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Cortes doces com olhos

16 Abril, 2013

A presidente do Conselho de Finanças Públicas (CFP), Teodora Cardoso, afirmou hoje que o corte das despesas “é obviamente o caminho” para a consolidação orçamental, mas lamentou que os cortes já realizados tenham sido “cegos”.

Silva Lopes receia que governo faça “cortes à bruta” por causa da troika

Tendo em conta a longa vida profissional de Teodora Cardoso e de Silva Lopes e o protagonismo que ambos têm tido na vida portuguesa  pode  saber-se que posições tomaram  e que propostas fizeram para que estes cortes tivessem olhos e fossem doces?

60 comentários leave one →
  1. gonçalo's avatar
    16 Abril, 2013 07:09

    Cortes doces e com olhos serão certamente aqueles que não lhes chegam…

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  2. fado alexandrino's avatar
    16 Abril, 2013 08:15

    Um corte muito doce seria eliminar o Conselho de Finanças Públicas, mais uma organização redundante.

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  3. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    16 Abril, 2013 08:57

    Diria antes que há cortes fáceis e difíceis.
    Difíceis são os cortes aos ricos e poderosos. Se o fizerem, levam por tabela.
    Cortar nos fracos é fácil. Coisa de cobardolas.

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  4. YHWH's avatar
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    16 Abril, 2013 10:51

    A Helena, sobre Economia revela ideias que oscilam do obscuro ao labiríntico…

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  5. Fincapé's avatar
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    16 Abril, 2013 11:01

    Hum! Cortes doces com olhos deve ser bom!
    Ou pelo menos melhor do que cortes feitos por “calhaus com três olhos”. 😉

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  6. CA's avatar
    16 Abril, 2013 11:22

    Quando os sábios apontam para a lua, os tolos olham para os dedos.

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  7. Fernando S's avatar
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    16 Abril, 2013 13:21

    Silva Lopes : ““A coisa mais dramática que temos actualmente é a política recessiva alemã. Estão obcecados pela ideia de reduzir o défice orçamental e manter o défice orçamental muito pequeno, e impuseram essa obsessão ao resto da Europa. A economia deles também não está a crescer”
    .
    Desde logo, não deixa de ser estranho que Silva Lopes considere “recessiva” uma politica cuja ambição é simplesmente “manter o déficit orçamental muito pequeno” numa “economia [que] … não está a crescer” (mas que, como se sabe, também não está em recessão e tem vindo a crescer de forma sustentada ao longo de varios anos).
    Ainda mais elucidativo é que veja o crescimento economico como sendo o resultado da dimensão (e da repetição) do déficit orçamental. Para esta perspectiva, “a economia” não é poupar e aplicar eficazmente recursos escassos mas antes gastar de qualquer maneira o que os outros poupam.
    Um “economista” para quem “a ideia de reduzir o défice orçamental e manter o défice orçamental muito pequeno” é uma “obcessão” !!…
    Percebe-se melhor porque é que um pais como Portugal, no qual, ao longo de varias décadas, um personagem como este teve varias vezes responsabilidades governativas ao nivel da economia e das finanças e teve e continua a ter um peso importante em instituições e em circulos que influenciam a opinião publica e a politica economica dos governos, não tenha tido esta “obcessão alemã”, salutar e de minimo bom senso, e tenha antes, pelo contrario, usado e abusado dos déficits e do endividamento. Claro que o resultado não poderia ter sido outro que não fosse aquele que toda a gente sabe : a quase bancarrota financeira e a ausencia de crescimento economico.
    Também é espantosa a ideia de que os alemães teriam imposto essa “obcessão” ao resto da Europa. Os alemães, como os outros paises e credores, que aceitaram emprestar ainda mais dinheiro a paises quase falidos pela ligeireza e irresponsabilidade dos seus cidadãos e dirigentes, querem agora muito simplesmente que estes paises deixem de gastar mais do que podem e façam as mudanças indispensaveis para que uma dia, que não seja nas calendas gregas, possam pagar o que devem e sustentarem-se por si proprios e não à conta de outros.

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  8. BorNot2B's avatar
    16 Abril, 2013 14:09

    — Helena Matos – Não faço ideia alguma acerca da sua “interacção” com o Estado. Se tal ocorresse na “vida real” das empresas, onde a cada momento teria de se confrontar com legislação restritiva, procedimentos obsoletas, e anacronismos de toda a espécie, certamente já teria concluído que “corte cego” é quando este se limita a produzir mapas de regra e esquadro sobre pessoas, deixando para trás o principal: reformar “a mecânica” do Estado. Cortes destinados primeiramente a reduzir pessoas apenas geram confusão e um “custo total” maior. Cortes eficazes e duradouros devem ser feitos para reduzir o trabalho, a complexidade do “monstro”, optimizar serviços, etc. Depois, e já como consequência, a redução de recursos será “natural” (sem os ter de substituir por “outsourcing”…). Esta reforma “inteligente” não foi feita e jamais o será com o governo actual. Sabe porquê? Por uma razão simples… Não sabem fazê-la…

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  9. fgh's avatar
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    16 Abril, 2013 15:04

    “Obcessão” não existe. É Obsessão. Ou, sinónimo imperfeito, obcecação

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  10. Portela Menos 1's avatar
  11. Fernando S's avatar
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    16 Abril, 2013 15:06

    Luis FA : “Esta reforma “inteligente” não foi feita e jamais o será com o governo actual. Sabe porquê? Por uma razão simples… Não sabem fazê-la…”
    .
    Outros governos, possiveis e viaveis, independentemente de saberem ou não fazer uma reforma “inteligente”, não a farão. Pura e simplesmente porque não querem fazer nenhuma reforma.
    Não digo que seja o seu caso. Mas muitos, talvez mesmo a esmagadora maioria, dos que recusam a reforma “cega” em nome de uma reforma “inteligente” pura e simplesmente não querem nenhuma reforma do Estado. Sobretudo, não querem nenhuma diminuição de despesas, seja ela qual for, seja ela como for. Não querem menos Estado, menos serviços, menos funcionarios. Querem umas “racionalizaçõeszitas” que, no essencial, deixem tudo na mesma. Não querem nem a reforma “cega” nem a reforma “inteligente”. Falam na “inteligente”, que não definem no concreto das medidas que podem reduzir significativamente o peso do Estado e as suas despesas, para afastar a possibilidade de qualquer reforma.
    Na falta de quem queira e saiba fazer uma reforma “inteligente”, venha a “cega”.
    O que não é de modo nenhum “inteligente” é continuar “cegamente” a adiar o possivel imperfeito em nome dum impossivel perfeito !

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  12. silver's avatar
    silver permalink
    16 Abril, 2013 15:14

    O problema não é a inexistencia dum perfeito,até porque a perfeição é rara.. mas com a inexistência dum imperfeito, de uma coisa minimamente reformista!
    Espero que o governo faça uma reforma decente, que duma vez por todas faça aquilo que não fez no inicio,há 2 anos atrás e devia ter feito: descer a despesa vigorosamente, e descer impostos de seguida.

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  13. Fernando S's avatar
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    16 Abril, 2013 15:36

    LuisFA,
    Ainda sobre o mesmo assunto.
    Não digo que seja o seu caso. Mas muitos dos que agora pedem uma reforma “inteligente” do Estado, como as duas personagens referidas no post da Helena Matos, tiveram larga influencia e responsabilidades no nosso pais (e até fora) ao longo de muito tempo. Mas na altura não os ouvi pedir e aplicar qualquer reforma de fundo do Estado, “inteligente” ou outra. Nem sequer, no minimo, alertar para para os perigos do despesista “cego” e nada “inteligente” dos nossos governantes.
    Dito isto, qualquer um pode enganar-se e mudar de ideias. Mas mesmo agora não os vemos sequer entrar nos detalhes de medidas concretas destinadas a reduzir sériamente as despesas do Estado. Ficam-se por generalidades, quanto basta para dizer que as reformas feitas ou programadas são “cegas” em vez de serem “inteligentes” !

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  14. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    16 Abril, 2013 15:37

    CORREC : “alertar para os perigos do despesismo”

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  15. BorNot2B's avatar
    16 Abril, 2013 15:44

    Fernando S — Posted 16 Abril, 2013 at 15:06 — Não está a querer implicar comigo pois não? Se não tirar ilações (apenas suas) do meu comentário talvez encontre nas palavras o que de facto pretendo dizer. PRIMEIRO: só deseja cortes “cegos” quem desconhece a complexidade e dimensão (e implicações directas e indirectas) do peso do Estado na nossa sociedade. SEGUNDO: Qualquer gestão “cega” – seja daquilo que for – só dá asneira, e esta custa sempre dinheiro ao “accionista”… É assim uma espécie de “gestão-desenrascanço” que a mim soa a irracionalidade incompetente. Por fim, e para seu esclarecimento, desejo que efectivamente se faça a necessária, urgente e tardia reforma do Estado, com o objectivo claro de o tornar menos oneroso para o “meu bolso”. Tão simples quanto isso. Não vivo, nem nunca vivi do Estado e chateia-me pagar impostos para o retorno que vejo deles. Quanto a políticos, habituei-me a dividi-los em duas classes: os (mais) sérios e mais competentes, e os outros. Quanto à coloração ideológica, começa cada vez a ser-me indiferente. Agora, após dois anos de gestão tresloucada do meu País, já sei uma coisa: a facção caloira do PSD que se apoderou do poder (primeiro no partido, e depois no governo), não me serve…

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  16. Basto_eu's avatar
    Basto_eu permalink
    16 Abril, 2013 15:51

    É complicado, muito complicado fazer uma reforma inteligente do Estado quando são os próprios dependentes desse mesmo Estado a fazer constantemente BOICOTE a essas mesmas reformas…é uma pescadinha de rabo na boca.
    O comportamento do TC é disso exemplo.
    Portugal é um país viciado (como qualquer drogado o é) em despesas excessivas, porque ninguém nunca é responsabilizado pelo excesso dessas mesmas dívidas.
    O Governo age e a reacção reage.
    Exemplo disso é a reacção dos danqueiros à taxa de solidariedade…
    As coisas estão mudar, para melhor.
    Apenas estamos a atravessar um período de ressaca.
    Mais tarde ou mais cedo as despesas acabarão por ser controladas e, por inerência os défices também, é só uma quetão de tempo.
    Nunca nada mais vai ser como dantes.
    É incontornável.
    É doloroso? É.
    Mas o que arde cura…

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  17. BorNot2B's avatar
    16 Abril, 2013 15:51

    Fernando S — Posted 16 Abril, 2013 at 15:37 — Só li o seu segundo comentário após publicação o meu anterior. Ao que parece até partilhamos o mesmo ponto de vista. A questão estará mais no uso das cedilhas e na conotação que lhes dá… Mas enfim, talvez haja reformas “inteligentes” que são mais “inteligentes” que outras… 😉
    Tenha uma boa tarde!

