Soares, a raposa
O que quer Mário Soares? O que leva uma personalidade jurássica da história do século XX, pelo bem e pelo mal, a perigar todo o prestígio que lhe possa ainda pairar, quer pela crueldade subjacente a personagens históricas que ainda não gozam da complacência da morte, quer pelas consequências actuais de muitas decisões políticas que encaminharam a este quasi-desfecho? Não é um fim, mas é isso que transparece nos media: o objectivo parece ser retirar o governo e chegarmos ao fim da História, à solução definitiva de todos os problemas. E é exactamente com isto que Soares joga, e joga bem.
Soares não é estúpido. Pelo contrário, tem a argúcia necessária para antever movimentações e precaver-se, colocando-se na linha de fogo para evitar tudo o que não ambiciona. Fê-lo com as presidenciais, candidatando-se, ridiculamente, com a única intenção de canibalizar votos de Manuel Alegre. Foi bem sucedido, conseguiu com isso assegurar a eleição do seu presidente, que não sendo ele próprio, só poderia ser Cavaco Silva, aquele que não assumiria papel de protagonista principal na fase de “austeridade oficial” decorrente do memorando de entendimento com a troika.
Agora, como planeado, é necessário assegurar ao seu querido PS a sucessão governativa, de acordo com o tácito plano que permite diabolizar o governo em exercício sem, porém, a possibilidade de o derrubar precocemente. De forma clara: as instituições europeias não permitem a Seguro derrubar o governo, mesmo que hoje o conseguisse fazer por via parlamentar. E é fácil perceber porquê: Seguro será o próximo a negociar com a troika, a nova troika, a troika da “austeridade não oficial”, a austeridade que veio para ficar, digam o que disserem. A troika da união bancária, a troika dos eurobonds, a troika da federação.
Soares, apalhaçando a coisa, renega tudo o que fez como governante. Isto permite-lhe a agregação dos desprovidos de soluções, os semi-órfãos do Bloco e, sobretudo, os órfãos de Sócrates. Não se pode permitir mais “golpes de estado”, como aquela tentativa gorada de convencer António Costa a ser o testa-de-ferro da herança socrática. Haverá lugares para distribuir e estes estão em risco. Adoptando-os, Soares consegue duas coisas: colá-los a facção irresponsável da esquerda trauliteira e assegurar-lhes continuidade sob o seu próprio pulso, eventualmente em cargos afastados da palhaçada mediática em que se especializaram, desviando-os do caminho de Seguro. O próximo governo, sendo socialista, precisa de demonstrar à populaça, com a ajuda dos média, que a austeridade é consequência da governação anterior e não da conjectura de um Estado falido. Eventualmente, cargos na Europa, queira a sorte permitir a nomeação de Sócrates para a Comissão Europeia, esperam os Galambas e Lellos, tal como anteriormente esperaram as Anas Gomes desta vida.
É admirável a capacidade de Soares em colocar a cabeça no cepo no momento certo com vista ao resultado que pretende. Desvalorizar Soares é um erro, como se comprovou sistematicamente ao longo das últimas décadas; como as já mencionadas eleições com objectivo alcançado à priori: se ganhasse, óptimo; se perdesse, asseguraria (como assegurou) que não venceria um presidente com manias tonto-revolucionárias.
Desta vez, Soares corre mesmo para perder. Essa será a sua vitória. Ele sabe disso. Os Galambas e Lellos sabem disso e aceitam o que lhes tocar no sorteio, que é bem melhor que lugares não elegíveis. Já o que leva reitores de universidades portuguesas a caírem no engodo, isso é que me ultrapassa.
BLASFÉMIAS 
> O que quer Mário Soares?
Que lhe dêem atenção.
Está muito carente, e está disposto a dizer qualquer disparate para aparecer na televisão.
> Soares não é estúpido.
Pois, está a resultar. Até o primeiro ministro lhe responde.
GostarGostar
ao menos na Grécia a justiça faz justiça:
“Político conservador grego condenado a prisão perpétua por desvio de 17 milhões de euros”
GostarGostar
Não me ultrapassa: se há gente supinamente estúpida deve ser
procurada entre os Catedráticos (não importa a especialidade).
POR OUTRO LADO: sabem que a raposa é um animal cujo fedor é insuportável?
GostarGostar
Soares, a BESTA !
GostarGostar
uma coisa que falha na estratégia de Soares é José ser um Inseguro;
quanto a “reitores de universidades portuguesas”, precisávamos de mais gente da envergadura intelectual de Novoa na sociedade e na política.
