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Donzelas ansiando o monstro do pântano

4 Maio, 2013

The Return of the Swamp ThingOntem, às 20h00, o Primeiro-Ministro (PM) fez uma declaração ao país com anúncios de medidas de contenção; estas, não sendo particularmente simpáticas num Estado de tradição despesista, pouco ou nada surpreendentes serão para quem vive à margem da trogloditagem padecente de sofreguidão pelo regresso do monstro da lagoa à governação.

Um dos temas mais explorados em filmes de monstros, o síndrome de Estocolmo, explicaria uma parte substancial dos insultos gratuitos1 encontrados nas redes sociais, em irónica cedência sem paralelo às convicções de Pacheco Pereira sobre o demérito da maioria das opiniões expressas na blogosfera e redes deste tipo.

Mesmo dentro da moderação linguística sem cedência ao vernáculo meramente inflamatório e desprovido de teor opinativo, o panorama não é muito diferente: quem há dias falava de equidade constitucional, ontem protestava contra as 40 horas por semana de funcionários públicos, exigindo uma avaliação “caso-a-caso, de acordo com o histórico das profissões”. Demasiado enroscamento renal mesmo para um ambiente propagandístico. Da mesma maneira, “os pensionistas vão ter um novo imposto calculado para durar até morrerem de humilhação e de fome”, resultaria bem num panfleto em tons de dourado sobre vermelho, mas dificilmente escaparia a escrutínio cuidado sem envolvimento emocional de empatia pelo captor.

O país nunca se deu bem com a realidade, porém, sempre conseguiu comprar a auto-satisfação a crédito, crendo ser mais Alemanha que Roménia. Agora, que acabou a água benta de aconchego ao estímulo cainesiano, está na altura de aceitar o 5ª estágio do modelo de Kübler-Ross: é que para o ano há mais cortes, quer queiram, quer não.

Esses Passos serão dados, por este PM ou por outro, disso podem estar Seguros.


1 Abdico da colocação de links para esse tipo de artigos desprovidos de conteúdo sério.

31 comentários leave one →
  1. Pedro Morgado's avatar
    4 Maio, 2013 11:22

    Nao me admiro que estejam felizes por aqui. Temos um governo ultra-liberal que nao foi legitimamente eleito porque não sufragou esta estratégia.
    http://afugadeideias.wordpress.com/2013/05/03/da-inequidade-ultra-liberal/

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    • vitorcunha's avatar
      vitorcunha permalink*
      4 Maio, 2013 11:28

      O Pedro tem um problema com a avaliação de felicidade alheia. Teria sérios problemas a fazer peritagem de acidentes.

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    • Incognitus's avatar
      Incognitus permalink
      4 Maio, 2013 14:15

      O que é que é uma coisa “ultra-liberal”? Significará isso que a liberdade é algo para ser dispensado em doses cuidadosamente controladas?

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  2. Grunho's avatar
    Grunho permalink
    4 Maio, 2013 11:28

    Vai daí escolheste para ilustrar o post uma imagem de propaganda dum filme em que o Passos Coelho leva um secretária de estado não se sabe para onde.

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  3. YHWH's avatar
    YHWH permalink
    4 Maio, 2013 11:41

    A falta de seriedade deste governo ultrapassou todos os maus limites que já conhecíamos como de natural uso político em Portugal.

    Para lá das tradicionais falsidades do discurso eleitoral (e mesmo ante-eleitoral…), este governo estabeleceu a norma de falsear a sua actuação sobre a realidade do país em contínuo.

    Ao menos Sócrates teve a decência de dizer aos portugueses que era necessário o resgate por parte da Troika após a inviabilização do PEC 4 (essa bóia que foi atirada foi atirada borda fora por marinheiros bebâdos de um barco a afundar…). Passos conseguiu algo pior: fugir cobardemente às responsabilidades da sua condução inapta e incompetente do país, atirando o ónus das consequências exclusivamente para os cidadãos.