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  18. BorNot2B's avatar
    16 Abril, 2013 15:54

    @ Basto_eu – Posted 16 Abril, 2013 at 15:51 — “As coisas estão mudar, para melhor.”
    Deduzo que ganhou o Euromilhões!! Parabéns!! – Se por acaso tem uma empresa para gerir diga-me qual é o ramo. Estou interessado!…

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  19. Churchill's avatar
    Churchill permalink
    16 Abril, 2013 17:50

    Realmente já cansa de passar os dias a ouvir as opiniões de velhos senis.
    Como diria alguém famoso “enquanto estava no auge da idade!), “para resolver os problemas novos não se pode continuar com as soluções antigas”.
    .
    De uma vez por todas, mandem lá essas Teodoras para os albergues para ver telenovelas e fazer tricot.

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  20. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    16 Abril, 2013 18:06

    Luis FA,
    Claro que não estou a tentar implicar consigo (??!!…).
    Até admito a sua real vontade de ver as despesas do Estado serem efectivamente cortadas. Neste ponto parece que partilhamos efectivamente o mesmo ponto de vista.
    Não duvido que existam reformas mais “inteligentes” ou menos “cegas” do que outras. Naturalmente, tudo deve ser feito para que a reforma do Estado e os correspondentes cortes nas despesas sejam os mais adequados.
    Mas a clivagem essencial no actual confronto politico em Portugal não é a este nivel. Poderia ser se existisse um largo consenso nacional quanto à necessidade de reformar e reduzir sériamente o peso do Estado. Mas não ha. Grande parte da população mais politizada e dos representantes dos principais interesses instalados não desejam e opõem-se radicalmente a este tipo de reforma. Seja ele “cego” ou “inteligente”. Não querem austeridade, não querem menos Estado, querem mais despesa e mais investimentos publicos. O verdadeiro confronto é entre aqueles que percebem e querem efectivamente reduzir despesa e aqueles que acham que é possivel e desejavel não o fazer pedindo e exigindo (“negociar” ?!…) à Troika, e em particular à UE e ao BCE, o dinheiro que for preciso. E neste confronto vale tudo. Vale inclusivamente fingir que se quer uma reforma “inteligente”, que se sabe ser tão mais improvavel quanto mais “inteligente” for, para melhor desarmar a argumentação e a pratica daqueles que defendem verdadeiramente e consequentemente o corte da despesa e a redução do peso do Estado. Repito, não digo que seja o caso de toda a gente, a começar pelo seu, mas é certamente o de muita gente que se esconde hipocritamente por detras da palavra “inteligente”.
    O governo actual não é certamente exemplar na prossecução de uma politica “inteligente” de corte das despesas do Estado. De resto, este governo, para além de ser constituido por pessoas, necessariamente com limitações, a prioris e interesses, é apoiado por uma coligação de partidos onde coexistem personalidades e sensibilidades diferentes, em parte inclusivamente opostas. O “fogo amigo” é uma realidade. Como oportunamente recorda aqui em cima o “Basto_eu”, tudo tem sido posto em pratica pelos opositores deste tipo de politica para boicotar a acção do actual governo. A verdade é que, bem ou mal, o actual governo e os seus apoiantes, mais ou menos incondicionais ou criticos, melhor ou pior, com mais ou menos “cegueira” ou “inteligencia”, tem sido os unicos a assumir a vontade de levar a cabo o que esta previsto no programa da Troika, em particular no que se refere aos cortes nas despesas. Alguns destes cortes podem ter sido relativamente “cegos” (poderia ser de outro modo ?) mas a verdade é que foram feitos : a despesa foi efectivamente reduzida, mesmo tendo em conta os aumentos registados em certas rúbricas em resultado da recessão.
    Ou seja, o actual governo até pode ser incompetente, mas as alternativas, dum governo de salvação nacional de inciativa presidencial até um novo governo saido de novas eleições, seria certamente pior, muito pior.
    Não posso de maneira nenhuma concordar com a sua afirmação de que o país tem sido sujeito “após dois anos [a uma] gestão tresloucada [por uma] facção caloira do PSD que se apoderou do poder (primeiro no partido, e depois no governo)”. Em primeiro lugar, não houve qualquer “apropriação” (ilegitima, entenda-se) do poder : quer se goste quer não, houve eleições para a liderança no PSD ganhas por Pedro Passos Coelho e houve eleições legislativas ganhas pelo PSD. Em segundo lugar, melhor ou pior, o país tem sido governado basicamente aplicando o que está previsto num programa de assistência financeira de emergência, dito “da Troika”, que nos é imposto, e, tendo em conta a situação extremamente dificil herdada pelo actual governo, os resultados até não têm sido assim tão maus como se poderia recear à partida. Seriam certamente piores se o país tivesse continuado a ser governado por um Partido Socialista liderado por José Sócrates e que, esse sim, é responsável por uma gestão “tresloucada”, sobretudo no periodo que se seguiu à crise internacional de 2008.

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  21. metroidsamus's avatar
    metroidsamus permalink
    16 Abril, 2013 19:22

    Talvez nunca terem sido maoístas, hoje deslumbrados com o ultraliberalismo, já tenha sido alguma coisita

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  22. BorNot2B's avatar
    16 Abril, 2013 19:51

    @ Fernando S — Posted 16 Abril, 2013 at 18:06
    Realmente, Fernando, afinal temos pontos de divergência. Eu acho que o memorando da Troika, e depois o relatório do FMI são perfeitos “raio x”, das nossas “fraquezas” e daquilo que deveria ser feito. Incrível como traçaram o retrato tão depressa!… E é precisamente aí que reside o problema: ainda que sempre remetendo para as “obrigações” decorrentes do programa de ajustamento, o Governo perdeu dois anos e “marimbou-se” para uma verdadeira reforma do Estado (talvez por força dos motivos e interesses que você refere…). E agora começa a levar “puxões de orelhas” da Troika. Por enquanto muito mais na surdina dos gabinetes do que na exposição mediática… Mas lá se chegará.
    Quanto à minha “provocação” acerca dos “caloiros”, remeto-me para uma coisa que procuro não dispensar: os princípios e a espinha vertebral. Como é que um tipo que fez a campanha eleitoral que conhecemos consegue manter a “cara de pau” que tem hoje? Se descobriu “buracos” que desconhecia, só tinha duas coisas as fazer: explicar “direitinho” a situação aos portugueses (seus “accionistas”…) ou demitir-se! Isso levaria imediatamente o PR a reconduzi-lo, mas, naturalmente já ao abrigo de novo “programa”. É claro que o PPC não desconhecia a situação. Produziu uma “manipulação” inqualificável traduzida em promessas impossíveis de cumprir. Enganou e mentiu… E, para mal do nosso País, fez pouca coisa daquilo que consta do memorando. Quando tinha tempo e economia para “mexer” a fundo no “monstro”, optou pela estratégia de a destruir…
    Certamente que continuaremos a discordar, uma vez que me parece que o Fernando está próximo da linha PPC. Eu tenho a vantagem de não alinhar por ninguém… Um destes dias fiz as “contas”: pago impostos directos, alimento-me pagando impostos, compro bens e pago impostos, etc. No final do mês, eu, você, e a maior parte de nós, pagamos uma brutalidade de impostos directos e indirectos… A mim, o único retorno que recebo, é circular livremente pelas piores estradas desta país, porque mesmo as melhores já todos as pagamos directamente… O Estado tem “buracos” que a racionalidade desconhece… (Eu sei que o ponto de vista é um bocado “primitivo”, mas de certa forma pretende espelhar uma realidade que não anda muito longe do absurdo). O PPC quis “verder” a ideia de que vivemos acima das nossas possibilidades, quando na verdade é o Estado que vive bem acima delas… Corte o que quiser, corte à vontade… Mas não lhe reconheço competência para o fazer sem com isso causar ainda mais problemas. Como estamos circunscritos ao (fabuloso) “arco de governação”, posso dizer-lhe que no PSD existe gente bem mais competente. Veja-se por exemplo o que o Rio fez no Porto. Fecha a porta mas deixa as contas em ordem…

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  23. Ed's avatar
    16 Abril, 2013 20:30

    Estes 2 velhos caquéticos (e bastante horrorosos, por sinal) sempre foram acanhotados/axuxalhados. Portanto, apesar da evidência economico-financeira, têm que lançar estas postas de pescada. De pescada, não. De chicharro.

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  24. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    16 Abril, 2013 20:54

    Luis FA, não vale a pena.Tem se falado num tal conflito do “reformista” Passos coelho contra todos os outros, quando Passos Coelho apenas fez uns remendos,e impostos a granel.Não, Passos Coelho faz parte do outro lado, dos que não querem fazer nada,

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  25. Fincapé's avatar
    Fincapé permalink
    16 Abril, 2013 21:14

    Desculpe Luís FA, isto dificilmente será verdade.
    “A mim, o único retorno que recebo, é circular livremente pelas piores estradas desta país, porque mesmo as melhores já todos as pagamos directamente…”
    Mas, se for, você:
    – Não estudou, ou pagou integralmente os seus estudos, entre 12 e 15 ou 18 anos (de estudos);
    – Nunca adoeceu ou pagou integralmente a sua cura;
    – Nunca foi operado ou pagou integralmente a sua operação;
    – Nunca visitou um museu ou pagou integralmente o preço, incluindo o investimento;
    – Não tem água em casa ou então paga o custo integral, incluindo o investimento;
    – Não come alguns produtos agrícolas ou então paga o seu custo integral mais os lucros, devolvendo os subsídios que o Estado deu à produção;
    – Não circula nas estradas, mesmo com alguns buracos, ou então paga integralmente ao Estado o investimento (se têm buracos, já nem digo a manutenção);
    – Não circula em passeios ou então paga ao Estado o custo integral da sua utilização;
    – Não utiliza vários hoteis ou então paga ao Estado o apoio recebido para o investimento;
    – Não compra carros da Auto Europa ou então tem devolvido ao Estado o apoio àquele investimento;
    – Não utiliza transportes públicos ou então tem ressarcido o Estado no valor do seu funcionamento;
    …..
    Ah! Queria lembrar que se nunca usou alguns dos serviços referidos, mas admite vir a usar, terá de incluir o preço de os manter em funcionamento à sua espera.
    É uma gaita às vezes não refletirmos antes de falarmos. Acontece. 😉

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  26. Buiça's avatar
    Buiça permalink
    16 Abril, 2013 22:13

    Muito bom!
    Os senadores da república só lá estão para dar calduços nos mais novos, é assim que se mantêm senadores…
    Se exceptuarmos os que apelam ao regicídio, claro.
    Cumps,
    Buiça

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  27. BorNot2B's avatar
    17 Abril, 2013 00:39

    @ Fincapé — Posted 16 Abril, 2013 at 21:14
    É um prazer discutir consigo mas observe o meu comentário como exemplo exagerado com o propósito de afirmar que pagamos demais para o retorno que temos. Em suma: gerem mal o “nosso” dinheiro e vivemos num País algemado pelo Estado.

