A doença holandesa
A economia portuguesa tem uma espécie de doença holandesa. No caso da Holanda, a descoberta de gás natural nos anos 60 levou a uma rápida desindustrilização do país tendo este perdido competitividade no sector transaccionável (excepto gás natural). Uma das causas deste fenómeno é o aumento do consumo devido à receita gerada pelo gás natural, sem a necessidade de um aumento da produção, o que favorece as importações de bens transaccionáveis e o aumento do preço dos bens não transaccionáveis, com a consequente realocação de recursos a este sector. No caso português, não se descobriu gás natural, mas, devido às taxas de juros baixas da zona euro, descobriu-se que é possível consumir sem produzir. E os problemas são os mesmos: uma economia baseada e em importações e em bens e serviços não transaccionáveis no mercado internacional.

Em alternativa estamos agora a construir com sustentabilidade uma economia que não consume, não produz, não investe e que aumenta a sua divida.
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Entao seja mais claro J.Miranda e consiga chamar os bois pelo nome.
Nem tem doença holandesa (nem británica de descobrir pitroil no mar do Norte)
O que tem é doença portuguesa…
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Exactamente! Foi por isso que durante o consulado, de má memória, de Cavaco
Silva se optou por acelarar a destruição da frota de pesca e, de grande parte da
agricultura que, como se sabe são bens intransacináveis! Como dizia o outro;
porreiro pá!!!
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Aqui há dias vi umas imagens de um bar holandês em que a empregada, toda nua, tinha a lista de bebidas inscrita no corpo. Por alguma razão, o irish whiskey era das bebidas mais caras.
Mas aqui o que conta é que eu até fiquei doente só de olhar para a holandesa. Digamos que também fiquei com “a doença holandesa”, 😉
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Caro João Miranda, o que é que propõe para passar a crise sem que morram pessoas? Porque é de propostas dessas que vamos daqui a uns tempos (a continuar assim…). Neste momento estamos a ver que qualquer setor produtivo que ainda existisse em Portugal (se bem que nunca tivemos nenhum, se formos ver, o nosso período de glória deveu-se a explorar ouro no resto do mundo, sem pensarmos em investi-lo) a cair na completa ruína. Estamos a ver um país a aumentar quase exponencialmente o desemprego, estamos a ver que para manter o consumo em níveis básicos o Estado tem de injetar (através de subsídios) milhões de euros na economia, porque tirámos de repente a capacidade da economia para absorver postos de trabalho. Estamos a ver um país onde há uns poucos a acumular grandes fortunas (não sou contra isso), sem que a economia seja capaz de aguentar excedentes (e só é possível acumular o que quer que seja sem ter excedentes).
Confesso que na última frase não me estava a preocupar com patetices ideológicas, estava apenas a dizer que não é possível existir criação de riqueza num país onde ela não está disponível (porque quem a tem não está disposto a arriscá-la, e muito menos a perder uma parte para não a perder toda mais tarde, isso vai infelizmente acontecer).
Mas, João Miranda, proponha uma solução. Avance e diga, precisamos de fazer isto. Mas lembre-se, para manter fortunas (principalmente quando sabemos que muitas delas dependem do consumo nas grandes superfícies, Continente, Pingo Doce, etc) é preciso que os pobres tenham alguma coisa para viver.
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“e só é possível acumular o que quer que seja sem ter excedentes”, queria dizer, “e NÃO é possível acumular o que quer que seja sem ter excedentes”.
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André, não se consegue criar riqueza no país porque toda a gente acha que tem um direito sobre seja o que for que é criado pelos outros. Têm que existir menos impostos e menos burocracias, que de seguida as pessoas trabalham. Agora trabalhar para entregar tudo a terceiros sem nada em troca nunca vai funcionar.
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É interessante a analogia, é de conversa de café mas continua interessante principalmente com a variável do euro (uma moeda forte). Um país que tenta a todo custo evitar a dutch disease e tem conseguido é a Noruega, os fundos de investimento internacionais do Norges Bank (que tem muito capital investido aqui em Portugal) são a prova disso mesmo. A Escócia se conseguir a independência, vai ser um caso contemporâneo desta maleita económica com o pitroil do Mar do Norte, vamos esperar para ver.
Por coincidência estava eu a falar com uma amiga holandesa, num bar aqui do Minho rural, sobre isso mesmo.
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Isso toda a gente viu há muito tempo. Quem (des)controlou o crédito é o primeiro responsável. Não foram governos eleitos.
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