“Onde é que você está”, depois do 25 A?*
Há uns anos atrás, Baptista Bastos ficou célebre com a questão “onde é que você estava no 25 de Abril”? O jornalista, autor e, sobretudo, naquele contexto, o entrevistador, ter-se-á inspirado em algumas justificações defensivas de algumas personagens da nossa (e, por conseguinte, da do 25 de Abril) História recente. Recordo-me de alguém que chegou, no período conturbado do PREC, a ser Presidente da República, dizer que, naquela noite, estava numa urgência hospitalar, acompanhando um familiar, justificando, dessa forma, o facto de não ter sido notada a sua presença no palco lisboeta das operações.
Ora, a questão, hoje em dia, já não será tanto a de se saber onde estávamos no 25 de Abril de 1974, mas sim onde estamos hoje, no cenário político da nossa democracia e da Liberdade que devemos à “revolução dos cravos”. Suponho que compreender isto – onde estamos e, sobretudo, onde deveríamos estar – será, agora, o mais importante. Sobretudo quando cerca de metade da população portuguesa já terá nascido após 1974 e desconhece, em termos de experiência de vida, a guerra colonial, o Estado Novo, a censura e a ditadura e demais diatribes anacrónicas e opressoras da nossa existência individual e coletiva. Onde estamos, então, hoje? Estamos mal, muito mal financeira e economicamente, amputados de parte significativa da nossa autonomia (intervencionados e subordinados, em termos de decisão política de governação, à “troika” e ao seu programa) e, principalmente, desnorteados e desiludidos. Por exemplo, com a política e com os políticos e as nossas Instituições que nos foram devolvidas pelo 25 de Abril, generalizando, muitas vezes em busca de bodes expiatórios, tudo e todos. Mas não falemos do que é óbvio. Concentremo-nos em alguns aspetos que podem servir de amostra do nosso estado (e, por conseguinte, de balanço parcelar e à data de hoje, do 25 de Abril). Prestemos atenção, por exemplo, ao Índice Sintético do Desenvolvimento Regional, publicado recentemente pelo INE que mede o estado da competitividade, da coesão territorial e da qualidade ambiental do País. Analisa Portugal a partir de 30 sub-regiões e demonstra aquilo que é, também, uma evidência politicamente incómoda e ignorada por todos os decisores, desde Abril de 1974: temos um país litoralizado, centralista e territorialmente bastante injusto e nada democrático. Aos 3 “D’s” do programa do 25 de Abril (Descolonização, Democracia e Desenvolvimento) faltará acrescentar, hoje em dia, um outro NÃO cumprido: o da Descentralização que é condição necessária do “Desenvolvimento”. Por aí não houve 25 de Abril!
* Grande Porto – Semanário, 26.04.2013

“Onde é que você está”, depois do 25 A?*
É uma boa pergunta pois ainda não tinha reparado nisso.
Mas olhando com atenção…
Estou mais velho!
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não me venha com descentralização ,num país que não se governa nem deixa governar. Nos nossos dias ,esta terra de 10,500 milhões de almas ,é possível de gerir a partir do Brasil, de Angola ou de Bruxelas (pelos burocratas) e dispensava bem ,3 parlamentos ,3 governos,7 polícias,etc. Com um governador em portugal ,outro vice-governador na madeira (pode ser o Alberto joão),outro nos açores (pode ser o actual) e um poder local menos corrupto ,para as necessidades de próximidade,era suficiente .No caminho que vamos , já somos um protectorado,como parece que são dispensáveis eleições -vontade da troika/PR- estou a ver o futuro para os nossos flhos e netos. Existem alternativas : para isso a população tem de ser confrontada com a realidade ,querem ser nação independente ,ou querem que os outros nos sustentam,se for esta última ,quem paga manda.
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Entre Isaltino, Major Valentim, Felgueiras, Avelino (estes são só os que se sabe ou desconfia de crimes), passando por Santana Lopes, Menezes, Cardoso, indo acabar no vice-Rei da Madeira Alberto João, não me parece que descentralizar vá resolver seja o que for, e pode no limite trazer mais problemas.
Descentralização é para países civilizados.
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O 25 de Abril cada vez diz menos aos portugueses!
Basta ter ouvido as floristas que andavam ontem a vender os cravos.
Uma delas disse que o ano passado vendera 15 molhos (Não faço a mínima ideia de quantas unidades tem um molho !) e este ano já com a festa no fim vendera apenas pouco mais que um molho !|
Quanto a ela (Um cravo custava 1 euro ) não estava em causa a crise, mas sim o desinteresse pela data !
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Houve por ai 25 de Abril . Foi foi destruído pelos partidos do sistema e continua a ser destruído hoje por estes néscios. Encerramento de escolas, juntas de freguesia, centros de saúde, destruição agricultura, encerramento de estacões de ctt, encerramento de linhas ferroviárias interiores, destruicao industria agroalimentar, cerâmica, mineira, etc etc
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E’ facil saber onde os marcianos estao estao hoje.
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Exactamente onde estavam no Sec XIX……..
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Já passaram 7 dias e nem uma palavra sobre a negociata dos swaps no Estado lá pelas bandas do Arrastão.
R.
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A vontade de atingir padrões médios europeus no que diz respeito ao nível de vida levou os partidos no pós-25 de abril a lutarem. Alguma demagogia e a “exigência” partidária de vencer eleições levou a excessos.
