o dom da vidência
Sérgio Lavos é o meu esquerdista-caviar de eleição. Ele é, essencialmente e apesar da retória quase sempre inflamada, um enorme brincalhão, que gosta de nos divertir com as suas tropelias e comentários cheios de refinado sentido de humor. Eu leio-o quase diariamente, habitualmente pela manhã, para que o meu dia corra melhor e com boa disposição. Quase sempre resulta.
Hoje, o Sérgio excedeu-se na brincadeira: dedicou-me um longo texto, encimado com uma simbólica gravura esclavagista, no qual ele reescreve este meu post, para tirar a conclusão de que eu defendi nele que “os patrões possam utilizar os ordenados dos seus trabalhadores para gerir as contas da empresa”. Daqui até olhar “para o proletário… como um cavalo”, isto é, alguém que “não chega a ter o estatuto de ser humano”, vai um pequeno passo, evidentemente. E para a defesa da escravatura, também. O Sérgio, para além dos talentos de brincalhão já acima referidos, acrescentou, desta vez, o dom da vidência, já que ele leu e viu no meu post o que não está lá escrito. Excedeu-se e ultrapassou-se a si próprio.
Na verdade, há duas coisas escritas no meu texto, que ele poderá ler e comentar: que não se deve banalizar o Direito Criminal, transformando em crimes práticas que só num estado totalitário podem ter essa qualificação; e que, por vezes, em momentos de crise de uma empresa, para evitar o seu encerramento, não é despiciendo atrasar pagamentos, sejam de salários, sejam a outros fornecedores. Caso o Sérgio não saiba (e não deve mesmo saber) uma empresa não é um relógio suíço e nunca depende inteiramente de si própria, mas também de terceiros, que podem falhar compromissos e atrapalhar o seu funcionamento. Em momentos de grave crise económica, como é o que vivemos e ao qual se refere o post, isso é mesmo o dia-a-dia das nossas empresas. Obviamente que se a empresa não tiver salvação, as dívidas não se acumularão por muito tempo (os credores tratarão disso). Mas, em momentos de crise, alguns sacrifícios temporários não devem ser desconsiderados e, frequentemente, são assumidos por acordo entre patrões e empregados, que juntamente se sacrificam para evitar o pior.
Ora, considerar isto e só isto, uma defesa do esclavagismo, só mesmo o Sérgio Lavos conseguiria fazer. Para nos divertir, como quase sempre.

e tu passas cartucho ao LAVABOS ? es do bom tempo Rui A.
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Basicamente, o Sérgio Lavos tem razão.
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Tem razão porque ser de Esquerda é um absoluto que monopoliza o ter razão nesta vida. Bravo Grunho!
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O senhor Sérgio Lavos não sabe, porque provavelmente, como todo o Esquerdista que se preze, deve viver à conta do orçamento.
Para esses os recursos são infindáveis!
Nunca pararam para pensar de onde vem o ordenado ao fim do mês.
Nunca se preocuparam se o que produzem justifica o que ganham.
Nunca se interrogaram se os seus “direitos adquiridos” fazem falta ao resto dos contribuintes.
Nunca se interrogaram como vai ser o futuro dos filhos, que vão ter de pagar as dívidas acumuladas nas últimas três décadas.
Para quê, quando basta aumentar a dívida, os impostos e o desemprego??
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É o pensamento pré-agrário. A riqueza é uma variável exógena, que existe em quantidades infindáveis e cujo único defeito é estar mal distribuída.
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Eu até ia escrever qualquer coisita, mas depois li o comentário do/da Castrol e decidi apenas dizer BIS!
Se esta malta soubesse o que é ter uma empresa…
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É óbvio que ter uma empresa é ter um Porsche na garagem e acesso a rios infindáveis de dinheiro que só não se dá aos outros por puro egoísmo, e que essa atitude de falta de solidariedade tem que ser punida criminalmente.
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“Obama: U.S. has evidence chemical weapons were used in Syria
WATCH: In surprise press conference in Washington, Obama says that what is happening in Syria is a ‘blemish on the international community’, warns that there may be regional objections if the U.S. takes action..(…)”
.
Obama, vai pastar…tal como os Israelitas, que já se preparam para destabilizar o Libano…
.
http://www.youtube.com/watch?v=dvGw4LsCv4c
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diria que o capitalismo financeiro das swaps e produtos exóticos olha para as pessoas não como cavalos, porque os cavalos podem ter alto valor comercial, mas como meors utensílios.
