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Rendas das renováveis foram desejadas pelas elites e pelo povo

13 Março, 2012

Quando Soares dos Santos mudou a holding para a Holanda ainda houve algumas pessoas a defendê-lo. Afinal, reconhecia-se, a instabilidade fiscal prejudica os negócios. Será interessante saber quantas dessas pessoas querem agora que o Estado mude as  regras no sector da energia a meio do jogo prejudicando quem participou em investimentos que o próprio Estado quis estimular. Será ainda interessante saber quantos dos entusiastas das eólicas e de outras energias intermitentes e inviáveis defendem agora que as empresas que foram induzidas a investir em Portugal nesse sector devem ser roubadas daquilo que é seu por direito.

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Note-se que a ideia de que o Estado está infiltrado por lóbis não colhe neste caso. As energias intermitentes que estão na base destes investimentos subsidiados continuam a ser extremamente populares. Não há registo de grandes contestações a estes subsídios antes de 2010. Nem hoje se vê grande contestação às energias intermitentes. As pessoas não querem é pagá-las, mas apoiaram todas as palermices que geraram este problema. As rendas das energias intermitentes não resultam da acção de lóbis perniciosos que manipulam a população. Resultam da vontade democrática, tiveram amplo apoio das elites e do povo. E quem as contestou foi ridicularizado e tido como ignorante.

22 comentários leave one →
  1. 13 Março, 2012 21:55

    Pois, lá está, sempre que o Estado mete o bedelho na economia só lança confusão.

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  2. trill permalink
    13 Março, 2012 21:58

    Anda a fazer fretes? Quanto lhe dão, quanto?

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  3. henrique pereira dos permalink
    13 Março, 2012 22:01

    João Miranda,
    Pode fundamentar a sua afirmação de que a eólica é inviável com os níveis de remuneração do último concurso? Ou dito de outra maneira, pode explicar que formas de produção de electricidade consegue arranjar que sejam substancialmente mais baratas que as eólicas ao mesmo nível de remuneração?
    Agradeço a atenção.
    henrique pereira dos santos

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  4. henrique pereira dos permalink
    13 Março, 2012 22:02

    evidentemente não é ao mesmo nível de remuneração mas sim com esse nível de remuneração.

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  5. 13 Março, 2012 22:08

    Num caso estávamos a falar daquilo que o estado tira, no outro daquilo que o estado dá. Pelo menos para mim este pormenor faz muita diferença.

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  6. 13 Março, 2012 22:15

    Caro João,

    Em primeiro lugar a maioria das pessoas que defendeu o Soares dos Santos não o fez por causa da instabilidade fiscal, mas sim por simplesmente estar no seu direito o fazer. Nada tem a haver com o facto de justamente o injustamente se mudar as regras. Se ele mudou por causa disso ou porque um pássaro pousou no segundo ramo a contar de baixo é indiferente.
    Em segundo lugar a critica principal nem é ás Eólicas mas pelo contrário às outras rendas existentes. Mas até se quiser pode incluir as eólicas no problema, apesar de serem insignificantes face ao resto.
    A alteração a “meio do jogo” mete-se simplesmente numa lógica de reequilíbrio da remuneração ao que estava no base do contrato original. Hoje em dia com a evolução dos preços os contratos sobre critica estão a obter remunerações muito mais altas que as que estavam consideradas originalmente. Não custa nada perceber que apenas é justo, no contexto actual, reequilibrar esses mesmos contratos e essas mesmas remunerações para o original. Ainda mais considerando o baixo ou risco nulo que essas rendas têm hoje em dia (o risco ficou todo na altura da licença, e a renda nessa altura compensava esses risco. O valor da remuneração que hoje obtêm acima disso é portanto lucro que não vem associado a nenhum risco)

    Quem contesta muitos dos investimentos feitos anda a passar por inocente pois critica os mesmos sem considerar que seriam na mesma alternativas aos mesmos. Se esses investimentos são caros hoje? Sim, se podiam ser mais baratos se houvesse reequilíbrio dos contratos? Sim. Se não tivessem investido nas mesmas poupava-se? Muito muito pouco…

    O resto é conversa de quem nada percebe do assunto e de quem tem interesses financeiros como motivo para não ficar calado…

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  7. JM Ferreira dAlmeida permalink
    13 Março, 2012 22:17

    É verdade que houve uma considerável aceitação pela sociedade das energias de fonte renovável demonstrando a meu ver uma consciência muito saudável de que a sustentabilidade do nosso modo de vida e dos cómodos de que ninguém prescinde passa por encontrar alternativas às fontes até agora mais utilizadas, finitas como se sabe. Compreendendo embora o que JM diz sobre a alteração das regras a meio do jogo, não é a meu ver coreto dizer-se que as pessoas aceitaram subvencionar a produção aos níveis e nos termos contratualizados. Não tiveram consciência de que as renováveis implicavam um esforço do consumidor e do contribuinte, e ainda hoje é escassa a minoria que entende como se formam em Portugal os preços da energia e a razão por que tem de ser subsidiada a sua geração.