GostarGostar
É indiferente o que pensa o Portela ou o Soares de Seguro: Seguro é o candidato a primeiro-ministro.
GostarGostar
não será com o meu voto:-)
GostarGostar
o nódoa tem envergadura intelectual?
só se for comparado contigo?
GostarGostar
Lá vão os pastéis de nata,
Mais os Galos de Barcelos,
Aos dólares andar à cata,
Se atinarmos nos desvêlos.
__
Mais as Babas de Camelos
E as Barrigas de Freira . . .
Mas quem escolheu estes *selos*,
Cromos de sarapilheira?
______
GostarGostar
Mário Soares pensa que o estado é dele!
Não gostou de ver o Socialismo de Estado posto em causa.
E já dizia Salazar…
«Esse socialismo de Estado, que muitos apregoam e aconselham como um regime avançado, seria, na verdade, o sistema ideal para lisonjear o comodismo nato e o delírio burocrático do comum dos portugueses. Nada mais cómodo, mais garantido, mais tranquilo, do que viver à custa do Estado, com a certeza do ordenado no fim do mês e da reforma no fim da vida, sem a preocupação da ruína e da falência.
O socialismo de Estado é o regime burguês por excelência. A tendência para esse regime, entre nós, deve, portanto, procurar-se mais no fundo, falho de iniciativas da nossa raça do que noutras preocupações de ordem social. O Estado não paga muito mal e paga sempre. É-se desonesto, além disso, com maior segurança, com segura esperança de que ninguém repare.
As próprias falências, os desfalques, as irregularidades, se há compadres na governação, são facilmente afastados e os défices cobertos – regalia única! – pelos orçamentos do Estado.
As iniciativas, por outro lado, não surgem, não progridem, porque o padrão é imaterial, quase uma imagem. As coisas marcham com lentidão, com indolência, com sono. É possível que essa socialização tenha dado ou possa vir a dar ótimos resultados em qualquer outro país. Entre nós, os resultados não podem ter sido piores nalgumas experiências já feitas. Basta citar os Transportes Marítimos, os Bairros Sociais, os Caminhos de Ferro do Estado… Apenas uma excepção, que me lembre: a Caixa Geral de Depósitos. Essa é, realmente, uma iniciativa admirável do Estado Português, que tem prestado ao País, ao desenvolvimento da sua economia, sobretudo nestes últimos anos, incalculáveis serviços. (…)
Sou absolutamente hostil a todo o desenvolvimento de atividade económica do Estado em todos os domínios em que não esteja demonstrada a insuficiência dos particulares. Admito, sim, e procuro a cada momento desenvolver a intervenção dos poderes públicos na criação de todas as condições internas ou externas, materiais ou morais, necessárias ao desenvolvimento da produção. Essa intervenção é, mercê das dificuldades da época e dos problemas postos pela economia moderna, não só necessária, como cada vez mais vasta e complexa. Qualquer economia nacional que se encontrasse desacompanhada e desprotegida soçobraria em pouco tempo. Mas isso dificilmente se pode chamar socialismo de Estado.»
António Oliveira Salazar
http://viriatosdaeconomia.blogspot.com/2013/06/socialismo-explicado-por-salazar.html
GostarGostar
Não é um fim, mas é isso que transparece nos media: o objectivo parece ser retirar o governo e chegarmos ao fim da História, à solução definitiva de todos os problemas. Vc
–
E quanto mal fez aquele livreco do fim de século passado e quantas mas digestoes trouxe também…Até hoje ainda chegam lá os erutos.
O Fim da Historia?. Até parece que ja for acontecido por umas quantas e tantas vezes que nem chum
GostarGostar
Quais erutos?
Que nem chum?
GostarGostar
Pena que o Soares não tenha convidado o Mateus(o do livro) para o magno ajuntamento
desta esquerda tiririca .
GostarGostar
Soares será sempre um bom pretexto para explanar sobre teorias conspirativas. As longas carreiras políticas têm, por norma, essa intrinseca potencialidade.
Já Sampaio da Nóvoa parece incomodar demasiado. Esse, enfim, o coelho que Soares decidiu tirar da cartola na magna reunião contra a austeridade. E todos já percebemos a intenção da ‘raposa’: – deste execrável ‘modelo’ de austeridade…
Porque, como afirmou um dos ‘paladinos’ desta austeridade na discussão do OE, há pouca margem de manobra. Soares ‘jogou’ no pouco que há e sabe que aí faz a diferença.