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  28. Fincapé's avatar
    Fincapé permalink
    17 Abril, 2013 18:31

    OK, Luis FA. Também faço as minhas hipérboles em conversação. Acontece que aqui é mais perigoso porque há muita gente que emprenha pelos “olhos” e não consegue ter uma abertura mais abrangente da menina-do-olho. 🙂
    Quanto ao que diz, assim já não lhe retiro tanta razão.

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  29. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    18 Abril, 2013 10:02

    Luis FA (16 Abril, 2013 at 19:51)
    Vamos por partes.
    1. No essencial concordo com a apreciação positiva que faz do memorando da Troika. Podia ter sido mais bem feito ? Talvez, certamente. Como tudo na vida. Sobretudo se não tivesse sido feito na precipitação e “negociado” por um governo que procurou até ao fim evitar a austeridade e as reformas. Mas era um bom primeiro plano para começar a corrigir os desequilibrios da economia portuguesa. De qualquer modo, não tivémos nem tinhamos grande escolha : era a condição indispensável para recebermos a ajuda financeira. Vou mais longe : mesmo sem a necessidade de um resgate financeiro a economia portuguesa tinha e tem tudo a ganhar com um programa do tipo do da Troika. Ainda mais se tivesse vindo bem mais cedo (neste caso, com os devidos ajustamentos, naturalmente).
    2. O Luis chama a atenção para o facto do programa da Troika não ter sido plenamente e atempadamente aplicado pelo actual governo. Em parte até é verdade. Inclusivé porque, como refere, o governo foi adiando “uma verdadeira reforma do Estado”. Mas não penso que se possa dizer que se “marimbou”. Sub-estimou a necessidade e a vantagem em começar mais cedo. Deu prioridade a medidas mais imediatas e de implementação mais fácil (aumento de impostos, cortes de subsídios e pensões, etc). Teve receio das oposições e resistências que inevitávelmente surgiriam de vários sectores. Não apenas de fora mas até de dentro da própria coligação e do próprio PSD. Hoje sabemos que esta “contenção” do governo foi um erro, e que, como diz o Luis, se perdeu tempo, e que acabou por ser politicamente inútil porque não serviu sequer para diminuir o nivel de contestação do governo e da sua política.
    3. Dito isto, é justo dizer que em parte, em boa parte, todo este atraso também se explica pela real existência e eficácia de toda uma série de resistências e bloqueios vindos de vários sectores da sociedade portuguesa, inclusivé de onde menos se esperaria – das outras instituições (PR e TC), do PS, responsável principal pela situação e primeiro signatário do memorando da Troika, dos próprios partidos da coligação, dos empresários, dos principais médias, etc, etc. Pareceu-me que o Luis reconhece igualmente esta dimensão da realidade.
    4. Apesar de tudo isto, e tendo em conta tudo isto, não me parece que se possa dizer que o governo se afastou e não aplicou o programa da Troika. De resto, a acusação que é normalmente feita pelo oposição de esquerda, inclusivé desde há algum tempo pelo próprio PS, é que o governo segue cegamente o programa e as instruções da Troika, indo até mais longe nalguns aspectos. Claro que há algumas diferenças. Mas não podia ser de outro modo, e o próprio programa assume alguma margem de opções e de manobra por parte do governo. Além disto, um programa destes não é rigido e imutável, tem e deve ir-se adaptando à própria evolução da situação e aos ensinamentos que vão sendo retirados da sua aplicação prática. Os próprios representantes da Troika assumiram a necessidade de ir ajustando o programa, os objectivos e as medidas de politica. Globalmente e quanto ao essencial, a execução do programa tem vindo a ser concertada com a Troika e aprovada e defendida por esta. A Troika aprovou com pouquíssimas reservas a totalidade das apreciações intercalares. O Minsistro Gaspar fala de mais de 90% e não deve estar longe da realidade. O que o Luis diz relativamente aos “puxões de orelhas da Troika” respeita aos restantes 10%, não é nada de preocupante. Pelo menos até agora.
    5. Também concordo com a apreciação positiva que faz do tal relatório do FMI que aponta para uma série de medidas de cortes nas despesas públicas num valor de pelo menos 4 mil milhões de Euros (na verdade a totalidade das medidas elencadas totaliza um valor bem superior). Este relatório é certamente uma contribuição importante para se poder avançar com a necessária reforma do Estado. Mesmo sabendo que as medidas em questão nem sempre se inscrevem num programa articulado. Ou seja, são algo avulsas e não necessáriamente perfeitamente “inteligentes”. No fim de contas, em parte são aquilo que o Luis critica. Mas é inevitável passar por esta fase e sabemos que o optimo é muitas vezes inimigo do bom. Seja como for, a verdade é que, ao contrário de todas as outras áreas políticas do “arco da governação”, o governo assumiu claramente os resultados deste objectivo de cortes estrutrais importantes nas despesas do Estado. Vamos agora ver se vai ter a determinação e as condições para o realizar.
    6. Ao contrário do Luis eu até partilho a tal ideia que diz que o PPC “quis vender”, a de que “vivemos acima das nossas possibilidades”. Nós como país, no seu conjunto. Claro que o Estado é uma parte muito importante deste conjunto, infelizmente, e é a componente que mais vive acima das suas possibilidades. Vou ser ainda mais claro : o Estado é de longe o principal gastador e o principal devedor. Com a agravante de ser uma entidade que não cria riqueza e que capta uma parte significativa da que é criada pelo sector privado através duma elevada carga fiscal. Por esta razão é que é importante que as despesas publicas sejam diminuidas o mais rapidamente e drasticamente possivel. Mesmo que para tal seja necessario fazer alguns cortes “cegos”. Mas, dito isto, não foi apenas o Estado que viveu acima das suas possibilidades, a crédito, endividando-se no interior e no exterior. A divida total portuguesa representa cerca de 240% do Pib sendo metade do Estado e metade dos privados. É verdade que o endividamento dos privados foi em parte estimulado pelos efeitos da politica despesista do Estado (não dá para desenvolver este aspecto aqui e agora). Mas o mais importante nem é isto. O mais importante é que a maior parte do dinheiro a crédito gasto pelo Estado não é “engolido” por um “glutão” chamado “Estado” mas é antes transferido para a sociedade, através de mais e melhores vencimentos para os funcionarios, mais e melhores pensões e prestações sociais, mais subsidios a empresas e pessoas, mais e melhores serviços públicos, mais e melhor saúde e educação tendencialmente gratuitas, mais e melhores infraestruturas públicas, mais encomendas a bom preço para as empresas fornecedoras do Estado, etc, etc. Ou seja, foram mais rendimentos distribuidos aos cidadãos, foram mais e melhores bens e serviços fornecidos aos utentes abaixo dos respectivos preços de custo, foram mais e melhores margens garantidas às empresas fornecedoras (com o que tudo isto implica em termos das condições de vida das muitissimas pessoas ligadas a estas actividades, em grande parte não transaccionáveis). Por outras palavras, foi mais dinheiro lançado na economia, melhorando o poder de compra e o bem-estar das familias, sem que tal correspondesse a um aumento efectivo (produzido) e sustentado (não a crédito excessivo) da riqueza nacional. No fim de contas aconteceu o que os neo-keynesianos defendem e praticam como forma de aumentar a actividade e o consumo. Mas sabemos que se trata de um enriquecimento artificial, acima das possibilidade reais da economia, e que, mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra, terá de ser “pago” pelas familias, com austeridade (e/ou inflacção), desinvestimento, empobrecimento e desemprego.
    7. Estarei “próximo da linha do PPC” ? Embora seja um eleitor regular do PSD não tenho nenhuma ligação formal a este partido. Mas é verdade que reconheço que PPC representa actualmente a sensibilidade mais liberal (ou menos iliberal e social-democrata, se se preferir). Falo naturalmente de correntes que têm alguma viabilidade política em termos de governação, como foi e ainda é o caso da de PPC, e não de grupos e individuos que não representam uma alternativa politica real. É sobretudo verdade que apoio o actual governo e a sua política económica. Não sou um apoiante incondicional (de resto, nunca apoiaria o que quer que seja incondicionalmente, nem sequer a mim próprio). Não me identifico com a ideologia social-democrata e social-centrista dominante nos partidos da coligação de governo. Tenho um posicionamento doutrinal que é assumidamente mais liberal (sendo verdade que é sempre mais fácil ser-se doutrinalmente mais exigente quando se está de fora do que quando se está com responsabilidades de governação). Mas apoio o actual governo porque considero que, no estado actual das coisa, é o menos mau que é possível ter. Não vejo nenhuma alternativa politicamente viável que seja mais liberal. As alternativas possiveis são e serão inevitávelmente ainda menos liberais, mais à esquerda, mais sociais-democratas. Sejam elas um governo do PSD-CDS sem PPC, um governo “de salvação nacional” de iniciativa presidencial, um governo PS saido de novas eleições, ou outras. Mesmo um governo de Rui Rio, como sugere. Rio tem sido certamente um bom Presidente de Câmara numa cidade como o Porto. Mas já mostrou que tem uma visão claramente keynesiano-social-democrata sobre a macro-economia do país. A politica económica do governo actual tem certamente insuficiências e limitações. Mas vai na boa direcção. Razão mais do que suficiente para a apoiar numa altura em que as oposições e resistências anti-reformistas são fortes e preocupantes.
    8. Relativamente à sua “provocação” sobre o “caloiro” PPC. Reconheço que durante a campanha eleitoral não deu conta suficiente da gravidade da situação económica, fez promessas que não poderia cumprir, não insistiu o suficiente na dimensão dos sacrificios que os portugueses seriam obrigados a fazer. Mas não creio que o tivesse feito conscientemente, deliberadamente, com pleno conhecimento de causa. Estava mal informado, enganou-se no diagnóstico, foi optimista e ingénuo. Mas, dito isto, também é verdade que, de todos os candidatos, ainda foi o que menos se enganou, menos prometeu, menos escondeu a inevitabilidade dos sacrificios a fazer. Todos os outros candidatos, a começar por José Sócrates, prometeram muito mais. Para mim, PPC, como tantos outros portugueses, incluindo pessoas relativamente bem informadas, lúcidas, e com uma visão acertada sobre a economia, sub-estimou a gravidade da situação e a dimensão dos sacrificios que os portugueses teriam de fazer. Também é verdade que a própria situação económica e politica, em Portugal, na Zona Euro, no plano internacional, evoluiu ainda mais desfavorávelmente do que inicialmente se previa, obrigando a fazer mudanças nos planos iniciais. A própria Troika teve de rever e aceitar ajustar alguns dos aspectos do seu programa. Nomeadamente sobre as metas, a parte fiscal, e o tipo e o ritmo dos cortes a fazer na despesa. Tendo em conta todas estas condicionantes, penso que PPC tem vindo a fazer, em condições extremamente dificeis, aquilo para que foi eleito : aplicar um programa de ajustamento da economia portuguesa em linha com as condições que nos têm sido impostas pelos credores externos. Isto é o essencial.

