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Onde é que a troika se enganou sobre Portugal

21 Janeiro, 2012
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A troika, está visto, conhecia mal Portugal. Talvez agora comece a conhecer melhor. Pelo menos se aprendeu alguma coisa com o episódio da nomeação dos novos membros do conselho superior da EDP. Porque este episódio mostrou bem como, para reformar Portugal, é mesmo necessário ser mais troikista que a troika.

Há quase seis meses, aquando das nomeações para a Caixa Geral de Depósitos, escrevi que “em política o que parece é”, pelo que não havia forma de o Governo concertar os efeitos políticos do “desastroso processo” de escolha da nova equipa da CGD. Agora voltou a acontecer o mesmo desastre político com a agravante de a Caixa ser uma empresa pública e a EDP ter deixado de o ser, o que parece não ter contado nada. Por isso o grave no processo de escolha dos dirigentes da EDP não foi o Governo ter-se imiscuído, se é que se imiscuiu. O grave foi os accionistas privados terem julgado conveniente a escolha de figuras que agradassem ao Governo e tivessem acesso ao poder. O grave foi, mais uma vez, ter ficado demonstrado que muitos dos nossos capitalistas não se imaginam a caminhar no mundo dos negócios sem darem o braço ao governo do momento.

Em Portugal, está visto, não basta privatizar uma empresa para que as mãos do governo se afastem do destino dos negócios, e suspeito que de tal não estava a troika à espera. É por isso que temos de fazer muito mais se quisermos realmente um Portugal diferente deste Portugal paroquial e nepotista que é, de certa forma, o Portugal de sempre.

 

Costumo ouvir dizer que este é um país de “fome antiga”, um país incapaz de ver alguém destacar-se sem morrer imediatamente de inveja. É verdade, mas é a parte menos importante da verdade. Há muitos países de “fome antiga” que sacudiram a sua sorte (basta pensar nos países nórdicos, ou na Irlanda). O que em Portugal é secular e é doentio é a dependência do Estado, do poder central. As nossas “forças vivas” fizeram-se durante séculos à sombra da asa protectora do Terreiro do Paço e ainda hoje somos um país onde demasiadas empresas beneficiam de “rendas” de posição e privilégio à custa da sã concorrência e, claro, dos consumidores.

A novidade dos tempos que vivemos é que o estado de dependência do sector público e do sector privado face aos seus credores é tão grande, a aflição tão desmesurada, que desapareceu o discurso, presente ainda há poucos meses, de defesa dos “centros de decisão nacionais” ou de promoção dos nossos “campeões”: a fome é tanta que já ninguém olha à cor do dinheiro. O que cria uma oportunidade de mudança.

O Governo não deve apenas fazer tudo para evitar que qualquer nova vaga de nomeações – e sabemos que há muitas por fazer, algumas com atrasos de meses –reforce a percepção de clientelismo já existente e que é política e socialmente explosiva: tem também de conseguir diminuir depressa o número de nomeações políticas. Há 20 anos, com a primeira vaga de nacionalizações, diminuiu muito o número de gestores escolhidos pelos governos, mas entretanto multiplicaram-se os lugares em novas empresas municipais e em muitos conselhos de administração “desmultiplicados” nas empresas públicas. Os boys encontraram novos caminhos para serem boys e é preciso acabar rapidamente com isso. É preciso evitar que muitos desses novos lugares criados um pouco por todo o país sejam ocupados pelos autarcas que, em 2013, não poderão recandidatar-se. É preciso extinguir depressa tudo o que for para extinguir. E privatizar o que for para privatizar.