De resto, os portugueses sabem, deste o desastre do sebastianismo, que não existem homens providenciais.
GostarGostar
Vitor: o governo dá espaço a Soares porque governa mal.Estamos nisto por causa do presidente que se recusa a demitir o governo ou a nomear um governo presidencial com esta maioria (meu desejo). Votei nesta maioria ,mas tal como vi o que “engenheiro ” provocou -bancarrota- vejo que este governo vai conduzir a nossa terra a nova bancarrota.Não me interessa as esquerdas ,interessa-me que Portugal seja eterno e não passe de protectorado (situação actual) a província,sim, um estado não viável.A caminhar como estamos teremos de equacionar ,sair do euro, declarar insolvência, e escolher o país do qual queremos ser província . Recomendo que o governo como vem cá a presidente Dilma no 10 de junho , aborde o assunto ,penso que tirando o Camões , os portugueses já estão por tudo.Não é preciso ser do bloco para constatar as pulhices deste governo : corta 6 e 5 % nos subsídios dos desempregados e doentes e ninguém vai dentro nos negócios de swaps,submarinos, ,BPN ,etc.
GostarGostar
Saindo do euro não há cortes de 5%. Nem cortes há: o aumento dos preços de tudo que não sejam cebolas e nabos trata disso (e não será 5% nem 10%).
GostarGostar
Como dizia o outro: “Sob o manto diáfano da fantasia, a nudez crua da verdade…”
GostarGostar
a Dilma está comigo ,já deu ordem a um empresário brasileiro para comprar a TAP,com dinheiro do banco de fomento do Brasil. Força Dilma .Compra que em breve tens mais um estado para acrescentar ao grande Brasil .
GostarGostar
Da Lâmina blog:
“A Grande Marosca
A ânsia do poder, a raiva incontida da perda do controle do regime que sempre consideram seu,a perspectiva de inflexão da política europeia no sentido do crescimento económico,o terror de queo regime deixe de ter espaço para um Estado monstruoso que alimenta lóbis e clientelas com total desprezo pelos resultados desastrosos que nos coloca reiteradamente na banca rota : leva esta “esquerda unida” irresponsável, chantagista e reacionária a tentar apear um governo eleito e com maioria parlamentar.
Não hesitam arrastar o País para uma grave crise política que,inevitávelmente, irá anular todo o sacrifício a que fomos sujeitos até agora. Para isto, usam todo o tipo de artimanhas: as manifestações são o Povo; as greves são gerais;utilização de agentes provocadores e arruaceiros para insultar os actuais governantes a todos os locais para onde se deslocam, etc,etc.Nesta encenação de Dia do Corpo de Deus não pouparam o “pobre”do dr. Mário Soares que com visível dificuldade foi balbuciando um discurso escrito durante penosos 20 minuto! Sem respeito pelas regras democráticas, sem respeito pelo esforço,esse sim, de todo um Povo para superar o estado em que deixaram o País, sem respeito pelo cumprimento do acordo assinado com os nossos credores, sem respeito por jovens ou velhos,lançam o Pais numa situação incontrolável, de mais miséria, violência e sofrimento por muito e muito tempo. As ovelhas viraram lobos, a Constituição é a última barricada de um regime moribundo, as alternativas políticas ou são meras ficções que só outros podem viabilizar ou então uma qualquer democracia popular onde os Fideis e os Chaves enriquecem e o povo vive em abjecta miséria. Sem dinheiro não há socialismo que nos valha. Apenas a pulsão incontrolável pelo controle do Estado para que a apropriação e repartição da riqueza criada se faça pelas suas clientelas em detrimento do resto da sociedade.
Esta é a grande marosca que está em curso e que a reunião na Aula Magna tão bem ilustra”
GostarGostar
É que nem mais!!!
GostarGostar
(com este avatar é difícil ser-se levada a sério…a sério?)
GostarGostar
Tal como a um Manoel de Oliveira, admiro em Soares a longevidade da sua acção, pois sei que quanto mais velhos mais sabedores serão.
De Oliveira nem consigo ver um filme todo e de Soares um discurso.
O que não me impede de reconhecer o valor da obra feita, ou não fossem internacionalmente reconhecidos.
Mas se o Vitinho não gosta de Soares, que ponha na borda do prato.
GostarGostar
Mas eu gosto de Soares. Só que, como com todas as carnes vermelhas, é preciso ter cuidado.
GostarGostar
Ah! Então a questão pode resolver-se a nível da ASAE.
GostarGostar
Desculpe lá, mas a carne vermelha é mal passada e a rosa está no ponto.
