Mundo insólito
Um dos problemas do jornalismo de causas é a realidade. Sobretudo se a realidade questiona a causa ou a crença que anima os jornalistas como sucedeu mais uma vez ontem nas manifestações convocadas pelo Movimento Sem emprego. Este tipo de movimentos goza de uma simpatia imensa nas redacções. Simpatia a que se junta uma repetição dormente dos telexes da LUSA. O resultado foi uma estranha cobertura de umas manifestações que a terem sido convocadas por forças menos queridas redacções seriam logo rotuladas como fracasso.
DN: Movimento Sem Emprego exige medidas de apoio
JN: Movimento Sem Emprego exigem medidas de apoio a quem está sem trabalho
SIC: Primeiro movimento de desempregados em Portugal manifesta-se em Lisboa, Porto e Coimbra;
Expresso: Coelho, Gaspar, ai, assim você me mata“.Manifestantes pelo direito ao emprego percorreram o centro de Lisboa, pedindo medidas de apoio para os desempregados, junto do Parlamento. Veja os momentos mais marcantes da manifestação.
TVI: Protestos por trabalho em quatro pontos do país (E como correram os protestos no POrto, em Braga e Coimbra?)
Pese o título épico Lisboa e no Porto Diferentes gerações juntam-se em manifestações contra o desemprego o PÚBLICO é o único onde se percebe o que aconteceu nas manifestações de Lisboa e do Porto.
Este desfasamento entre a realidade e aquilo que os jornalistas acham que deveria acontecer não se esgota de modo algum na secção política. A sua concepção sobre a fauna selvagem está um bocadinho ao nível do desenho animado. Só essa infantilização explica que o JN se coloque na secção Mundo Insólito um video de tubarões a comer uma baleia. Mas o que é insólito? Aqueles tubarões reais são carnívoros e não convém confundi-los com a personagem do “Em busca de Nemo”. Mas enfim é o que temos.

Dona Helena, não há melhor exemplo do “desfasamento entre a realidade e aquilo que acontece” do que o propalado êxito do programa de ajustamento de que o governo se gaba, e de que V. Ex. se faz eco. É fácil ver uma miragem… difícil é fazer com que os outros a vejam…
Os assessores do Governo e V. Ex. tem pela frente uma tarefa difícil.
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O video até é interessante, não sabia que os tubarões vinham até tão perto da praia. Agora, o pessoal só vai práli apanhar banhos de sol, não?!
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Eles comem tudo e não deixam nada. Mas os tubarões de barbaranas vivem segundo a sua ” função neural”, é o mundo do inato. Estes não pecam, ao contrário dos tubarões que das barbatanas evoluiram para a mão invisível, invisível mas muito bem mandada, vivem segundo a sua “função mental”, é o mundo do adquirido. Estes pecam,por palavras, pesamentos e actos, deviam ser julgados em processo sumário, lançados ás feras no Coliseu.
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Há uma ‘insólita’ pergunta que paira no ar:
– Os jovens deveriam contentar-se (acreditarem?) no ‘Impulso Jovem’ e deixarem de ‘contestações’ ?
Ou as medidas em curso só estimulam a precariedade e, de concreto, reduzem os custos do trabalho por parte dos empregadores (344 milhões de euros vão ser imolados nessa ‘fogueira’) sob a insidiosa (e não só insólita) capa daquilo a que o documento governamental [http://www.portugal.gov.pt/media/621197/20120606_impulso_jovem.pdf] solenemente proclama:
“Pretende criar condições para que as empresas criem postos de trabalho qualificados e duradouros, através do combate às atuais restrições ao financiamento que enfrentam, permitindo-lhes simultaneamente que ajustem o seu padrão produtivo ao novo paradigma de modelo económico sustentável ambicionado”… (pág. 5 do citado documento).
Ou estaremos a tentar dizer aos jovens que deixem de pensar porque têm quem pense pos eles (Miguel Relvas , p. exº.)?
– Não seria inédito!
Uma questão residual: A campanha eleitoral acabou há 1 ano ou a próxima já arrancou ?
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É francamente hipócrata esta posição. Faz-me lembrar aqueles slogans “O país real” ou “o Portugal profundo”. Quer-se dizer as pessoas estão mal e não devem protestar e os poucos que ainda se atrevem a fazê-lo são rotulados de párias e irrealistas porque não percebem que o mundo está em mudança. Como? Esquesito e fora do vulgar é não haver mais protestos e isso deveria ser o incomodo. Uma população acomodada nada fará para mudar. Não lutará, aceitará como aceitável tudo o que lhe derem, repare, derem. E depois a culpa é da população que não se soube manifestar.