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  30. Luís's avatar
    Luís permalink
    18 Abril, 2013 11:30

    Acredita mesmo na adequação – a não ser por acaso – de cortes aprovados em conselhos de ministros de mais de 10 h de duração, entrando pela madrugada, a fazer lembrar as célebres reuniões do Conselho da Revolução? Vai uma aposta em como vêm aí mais umas tantas trapalhadas (as injustiças, essas estão garantidas)?

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  31. BorNot2B's avatar
    18 Abril, 2013 13:36

    @Fernando S — Posted 18 Abril, 2013 at 10:02
    Caro Fernando, agradeço o seu longo e detalhado comentário. Entendo o seu ponto de vista. Sei que é difícil sair do “mainstream” das “verdades” construídas pela nossa “Intelligentsia”, mas, pela minha parte, tento algum esforço nesse sentido. Desse modo torna-se mais fácil entender alguns bodes expiatórios que carecem de sustentação prática: Bode #1 – “A Troika” – Se virmos bem, o Governo também se escuda nas “obrigações” com a Troika para prosseguir medidas que são suas (obliterando objectivos cruciais e “timings” do Memorando). O PS aponta o “redesenho” de objectivos. A restante esquerda “demoniza” a Troika. Dá vontade de pensar: “será que leram o documento?”… Bode #2 – “É tudo culpa do Sócrates” – Será verdade? Certamente que a governação socialista cometeu erros graves, e sobretudo, deixou-se levar na “onda” despesista após o colapso de 2008. Não obstante, introduziu uma série de inovações interessantes e estruturais. A tendência para racionalizar os sistemas de ensino e saúde, simplificação do Estado com base na melhor articulação de serviços, introdução de novas ferramentas de base tecnológica, intervenção no sector energético, ênfase nas exportações (onde o governo actual foi procurar créditos), etc. Por outro lado sabemos que o nosso problema se inscreve na “crise europeia”, sendo nesse “teatro” que parte das soluções de fundo terão de ser encontradas…
    A acrescer aos “bodes”, engolimos uma falácia rotunda quando nos deixamos convencer da existência dum governo liberal (ou neoliberal)”. — Como é que temos um governo liberal quando este (na prática) “vive” do aumento de impostos e intervenção constante sobre a iniciativa privada a ponto de tecer juízos acerca dos sectores e empresas que “interessam” e quais as “más”? Apesar dos constrangimentos actuais, um governo liberal deveria primeiro que tudo reformar o Estado, aligeirá-lo, torná-lo simples e leve para que o capital privado pudesse actuar. Porém nem uma coisa nem outra. O Governo veste a capa liberal (com o consentimento e para “conforto” político da oposição) mas, na verdade, só lhe falta fazer o “plano quinquenal”…
    Sei que estes pontos de vista podem parecer algo deslocados da opinião mais comum, no entanto, não hesito em ter uma visão “extraterrestre” quando cada vez mais sinto que vivemos um “regime” surrealista, caro, e que se explica mal, nunca deslocando a opção ideológica (ou de simpatias…), da observação fria e desapaixonada, dos factos.

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  32. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    19 Abril, 2013 16:12

    Caro Luis,
    Agradeço o seu comentario.
    Também compreendo as suas preocupações e a sua exasperação perante a dureza e a escassez de resultados imediatos da politica de austeridade do governo de PPC.
    O seu ponto de vista até nem me parece assim tão fora do “mainstreem”, em particular do da “intelligensia” nacional. O meu amigo é contra o aumento de impostos, considera que é preciso cortar nas despesas do Estado, mas julga também que não deve ser da forma “cega” como acha ter sido o caso até agora ou poder vir a ser. Muita gente se exprime mais ou menos nesse sentido, engrossando assim uma larga corrente de criticas e de contestação ao governo actual e à sua politica. Neste momento, bem mais minoritaria e isolada é a minha posição de apoio ao governo e à politica de austeridade. Eu sou dos poucos que assumem aquilo que muita mais gente, intuitivamente, de modo confuso e por vezes contraditório pressente : a austeridade, a recessão, o empobrecimento, o desemprego, etc., fazem parte da … cura !
    Mais alguns comentarios (as minhas desculpas por voltar a ser longo e massudo) em resposta a algumas das suas observações.
    1. Troika. Não creio que se possa dizer que o governo se desculpa com a Troika para avançar com medidas que são suas. Pelo contrário. A Troika teria desejado que o governo fosse ainda mais longe e mais rápidamente na austeridade e nas reformas estruturais. O governo tem até procurado atenuar e adiar algumas das recomendações mais exigentes da Troika (maior aumento da TVA para baixar a TSU, despedimentos de funcionários públicos, diminuição do salário mínimo, do subsidio de desemprego, do tempo para indemenizações, etc). É verdade que a Troika recomendou mais cortes nas despesas e menos aumentos de impostos. Mas também acabou por reconhecer e aceitar que estes se tornaram inevitáveis tendo em conta as dificuldades e os obstáculos, inclusivamente institucionais, a cortes mais rápidos nas despesas públicas e a degradação da situação interna e externa. A Troika também percebeu que a oposição do PS ao programa de austeridade, apesar de ter negociado e assinado o memorando em 2011, tem tornado mais dificil e arriscada a reforma estrutural do Estado, social e politicamente. Por todas estas razões, e por reconhecer que o governo português tem mesmo assim feito esforços significativos para aplicar o programa de austeridade, a Troika tem vindo a aceitar rever e moderar algumas das metas (niveis e prazos dos déficits) e condições (juros, prazos de pagamento). Existem naturalmente diferenças entre a Troika e o governo, a Troika está no seu papel de exigir mais e melhor (e ainda bem que o faz), o governo procura pelo seu lado ganhar margem e tempo (o que é natural, embora sempre arriscado, em termos de metas e credibilidade). Mas, globalmente, a Troika e o governo teem estado na mesma linha de aplicação do programa de austeridade e ajustamento. Não é por acaso que alguns dos detratores do governo o consideram enfeudado à “Troika estrangeira” !
    2. Sócrates. Eu não digo, nunca disse, que “é tudo culpa do Sócrates”. Não é, certamente. O laxismo e o despesismo nas finanças públicas, os atrasos nas reformas estruturais na economia, são males que vêm de há muito e são da responsabilidade de vários governos e PMs. E nem sequer apenas dos governos já que vários sectores da sociedade portuguesa, e até politicos fora do “arco da governação, mas com poder e influência, também contribuiram, mesmo indirectamente, para tal. Em última instância, a responsabilidade é sobretudo dos eleitores portugueses, que foram escolhendo e legitimando governos e políticas que nos trouxeram para a situação actual. Sócrates e o partido por ele dirigido teem efectivamente uma respondabilidade maior nos últimos anos, porque estiveram sem partilha no governo, e sobretudo porque, numa altura em que a situação de sobreendividamento e falta de competitividade era já manifesta, continuaram e acentuaram um política centrada na despesa e no intervencionismo do Estado. Mas claro que podia ter sido ainda pior. Por exemplo, se a área mais à esquerda do PS tivesse sido mais determinante na acção governativa. Apesar de tudo, Sócrates representou uma corrente “central” do PS, relativamente “modernista” e aberta a influências dos partidos sociais-democratas e socialistas da “terceira via” (blairismo, democratas americanos, etc), e avançou com algumas das reformas que o Luis refere e elogia. Foi positivo mas convenhamos que, ao lado das asneiras que também fez, pesa pouco.
    3. Governo liberal. Não sei se faz algum sentido dizer que este é um “governo liberal”. O que é um “governo liberal” ? Parece-me evidente que é mais liberal (ou menos iliberal) que os governos anteriores e do que qualquer uma das alternativas politicamente viáveis actualmente em cima da mesa. É “liberal” aumentar impostos ? Ao contrário do que alguns pensam, o liberalismo não é o anti-imposto. O imposto é inerente à existência de um Estado e tem o seu lugar numa sociedade dita liberal. É verdade que o liberalismo é contrário a um Estado pesado e intervencionista e, como tal, a uma carga fiscal elevada. No contexto estrutural das nossas sociedades, onde o peso e o papel do Estado são claramente excessivos, um programa liberal deve naturalmente visar uma redução importante da carga fiscal. Mas o nosso país não está actualmente numa situação estabilizada que permita aplicar uma politica deste tipo no curto prazo. O país vive uma situação de emergência, nas contas públicas e com desequilibrios sérios na economia. A prioridade, a urgência, de qualquer governo minimamente responsável, liberal ou não, por maioria de razão se o for, é de corrigir estes desequilibrios utilizando para o efeito todos os instrumentos de política que estão disponíveis. Incluindo o fiscal. Na medida em que, sejam quais forem as razões, o corte nas despesas e o andamento das receitas não são por si suficientes para conter e reduzir os déficits orçamentais, é inevitável o governo ter de aumentar impostos. Não o fazer seria suicidário, agravaria o buraco nas contas públicas, seria mal recebido pela Troika e pelos credores, daria um sinal negativo aos mercados. Eu sei que neste ponto se contrapõe o argumento de que o aumento de impostos é contraproducente porque provoca recessão e, consequentemente, uma diminuição das receitas fiscais. Este argumento, que pode ser válido em condições normais e num periodo de tempo mais longo, não se aplica a uma situação de curto prazo num processo de ajustamento. A recessão é sobretudo uma consequência inevitável de um processo de correcção de desequilibrios numa economia estruturalmente pouco competitiva. Não é possivel tomar medidas de saneamento financeiro garantindo ao mesmo tempo o nível normal da actividade, muito menos o seu crescimento. O fraco crescimento nos anos anteriores não permitiu evitar o crescimento progressivo dos déficits e do endividamento. Ainda menos o faria agora. Nas condições actuais, o aumento das taxas de imposição é o único modo de conter a queda nas receitas fiscais para além do que seria controlável. Apenas depois de ser ultrapassada a situação de emergência a curto prazo faz sentido considerar a necessidade e a possibilidade de reduzir progressivamente a carga fiscal. Num processo bem mais longo e estrutural. O mesmo se pode dizer de outras politicas que o Luis refere, como uma reforma profunda do Estado. O que é possivel começar a fazer desde já é certamente uma maior liberalização da economia. Não creio que se possa dizer, como faz o Luis, que o actual governo tenha aumentado o grau de intervenção estatal na economia. Por pouco que seja, o governo liberalizou o mercado de trabalho e reduziu subsídios e programas de “apoio” às empresas. Para todos os efeitos isto é antes um recuo do intervencionismo do Estado na economia. Seja como for, é um facto que a liberalização é também uma consequência da redução do peso do Estado na economia e este processo, como referi anteriormente, é necessáriamente progressivo e duradouro no tempo. Algo que me deixa muitas vezes surpreendido neste tipo de discussão é a facilidade com que muitas pessoas, mesmo quando estão bem informadas e são intelectualmente elaboradas, deixam de lado o papel do tempo e a complexidade nos processos de evolução nas sociedades modernas. Como se as reformas pudessem ser “revoluções”, isto é, mudanças rápidas e radicais. O governo actual herdou uma situação extremamente critica e está em funções há apenas 2 anos, mas é já apreciado e julgado como se fosse o responsável pela crise ou como se devesse já te-la ultrapassado !