Mas não basta vendar activos, como mostra o caso da EDP. É necessário também afastar o destino das empresas da vontade dos governos e aproximá-lo das necessidades e opções dos seus clientes, fornecedores e accionistas. O que obriga a acelerar todas as reformas que tornem os investimentos privados menos dependentes de autorizações, licenças, favores ou cunhas, para já não falar de contratos públicos. Este país tem regulamentos a mais e um dos efeitos perniciosos desse excesso de regulamentação é que há sempre um momento em que qualquer empresário, como qualquer cidadão, fica nas mãos da vontade discricionária de um funcionário ou de um político. É isto que facilita a corrupção, é isto que alimenta as redes de “conhecimentos” em que medram os aparelhos partidários e é isto que corrói a competitividade da economia.

Há uma coisa que nenhum governo pode mudar de um momento para o outro: a nossa cultura arcaica de atrelagem ao poder. Mas tudo o resto está ao alcance de políticas reformistas e determinadas. Nas basta falar em “democratizar a economia”, são necessários mais actos e, também, mais pedagogia.

 

Um dos arcaísmos da cultura política portuguesa, à esquerda e à direita, é a ideia de que o bem público é sempre melhor assegurado pelo Estado, pelos seus serviços e pelas suas empresas. Apesar da evidência esmagadora da ineficiência desses serviços e dessas empresas, das provas de abusos, desperdícios e investimentos errados, de entrar pelos olhos dentro de como é aí que se alimenta o nepotismo e a corrupção, há um discurso eterno sobre um ideal de “pureza” que, apesar de nunca ter sido alcançado, continua a ser atribuído à “bondade” congénita do que é visto como “serviço público”.

É tempo de inverter este lógica. A criação de valores públicos depende, antes do mais, dos cidadãos e do que eles fizerem. É por isso altura de lembrar, por exemplo, aquilo que para a cultura nacional parece contra-intuitivo, como o facto de “o sistema de propriedade privada ser a mais importante garantia de liberdade, não só para aqueles que têm propriedade como para aqueles que não a têm”. Porquê? Porque “o controlo dos meios de produção está dividido entre muitas pessoas actuando independentemente”, o que faz com “que ninguém tenha um poder completo sobre nós, que nós como indivíduos possamos decidir o que fazer connosco próprios.”

O autor desta reflexão, o Prémio Nobel da Economia Friedrich Hayek, não é muito bem quisto em Portugal, pois acredita-se que o poder que o Estado tem é um poder benigno para “bem da colectividade”. Isso é falso, e a nossa actual colectivização dos prejuízos e das dívidas é um exemplo moderno do “caminho para a servidão” que Hayek denunciou na obra com o mesmo nome.

Hoje por hoje, devido aos apertos financeiros, aceita-se uma política de cortes que se sentem inevitáveis. Mas para sabermos que cortes fazer e que cortes devem ser definitivos – e não apenas temporários, como muitos sonham – e necessário acreditar menos na bondade intrínseca do que é estatal e mais nas capacidades da sociedade e dos cidadãos – cidadãos capazes de escolherem livremente os seus caminhos de vida, cidadãos mais empreendedores porque menos condicionados pela infantilização das sociedades causadas por Estados super-protectores. É por isso que não podemos ficar reduzidos a discursos sobre a crise financeira, temos de travar uma verdadeira luta de ideias sobre a sociedade que queremos ser. As ideias fazem mover o mundo, a tecnocracia só garante que ele se mantém nos carris.