    Ou seja, os marinheiros bebâdos, agora ao leme, após na sua inépcia terem deixado rasgar o velame, vem agora dizer ao viajantes que lhes vão ter de tirar a pele para substituir as velas rasgadas, na vez de pedirem um novo velame…

    Como é que tal sugestão não ocorreu a Passos aquando ao telefone com Sócrates, para Portugal evitar o resgate original?!…

    A posteriori os portugueses nunca perdoarão o ter-se impedido a viabilização do PEC 4: para a pior solução haveria sempre tempo. Mas a marinhagem bebâda lá deve saber porque preferiu a pior das soluções…

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  4. Portela Menos 1's avatar
    Portela Menos 1 permalink
    4 Maio, 2013 11:41

    Um governo de cretinos apoiado por cretinos.

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  5. JSF's avatar
    JSF permalink
    4 Maio, 2013 11:42

    E porque não são feitas poupanças com a redução de municipios como está no memorando de entendimento?
    Já sei; é preciso dar guarida a essa gentalha que anda à volta dos partidos, e até se criam as CIMES para dar tacho a mais um quantos que não cabem nas camaras municipais

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  6. André's avatar
    André permalink
    4 Maio, 2013 11:46

    Eu, como todos os portugueses, também quero uma convergência dos setores público e privado.
    Primeiro, podemos começar por igualar o horário de trabalho. No setor privado deve-se estipular horários de seis horas por dia.
    A seguir, podemos aumentar os salários. Começamos por aumentar os salários mínimos e depois criamos um valor mínimo legal para o salário médio (levando as empresas a ter de aumentar o salário mínimo praticado, mesmo que ainda poucos cêntimos, para manter altos salários nos quadros de gestão).
    Naturalmente, devemos também ter uma convergência nos dias de férias. Acho que 25 dias úteis de férias para ambos os setores é algo que deve ser usado.
    Já agora, também podemos fazer uma convergência nas reformas. A reforma mínima passa para o valor do salário mínimo (tanto para ex-trabalhadores do público como do privado) e a máxima passa para quatro vezes esse valor. Isto nas reformas garantidas pelo Estado português. Tudo o que seja garantido por fundos de pensões privados não deve ser alterado.
    Depois de termos feito a convergência entre os setores público e privado muitas empresas fecharão, é verdade. Mas vejamos um facto: se fizermos a convergência ao contrário isso também acontecerá (devido à tão falada quebra do consumo) e ainda estaremos a recuar na economia social. Como tal, devemos dar um choque à economia para andar para a frente. Será igualmente custoso. Em que estudos é que me baseio? Nenhuns, infelizmente as decisões políticas portuguesas nos últimos dois anos têm demonstrado que não é preciso basearmo-nos em estudos científicos (pelo menos, que estejam corretos, ou seja, sem erros de fórmulas).

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    • Incognitus's avatar
      Incognitus permalink
      4 Maio, 2013 14:18

      Vê-se que não compreendes a natureza do problema. Os salários eram demasiado elevados, uma parte destes vai para bens produzidos no estrangeiro e cria um desequilíbrio externo que exige endividamento externo. Esse era o principal problema e por isso a solução teria que passar sempre por nos empobrecer até que produzíssemos mais. Ao ignorares a natureza do problema, sugeres algo que só o agravaria: aumentar salários.

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      • André's avatar
        André permalink
        4 Maio, 2013 20:04

        Então a única solução é destruir o único setor que ainda existia (o comércio, ou terciário, se quisermos ser mais “certinhos”), em vez de provocarmos um aumento de salários e conjugar essa medida com novas políticas protecionistas. Aí já não fugimos ao problema. Não temos de colocar impostos mais altos, mas podemos criar leis que obriguem as superfícies comerciais a vender pelo menos 80% do valor dos produtos como produtos nacionais. Paralelamente fabricamos uma grande campanha publicitária onde incentivamos o consumo de produtos nacionais. Ah, também devemos proibir aqueles rótulos “fabricado na UE” que escondem a origem do produto.
        Mas sim, concordo, só com aumento de salários não conseguimos fazer nada, precisamos de medidas que complementem essa e provoquem crescimento económico. Infelizmente, não é o PS ou o PSD que forçarão o crescimento económico em Portugal, apesar do que Seguro nos vende todos os dias.