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  33. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    19 Abril, 2013 19:49

    Engraçado: O Socialismo é o pai do Liberalismo.É espantoso

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  34. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    19 Abril, 2013 19:51

    Ou seja, o tipo está preso a uma cadeira.O caminho para liberá-lo é prende-lo mais.

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  35. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    19 Abril, 2013 20:29

    “Engraçado” :
    Não me lembro de ter visto alguma vez este “anonimo” (que não o é) confrontar-se com aqueles que defendem mais despesa e investimento publicos, mais “Estado Social”, mais regulação, mais socialismo, mais soluções de esquerda !… Nem uma !!
    Em contrapartida, vejo-o sempre e apenas juntar-se aos mais anti-liberais dos comentadores de esquerda para atacar apenas e exclusivamente este governo e o programa da Troika !… Sempre e apenas !!
    Espantoso como ha quem se esconda por detras dum pretenso purismo liberal (“liberalismo de pacotilha” dizia o AC) para atacar apenas aqueles que por sinal até são acusados de serem “ultraneoliberais” pelas diferentes esquerdas sociais-democratas, socialistas e comunistas … (sem esquecer as direitas “nacionais” e “sociais”, claro)
    Muito “engraçado” … mas também muito estranho … ou talvez não !!

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  36. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    19 Abril, 2013 20:58

    Sempre critiquei, e a prova disso é que estou criticá-lo a si por defender soluções parecidas com os que referiu.
    Nunca critiquei a intervenção, mas sem dúvida que criticarei o governo por estar a implementar as medidas que a esquerda até deseja: mais impostos, mais estado,reformismo estagnado, etc.Aliás para ser sincero nem percebo o porquê das criticas da esquerda, pelo que me resta concluir que as criticas da esquerdas são falsas.
    A esquerda ou o governo são a mesma coisa no fundo!

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  37. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    19 Abril, 2013 22:01

    # anonimo : “Sempre critiquei, e a prova disso é que estou criticá-lo a si por defender soluções parecidas com os que referiu.”
    .
    Vc nunca criticou aqui nas caixas de comentarios aqueles que se assumem sem complexos como sendo anti-liberais e socialistas, que criticam o actual governo por ser “ultraliberal”, que não se cansam de dizer que ha outra politica para o pais que não passa pela austeridade e pelos cortes no “Estado Social”. Nunca !
    Apenas se preocupa em atacar o governo e os que o apoiam. Apenas e nada mais !
    Basicamente, e quase literalmente, com os mesmos argumentos dos que criticam o “ultraliberalismo” do governo e da Troika.
    Como se prova mais uma vez !
    .
    Eu nunca defendi “mais despesa e investimento publicos, mais “Estado Social”, mais regulação” nem nada de parecido.
    A sua afirmação denota ou ma-fé ou confusão ou, o mais provavel, uma mistura indigesta das duas.
    .
    .
    # anonimo : “Aliás para ser sincero nem percebo o porquê das criticas da esquerda, pelo que me resta concluir que as criticas da esquerdas são falsas.
    A esquerda ou o governo são a mesma coisa no fundo!”
    .
    Não admira que não perceba…
    Esta sua conclusão é brilhante pela logica apurada e pelo forte sentido das nuances !…
    A partir dela é finalmente possivel ter uma leitura esclarecedora e produtiva sobre os confrontos politicos em Portugal !…
    Percebemos que afinal toda esta conflitualidade politica em que o pais vive é apenas para ingles ver …
    Porque a verdadeira separação das aguas é mesmo entre um pequeno grupo de iluminados “verdadeiramente e intransigentemente liberais”, onde vc se inclui, naturalmente, e todos os outros partidos e sectores politicos, todos de esquerda, todos socialistas, todos a mesma coisa !…
    Brilhante !!

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  38. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    19 Abril, 2013 22:26

    É óbvio que neste blog nunca critiquei, pela simples razão de que raramente venho visitar os posts do blog, e nunca comentei nenhum dos.Ataco este governo com a mesma força que critico qualquer governo de esquerda, entre os quais os de Sócrates ou Guterres, como critiquei Durão Barroso por fazer uma politica igual á da esquerda.A esquerda ataca o governo por não ter suficientemente aumentado os impostos.Eu critico por te-los aumentado e excessivamente.Espero te-lo esclarecido.
    Mas a situação é geral.Em espanha também a politica é identica á do PSOE.Em frança o mesmo.Nos EUA o mesmo. Quando algo é opaco ou pouco claro, não vou dizer que é transparente.Não peço intransigencia “liberal”.Nem podia, quando não existe ainda um minimo.sequer

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  39. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    19 Abril, 2013 22:31

    Quanto a se defende ou não politicas parecidas, bom, pode não defender a nacionalização das empresas, a ditadura do proletariado como fazem o pc e be,mas tem defendido, pelo que vejo neste post, uma politica assente na nacionalização fiscal dos rendimentos dos cidadãos.

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  40. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    19 Abril, 2013 23:12

    # anonimo : “É óbvio que neste blog nunca critiquei, pela simples razão de que raramente venho visitar os posts do blog…”
    .
    Nem neste nem no “O Insurgente”, os unicos onde o tenho visto comentar, não tão raramente como isso …
    Pelo menos quando eu comento vc sai frequentemente da sua discreção para insinuar que eu sou socialista por apoiar a politica do governo de PPC, que pode não ser um campeão do “liberalismo ultra” (explique isso à esquerda e até a uma certa direita social-democrata-cristã) mas que não é certamente de esquerda …
    .
    .
    # anonimo : “A esquerda ataca o governo por não ter suficientemente aumentado os impostos.Eu critico por te-los aumentado e excessivamente.”
    .
    Toda a gente sabe que não é verdade que a esquerda ataque este governo “por não ter suficientemente aumentado os impostos”. É precisamente o contrario. Tal como faz o anonimo. Basicamente e quase literalmente com os mesmos argumentos. Como ja tive a oportunidade de mostrar noutros comentarios.
    .
    .
    # anonimo : “Não peço intransigencia “liberal”.Nem podia, quando não existe ainda um minimo.sequer”
    .
    Sim, claro, vivemos numa economia completamente nacionalizada e planificada !….
    Pelo menos desde que o governo de PPC e a Troika chegaram ha 2 anos (o-tipo-ainda-mais-preso-na cadeira) !…

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  41. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    19 Abril, 2013 23:46

    # anonimo : “tem defendido, pelo que vejo neste post, uma politica assente na nacionalização fiscal dos rendimentos dos cidadãos.”
    .
    Não diga disparates com palavras rebuscadas mas sem sentido …
    O pais tem de por as suas contas em ordem e para tal tem de apertar o cinto … Trata-se da austeridade e o aumento de impostos é apenas um dos instrumentos possiveis … Não é possivel corrigir os desequilibrios sem sacrificios que afectam inevitavelmente os cidadãos … Sustentar o contrario é estar a vender ilusões !…
    Claro que é uma politica de emergencia para uma situação critica …
    Quanto mais depressa a situação for normalizada mais depressa se podera começar a reduzir impostos. De preferencia para niveis inferiores aos que existiam antes da crise actual. Sobretudo se entretanto se for avançando na reforma estrutural e diminuição do peso do Estado.
    Eu prefiro defender uma politica que da prioridade ao combate ao déficit publico e que ao mesmo tempo procura reduzir despesa publica de modo duradouro em vez de fazer o papel das Cassandras que juntam as suas vozes aquelas que são contra a austeridade e uma verdadeira reforma estrutural do Estado (que, como dizem os franceses, querem ter ao mesmo tempo a manteiga e o dinheiro que compra a manteiga).

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  42. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    20 Abril, 2013 00:57

    Talvez não seja assim tão grande o meu disparate Fernando,porque como admitiu,a soluição para diminuir o défice é sobretudo tirar mais rendimento aos portugueses,ao sector privado.Isso sim, é um disparate em ponto grande.Não nego a austeridade, alguma coisa tem de ser sacrificada,porque as contas tem de quadrar.Mas acima de tudo, a consolidação deve ser feita através da redução do estado,e não através do esmiframento da rendimentos.Ou seja,os instrumentos fiscais não devem ser usados,pura e simplesmente.Um doente obeso,não tem de comer mais: tem de reduzir sim a sua gordura.E o governo durante 2 anos mostrou não ter vontade de mudar de direcção politica(como Medina Carreira ainda esta semana disse , e bem),só acordando para essa realidade depois de uma sentença do TC.É que já vimos que sem o recorte de gasto,a “normalização” não passa de um nome técnico para Godot,ou um D Sebastião.Como se em Portugal alguma coisa tivesse sido reduzida depois de aumentada..
    Não me oponho á austeridade, nem eu, nem o LuisFA.Mas tem de ser focada na redução do Estado,o qual o Governo tem tratado com pézinhos de lã