Público, 20 Janeiro 2012

41 comentários leave one →
  1. certo permalink
    21 Janeiro, 2012 18:35

    É verdade o que diz, andamos há 40 anos a ser comandados pelos mesmos fulanos das mesmas famílias que já vêm do Estado Novo e da Primeira República, que se projeta nos partidos políticos, em conjunção com as seitas de maçons, de opus, espécie de máfia em que se arregimentam os boys políticos, amigos e parceiros, numa trama que não deixa lugar a nenhuma independência e renovação.
    Viu o acordo tão falado laboral? E achou lá, porventura, algum elemento da parte explorada dos trabalhadores? O Proença, da UGT? Mentira, esse é outro apanhado no esquema, de alma vendida ao diabo, por mor da causa, da engrenagem, a que simplesmente respondeu, tramando a classe que supostamente representaria, a mais mal paga na Europa, a mais explorada, como a menos considerada e menos integrada no processo de produção, que dá para explicar por que a nossa mão-de-obra funciona mal cá dentro quanto se destaca fora do País, desde que integrada em condições de humanidade ao lado dos seus iguais, na França, no Luxemburgo, na Alemanha, Inglaterra e mais.
    E jamais sairemos da cepa-torta, apanhados nessa trama de seitas, de interesses bem marcados, PS, PSD, CDS, com apêndices de reforço mafioso entregue às lojas e armazéns .

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  2. 21 Janeiro, 2012 18:44

    A troika enganou-se sobre Portugal ser capitalista, quando na realidade somos uma verdadeira república socialista.
    “Há uma coisa que nenhum governo pode mudar de um momento para o outro: a nossa cultura arcaica de atrelagem ao poder.” Errado: bastaria que o Estado tirasse a mão da economia (mas a sério!), o resto aconteceria por si só.

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  3. 21 Janeiro, 2012 18:45

    Estamos mesmo lixados: este país não tem conserto.
    Depois das patacoadas presidenciais de ontem, que novos abismos de pelintrice nos esperarão?

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  4. aremandus permalink
    21 Janeiro, 2012 18:45

    desta vez 1fugiu-lhe a boca para a verdade JMF!
    agora quero ver os comentários dos cães raivosos habituais…

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  5. Portela Menos 1 permalink
    21 Janeiro, 2012 18:54

    ops!
    (…) O grave foi os accionistas privados terem julgado conveniente a escolha de figuras que agradassem ao Governo e tivessem acesso ao poder. O grave foi, mais uma vez, ter ficado demonstrado que muitos dos nossos capitalistas não se imaginam a caminhar no mundo dos negócios sem darem o braço ao governo do momento (…).
    .
    qual é o problema que certas figuras têm em assumir que o país é governado pelo BES, Mellos e parceiros?

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  6. aremandus permalink
    21 Janeiro, 2012 18:58

    Portela,tal é bem verdade. foi descarado o espirito-santo Ricardo ao defender a indicação do pintelho catroga de forma despudorada!

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  7. 21 Janeiro, 2012 19:33

    Quanto ao conteúdo do texto, apenas um reparo:

    Não existe prémio Nobel da Economia.

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  8. Arlindo da Costa permalink
    21 Janeiro, 2012 21:40

    A troika já chegou à conclusão que Portugal é um paraíso para tachistas e corruptos.
    Uma república das bananas.
    O que é que vão pensar dum dos negociadores do memorandum da troika (o Catroga) onde se tratou das privatizações estar agora numa empresa ora privatizada e com o agremeent do Comité Central do PC Chinês?
    Claro que concluirão que a máfia chinesa tem aqui um terreno muito natural e hospitaleiro.

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  9. Alexandre Gonçalves permalink
    21 Janeiro, 2012 23:00

    Nem mais, nem menos!

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  10. Joaquim Amado Lopes permalink
    22 Janeiro, 2012 00:27

    O jmf tem toda a razão. Para evitar a ideia de que o Governo se imiscuiu na escolha dos administradores de uma empresa privada (se é que não o fez), esse mesmo Governo devia ter dito aos accionistas dessa empresa quem é que podiam ou não escolher.

    Mais, passados 7 meses sobre a tomada de posse, é incompreensível que o Governo ainda não tenha publicado um Decreto-Lei que determine a alteração de mentalidade de empresários, investidores e gestores. Empresários, investidores e gestores esses que continuam assim a acreditar que os conhecimentos, favores e cunhas lhes dão vantagem numa economia dominada pelo Estado, na relação com uma Administração Pública infestada de “boys” e controlada por grupos cujo poder deriva da troca de favores e na forma de lidar com uma “Justiça” em que as Leis estão feitas para serem aplicadas selectiva e discricionariamente independentemente do mérito de cada caso, processos ficam na gaveta até prescreverem sem que ninguém tenha que explicar porquê, juízes proferem as sentenças mais estapafúrdias sem responderem pela sua mais que evidente incompetência e ser condenado depende mais de quem se conhece do que do que se fez.