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  7. almaiacorreiatónio Correia's avatar
    4 Maio, 2013 11:50

    Caro Vitor, isto por aqui, por este Portugal pequenino, continuamos com o primado dos pigs sobre os restantes animais da quinta – “todos os animais são iguais, mas há uns que são mais iguais que outros”. Estas “pessoas de inteligência grandiloquente e sábia” (pigs), que geralmente se assumem defensoras do ideário livre e igualitário, só o aceitam na prática se continuarem a viver em privilégio sem a responsabilidade de aceitarem os “outros” como iguais. Acha que as elites deste Portugal corporativista e pequenino vai aceitar que o “povinho” deixe de o alimentar e servir? No fundo o estado está para o povo como os generais (e não há marechais por o Sr. Eanes não o qui!) estão para os soldados – os últimos existem para que os primeiros possam ser privilegiados. Não há responsabilidade de compromisso com o Servir e saber Servir! Só há pouco tempo descobri que o CDS foi uma invenção do Melo Antunes – curioso, não?

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  8. trill's avatar
  9. trill's avatar
    trill permalink
    4 Maio, 2013 11:55

    mas à rança, claro dá-se mais um ano que o solicitado. É que a França não é um país qualquer (Holande dixit).

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  10. trill's avatar
    trill permalink
    4 Maio, 2013 11:56

    à França e à Holanda.

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  11. João Lisboa's avatar
  12. Basto_eu's avatar
    Basto_eu permalink
    4 Maio, 2013 11:58

    Antes de chegar aqui deparei com um comentário de 2010 que dizia assim: “o regabofe continua, tacho para a cunhada do Sócrates”.
    Alguém me diz se ela foi posta na mobilidade?…

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  13. Basto_eu's avatar
    Basto_eu permalink
    4 Maio, 2013 12:13

    Tirar benesses a funcionários públicos é pôr portugueses contra portugueses. E dar-lhes essas benesses à custa dos privados…não é?…

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    • Jorge's avatar
      Jorge permalink
      4 Maio, 2013 17:12

      E mais, as empresas públicas, continuam a distribuir benesses, como os seguros da CGD.

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  14. Piscoiso's avatar
    4 Maio, 2013 12:19

    Os blogues políticos parecem-se cada vez mais com secções das “jotas” partidárias.” – Escreve Pacheco Pereira
    Diz mesmo que depois de Sócrates, começou a debandada para a “zona de conforto”, onde certamente se situa o Blasfas, agora com o serviço de Vitor Cunha a distribuir croissants.

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  15. Portela Menos 1's avatar
    Portela Menos 1 permalink
    4 Maio, 2013 12:49

    ainda bem que não há só “esquerdistas” à esquerda 🙂
    .

    O antigo ministro Bagão Félix afirmou hoje que o anúncio realizado pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, revelou uma “OPA hostil e gratuita” do Ministério das Finanças u que “praticamente não vale a pena ter mais nenhum ministro neste domínio social”.
    “Recordo que na Alemanha as pensões constituem um direito de propriedade. Ou seja, que o Estado apenas vai pagando, mas já é das pessoas, como é lógico. E alguém tem que defender este direito de propriedade, não pode ser expropriado e as Finanças, de algum modo, apropriaram-se deste sistema e veem isto numa lógica de ‘curto-prazismo'”, lamentou Bagão Félix à Lusa, sublinhando haver uma “perspetiva ideológica” por parte do ministro Vítor Gaspar.

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    • Incognitus's avatar
      Incognitus permalink
      4 Maio, 2013 14:20

      Vê-se que o Bagão está a receber uma reforma gorda qualquer, e acha que esse direito deve ser metido nas costas dos jovens mal pagos.