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Bem, na realidade essa é a posição do socialismo/colectivismo. Os indivíduos, face ao colectivo, não têm valor. Pelo que se compreendem os massacres cícliclos provocados pelas ideologias colectivistas (sejam elas comunismo ou fascismo). Só em tais ideologias se consegue racionalizar matar uma grande quantidade de indivíduos em favor de “um bem maior”. No capitalismo/individualismo, tal é muito mais difícil de ocorrer.
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Interesante opiniao para quem admite como válido o confisco dos salarios com o fim de um bem maior: a salvacao da empresa
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Não se trata de admitir o confisco de salários – trata-se sim de compreender que uma empresa em dificuldades pode, lá está, ter dificuldades em cumprir os seus compromissos com os seus credores – dos quais os trabalhadores fazem parte.
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Deixem de ir à ” Bulhosa” para ver se o tipo acha graça…
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claro q não foi incompetência (eles são “n”, “bué” de competentes e conseguiram dar aos bancos aquilo que previram desde o início – talvez até um pouco mais):
http://psicanalises.blogspot.pt/2013/04/incompetencia-nao-corrupcao.html
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Muitos parabéns pelos dois posts.
Tal como N, faço minhas as palavras do Castrol
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Caro Rui,
O Sergio Lavos tem toda a razao. Tenho-o em muito boa consideracao e gosto normalmente do que escreve mas agora esta do lado errado. Seria melhor reflectir e voltar atrás porque o que escreveu é indefensável. Se é aceitavel um atraso pontual no pagamento dos salários nao é aceitavel por ninguma razao (nem a crise) o recurso ao atraso sistematico no pagamento de salarios como instrumento de gestao. Só ingenuamente se pode considerar como nao sendo algo imposto um acordo em que um trabalhador arrisca o seu patrimonio (sem ser remunerado por esse) para defender o patrimonio de outro. Vai contra qualquer teoria economica sem falar do puro bom senso. O trabalhador faz-lo muitas vezes porque a alternativa é ficar sem emprego mas daí a chamar-lhe acordo vai muita agua. Falo por experiencia propria porque já tive salarios em atraso e só saí da empresa quando arranjei outro emprego. Alguma posibilidade de cobrar é sempre melhor que zero.
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Os salários em atraso são fruto de não se conseguir pagar. São o falhar no pagar de uma dívida. Penso que o Daniel não pretente criminalizar os restantes falhanços em pagar dívidas, pretende? Adicionalmente, criminalizar os salários em atraso, ou a falta de pagamentos ao Estado, como já ocorre, é mais um passo para aumentar o risco de empreender versus o risco de se trabalhar para outrém. OU seja, é mais um passo para tornar menos provável empreender. Como tal, é mais uma medida que diminui o emprego e os salários.
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Como já expliquei noutro post em principio nao estou de acordo com a criminalizacao . Mas nao é isso que se debate aqui mas sim a banalizacao dos atrasos de pagamento e que se aceite o nao pagar como medida de gestao de “crise”. Para mim esta banalizacao contribui para baixar emprego e salários já que permite uma concorrencia desleal intorelavel. Como posso uma empresa competir contra quem manipula custos de producao desta forma?
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Ninguém espera uma banalização – para o pagamento (possível) de salários ou qualquer outra dívida, é desejável que o Estado agilize a justiça, não sendo no entanto desejável que criminalize incumprimentos.
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Quanto ao comentario do Castrol um empresa que nao paga as suas dividas é tao esquerdista como quem vive à custa do orçamento. Afinal também vive à custa dos outros.
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Podemos levar séculos a escrever e a argumentar isso mesmo, que o esquerdismo é uma questão de perspectiva. Não lhes entra.
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Não pagar dívidas é reprovável, mas não é um crime. Não convém que passe a ser. Ou será que também quer criminalizar as falhas de pagamento das famílias aos bancos? Ou será que para si um empregador falhar é diferente de uma família falhar? Se é diferente, é diferente porquê? Será que o empregador não é uma pessoa também?
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(… já vou ler o comentário do Sergio …)
eu, por vezes, divirto-me mais com os “comentadeiros” de apoio a rui a. do que propriamente com os disparates sobre economia e gestão que rui escreve; defender que salários em atraso é um acto que as empresas devem utilizar como se fosse uma ferramenta de gestão tem muita piada mas, haver comentadeiros que o apoiam dá muito mais gozo logo de manhã!