    Realmente, é inadmissível que este Governo, em 7 meses (sete!), não tenha ainda alterado a nossa mentalidade colectiva.

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  11. certo permalink
    22 Janeiro, 2012 00:46

    Realmente, é inadmissível que o não tenha ainda nem arremedado, em sete meses (sete) !

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  12. Francisco Colaço permalink
    22 Janeiro, 2012 10:51

    Joaquim Amado Lopes,
    .
    Para evitar a ideia de que o Governo se imiscuiu na escolha dos administradores de uma empresa privada (se é que não o fez), esse mesmo Governo devia ter dito aos accionistas dessa empresa quem é que podiam ou não escolher.
    .
    Portanto, para o Governo não dar a ideia de que estaria a interferir nas escolhas teria de interferir nas escolhas.
    .
    (Se em alternativa o Governo tivesse desregulamentado efetivamente o monopólio de facto do mercado da energia, os Chineses provavelmente não teriam escolhido o Catroga, porque então o seu «valor de mercado» seria irrisório. O Catroga está lá para que esse monopólio se mantenha, com os preços que conhecemos. Mas isso sou eu a dizer!)

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  13. Francisco Colaço permalink
    22 Janeiro, 2012 10:55

    Joaquim Amado Lopes.
    é incompreensível que o Governo ainda não tenha publicado um Decreto-Lei que determine a alteração de mentalidade de empresários, investidores e gestores. Ênfase meu.
    .
    As mentalidades mudam-se por decreto nos estados totalitários. Nos estados com liberdade individual mudam-se quando os empresários descobrem que, num mercado não protegido, têm que concorrer com quem é melhor do que eles. Nos primeiros, existem os GULAG e a Lubianka.
    .
    Caro Joaquim, as suas frases, conquanto eu as entenda no espírito, convenhamos que são tão infelizes como as do Presidente Pato da Silva. Deve ser alguma coisa na água de Lisboa que faz essa sandice vir ao de cima. 😉

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  14. Francisco Colaço permalink
    22 Janeiro, 2012 11:01

    Joaquim Amado Lopes.
    .
    Realmente, é inadmissível que este Governo, em 7 meses (sete!), não tenha ainda alterado a nossa mentalidade colectiva.
    .
    Na verdade, é bom que não tenha alterado a nossa mentalidade colectiva. Ela seria de sobremaneira alterada pela falência de Portugal, née «coisa de crianças», e pela impossibilidade de aceder à energia e os alimentos que importamos. Isso sim, alteraria as mentalidades (e mataria lentamente de fome e doenças relacionadas com a carência perto de oito milhões de pessoas.), mas creio que não é uma melhor opção.
    .
    De qualquer forma, eu NÃO QUERO UM GOVERNO QUE TENTE ALTERAR A MINHA MENTALIDADE. Para isso estou cá eu, os livros que leio, a igreja que frequento e os amigos que tenho, tendo isso como escolhas minhas. Não dou esse poder a governo nenhum, não o quero dar, e não aceitarei que um órgão legislativo ou executivo se arrogue a tanto.

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  15. Francisco Colaço permalink
    22 Janeiro, 2012 11:03

    Arlindo da Costa,
    .
    A troika já chegou à conclusão que Portugal é um paraíso para tachistas e corruptos.
    .
    Não diga isso, que é coisa de crianças.