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  8. Portela Menos 1 permalink
    13 Março, 2012 22:20

    Um post de Sérgio Lavos/Arrastão para comparar com a água sem sal de JMiranda:
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    Forte com os fracos, fraco com os fortes
    por Sérgio Lavos/Arrastão
    O secretário de Estado que já tinha batido com a porta em Outubro passado volta a bater com a porta. Desta, foi de vez, parece que por razões de incomodidade para as empresas do sector que a secretaria tutela. E o que vai fazer o Governo? Nomear para o seu lugar um dos supervisores da EDP, quadro da ERSE. Sim, é verdade, a mesma ERSE que acha absolutamente normal que o consumidor português, pela electricidade e pelo gás natural, tenha de pagar mais do que a esmagadora maioria dos consumidores dos outros países da OCDE. Henrique Gomes era uma pedra no sapato de António Mexia e dos chineses da Three Gorges? Parece que até queria reduzir as rendas e as tarifas fixas que o Estado paga à EDP. Não se pode, não se pode. Arranje-se alguém mais, digamos, “conveniente”. Confirma-se: quem, neste Governo, se mete com os fortes, leva.

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  9. MayBeNot permalink
    13 Março, 2012 22:34

    Há muita gente por aí a fazer um esforço ridículo para se convencer que pensa diferente…

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  10. anti-comuna permalink
    13 Março, 2012 22:41

    “Será interessante saber quantas dessas pessoas querem agora que o Estado mude as regras no sector da energia a meio do jogo prejudicando quem participou em investimentos que o próprio Estado quis estimular.”
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    O problema é quando as regras do jogo são influenciadas por alguns jogadores, usando o Estado como mero patrocinador das suas actividades económicas.
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    “As pessoas não querem é pagá-las, mas apoiaram todas as palermices que geraram este problema. ”
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    Que pessoas? Que eu saiba, até o PSD (numa das suas lideranças, já nem me lembro quem) se opôs à actual política energética.
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    Os seus argumentos são perigosos. Por um lado, legitima o poder estatal, seja de que tipo for. Segundo, legitima regras de jogo à partida não justas e iguais para todos e que poderão ter sido criadas para favorecer alguns jogadores. Depois, legitima o populismo. E, por fim, acaba por dizer que o Estado não poderá nunca mudar mais as regras do jogo, porque a vida é um continum.
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    Eu compreendo onde o JM quer chegar, mas isso logo esbarra neste meu ponto. Que legitimidade tem o governo para cortar nas reformas dos pobres desgraçados se não o faz neste tipo de negociatas? Ou o trabalhador que desconta para a Seg. Social sob determinadas regras não tem a mesma legitimidade que pedir ao Estado que as respeite, como o faz em relação aos grandes grupos de interesses? Perigoso, não é?

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  11. the lost horizon permalink
    13 Março, 2012 22:52

    “A cama está posta” diz JPP.
    Se tem credibilidade esta afirmação, então o sr está admitir que o biológico condiciona cultural. A cama não é local de trabalho, quanto mais dorme mais quer dormir, depois quem se lixa é a Nação, que nunca apresentou um excedente orçamental desde o 25A de 1974. Mas trabalhar para os lóbis da EDP e paratodos os outros? Dassse! Eu não tenho a culpa, mas pago as favas, não está certo!
    .
    Qual Sidónio Pais qual carapuça, o que faz falta é o cultural condicionar o biológico; principalmente, ter razões para o fazer.
    .

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  12. Portela Menos 1 permalink
    13 Março, 2012 22:54

    podemos esperar sentados respostas a estas perguntas de A-C:
    (…) Que legitimidade tem o governo para cortar nas reformas dos pobres desgraçados se não o faz neste tipo de negociatas? Ou o trabalhador que desconta para a Seg. Social sob determinadas regras não tem a mesma legitimidade que pedir ao Estado que as respeite, como o faz em relação aos grandes grupos de interesses? (…)

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  13. Buiça permalink
    13 Março, 2012 23:05

    Os políticos que descalcem a bota. Com a mesma facilidade com que poderiam ter decidido um 15º e 16º mês para todos e depois cortarem esses 2 e mais outros 2 meses de “salário” a toda a gente. Na hora de distribuír dinheiro ninguém reclama.
    Mas foram eleitos para tomar as decisões fáceis e as difíceis – é muito fácil explicar ao senhor Mexia que acabou de lucrar mil cento e vinte e cinco milhões de euros a vender electricidade num país onde se morre ainda de frio todos os invernos, porque é que se lhe vai retirar uma pequena parte da receita exagerada que lhe foi garantida em outros tempos de vacas gordas a crédito. Difícil é explicar a muito pensionista.
    Cumps
    Buiça

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  14. 13 Março, 2012 23:16

    Espantosa a sensibilidade do post com as empresas, suas expectativas e seus direitos contratuais.