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De certeza que não leu o título do artigo: estamos a falar de criminalizar o atraso no pagamento de salários.
O número de varáveis que limita a acção dum gestor torna impossível trabalhar com este nível de certeza – nomeadamente a falta de acesso ao crédito (que já por si só implica que alguém queira aceitar o risco do endividamento) e o atraso sistemático e imprevisível dos pagamentos de clientes.
Se era difícil montar um negócio, com a caça às bruxas o melhor é não sair de casa….
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Discordo. O IGT falou de criminalizar o atraso sistematico dos salarios, ou seja a utilizacao dos salarios como instrumento de gestao já que servem de margem de manobra para ajustamentos de problemas de tesouraria. Por outro lado o Rui também acha que atrasar pagamentos inclusivé a trabalhadores é uma estratégia aceitável em tempos de crise. Ou seja a conversa nao é sobre a criminalizacao pura e simples de qualquer atraso no pagamento de salários.
Tenho mais de 15 anos de experiencia em gestao de tesouraria. Numa empresa viável nao pode ser complicado o pagamento de custos fixos e previsiveis como os salários. Pagam-se uma vez por mes e por norma sao facilmente projectaveis a médio prazo. Se um gestor nao consegue gerir uma coisa simples como esta está no trabalho errado.
Há certamente imprevistos nomeadamente atrasos em recebimentos mas aqui falamos de atrasos sistematicos. Ora se os recibimentos estao constantemente em atraso esta situacao deja de ser um imprevisto e o gestor tem de adaptar a gestao da tesouraria à realidade. Ou seja tem que conseguir crédito ou arriscar o seu capital. O que eu nao aceito como solucao é que use os capitais dos outros sobretudo quando os consegue sobre pressao e nao os remunera: é confisco puro e simples.
Se o empresario nao tem ou consegue reunir o fundo de maneio necesário ao seu funcionamento regular o gestor deve pedir a insolvencia. Ponto. Tudo o resto sao manhas e aldrabices à Portuguesa.
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Daniel, se falhar em pagar os salários é uma falha de gestão, que mais falhas pretendes tu criminalizar? Exactamente porque é que desejas aumentar o risco de se gerir/empreender versus o risco das restantes actividades? Parece-te que existe gestão/empreendedorismo a mais, e portanto é de o tornar menos apetecível?
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Estão em causa as milhares de excepções existentes: a título de exemplo, existem negócios bem geridos que por dependência dum determinado cliente (ou até duma determinada factura) podem entrar em colapso. Neste caso, a mensagem subjacente ao artigo é que o melhor é fechar imediatamente a empresa ainda que o negócio seja válido.
Adicionalmente, e como diz o Incognitus, não é razoável criminalizar a incompetência e o excesso de crença no futuro. Particularmente num país com claro défice de empreendedorismo qualificado…
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Há por aqui gente que acha que só o “pessoal que pensa à direita” é que gere empresas, tem posições de direcção e sabe o que é o Cash-Flow e um orçamento de tesouraria …
A entrevista de ontem do IGT – que aparentemente muito comentador não leu porque saiu no inimigo de estimação chamado Público – é muito clara: “a crise não pode ser álibi para o incumprimento da lei … (o salário em atraso) trata-se de uma originalidade portuguesa que se arrasta há 20 anos em Portugal. A crise tem as costas largas mas os salários em atraso não resultam da crise… um mês pode ser tolerável mas dois meses já não”.
Esta cena dos salários em atraso faz lembrar a “impossibilidade” de pagar o salário mínimo. Um empresário que tem uma empresa que não consegue pagar o salário mínimo ou que passa meses sem pagar salários (mínimos ou não) não é um gestor competente, gere a empresa com as facturas no bolso de trás, não paga impostos nem Seg.Social e deve ser responsabilizado por isso. Continuar a fazer figura de “empresário” à conta dos salários não pagos é crime. Ponto.
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O erro nao intencional nao é criminalizável assim que obviamente o debate nao é sobre criminalizar as falhas.
Cada um escolhe as suas indignacoes. Eu prefiro indignar-me com a banalizacao dos atrasos de pagamento que sao reais do que as ameaças mal intrepretadas de un IGT cuja implementacao é de posibilidade reduzida.