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  16. Francisco Colaço permalink
    22 Janeiro, 2012 11:14

    Certo,
    .
    Amigo, se os nossos empresários são tão maus e os nossos trabalhadores tão bons e explorados e subvalorizados e depreciados, convido os trabalhadores a organizarem-se em cooperativas, aproveitarem os ainda existentes apoios comunitários à criação de empresas e, caramba!, criem as empresas mais bem geridas do Mundo.
    .
    Caro Certo, dizer mal é sempre fácil. Eu nem tenho estima nenhuma pela nossa classe patronal (e veja que patrão e pai são palavras da mesma família, o que diz muito do nosso paradigma laboral), nem acho que os trabalhadores são uns mentecaptos, incapazes e estúpidos. Mais, sabe bem que pelo que tenho escrito aqui é minha opinião que muitos trabalhadores dariam excelentes empresários, caso saltassem a barreira social que os inibe de tomar riscos, de encher o ar de peito e de saltar o poço.
    .
    Mais ainda, considero que a palavra cooperativa, tão vilipendiada depois do 25/4 e das cooperativas de educação que passam ao Domingo por FAX, é a resposta para milhares de pessoas com experiência e qualificações no desemprego, desde que nascida da livre vontade das pessoas e sem intervenção do Estado.
    .
    Portanto, desindignem-se, façam um exame de consciência, usem de ambição e de bom senso, pesem a mudança de vida, pensem bem no que sabem e gostam de fazer e se é tricotar, pois tricotem com afinco, ambição e design, engenho e arte. Se há coisa que o povo português me ensinou é que a inteligência do homem consegue sempre surpreender-nos.

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  17. zazie permalink
    22 Janeiro, 2012 11:28

    Ódio ao quantos?
    .
    Mais outro palhaço com a novilíngua dos ódios às batatas fritasd.

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  18. Gasel permalink
    22 Janeiro, 2012 12:00

    ÒOO Francisco Colaço

    Eu acho que o Joaquim Amado Lopes estava a ser irónico!!! não era para levar á letra…

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  19. Francisco Colaço permalink
    22 Janeiro, 2012 12:05

    Gasel,
    .
    Se o amigo Joaquin estava a ser irónico, então a minha hipótese de ser a água em Lisboa que está contaminada de algum estupefaciente (ou estupidi-faciente) está errada.
    .
    Podemos cingir as nossas análises ao Palácio de Belém.

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  20. 22 Janeiro, 2012 12:57

    Será que se eu comentar, o Coolaço vem atrás de mim?

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  21. Golp(ada) permalink
    22 Janeiro, 2012 13:37

    Ainda muitos não entenderam que os vampiros das Agencias de Rating tem um propósito:
    tornar a divída dos países eterna.
    Por mil planos de austeridade que se façam, NADA mudará.

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  22. licas permalink
    22 Janeiro, 2012 13:38

    Eu também acho (salvo as raras exceções, AO) que o mal reside nos empresários:
    os diamantes da Ásia, a escravatura africana, o ouro, o açúcar do Brasil, fizeram-nos avessos
    a tudo que é arriscar . . .COM O ESTADO, . . . É UM DESCANSO.

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  23. Joaquim Amado Lopes permalink
    22 Janeiro, 2012 14:27

    Francisco Colaço,
    “SE” eu estava a ser irónico!? LOL
    Por favor, releia o que escrevi.

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  24. Francisco Colaço permalink
    22 Janeiro, 2012 15:22

    Joaquim Amado Lopes,
    .
    As minhas desculpas sinceras lhe apresento, e aquiesço que sendo feito em sarcasmo, o seu texto é fantástico. Em minha defesa tenho apenas a dizer isto: o que escreveu estaria à espera que fosse escrito sem ironia alguma pelos canhotomentadores do costume. Peço por isso a sua compreensão ao ter cometido o terrível erro de o associar a essa crónica e indignada acefalia.
    .
    Este texto foi escrito sem qualquer sarcasmo, pelo menos no que ao Joaquim Lopes toca.
    .
    Já analisaram a água do Palhaço de Belém?