Quem não se lembra da corrida para sair da cauda da Europa e, já nesse tempo, a loucura para se ultrapassar a Grécia? Era como se a Grécia fosse o vizinho do lado com um carro melhor do que o nosso. Um provincianismo medonho que persiste. Apesar de tudo, Portugal melhorou imenso, principalmente enquanto teve lideranças políticas mobilizadoras, com objetivos claros, embora nem sempre concretizáveis. Velhos tempos em que Soares dizia com verdade: “eu tenho uma ideia para Portugal”. E tinha. Era a social-democracia.
Hoje, depois de Santana Lopes e Sócrates, temos Passos Coelho que nem saberá muito bem o que é uma ideia.
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Portugal melhorou imenso, principalmente enquanto Não foi preciso o 25 de Abril para Portugal melhorar imenso. Portugal melhorou imenso em relação à Monarquia Constitucional. Em relação à República. Em relação à Ditadura Militar. Em relação ao Estado Novo. Achar que o “desenvolvimento” aconteceu ou foi “criado” pelo 25 de Abril é o mesmo que achar que não temos um Estado Corporativo tal & qual como o tínhamos durante o Estado Novo. A diferença? Hoje temos uma liberdade partidária que antes não tínhamos. Estamos mais integrados na Europa. Temos mais paneleiragem e o Portela já pode andar aos beijinhos.
VOLTA SALAZAR!!!!
R.
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Você usa um bigode à revolucionário e grita por Salazar, Rogério? Que incoerência. 😉
Não sei se “temos mais paneleiragem”. Hoje fazem é mais folclore.
—–
A questão é saber se seria possível continuar um regime sem “…uma liberdade partidária que antes não tínhamos…” e sem estarmos “… mais integrados na Europa”.
Não disse que anda a estudar? Um bom estudo implica liberdade de acesso e de discussão de todas as ideias. Acho eu.
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Não era possível continuarmos com o regime sem eleições partidárias. Ponto final.
Isso é senso comum, não é História nem opinião nem matemática.
Estado Novo sem Salazar é o mesmo que o Portela sem homens barbudos no quarto.
O Estado Novo (ao contrário do que a esquerda clama) não tinha uma “ideologia” como os Chicago Boys no Chile. O Estado Novo tratou-se mais de um arranjinho. A União Nacional foi o acalmar da pipoca. Afonso Costa foi galardoado numa prateleira em Angola. O Estado Novo (para lá do “rigor financeiro) foi um moldar de poder a um carismático(e zeloso) líder que se foi aguentando.
R.
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Fincapé… Portugal (e nós Portugueses) somos tão medíocres que nem para fascistas a sério damos!
Estou a lembrar-me daquela coleção do Expresso sobre o Exame Prévio. Sem regras e cegamente era cortado texto, simplesmente porque à falta de saber se sim se não, corta-se.
Não era censura.
Era porque não sabiam de sim se não.
R.
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“Portugal (e nós Portugueses) somos tão medíocres que nem para fascistas a sério damos!”
Um pequeno exagero, meu caro. Mas esses cadernos da censura publicados pelo Expresso despertaram-me o mesmo sentimento sentimento, embora conhecesse outras intervenções da censura até em jornais regionais que envergonhariam uma criança de seis anos… que tivesse vergonha.
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dass, agora tenho um aprendiz de salazarista que sonha comigo!
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Vitor Cunha publicou ontem aqui um post, que mostra a taxa de (de)crescimento do PIB per capita entre 1974 e 2011. Como se pode ver, vem sempre a descer. Mas se retirarmos os fundos comunitários que cá entraram entre 1990 e 2011, então desde meados dos anos 90 estaríamos com um permanente crescimento negativo, quer dizer, vivemos da caridade internacional há quase trinta anos. Esta é talvez a maior “conquista de Abril”: um país que não consegue sustentar os seus habitantes sem a ajuda externa. O resto é ideologia misturada com conversa fiada, que como sabemos, não põe a sopa na mesa.
Zeinal Bahva, CEO da PT, goste-se ou não dele, temos de reconhecer que sabe fazer contas, disse na semana passada que Portugal para sair do buraco onde está, precisa de ter durante vários anos, crescimentos de pelo menos 5% (CINCO PORCENTO)! Alguém acredita nesta possibilidade? então o melhor é começarmos a perceber onde é que estamos realmente metidos.
Está claro que os media calaram esta conversa politicamente incorrecta; é muito melhor pôr nas 1ªs páginas o João Semedo a dizer que a nossa salvação está num governo de esquerda, em que o BE esteja, e expulsar a troika, rasgar o memorando, e OBRIGAR os credores a perdoarem-nos metade da divida. Este Semedo deve ter sido moço de forcados quando era novo: um verdadeiro homem de barba rija!
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É engraçado, que a maior parte dos portugueses ainda não se deu conta que o 25/4/74 está precisamente igual ao simbolismo do 1º de Abril de cada ano !!!
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Ó Rafael Ortega,e os outros ? os Socras oa Linos os Soares os Almeidas os Coelhones que quem se mete com eles leva,etc.etc.etc
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Abrilóides de trazer por casa, leiam a biografia de Luiz Pacheco por João Pedro George, “Puta que vos pariu!”, nas páginas 67 a 71. Aí Luiz Pacheco relata os tempos em que trabalhou na Inspecção dos Espectáculos.
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