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  43. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    20 Abril, 2013 01:04

    a sua solução*

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  44. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    20 Abril, 2013 09:14

    anonimo,
    Voce diz que não é contra a austeridade mas logo a seguir diz que não se deve “tirar mais rendimento aos portugueses”. Isto é desde logo uma contradição nos termos. Como é que se pode ter austeridade sem diminuição do rendimento dos portugueses ?
    Voce responde que a austeridade deve ser feita apenas pelo Estado e não pelos privados (bom, os funcionarios publicos também são portugueses, mas passemos adiante !…).
    Desculpe-me a franqueza, mas isto é de quem não faz a minima ideia de como funciona um pais e uma economia… Não são construções mecanicas que se montam e desmontam ao nosso bel prazer.
    Desde logo, estamos numa situação de emergencia, temos de tomar medidas que produzam efeitos a curto prazo. Não podemos estar à espera que o nosso Estado emagreça o suficiente para equilibrar as contas e pagar as dividas. Isto é algo de complexo e que leva tempo. Muito antes disso os nossos credores cortam-nos o financiamento, a nossa economia entra em colapso, a crise em que o pais vive torna-se ainda mais grave. A reforma do Estado e a redução do seu peso é um objectivo fundamental. Fundamental para ultrapassar os desequilibrios das finanças publicas e do pais de forma duradoura. Fundamental para tornar a sociedade mais justa e eficiente. Mas é um objectivo de fundo que leva o seu tempo a realizar. No curto prazo é impossivel cortar o suficiente nas despesas para combater o déficit. Por isso é inevitavel e indispensavel que os portugueses, todos os portugueses, incluindo os do privado, que são o maior numero, façam tembém sacrificios, nomeadamente suportando aumentos de impostos.
    Mas é também um engano pensar que os cortes nas despesas e investimentos publicos não afectam os rendimentos e as condições de vida dos portugueses, incluindo os do privado. Menos despesas afectam as prestações do Estado, dos serviços publicos em geral, do “Estado Social” em particular (pensões, subsidios, saude, educação, etc). Menos despesas e investimentos afectam a economia dos privados, empresas e familias que são fornecedoras de bens e serviços ao Estado e aos funcionarios publicos (cujo rendimento é necessariamente afectado pelos cortes nas despesas). A austeridade feita pelo Estado até agora, que ao contrario do que o anonimo diz até é importante, explica uma grande parte das dificuldades dos cidadãos, das empresas, o desemprego, a diminuição do consumo, etc, e é uma das causas principais do agravamento da recessão. O que é certo é que, com os cortes nas despesas publicas, os rendimentos dos portugueses em geral, incluindo os privados, são também reduzidos.
    Os cortes nas despesas e investimentos publicos, para além de afectarem os rendimentos dos portugueses, afectam também as respectivas condições de vida. Em particular, naquilo em que estas dependem, directa e indirectamente, das prestações do Estado e dos serviços publicos. Isto vai das estradas e infraestruturas publicas que utilizamos gratuitamente ou quase até à saude e à educação “tendencialmente” gratuitas passando pelas reformas, a assistencia social, a segurança, etc, etc. O Estado portugues é certamente uma maquina excessivamente pesada e cheia de despedicios, insuficiencias e injustiças. Deve ser reformada e substancialmente redimensionada. Mas é também verdade que o seu crescimento ao longo das ultimas duas a tres décadas melhorou consideravelmente as condições de vida de grande parte dos portugueses. Negar esta realidade, que os mais velhos percebem bem, é ideologia. O problema é que o Estado que temos custa muito caro e o pais não tem os meios necessarios para tal, por mais que se aumentem os impostos (e como não foram suficientemente aumentados para pagar o Estado que temos, aumentou-se o endividamento público até niveis insustentáveis).
    De resto, até por todoas estas razões, a necessidade de todos os portugueses, pelo menos aqueles que mais podem e na medida do possivel, participarem da austeridade, é até uma questão de justiça. A ideia de que foi apenas o Estado portugues que viveu e vive acima das possibilidade do pais é uma inverdade. Em primeiro lugar porque, como referi acima, os portugueses em geral também tiraram partido directamente dum Estado gastador e omnipresente. Em segundo lugar, e sobretudo, porque os gastos excessivos do Estado passaram para a economia, representaram mercados e rendimentos para muitas e muitas empresas, para muitas e muitas familias, para muitos e muitos portugueses. Foi efectivamente o pais no seu conjunto que viveu acima das suas possibilidades. Agora é o pais no seu conjunto que tem de pagar a conta.

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  45. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    20 Abril, 2013 11:14

    Fernando S, expliquei-me mal, e eu culpo-me por isso.É verdade que uma grande parte da despesa é gasto social, sem dúvida.Mas uma coisa é o rendimento que o estado dá via prestações sociais, que tem de ser erradicado,bem como os cargos de funcionarios publicoss,outra coisa, é o dinheiro que cada trabalhador ganha na sua empresa privada.E tenho muito claro que quem está em excesso é o setor público: é este que deve ser redimensionado, reduzido, e não os privados.E estes devem ser privilegiados face ao público
    Ao contrário de si, não vejo nenhuma complexidade na reforma do estado, isto é, ela pode perfeitamente ser feita no curto prazo(e vamos ter que a fazer no curto prazo agora !)como já devia ter começado há 2 anos,reitero.Por Sinal,pelo menos é bem menos complexa e menos incompreensiva do que o aumento de impostos.Quem não teve em conta o tempo ou a complexidade das sociedade foi o governo, e pelos vistos o Fernando também,escolhendo mais do mesmo,e tendo dado mais relevãncia a esta opção em detrimento da despesa..Esse discurso acaba por assemelhar àquelas vozes de que é impossível cortar 4 mil milhões,ou dos que pedem mais tempo.Era ai que devia haver vontade e coragem, e não no aumento violento de impostos.E por último, o governo existe para governar e servir a pátria, não para se vingar ,castigar ou ajustar contas com o povo português.O principal culpado é o Estado, e é aqui que tem de se resolver.Faz-me lembrar o tratado de versalhes em 1917 quando a Alemanha foi condenada a pagar pela I Guerra Mundial

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  46. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    21 Abril, 2013 14:31

    anonimo,
    .
    Não se desculpe, explicou-se muito bem. O problema é não perceber que as despesas e investimentos do Estado não são “comidos” pelo Estado, passam para a sociedade e a economia, incluindo o sector privado naturalmente, não apenas através dos vencimentos e prestações sociais, não apenas através dos serviços publicos às familias e empresas que são gratuitos ou abaixo do custo, mas também através das encomendas do Estado a fornecedores de bens e serviços a empresas e familias, todas do sector privado. Tudo isto é poder de compra transferido para a sociedade e que, em ultima instancia, chega todo ao sector privado. Os rendimentos do sector privado, as receitas e resultados das empresas, as remunerações dos trabalhadores, dependem em grande medida dos gastos do Estado e do seu pessoal, ainda mais numa economia, como a nossa, em que o Estado tem um peso e um papel muito grande. O volume de actividade do sector privado depende assim da dimensão (e da qualidade) dos gastos do Estado. No caso português, a politica despesista e de endividamento externo excessivo do Estado acabou por favorecer o desenvolvimento de actividades económicas diversas, sobretudo no sector dito de bens e serviços não transaccionáveis virado para o mercado interno. As empresas e profissionais destes sectores beneficiaram de um mercado protegido, de subsidios directos ou de contexto, de preços de venda mais elevados, de melhores margens, e puderam por isso distribuir melhores rendimentos e pagar salários mais elevados. Além de que as empresas e familias do sector privado em geral acabaram também por beneficiar da existência de serviços públicos gratuitos ou abaixo do preço de custo. Claro que o sector privado não beneficiou todo da mesma maneira e ao mesmo nível. Certos sectores e categorias foram inclusivamente penalizados por alguns dos efeitos deste tipo de desenvolvimento. Foi em particular o caso dos sectores de bens transaccionáveis, os quais, para além de suportarem os custos duma fiscalidade pesada, foram discriminados negativamente pelas politicas públicas e sofreram a concorrência “desleal” do gigantesco sector público e dos sectores não transaccionáveis mais beneficiados. Nomeadamente, tendo mais dificuldade no acesso ao crédito e sendo obrigados a pagar a preços mais elevados os factores de produção, incluindo a mão-de-obra, sobretudo a qualificada, para conseguir captar uma parte para as respectivas actividades. Houve portanto diferenças. Pelo menos no que se refere a remunerações e beneficios, mais os funcionários públicos do que os assalariados do privado. No privado mais certos empresários e trabalhadores do que outros. Mas, mesmo assim, globalmente e em média, a relativa abundância de meios acabou por beneficiar uma parte muito significativa da população, tanto a ligada e empregue pelo sectore público como a do sector privado. É dificilmente compreensível que não se reconheça que os portugueses enriqueceram nas ultimas 2 a 3 décadas e que uma parte importante desta melhoria foi conseguida à custa do aumento do endividamento nacional, sobretudo através do sector público (déficits crónicos elevados) mas também por via do sector privado (Bancos, empresas, crédito ao consumo, crédito imobiliário, etc).
    Assim sendo, é verdade que, muito embora a generalidade dos cidadãos deva ser chamada a contribuir para o esforço colectivo, esta contribuição deveria ser diferenciada de acordo com o nivel de beneficios que cada um teve em resultado do despesismo e endividamento excessivo do Estado. Isto seria o ideal em termos de justiça. Mas não é possível pôr em prática, para mais em pouco tempo, sistemas e mecanismos de discriminação individual desta natureza. O melhor que se pode fazer é alguma discriminação entre algumas grandes categorias de cidadãos. Em primeiro lugar e sobretudo, entre, por um lado, os funcionários públicos e os pensionistas e, por outro lado, os trabalhadores do sector privado. Foi o que o governo actual tentou fazer. Mas, infelizmente, não pôde nem pode ir muito longe nesta via porque, como se sabe, as oposições e resistências são grandes, sobretudo no plano institucional (os famosos “chumbos” do Tribunal Constitucional). Esta situação acabou por forçar o governo a limitar os cortes nas despesas publicas com vencimentos e pensões e, para os compensar, a aumentar impostos, nomeadamente sobre o sector privado. Ou seja, com mais ou menos sucesso, o actual governo até tem procurado preservar ao máximo os rendimentos do sector privado, empresas e trabalhadores, pedindo mais aos funcionários e pensionistas.
    .
    Não me surpreende que o anonimo “não veja nenhuma complexidade na reforma do Estado” e ache “mais complexo” aumentar impostos. É este seu simplismo e inversão da realidade que explica que, por um lado, acredite que as despesas publicas podem ser cortadas rápidamente e sem inconvenientes maiores para a economia e para os cidadãos e, por outro lado, que não perceba que é mais fácil, mais rápido e menos complicado aumentar impostos para fazer face a uma situação de emergência nas finanças públicas.
    .
    Mais uma vez o anonimo mostra que está de má-fé quando diz que o meu discurso se assemelha ao dos que dizem “que é impossivel cortar 4 mil milhões, ou [] pedem mais tempo.” É precisamente o contrário. Ao contrário do anonimo, que continua a fazer o papel das Cassandras, eu sou dos que apoiam o actual governo na sua vontade de levar a cabo este corte, acordado com a Troika, num curto espaço de tempo, na medida do possivel ainda em 2013, e de continuar a cortar adicionalmente na despesa permanente nos anos seguintes. O anonimo continua a desvalorizar o facto do governo procurar realizar estes objectivos contra fortes críticas e oposições assim como continua a menosprezar o facto objectivo e indiscutivel que é o actual governo já ter cortado as despesas públicas em mais de 10 mil milhões de Euros, em apenas 2 anos (algo que não tem nenhum precedente na história do nosso país e que constitui uma inversão completa relativamente aos governos anteriores, que aumentaram sempre a despesa pública).
    Claro que alguns milhares de milhões de Euros de cortes nas despesas públicas, por mais importantes e drásticos que sejam, não são ainda suficientes para evitar outras medidas de austeridade nos próximos tempos.
    Claro que a reforma estrutural do Estado vai ainda no principio e tem de ser continuada ao longo dos próximos anos.
    .
    Divergências à parte sobre o grau de eficiência das diferentes opções de politica em cima da mesa, sempre legítimas e discutiveis, a sua conclusão de que o governo actual se determina nestes assuntos sem a preocupação de “servir a pátria” mas antes “para se vingar, castigar ou ajustar contas com o povo português” é perfeitamente absurda e disparatada !
    Como é completamente disparatado o paralelo que faz com a matérias das “compensações de guerra” no Tratado de Versalhes depois do fim da I Guerra Mundial (em 1919 e não em 1917, altura em que a guerra estava ainda em curso) !