Imagine que vai levantar dinheiro ao banco e o banco lhe diz: devia receber uns dinheiros hoje mas a Maria atrasou-se com a hipoteca assim que passe por aqui daqui a uma semana. Ninguem aceitaria isso. No entanto há dezenas de milhares de trabalhadores portugueses a quem a empresa lhes diz isso todos os meses e há gente a quem isso nao parece grave. Nao há que mudar mentalidades?
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Podes mudar as mentalidades sem criminalizar coisa nenhuma. Até criminalizar a falta de pagamento à SS é um erro com consequências graves para o país. Certamente que não desejarias criminalizar a falta de pagamento de um empréstimo à habitação.
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Há um milhão de motivos legítimos e de boa fé que podem levar a salário em atraso e que não se prendem com “fazer figura de empresário”.
É mau, altamente indesejável, devem existir consequências, ninguém gosta mas não pode ser crime.
Ponto.
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Parabéns a Sergio Lavos por se ter lembrado de Karl Marx, a respeito do que escreveu Rui A sobre (o crime dos) salários em atraso:
“A economia política olha para o proletário… como um cavalo – ele tem de receber apenas o suficiente para que consiga trabalhar. Quando não está a trabalhar, o proletário não chega a ter o estatuto de ser humano.”
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Empresas públicas perdem mais de 180 milhões em três meses com os ‘swaps’
http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=74015
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O Rui foi mordido pela hidra do fásssismo.
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Eh, não tem dúvida, o Sérgio Lavos é bom .
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Gosto destas disputas, mesmo durinhas, desde que tenham elevação. E esta até tem.
Claro que há sempre alguns contras. Por exemplo, o comentário de Castrol, subscrito na íntegra por N e depois por N+1 (cá para mim é o N com um fino à frente a ver o Real Madrid), estragam um pouco a coisa. Porquê? Porque é mais do mesmo: os gajos da esquerda… o ordenado… o orçamento… eles não sabem… eles não pensam… eles não se preocupam… eles não se interrogam… eles… desta vez, escaparam elas. Já é um começo. 😉
Armei-me em comentador dos comentários. Sorry. 😉
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Ah, agora entendo, que se o Sérgio diz Marx, então melhor é, tem a razão, ninguém lha tira, olaré .
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A criminalização dos salários em atraso está prevista na Lei. O artigo escrito sobre este tema que começa por pedir a cabeça do inspector-geral do trabalho é violento. E não vale a pena iludir a realidade com estados de excepção.
Pelo que leio existem muitos empresários ou gestores que aparecem a opinar sobre um enigmático ‘mundo empresarial’…
Seria importante saber quantas empresas que começaram por falhar os compromissos salariais se ‘safaram’ da falência? Ou esse passo (criminalizável ou não) é a antecâmara de todos os incumprimentos?
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O meu direitola-carapau de eleição que leio regularmente para me dar ânimo e boa disposição, vem, da alto do seu desprezo próprio da seita a que pertence, fustigar o radical de esquerda por ele o ter acusado de defender o escravatura. Não sei se o Lavos tem razão ou não, mas num blog onde dois ilustres comentadores (Miranda e Jaquinzinho) já defenderam a razoabilidade do trabalho infantil, ninguém se admirava que outro ilustre capanga do regime em vigor venha defender a escravatura. Não é isso que fazem dia sim dia não, pensando eles certamente que vão todos ficar rico na selva.
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nao se pagar o que se deve seja empresa, estado ou qual pessoa ou instituicao e na minha opiniao um crime. mas para todos incluindo empregados que nao produzem
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Aquilo é conversa de quem nunca esteve com saldos em atraso numa empresa à beira de falir. Pois eu já estive e e não tivesse sido esse sacrifício -e o dos colegas que rescindiram e tiveram também as indemnizações em atraso- e a empresa não se teria tornado num caso de sucesso internacional onde já trabalho há 13 anos. Pelo método Lavos, tínhamos enviado uns gestores na cadeia, dissolvido uma empresa, ficado sem salários e sem empregos, mas porra, assim é que estávamos livres. Não há pachorra.
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Aquilo é conversa de quem nunca esteve com salários em atraso numa empresa à beira de falir. Pois eu já estive e não tivesse sido esse sacrifício -e o dos colegas que rescindiram e tiveram também as indemnizações em atraso- e a empresa não se teria tornado num caso de sucesso internacional onde já trabalho há 13 anos. Pelo método Lavos, tínhamos enviado uns gestores na cadeia, dissolvido uma empresa, ficado sem salários e sem empregos, mas porra, assim é que estávamos livres. Não há pachorra.
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