda!
Nem democrata, nem político em consonância com a sua atualidade (AO),
o que é PECADO CAPITAL para um político.
O que ele provocou, além do *amolecimento do rigor cívico*
foi a Descolonização **Possível***.
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Oxála Pedro Passos Coelho veja isso.
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E o que fez de tão importante Sá Carneiro par alem do dia 24/05/74 fazer parte da Assembleia Nacional e na sequancia do 25 de Abril para o qual não mexeu um dedo, passou a ocupar o mesmo lugar agora na assembleia da Republica???Sá Carneiro, para alem deste feito e ter mamado umas gajas, pouco mais fez.
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Sá Carneiro era outro trólaró…era mais um importar modelos estrangeiros para Portugal…
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Como dizia o Carlinhos do AB Kotter em plena década de 1980, há três coisas que intrigam os portugueses: aquilo que teria feito o dr. Sá Carneiro se não tivesse morrido, como o doutor Salazar endireitou as finanças e que pequeninas que eram as caravelas.
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desde que não governasse o país com o cartão de crédito dos netos ainda nem nascidos já me servia ( servir de Servir o país ) e muito.
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Aprovou a Constituição que diz que há dinheiro para os chamados direitos adquiridos. Grande visionário.
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####Claro, tudo isto é pura e ingénua especulação e sobretudo wishfull thinking. Mas que o País estaria diferente para melhor, não tenho dúvidas.####
Claro. Não teria um aeroporto “Sá Carneiro”. Fora as milhentas “rotundas”, “praças”, “bairros”, “pracetas”, “alamedas”, “pavilhões”, “auditórios”, “estátuas”, “estatuetas” e “bustos”.
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Sá Carneiro não era liberal nem nunca o seria, pelo menos no sentido que esta cachopada emprega. Até o obtuso do caa lhe explica isso, graças ao seu naftalinoso anticlericalismo (e só por isso).
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Lisboa nao seria o mega-buraco sanguessuga do pais…
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.
LR,
Você escreveu um texto excelente e não poderia concordar mais consigo.
Conheci Francisco Sá Carneiro e convivi com ele pessoalmente e com sua mulher por quem nutria grande amizade de longa data. Sei que tomou uma decisão pessoal deficílima quando merguhou nas lides democráticas a que se entregou de alma e coração.
Foi um assassinato estúpido provavelmente a mando da corja socialista (súcia) que nos desgoverna.
A quase totalidade dos comentarios é “disgusting” para não qualificar pior.
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Já me passou pela cabeça: E se Kurt Cobain, Freddy Mercury, Jim Morisson, Jimmy Hendrix Elvis Presley e tantos outros não houvessem morrido? Sá Carneiro é a estrela de rock da política nacional. Todavia, foi do seu desaparecimento que resultou a ascensão do inefável Cavaco Silva e tudo o que de terrível trouxe para Portugal. pensando duas vezes, mais valia que Sá Carneiro tivesse ficado vivo
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olhás solicitadoras de execução….
http://psicanalises.blogspot.com/
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Não pode haver tolerância para o assassinato (se o foi) de Sá Carnero como não a pode haver para o assassinato (que o foi) do Padre Max, em Vila Real. Só não percebo é porque se tenta fazer esquecer o Padre Max, que foi assassinado à bomba antes das eleições às quais era candidato.
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Que gente tão triste se esconde por trás da maioria dos comentários acima… é só.
LR, obrigado pela evocação de alguém que, sozinho, remou contra a maré. E que maré negra ainda se vê por aí…
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Por questões profissionais trabalhei com a maioria dos políticos da nossa praça, de 1978 a 1985. Eles foram o MS; o RE; o CS; o AC, entre outros. Enquanto as maioria pouco ou nada ligava ao meu trabalho e ao dos meus camaradas, queriam era ter as costas protegidas, denote-se de onde partiram algumas das frases pouco coerentes com as funções desempenhadas por certas entidades, chegando mesmos a ser difundidas nos órgãos da comunicação social como: desapareça senhor guarda; então aqui deixo o meu maior respeito a SC, pela forma educada como tratava todas as pessoas que o rodeavam; o mesmo dizendo no caso de RE embora não desempenhando trabalho de proximidade.
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o sebastianismo pós-punk.
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Se Sá Carneiro fosse vivo…
Já tinha mandado retirar a estátua da praça do Areeiro.
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Pobre o país que depende apenas da vontade política de um indivíduo ou de um grupo minoritário de indíviduos.
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Isto só prova que a propalada democracia não passa de um monumental embuste.
Como sempre foi, aliás, mesmo no tempo dos antigos atenienses.
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4 de Dezembro serve para mostrar, pelo menos, como a “democracia” trouxe impunidade para os criminosos que enchem a boca com os seus feitos que nos fizeram chegar ao que estamos a viver hoje! Com Sá Carneiro seria diferente, não tenho dúvidas! Só ficàmos com nódoas, que escrevem livros atrás de livros, falando só no que lhes convém e enchem o peito, inchados com tanta solicitação! Só nódoas!!!!
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Fosso entre ricos e pobres no nível mais elevado dos últimos 30 anos.
Sá Carneiro propôs aumentos num valor e não na percentagem. Os Sindicatos nãolho permitiram. Aqui está o fosso
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