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  47. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    21 Abril, 2013 17:27

    Fernando
    Simplesmente não alinho em facilitismos e continuismos(e já lhe explicarei porque até acho que as pessoas iriam gostar mais de uma redução de despesa do que os actuais aumentos de impostos).Aumentar impostos como o Fernando apoia,é apoiar a solução do passado,que nunca resultou.Acredito na mudança de politica e não na continuidade neo-socialista, com maior ou menor grau.Estou mais próximo do que por exemplo o LuckyLucky diz.Aproveito para dizer que essa aula supostamente mais liberal do PSD, apoiou em tempos o Tgv e outras politicas despesista de Sócrates!
    Eu até concordo em parte com o diagnóstico,e para sua informação sei disso tudo o que Vc disse mas o erro está sobretudo no excesso de estado, no excesso de gasto publico, de funcionários.E as reduções de impostos compensariam certamente o grande corte de gasto publico.É preciso portanto eliminar essas transferências e essas benesses.E se pensarmos sempre “na perda que irão sofrer devido a esses cortes” então ai estaremos sempre a adiar, a adiar, até á desistência total.Assim não se faz nada.Porque, com tempo e mais tempo acaba por servir para não se fazer nada
    Sim,acho que as pessoas iriam gostar mais de ter menos impostos,mais mercado liberalizado,mais emprego dai gerado,do que a actual situação de socialismo fiscal.Pelo menos só vejo é razões para ser menos complexo.E mesmo que fosse mesmo dificil faze-lo.
    O corte de despesa foi pouco significativo até agora.Não é uma questão de ignorá-lo,mas simde que foi muito escasso face á maior insistência na voracidade fiscal,onde inclusivel houve entusiasmo! Comparar com os piores não é abonatório.

    Disparate? Não: Pura Realidade em que vivemos

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  48. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    21 Abril, 2013 17:33

    Adenda: Eu também apoio o corte de despesa que o governo está a preparar, e só peca por tardio! 2 anos a olhar para o céu.

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  49. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    21 Abril, 2013 19:01

    anonimo,
    A sua perspectiva é irrealista, demagoga, inconsequente.
    O anonimo diz que está em parte de acordo com o diagnostico mas não tem minimamente conta dele nas suas conclusões.
    É muito fácil falar de grandes e rápidos cortes nas despesas públicas e ser-se contra o aumento de impostos. Demagogia !
    O Estado duplicou em cerca de 4 décadas e agora deveria corrigir-se tudo no espaço de poucos meses ou anos ?.. (sim, meses, porque você começou a dizer que era pouco desde o principio).
    Quanto a ser contra o aumento de impostos, defende exactamente a mesma coisa que toda a esquerda, sem tirar nem pôr.
    A sua postura é politicamente inconsequente : você diz que é pela redução das despesas públicas mas passa o tempo a criticar o primeiro e único governo que reduziu despesa e nunca critica aqueles que se opõem ao governo dizendo que a despesa não deve ser reduzida.
    Normalmente, você deveria ser um apoiante critico do governo. Eventualmente muito critico, mas apoiante. Ora, na verdade você é apenas critico, muito critico, sem reservas nem qualquer condescendência, e nunca apoia nem reconhece a utilidade de qualquer medida do governo (apenas intervem para dizer que é pouco, que é tarde, que não acredita, que não vai servir, que vai falhar, que é pior que Sócrates, etc, etc). No fim de contas, acaba sempre por juntar a sua voz àqueles que à esquerda desejam e fazem tudo para evitar mais austeridade, mais cortes nas despesas públicas e mais aumentos de impostos.
    Parafraseando o velho Lenine, com a devida conversão para o seu caso e salvaguardando todas as diferenças e proporções, o anonimo sofre de uma espécie de “doença infantil do liberalismo” !
    Boa noite e uma boa semana !

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  50. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    21 Abril, 2013 23:41

    E o Fernando, tem uma contradição muito curiosa: considera que tem de haver “moderação e bom senso” na reforma do estado porque muita gente vive á conta do estado e isso ia causar dor, mas já não se importa de aumentar impostos a torto e a direito,que sufocam pessoas que vivem do público e não só! Acha mesmo que sofrer aumentos de impostos como se sofreu é mais doce e suave é isso? Não é.É mais dificil..E sendo assim, se é possivel aumentar impostos neste espaço de tempo, então também é possivel descer a despesa no mesmo timing.
    A questão é a seguinte: a questão que o Fernando coloca aqui tem um grande problema: é uma não-questão.Basicamente, como já foi referido em muitos meios(no blog Insurgente) o governo cortou uns peanuts,algo relativamente diminuto e fácil.Faltou a despesas estrutural.No balanço geral acaba por ficar muitissimo aquém do que era necessário.E sobretudo,a questão principal é que a consolidação,ao contrário do que sempre foi defendido pelo PSD, foi baseada nos aumentos da carga fiscal.Sobretudo isso.Sobre a oposição de esquerda,eu utilizaria uma expressão que você utilizou muito bem:é uma polémica para inglês ver,na realidade sem nenhuma razão de ser,porque o governo sobretudo utilizou aumentos de impostos.Tal como os partidos de esquerda na Europa utilizaram já.Tal como o Partido Socialista utilizou.Porque isso não vem de agora: já aconteceu o mesmo em 2002.Aconteceu o mesmo quando ganhou o PS em 2005.E voltou a acontecer agora.Portanto as criticas que a esquerda faz são baseadas numa mentira,são completamente estéreis.A oposição é uma mentira politica. E o governo,por razões ligadas ao Passado,e ao presente, mostrou não ter tido vontade nenhuma de querer reduzi-la também(.Portanto com maior ou menor grau,no fundo só mudámos de partido,mais nada.A questão é mesmo ideológica Fernando.
    Quantos aos aumentos de impostos, recordo-lhe que quem imitou muito bem o que Sócrates fez em 2005 para reduzir o défice, foi o PSD,aumentando impostos,Quem defende aumentos de impostos para diminuir o défice tem sido sempre a esquerda, pelo contrário o PSD e o CDS protestaram, auto-intitulando-se partido do contribuinte! Se calhar a situação de quem está mais á esquerda não é bem a que contou
    E comecei por ser um apoiante critico, tanto que votei no partido em 2011, dei confianção aos primeiros aumentos de impostos em 2011, mas confesso-lhe que no ano passado,houve limites ultrapassados.A politica do governo ficou mais do lado de lá(do passado) do que da mudança(podia até ser minima, mas o essencial ficou por fazer e mostrar),ou seja, neste momento, e tal como sempre foi, votar ps ou psd é votar no dupond e no dupont..Eu não apoio governos nem partidos fernando. Acima de um partido tenho uma ideologia.Sou um cidadão independente.Chame-me radical, purista, mas privilegio os principios e a verdade na politica,ao contrário de muitos.Se o governo implementar politicas com as quais esteje de acordo,eu aplaudirei,como é o caso desta reforma de estado que estão a preparar.Com as quais estou de acordo, esperando eu que finalmente o governo faça uma viragem.rumo á liberalização da economia.
    Antes sofrer de “doença do liberalismo” do que apoiar uma continuidade com disfarçe.

    Boa Noite e Boa Semana igualmente

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  51. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    22 Abril, 2013 08:21

    anonimo,
    .
    Eu considero que tem de haver “moderação e bom senso” em todos os aspectos.
    “Moderação” na reforma do Estado e no corte das despesas. Mas sou por. Faço parte dos portugueses que são por e, por isso mesmo, apoio e aplaudo os cortes que o governo actual fez e preve continuar a fazer. Desejo que avancem o mais depressa possivel mais sei que numa sociedade complexa e fragil como a nossa não se pode ir a eito. O governo actual tem sido fortemente criticado por fazer cortes “cegos”. Pelo meu lado, tenho respondido aos que fazem esta critica que, mesmo com moderação, é inevitavel cortar. Mesmo aqui no “Blasmfémias”. Nunca o vi a si confrontar-se com estas criticas. O anonimo não mexe um dedo para defender os cortes nas despesas contra aqueles que os criticam. A sua unica preocupação é criticar a “moderação” dos que os defendem.
    “Moderação” no aumento de impostos. Que apenas devem acontecer no estritamente necessario para ir tapando os “buracos” que subsistem apesar dos cortes nas despesas e enquanto não se for mais longe. Não vejo onde é que os aumentos de impostos levados a cabo pelo governo actual são “a torto e a direito” e insuportaveis. Os portugueses com rendimentos mais baixos teem sido poupados. A queda no rendimento médio em resultado da austeridade, onde se inclui o aumento de impostos, fez-nos recuar cerca de uma década, até ao inicio dos anos 2000. Que eu saiba, naquela altura os portugueses não viviam na miséria e desesperados. Não é verdade que, no contexto actual de crise das finanças publicas, o aumento de impostos noutros paises da Europa tenha sido feito apenas por governos de esquerda. Foi feito por todos os governos. Por todos os governos de direita. Foi feito em todos os paises com problemas sérios nas finanças publicas, sem excepção : na Islandia, na Irlanda, na Espanha, na Italia, na Grécia, em França, na Letonia, na Lituania, etc, etc. Em lado nenhum a consolidação orçamental foi feita ou esta a ser feita sem aumentos de impostos, nalguns casos bem mais importantes e brutais do que em Portugal.
    Não é verdade que em Portugal a consolidação orçamental esteja a ser feita unicamente ou principalmente com base em aumento de impostos : até ao final de 2012 as medidas do lado da despesa representaram 62% do total do esforço de consolidação orçamental. Mas mesmo que fosse menos e que o aumento de impostos tivesse sido ainda superior. O que conta é que é indispensavel uma dosagem entre medidas do lado das despesas e medidas do lado das receitas. Trata-se de uma perspectiva completamente irrealista e insensata pensar, como faz o anonimo, que o esforço poderia ter sido feito em pouco tempo apenas ou quase exclusivamente do lado da despesa.