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  25. certo permalink
    22 Janeiro, 2012 17:49

    Sequer, armado em cobertor de cada parecer que aqui venha, o colaço é pior do que a barata, que não lhe basta a opinião que tenha, indo a todas, em reposição verdadeira, que o mais é de regateira .

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  26. aremandus permalink
    22 Janeiro, 2012 18:11

    colaço é o tal de quem edmundo pedro fala…

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  27. zazie permalink
    22 Janeiro, 2012 18:22

    Este Colaço tem a mania que é inteligente mas não lhe sobrou nada para o português.

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  28. zazie permalink
    22 Janeiro, 2012 18:23

    «Realmente, é inadmissível que este Governo, em 7 meses (sete!), não tenha ainda alterado a nossa mentalidade colectiva.»
    .
    Quem lê isto à letra é o quê?

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  29. 22 Janeiro, 2012 23:20

    “É preciso extinguir depressa tudo o que for para extinguir. E privatizar o que for para privatizar.”…logicamente que é preciso extinguir as privatizações e nacionalizar o território nacional. Neste sentido estou de acordo que emigrem os ambiciosos empreendedores do seu corpo e que o privatizem em além fronteiras.

    O Colaço (Sr) diz umas coisas interessantes que são o reflexo de um espírito tipicamente português e que se chama chico-espertice, e que está relacionado curiosamente com a união do pistão, ou seja quando ele COLA. Veja-se que só no nome, trás logo duas qualidades lusas.

    A parte que me pareceu curiosa nos seus diversos comentários, está quando escreve.” NÃO QUERO UM GOVERNO QUE TENTE ALTERAR A MINHA MENTALIDADE. Para isso estou cá eu, os livros que leio, a igreja que frequento e os amigos que tenho, tendo isso como escolhas minhas. Não dou esse poder a governo nenhum, não o quero dar, e não aceitarei que um órgão legislativo ou executivo se arrogue a tanto.”
    São estas palavras algo muito bonito e sincero a tocar aquela sinceridade infantil da criança que bate o pé a uma ordem. Mas isto que o senhor diz é o que 10 000000 de anormais pensam e fazem numa atitude miserável, e mesquinha pensando que sabem realmente comandar-se, ou auto-educar-se. Não é a criança de Fernando Pessoa ou Agostinho da Silva lamentavelmente.
    Mesmo nada sendo tenho a dizer-lhe que me parece enganado, pois os livros que o senhor lê, os amigos que frequenta e as igrejas que tem, são escolhas idênticas às que outros não as têm. A necessidade de um Estado Comandante só se deve ao culto da ignorância nacional, à falta de sensibilidade comum e instrução devida. E são estas entre outras muitas que não entram na vida de quem se enche em português, porque quem se enche nesse ego esquece-se que a humildade passa rasteira.

    Adeusinho e obrigado!

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  30. 23 Janeiro, 2012 07:27

    A propósito de agências de rating, gostaria de partilhar convosco a minha entrada que escrevi à horas
    http://oourico.blogs.sapo.pt/49986.html
    Acho que é pertinente para fazermos uma análise de consciência!

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  31. Francisco Colaço permalink
    23 Janeiro, 2012 09:23

    Carrocel,
    .
    A necessidade de um Estado Comandante só se deve ao culto da ignorância nacional, à falta de sensibilidade comum e instrução devida.
    .
    Lendo-o, parece que estou a ler um dos textos dos jornais de 1925, um ano antes de 1926.