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O desemprego deve ter muitas nódoas negras.
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“Este tipo de movimentos goza de uma simpatia imensa nas redacções.”
Para além do que anteriormente disseram alguns comentadores, há problemas da sociedade que os próprios jornalistas também sentem. É natural que os “alavanquem”!
Repare, Helena, que, ao falar deles, mesmo para os desvalorizar, também lhes está a dar relevo. E faz bem, como o futuro lhe vai explicar. Só não faz bem em desvalorizá-los.
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Um dos problemas do jornalismo dos blogs, tipo Blasfémias, é a realidade.
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… isto é, só as causas dos anti-causas é que são, digamos, publicáveis.
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mas o que faz helanafmatos, todas as semanas na TVI – ou é diariamente?- senão defender as suas causas?
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Para os jornais tornear a realidade é fácil.
Agora nas tv’s é preciso muita arte, na referida manif (as das outras três cidades não tiveram cobertura) o cuidado de filmar apenas pequenos grupos e por fim grandes planos de pernas e troncos foi estupendo.
Hoje no DN conta-se a história da lágrima daquela senhora alemã quando Balotelli marcou o pirmeiro golo.
E ainda dizem que o Orwell morreu.
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Para os nossos jornalistas, já sabemos, só existem as causas que eles acham que devem ser noticiadas. A função da nossa media não é informar é dar voz a certos grupos e certas causas. Pergunto, porque é isto http://www.caminhadapelavida.org/sqlt.html, passou ao lado de todos os OCS à excepção do CM? Nem uma linha se escreveu à excepção do CM, nem uma notícia se ouviu nas nossas TV’s que ampliam qualquer protesto a ESTE governo, como se da maioria do País se tratasse. Informar? Não! Certa media especializou-se em funcionar como extensão de certos grupos políticos. Assim como PCP tem o seu orgão oficial de informação “Avante”, outros grupos/partidos têm alguns jornais e televisões para fazer passar a sua mensagem. E quem os vê ou lê até parece que esta marcha dos desempregados teve milhares a aderirem; quem os vê e quem os ouve parece que o Ministro ASP teve uma multidão a contestá-lo; quem os lê e quem os vê parece que o Presidente Cavaco SIlva teve milhares a vaiá-lo e, finalmente, ainda um exemplo deste tipo de jornalismo foi vermos e lermos sobre a vaia ao Primeiro Ministro na Feira do Livro, 10 a 12 meninos indignados foram transformados pela nossa media como o descontentamento da maioria do povo português. Enfim como refere e bem Helena Matos “Um dos problemas do jornalismo de causas é a realidade. Sobretudo se a realidade
questiona a causa ou a crença que anima os jornalistas…”
Era bom que estivéssemos todos mais atentos a esta vergonhosa forma de desinformação e fossemos muitos a denunciar.
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A srª. helena, obececada pelo pote, não entende a razão da simpatia evidenciada pelas redações dos jornais
e outros grupos sociais em relação a todos os movimentos de desempregados. É pena que ela não saiba, não queira saber e tenha raiva de quem sabe que a maior parte das famílias portuguesas têm pelo menos um desempregado em casa e, em muitos casos, o próprio casal está desempregado e desesperado por ter filhos para alimentar e educar. Enquanto isso o 1º. ministro e os seus capangas fazem anúncios de pão e mel para todos.
Enquanto o pote não for rachado, vai ser isto, “custe o que custar”!
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Cara Helena, concordo plenamente. aliás, do meu post de hoje “Pensar País”: “somos bombardeados, até à dormência dos sentidos, com notícias, debates, análises e opiniões sobre o caos político, económico e financeiro que, supostamente, nos assola. Supostamente digo, já que, a avaliar pelo que nos é feito chegar como facto, está tudo mal, ou nem tanto, está a melhorar, mas afinal piorou. Diz-se tudo e seu contrário. Depois assustam-nos aqueles que falam do que nos espera. Falam com a certeza e precisão de que nem de factos passados é sensato falar – hoje: 85% probabilidade de Grécia e Portugal “saírem do euro”, Nouriel Roubini dixit. Tudo fomentado por um manto mediático sufocante, que a par com futurologias desta índole, propaga protestos, notícias de greves e defesas de grandes causas, grandeza essa que, por vezes, apenas seus insuspeitos defensores abarcam.” Leia o resto aqui:
http://antologiadeideias.wordpress.com/
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