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  52. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    22 Abril, 2013 08:34

    anonimo : “Quem defende aumentos de impostos para diminuir o défice tem sido sempre a esquerda,…”
    .
    Não é verdade.
    A esquerda, tal como o anonimo, é contra qualquer aumento de impostos. Quando muito, uma esquerda mais ortodoxa é favor de mais impostos para os mais ricos e para algumas grandes empresas (Bancos, etc).
    A esquerda em geral, e em particular o PS, acha que o déficit pode ser reduzido sem austeridade, sem cortes nas despesas e sem aumentos de impostos. Antes pelo contrario, defendem mais “Estado Social”, mais investimento publico, menos impostos sobre as familias e as empresas. Mas isto não vai agravar ainda mais o déficit e aumentar o endividamento ja tão alto ? Acham que não, que sem austeridade a economia vai crescer e, consequentemente, as receitas fiscais vão aumentar, o suficiente para reduzir o déficit e o endividamento. No que se refere à relação entre os impostos e o déficit a argumentação da esquerda é exactamente a mesma que tem o anonimo.

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  53. JCA's avatar
    JCA permalink
    22 Abril, 2013 08:42

    .
    Bom, das duas uma,
    .
    OU de facto o objetivo politico é cortar nas despesas,
    .
    OU então o objetivo ideologico é fechar serviços na Educação, Saude, Pensões e a birra de acabar com os subsidios de natal e de férias com os quais muitas PME´s e o Turismo estão articulados para não terem prejuizos anuais.
    .
    Se como dizem o objetivo é cortar despesas então o que vale e funciona é um corte transversal de cerca de 2% a 3% em todas as despesas do estado, incluindo vencimentos e pensões acima por exemplo de 1.000 € / mês.
    .
    O resto é uma trapalhada completa em que continuam a empobrecer quer os Cidadãos quer o Estado. A prova está à frente dos olhos de todos. Até meados de 2030 é sempre a empobrecer. E não pode ser. Sinal encarnado
    .

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  54. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    22 Abril, 2013 08:54

    anonimo : “neste momento, e tal como sempre foi, votar ps ou psd é votar no dupond e no dupont..”
    .
    Se “sempre foi” porque é que votou no PSD no passado ?… Bom, passemos …
    Esta sua afirmação mostra perfeitamente o radicalismo da sua posição.
    Esta baseada num pressuposto errado : a de que o actual governo não cortou despesa.
    É politicamente inconsequente porque o coloca fora do verdadeiro confronto politico actual na sociedade portuguesa.

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  55. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    22 Abril, 2013 09:08

    JCA : “Se como dizem o objetivo é cortar despesas então o que vale e funciona é um corte transversal de cerca de 2% a 3% em todas as despesas do estado, incluindo vencimentos e pensões acima por exemplo de 1.000 € / mês.”
    .
    Isto é que seria mesmo um corte “cego”.
    De qualquer modo insuficiente a curto prazo.
    .
    .
    JCA : “O resto é uma trapalhada completa em que continuam a empobrecer quer os Cidadãos quer o Estado. A prova está à frente dos olhos de todos. Até meados de 2030 é sempre a empobrecer.”
    .
    Mas o ajustamento da economia portuguesa passa necessariamente por um “empobrecimento” do Estado e dos portugueses !… Não ha outra maneira de por o pais a gastar apenas aquilo que pode gastar ! A ideia de que seria possivel ajustar sem austeridade, sem recessão, sem empobrecimento, é incompreensivel, impraticavel, uma verdadeira ilusão que quanto mais perdurar e condicionar o processo em curso mais cara vai ficar para os portugueses !
    Não creio que o pais tenha de “empobrecer” “até meados de 2030” (porque “meados” ?!… não importa !).
    Não faço ideia de quanto tempo tera de durar o ajustamento e, em particular, a fase de austeridade e empobrecimento. Vai depender sobretudo da evolução do processo politico em Portugal e da situação da economia europeia e mundial. Mas acho realista e razoavel pensar que, se não forem feitas grandes asneiras, a fase de recessão e estagnação termine dentro de uns 2 a 3 anos e que de seguida a economia volte a crescer. Se assim for em 2030 os portugueses poderão até ja ter recuperado e ultrapassado o nivel de riqueza anterior ao inicio da crise actual em 2008-2009.

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  56. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    22 Abril, 2013 11:08

    Ó problrma Fernando, é que os aumentos de impostos aqui em Portugal e o recurso a esta arma ultrapassou todos os limites da bom senso, pelo contrário, houve um radicalismo extremista nesta matéria,nada relacionado com qualquer moderação ou bom senso,! Já lhe expliquei que não é costume eu comentar aqui.As criticas da esquerda não tiveram razão em toda a legislatura.Não sei o o que é”cidadãos com baixos rendimentos” mas sei o que é a classe media que e o grosso social da população portuguesa e sei que houve aumentos de iva e irs gigantes.E só não houve do imi e tsu porque não calhou.O facto de outros paises estarem a fazer o mesmo só confirma o que o grande Hayek dizia: os socialistas de todos os partidos.Esse problema é.. surreal.A esquerda fala num governo ultraliberal, mas o que o governo fez de liberal ou ultraliberal foi bastante pouco,pelo que tenho visto.É uma não-questão até. O ponto é o seguinte: havendo muitas perspectivas para analisar o desempeno do governo, a verdade é que em termos gerais, a politica de consolidação orçamental deste governo,tirando algumas despesas conjunturais que cortou(relativamente faceis de cortar) é a mesma do governo anterior baseada em aumentos de impostos.O meu objetivo e a razão pela qual votei neste partido foi a esperança numa politica diferente, nova, que mudasse o pais para sempre, e não esta semi continuidade,e decidi dar o chamado tiro no escuro.Pelos vistos fui enganado.Pelos vistos o dupond e o dupont existem..Não disse que não tinha havido um unico corte de despesa.Digo é que este foi muito escasso , comparado com a chuva de impostos que nos caiu em cima,e que não devia ter sido assim.No fim de contas, a diferença entre este governo e a esquerda acaba por ser minima.É esse o meu ponto.Se se sente satisfeito, óptimo, está no seu direito.Mas eu não estou,sorry
    Quanto á esquerda e aos impostos, o que os factos dizem é que os adeptos de aumentos de impostos na Europa em sido os partidos sociais-democratas,e aqui em Portugal a mesma coisa: o PS em 2005 aumentou impostos,e foi assim também em 2010 e 2011,que foram condenados pelos partidos da direita.Vi também Sócrates a dizer que baixaria os impostos se o défice na altura fosse reduzido,contra o que dizia o PSD. Portanto o que a esquerda diz, não corresponde ao que fez no passado.O que a esquerda não gosta é dos muito parcos cortes no gastos,e não dos impostos.

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  57. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    22 Abril, 2013 17:28

    Ah e queria salientar uma coisa: na verdade,o problema do qual a esquerda se tem queixado é inexistente.Era necessário o governo ter cortado desde o inicio e não agora, tarde e a más horas,despesa estrutural.Pelo menos ter começado a reforma quando tomou posse.Era preciso que essa questão de os cortes de que o Fernando fala ser verdadeira.Ressalv0 que daqui para a frente as coisas possam ser diferentes, que o governo corte despesa, que baixe impostos , que em vea de aumentar o financiamento,ajuste os gastos.Se acha necessário ou esteja satisfeito de pagar mais impostos,isso é consigo,e respeito-o.Mas eu .. not turning.Digo não

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  58. JCA's avatar
    JCA permalink
    22 Abril, 2013 18:15

    .
    Cortes cegos e a eito: os aumentos do IVA, aumento da idade de reforma, formulas de calculo do valor das reformas, aumentos do IRS,cortes de subsidios natal etc. E foram feitos.
    Qual é então o problema dum corte de 2%-3% transversal em todas as despesas do Estado ? Concertezaos Empregados e Empregadores não estariam como estão. O Tecido Empresarial não teria sido derrubado como tem sido. Sequer as receitas do Estado teriam desabado.
    .
    Sobre o porquê de com o menu de medidas a eito escolhidas pela Governança sobre todos os Cidadãos só lá para meados de 2030 se sairá da crise: ciclos de Kondratieff.
    .

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  59. JCA's avatar
    JCA permalink
    23 Abril, 2013 12:47

    .
    Ouvido, dizia o Graveto no café,
    .
    essa do Banco de Fomento é o herdeiro do BPN e do BPP ……
    .
    e mais dizia a gajada do ‘inside information’ até se arrepanha toda para mamar algum. Até pede eleições antecipadas. E alem dos 6 mil milhoes há uns miles de milhoes à espera nessa coisa disponivel de financiamentos à Banca, parece que 12 mil milhoes que os Bancos só sacaram uns trocos, o resto a seu tempo os do Banco de Fomento vão BPNinizià-los, tudo rapaziada que vive do Estado, FP ou das EP’s,
    .
    assim falava o Graveto,
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    considerei isto uma blasfémia, nova ou velha. Se ‘assim é’ é uma ganda jogada mas não mete golo, só penalty.
    .
    Entretanto e esta já é minha, o tapete das autarquicas está-se a fazer agora, a que pode derrubar o Governo. Mas quando se pedem eleições antecipadas dum Governo que em pequenas àreas funciona magistralmente, a Saude aliás parece-se que a unica dum Ministro que ataquei em tempos idos quando andou pelas Finanças,
    .
    o resto é o habitual salvo o subsolo Português já ter sido despachado à surrelfia no meio de ‘crises&austeridades”, Conada e Cª Lda.
    .
    E dá bronca da grossa. Surge que estão a condenar Portugal a ser o Cavalo de Troia da Helena Merkal..
    .
    Não se esfarrafem, o ‘destino’ está traçado mas está a deixar pelo caminho muitos desgraçados, empregados + funcionarios publicos + empregadores,
    .
    a tal ponto que o Conselho de Ministros excepcional, ora em curso, melhor seria dormir mais umas noites a falar com a traverseiro para ver se atina. E há coisas que nem há mulher nem à amante se dizem, falam-se só com o traverseiro
    .
    Por mor, nada será resolvido. Só pioram o que pior já não pode ser. O caminho está errado. E a fatura vai ser ‘sanguinárie’.

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  60. anonimo's avatar
    anonimo permalink
    24 Abril, 2013 16:18

    Nem neste nem no “O Insurgente”, os unicos onde o tenho visto comentar, não tão raramente como isso …”
    Sinceramente deve-me estar a confundir com outro! Lá saberá do que está a falar..Raramente comento blogs meu caro.Raramente.Mas o que acha ou não acha é me irrelevante

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