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  32. aremandus permalink
    23 Janeiro, 2012 09:41

    a mentira como forma de vida dos estarolas:
    http://corporacoes.blogspot.com/2012/01/mentira-como-modo-de-vida-o-caso-dos_22.html

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  33. 23 Janeiro, 2012 10:56

    Dou-lhe toda a razão Sr. Francisco, embora eu não saiba a que jornais se refere, imagino apenas dentro da minha ignorância histórica. Talvez as ideias expostas anteriormente estejam influenciadas por outras ideias desse tempo, ou o “tempo português” leve um atraso de quase 90 anos. Entre o Homem e a consciência dele mesmo existem umas quantas polias ligadas pela corda do tempo. A força que exerce o primeiro não corresponde ao peso da segunda. Talvez as ideias doa anos 20 estivessem “descontextualizadas” do seu tempo como as actuais se parecem apresentar. O que eu defendo é bastante simples, tão simples que ninguém se atreve a fazer política da sua simplicidade.

    Abç.

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  34. JP Ribeiro permalink
    23 Janeiro, 2012 11:04

    A Revolução foi em 1974. Em 1980, se não me engano, Friedman publicou o Free to Choose, o meu primeiro contacto com o mundo de Hayek.
    Passaram-se quase quarenta anos, e a mentalidade de Abril continua pujante quer nos PCPs e afins, quer nos partidos do Poder (PS/CDS/PSD). Nada mudou e esse é o drama. O Estado que promoveu e organizou os descobrimentos, que criou o corporativismo, é o mesmo Estado que temos hoje: tentacular, omnipresente, de autoridade indiscutível. Não nos é possível colectivamente olhar para fora dessa jaula que é a nossa prisão. Os partidos tomaram o lugar que pertencia antes à Igreja Católica, e não há salvação fora deles. A televisão que controlam, é o grande normalizador, e o supremo garante da continuação do “estado geral de bovinidade” que nos aflige.
    Por isso é importante escrever artigos como este, que podem servir para abrir os olhos aos que não tem contacto com o mundo exterior. Surpreende-me que a sua publicação seja autorizada no mundo quadrado do “Público”. Parabens.

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  35. Francisco Colaço permalink
    23 Janeiro, 2012 14:31

    Carrocel,
    .
    Repare que os argumentos com que me vilipendiou (a ponto de ter de usar e abusar do meu nome verdadeico como prova do pior da minha suposta portugalidade) são os mesmos argumentos com que em 1925 a generalidade dos jornais portugueses demandava e louvava a vinda da ditadura. Ainda em 1940 o regime se considerava superior porquanto o equilíbrio natural dos interesses corporativos era assegurado pela entrega do Estado ao bem comum e pela sua mediação, diziam eles, e por isso seriam superiores às democracias liberais. Chamavam-se então a si próprios democracias corporativas. Tive de ler centenas de jornais do período entre as duas guerras e do pós guerra para um romance de época que estou a escrever, e olhe que não fui o mesmo passado essa experiência— que pode bem ver que foi traumática e deixou sequelas, para além da saudável dose inata de loucura que qualquer um de nós envergonhadamente possui e que o Arlindo da Costa abertamente ostenta.
    .
    Como tive a temeridade de não o insultar, peço-lhe que me trate com a mesma civilidade com que o tratei. Aprendi desde cedo a apreciar os meus adversários e a não lhes menorizar a inteligência. Sei que tenho ideias liberais (não como os liberais de passa-cartilha da nossa praça, com a boca no mercado e a mão no bolso do Estado), e delas não me envergonho. Pessoas livres e lutadoras serão pessoas fortes e de inteligência aguçada. Pessoas presas o Estado e satisfeitas à sua condição serão membros da bovinidade que tanto estultam, mas dela se embevecem apesar de a renegarem.

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  36. Francisco Colaço permalink
    23 Janeiro, 2012 14:34

    JP Ribeiro,
    .
    Na mouche.
    .
    São todos parte da Abrilada. E o pior é que continuam a enganar o povo, apesar de todos sabermos que 1) isto não dá mais, 2) acabou-se o dinheiro e 3) quanto mais tarde reagirmos, maior o buraco para tapar.
    .
    Lá pensam que enquanto o pau vai e vem folgam as costas, mas não dizem qual é o tamanho do pau que nos vem bater desta vez.