    Sugiro que comece por aplicar essa sensibilidade às pessoas, às suas expectativas e aos seus direitos contratuais. Já para não falar nos direitos humanos.

    A menos que a humanidade das pessoas seja o que as faz ter menos direitos do que as pessoas colectivas.

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  15. JDGF permalink
    13 Março, 2012 23:48

    Só agora percebi aquela máxima de que o Governo vai cumpir o memorando de entendimento com a UE/BCE/FMI “custe o que custar”
    Não vou explicar porquê. Mais importante seria conhecer todos os pormenores do processo de privatização da EDP, nomeadamente se o negócio contempla um eventual bloqueio das rendas…
    Henrique Gomes não deverá regressar à origem (REN). Terá – se quiser – tempo de sobra para fazê-lo.
    Vamos esperar sentados!

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  16. Costa Cabral permalink
    14 Março, 2012 00:29

    Claro. A culpa é dos partidos que por sua vez são telecomandados pelas máfias dos negócios com sede no eixo Lisboa-Cascais.
    A Assembleia da República que devia fiscalizar e zelar pelos contribuintes e eleitores, e no lugar disso, estão de cú pr’ó ar!

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  17. confrade permalink
    14 Março, 2012 00:34

    e o Povo saberá o que é uma energia intermitente? O Povo defendeu rendas?

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  18. Tiradentes permalink
    14 Março, 2012 06:52

    E porque teríamos nós que “arranjar” Formas de produção electrica mais barata que as eólicas.?????
    Não bastava a curto prazo investir por exemplo no combate ao desperdício quuizem ser muito superior aquele que poderemos alguma vez produzir?
    A médio prazo para um país falido e pequenino não seria a melhor medida do que andar com estas ciclópicas aventuras tecnológicas e de investimento pesadíssimo.
    Estes tugas serão sempre uns visionários com aquilo que não podem pagar ou suportar mas insistem deixando para trás o que de mais simples e correcto deveriam fazer.
    Daí às discussões metafisicas sobre custos disto e daquilo é um passo, ou seja, discutir sobre aquilo que não temos nem devíamos estar empenhados.

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  19. neototo permalink
    14 Março, 2012 10:24

    As rendas das energias intermitentes não resultam da acção de lóbis perniciosos que manipulam a população. Resultam da vontade democrática, tiveram amplo apoio das elites e do povo. E quem as contestou foi ridicularizado e tido como ignorante.

    Foi ridicularizado? . Tivo que apeitoar com um Sambenito ? Sair para colaborar noutro blog?
    Quem antes estava contra das renovaveis (nem vou ao arquivo para dizer quem) hoje acepta-as porque talvez tem algum parente-vizhino-vizinho do parente-vizinho do parente do vizinho no tacho.
    Desta vez nada de riso.
    Barrigada de-noxo-e-pena. Penosso.
    Ou sera que o povo de Portugal gosta de que lhe quitem o sangue seja hidrolectricas ou renovaveis na fatura de fim de mes? Será que sao puro masocas?. Será…

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  20. FilipeBS permalink
    14 Março, 2012 12:53

    “Resultam da vontade democrática, tiveram amplo apoio das elites e do povo.”
    Caro João Miranda, pelo menos no que respeita ao povo, houve algum referendo ou sequer algum esclarecimento público sobre as opções em questão e os seus respectivos compromissos (trade-offs)? Foi vendida a ideia de que a energia renovável era um meio de obtermos maior independência energética e de equilibrarmos a balança comercial e de nos preparmos para o futuro pós-petrolífero.
    Se o povo, globalmente, ‘comprou a ideia’, foi com base em mentiras e ocultações. Isso da vontade democrática só pode ser visto como um argumento desresponsabilizador das elites no poder que tomam decisões erradas.

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  21. 14 Março, 2012 19:08

    “Quem as contestou foi ridicularizado e tido como ignorante…”

    tem toda a razão…
    isto pq as redacções dos média estão controladas pelos lobbies da corrupção—maçonaria–gay–lesbos—xuxas…..
    se houvesse debates cientificamente honestos……e informação completa e imparcial sobre estas “energias”…..
    e não fizessem parte de campanhas destinadas a intoxicar cabeças cheias de caca de galinha………esquerdóides, obviamente.
    nada disto teria acontecido

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