E porque não um referendo a todos* os orçamentos?
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Diogo Freitas do Amaral defendeu hoje, na Marinha Grande, que, no futuro, as leis do Orçamento do Estado tenham um visto prévio do Tribunal Constitucional. (Público)
O Governo e os deputados assumiram a obrigação de respeitar a constituição, mas, antes disso, assumiram compromissos com os eleitores. Em vez de um visto prévio do TC, seria mais eficaz para a paz social o visto prévio dos eleitores, através da aprovação ou ratificação referendária dos orçamentos de estado, tanto mais justificada quanto mais distantes estejam os orçamentos dos programas eleitorais e de governo.
De acordo com o Público, Freitas do Amaral defendeu a sua ideia dizendo que “é mau se o tribunal concluir que existem inconstitucionalidades meses depois“. Ora, a função do TC não é declarar a conformidade de uma determinada lei com a constituição, mas a sua desconformidade, tendo em conta determinados argumentos. A não declaração de inconstitucionalidade em sede de fiscalização preventiva não implica que a lei seja, em absoluto, constitucional e não impede que, num outro processo e por outras razões, a mesma norma seja declarada inconstitucional.
Além disso, o TC não aprecia a (in)constitucionalidade de leis em bloco mas apenas a das normas concretas cuja eventual inconstitucionalidade lhe seja expressamente suscitada (pelo PR ou por qualquer outra entidade com legitimidade para o requerer). Por isso, a fiscalização prévia da constitucionalidade do OE só serviria para evitar futuros processos de inconstitucionalidade quanto às concretas normas relativamente às quais o PR manifestasse dúvidas fundadas. E nem isto é totalmente verdade, pois a constituição tem muitos artigos, a violação de qualquer deles pode ser fundamento de inconstitucionalidade e o PR não pode pedir (ou não costuma pedir) ao TC que averigúe a conformidade de uma norma com todos os artigos da constituição (problema de resposta impossível em tempo útil).
Imagine-se que o PR pede ao TC que aprecie a eventual inconstitucionalidade da diminuição dos escalões do IRS por violação do princípio da progressividade dos impostos ou a do aumento do IMI por violar o artigo 104.º, n.º 4 da CRP. O TC diz que não, que aquelas normas do OE não violam aqueles princípios e normas constitucionais. Mas haverá certamente algum jurista (e alguém com disponibilidade para pagar as taxas de justiça dos recursos de constitucionalidade) capaz de argumentar que quer o escalão máximo do IRS quer o IMI violam o artigo 62.º n.º 1. E se o TC vier a dizer que, afinal, os novos escalões do IRS ou que o o aumento do IMI são inconstitucionais (por estas diferentes razões) nem sequer entrará em contradição (nem será a primeira vez que o faz).
*Como o referendo tem custos, poder-se-ia dispensar o orçamento rectificativo que não alterasse, por si só ou em acumulação com os anteriores, 5% da despesa ou receita previstas.

Tem toda a razão, um referendo é certamente a melhor opção. Para mais, teríamos uma aproximação da democracia à população. Mas será que isso não era um referendo à própria austeridade, que a Troika quer evitar a todo o custo? Para mais, um referendo em Portugal corre sérios riscos de não surtir efeito porque muitas pessoas não se dignam a ir votar. É dificil querer uma aproximação à democracia quando somos uma minoria que quer essa aproximação.
P.S. Acho ainda que devia haver outra matéria referendada, qualquer alteração à Constituição deveria ser referendada pela população. Com isso, o governo não alteraria a Constituição da maneira que queria.
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Poderá existir uma democracia sem democratas?
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“Não é necessário! Tive uma ideia melhor! E se eu baixasse 10% aos ricos e poderosos que auferem o valor mínimo do subsídio de desemprego?”
Pedro Mota Soares
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Já agora proponho que Freitas ponha a referendo as reformas que acumula e rendimentos de actividades que exerce.
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Vá lá, haja paciência, afinal Portugal não é um país nórdico…
Até se estranharia a ausência de banzé…
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porque não convém que se ponham em causa as fnats, inateis, fundações e outros que tais, e as “entidades” reguladoras que só regulam a favor de um ou de outro dos lóbis, logo mais valia não existirem. Para não falar do elefante dentro da sala que é a “alta” (nos honorários) autoridade para a com social, constituída por ex rtp’s e rdps! Aberração! Tuga aberração! E o srs deputados não se sentem com capacidade, e remuneração, para regularem?
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não adianta, nada adianta comentar aqui. Os “reguladores” riem-se dos nossos comentários e a UE é uma impotente farsa que vai estourar. Só já os militares têm o poder de convencer “de facto”.
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mas quando entrarem em cena, se entrarem, não se esqueçam da corrupção interna, dos generais dos subs, dos helis e por aí fora. Só se atacarem o cancro dentro da própria instituição ganharão legitimidade e serão amplamente apoiados e louvados.
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Primeiro, é claro, vão pedir um visto à Merkel e “sus muchachos”
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Afinal em que ficamos, Freitas?
Não adianta nada, não é?
O arranjinho está feito a favor dos mesmos,não é?
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E também deveria ser obrigatório o Tribunal Constitucional aprovar previamente a ida do Sr. Professor à casa de banho.
O principal problema de Portugal são os tribunais ou, mais precisamente, o seu péssimo funcionamento.
Seria extraordinário que os Senhores juízes se focassem em garantir um muito melhor funcionamento dos tribunais e deixassem a governação para os representantes do povo.
Estes podem não ser “grande cousa”, mas ao menos são eleitos por nós.
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O referendo ao orçamento seria muito instrutivo.
Eu por exemplo, nunca li um orçamento na vida e teria de me debruçar pela primeira vez sobre um orçamento para poder votar em consciência.
Nem sei se conseguiria ler o orçamento até ao fim, se a sua leitura não for apelativa.
A não ser que me pagassem para o ler.
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Mas afinal para que porra é que os deputados foram eleitos, com as mordomias que têm?
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“Mas afinal para que porra é que os deputados foram eleitos, com as mordomias que têm?”
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para fazerem as imensas negociatas dos grupos económicos e escritórios de advogados que lá estão a representar.
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“Grunho
Posted 24 Outubro, 2012 at 08:58
Primeiro, é claro, vão pedir um visto à Merkel e “sus muchachos””
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vejo que anda atento…
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mas o tribunal constitucional não devia ser extinto. Isto é conversa para boi sentado, dos senhores como este ,que levaram portugal ao lindo estado em que está. Eu,penso que vamos ter mais cem anos para pagar a dívida, se até lá este país não for provincia de angola ou brasil .Chegamos ao fim da linha ,até o sócrates volta a mandar bocas .Vou deixar de comentar e desejar que a rua ponha no devido lugar as elites corruptas que nos têm governado.
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Pedro,
provincia de Angola, do Brasil ou… de Espanha.
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E SE A ASSEMBLEIA NO INICIO DO NOVO ANO FISCALIZASSE O DESEMPENHO DO ORÇAMENTO ANTERIOR!
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