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  16. jimpereira's avatar
    jimpereira permalink
    4 Maio, 2013 12:54

    Muito bom!
    Transcrevi no blogue “O cão que fuma”

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  17. Fincapé's avatar
    Fincapé permalink
    4 Maio, 2013 13:58

    “Ontem, às 20h00, o Primeiro-Ministro (PM) fez uma declaração ao país com anúncios de medidas de contenção”.
    Fez, Vítor?
    Então, não fez só a leitura dos títulos dos jornais da manhã, como dizem as más línguas? E olhe que os títulos dos jornais desse dia já cansam de tão repetidos nos últimos bons meses!

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    • vitorcunha's avatar
      vitorcunha permalink*
      4 Maio, 2013 14:03

      Prepare-se para os próximos meses, Fincapé. Para o ano há mais, seja quem for o senhor sentado na cadeira.

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      • Fincapé's avatar
        Fincapé permalink
        4 Maio, 2013 14:33

        Adivinho que sim. Em cima, referi-me apenas ao discurso. Os castigos virão, sim. De um lado ou de outro. Ainda se lembra de quando Passos dizia que faria uns cortes nas gorduras e pronto? Não cortava vencimentos, nem reformas, nem nada. Bom homem. 😉

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  18. @!@'s avatar
    @!@ permalink
    4 Maio, 2013 17:48

    Suponho que já tenha lido a entrevista ao João Ferreira do Amaral no I.

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  19. Churchill's avatar
    Churchill permalink
    4 Maio, 2013 19:20

    Caro Vitor
    Estive com atenção e só ouvi o PM anunciar medidas para os funcionários públicos. Para compensar as medidas do TC, criou varias de valor superior e a afectar apenas uma pequena parte da população.
    Quem está fora, como já sucedeu no passado, assobia ao cochicho e goza o prato.
    .
    Durante algum tempo ouvimos (nós que trabalhamos para o Estado) dizer que os funcionários públicos deviam ser mais penalizados (como estão a ser desde a Ferreira Leite nas finanças) porque beneficiavam de regalias que os outros não tinham, como o emprego “garantido” e outros. Do tempo dessa Sra. que agora parece da CGTP, ficámos com mais dias de ferias por compensação por congelamento de salários e carreiras, coisa que agora ficou esquecida.
    Agora depois de igualarem alguns direitos, optando no horário pelo limite máximo da lei do trabalho, levando a taxa para a ADSE (que não tem paralelo no privado) para um valor de 2,5%, espero que também igualem os restantes direitos e deveres. Gostaria de não estar vinculado à dedicação exclusiva, de ter acesso a carreiras mesmo que não tenha habilitações académicas, de receber compensação monetária pela isenção de horário, entre outros. Para mim que apliquem já a mesma lei para todos.
    .
    Conhece alguma empresa que em simultâneo tenha reduzido salários e aumentado o horário de trabalho?
    E se conhece diga-nos os resultados em termos de produtividade.

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    • vitorcunha's avatar
      vitorcunha permalink*
      5 Maio, 2013 13:44

      Quando se fala de despesa do Estado, fala-se (também) de funcionários públicos, não de privados. Como aficcionado de matemática, gostaria de ver propostas alternativas que aguentassem o escrutínio da aritmética.

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      • neotonto's avatar
        neotonto permalink
        6 Maio, 2013 07:22

        Ufa.
        Trinta mil desempregaditos e uns milhares mais de pensioncinhas para o lixo é o que dá para nao sufrir demasiado uma Aljubarrota a maos dos neos-nazis-europeos.
        Que recorte de tipos e qué baixada consta que suficiente para ser heroi hoje em dia em Portugal. Que troca de valores…
        A tudo isto, quando vai començar a cotiçar em bolsa isso da dignidade, dos valores patrios, da comunidade linguistica, da certeça dos valores de destinho…
        Que ja está bem tao ensalçar ao remimbi ou yuan e as comunidades chinoca e israeli…
        De Alemania nem falamos. De esta Euroalemania. Destes alemaes da Pacotilha…
        Se o bigotes levantasse a cabeça. Ah, que era assim?desta forma ou modelo em que…

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