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  37. 23 Janeiro, 2012 17:17

    Sr. Colaço

    Não foi minha intenção ofendê-lo com o jogo de palavras e se tal passou, ou se foi entendido como um insulto, peço as mais sinceras desculpas, pois para mim este é um lugar de discussão de ideias onde a ofença deve excluída do “debate”.

    O que aconteceu aqui, foi que a minha visão “política” não tem qualquer tipo de ideal dito político.
    Procuro olhar para o que vejo, tentando abstrair-me de preconceitos ou pacotes ideológicos que estão esgotadíssimos pelo massacre que sofreram ao longo historia da sua existência, em especial este último século. Se a carne que nos compõe fosse feita de palavras, sendo igualmente, estaria seguramente amassadíssima, espapaçada, frouxa ao ponto de não se destinguir qualquer forma. Assim, se me deparam todas estas teorias e análises “políticas”, de carne e osso, em que se continua a insistir mesmo vendo-se que tais estão a ponto de não ser mais que palavras estéreis, cadáveres na boca de necrófagos , que desafortunadamente e por afastamento nada tem a ver com a útil utopia.
    Seria seguramente melhor predurar a ideia de uma utopia nos dias que correm, porque era sem dúvida sinal de que as ideias circulantes ainda possuiam a elasticidade e a flexibilidade necessária, para tornar fortes as capacidades humanas. Mas não equecendo, e sabendo de um mesmo modo, que um dia estas se tornariam brandas e disformes, como é natural na incapacidade humana de se “sobrepassar”! Aqui – no SER- vejo lógica a competitividade , onde não vejo lógica e me parece obtusa é a competitividade no TER!
    Eu acredito no Caltaclismo do tudo, e vivo em prol dessa força natural.

    O muito obrigado, abraços!

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  38. Francisco Colaço permalink
    23 Janeiro, 2012 18:32

    Carrocel,
    .
    Aprecio que tenha pedido desculpas, embora não o julgasse necessário. Pode-me tratar por Colaço sem o Senhor, e pode crer que é meu agrado continuar uma discussão, mesmo em discórdia, com a civilidade que o Carrocel mostra ter, e nisso se elevando a consideração que eu próprio lhe devo.
    .
    Convido-o a ler o que escrevi, e poderá ver que casco na esquerda que considero perniciosa, na falsa esquerda transvestida de direita (boca nos valores, mão na bolsa do Estado), nos indignados que não querem usar as suas, segundo eles pŕoprios imensas, capacidades e conhecimentos para divisarem um outro meio de vida e, como se diz em bom português, fazer-se à vida.
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    Ao contrário de muito liberal de pacotilha, creio que o Estado deve assegurar a educação e a saúde gratuitas (o que não quer dizer que tenha de ser o Estado a fazê-lo, já que onde o Estado toca, nasce o tacho). Verá isso escrito por mim, se se der ao trabalho de procurar. Não me considere Chico-Esperto, pois sou precisamente o contrário. Acredite que se o fosse seria muito mais rico do que sou. Não me faltaram convites, mas prezei sempre a minha liberdade e a consciência limpa. Se medrei ou não, disso outros dizem, mas ainda não morri à fome e não devo favores a avental nenhum.

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  39. Guillaume Tell permalink
    24 Janeiro, 2012 21:16

    Ora aí está!

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  40. 26 Janeiro, 2012 10:49

    Quanta ingenuidade! Admito que a rapaziada do Blasfémias vai aos poucos abrindo os olhos para algumas realidades que há alguns anos negava, mas sempre quando é tarde demais. Então agora acreditam que os paus mandados do triunvirato são ingénuos! É como o chico esperto da aldeia que acha que está a enganar o ricasso nuns trocos e não sabe que são os seus impostos que pagaram o Porsche do “otário”.

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