Assim me ensinaram com os bifes.
GostarGostar
Cuidado com a toxoplasmose.
GostarGostar
“O protozoário Toxoplasma gondii assume diferentes formas em diferentes estágios do seu ciclo.
O ciclo inicia-se pela ingestão de cistos presentes em carne (por exemplo, de porco, rato ou coelho), pelos felídeos.” – in Wiki
Percebido o aviso.
GostarGostar
Soares sempre foi sobrestimado em Portugal. O alegado prestigio que muitos lhe atribuem ficou bem demonstrado quando uma obscura dona de casa lhe ganhou as eleições para a presidência do Parlamento Europeu, e na votação residual que obteve quando se recandidatou nas presidenciais de 2005.
A estratégia generosa e altruista que lhe é atribuida, não cola com a realidade por uma razão: Soares esteve-se sempre nas tintas para o Superior Interesse Nacional. Antes do SIN veio sempre o SIMS ou seja, os Superiores Interesses do Mário Soares, e dos amigos.
Quando Soares veio de França no dia 26 de Abril de 74, trazia no bolso o esboço de uma maioria de esquerda com o PCP, não porque fosse esse o interesse nacional, mas porque era a moda em França: os socialistas de Mitterrand, estavam coligados com os comunistas de Marchais, para combaterem o Gaullismo.
Apesar de saber da fidelidade canina de Cunhal à União Soviética, Soares queria mesmo essa aliança anti-democrática, numa época em que já se falava de eurocomunismo em Itália, em França, e até o PCE de Dom Santiago, embora no exilio, tinha aderido. Soares só se opôs aos comunistas, depois de Cunhal o ter humilhado publicamente no 1º de Maio de 1975, quando não o deixou subir à tribuna do estádio da FNAT, cuja resposta foi a célebre manif da Fonte Luminosa em julho de 75, onde ao lado dos socialistas esteve a Direita em peso; eu sei, porque estive lá.
Soares não se opôs às nacionalizações de 1975, e só permitiu o seu desmantelamento, e a abertura dos media à iniciativa privada, na revisão constitucional de 1992, com os prejuizos irrecuperáveis que isso provocou à economia do país.
O que se passou na Aula Magna, é apenas mais um evento para a esquerda dizer que está viva. A resposta do POVO aos apelos para derrubar o governo na RUA, foi dada dois dias depois: as manifs estiveram às moscas, e foram um enorme fiasco.
Muita água há-de correr debaixo das pontes antes de Seguro vir, ou não, a ser 1º ministro.
Eu olharia para as sondagens, que apesar de tudo apenas dão uma maioria relativa ao PS, com alguma atenção, porque quase metade dos inquiridos não revela o seu sentido de voto.
GostarGostar
Mas ninguém disse que Soares se movia pelo Superior Interesse Nacional.
GostarGostar
Ninguém disse? basta ver os media. Até há quem lhe chame o “pai da democracia”, imagine…
GostarGostar
A olhar para aí, não faltam pais: é o pai do SNS, o pai da Constituição, o pai do rock português, o pai do monstro e a co-adopção que permite chamar pai a outro.
GostarGostar
“O próximo governo, sendo socialista,”
Ai sim?
GostarGostar
Um velhote de 89 anos que deixa furiosos meia dúzia de rapazolas liberais tontos. Só por isso merece todo o respeito. Se calhar você podia também agradecer-lhe a oportunidade de não ter passado a sua juventude num paraíso ao estilo cubano…
GostarGostar
Se o Cunhal não o tivesse tratado como tratou, se calhar sempre tinhamos vivido o nosso “paraíso cubano”, com os améns do Soares.
GostarGostar
Nunca pensei sentir-me descansado pela almofada da fiabilidade do PCP (ao que isto chegou). União das esquerdas? Nããã me parece. O Jerónimo, quando chegar o momento, é que os põe no sítio. O homem não tem conta bancária, basta isto para pôr a nu a sua distância ao socialismo do Mároca (leia-se, capitalismo mamão, de porta do cavalo, disfarçado de estado social amigo do povo) e ao socialismo subsidiado dos bicéfalos.
Já o Nóvoa, realmente é enigmático. Quererá ser um Galambello?
GostarGostar
Austeridade é isto. Sim sr. grande exemplo de austeridade. Parabéns extrema-direita ultraliberal.
http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=77275
Ahhh… já esquecia… “A CULPA É DO SÓCRATES!!!”
GostarGostar
Vivemos tempos parecidos com os da pré-revolução com um governo que não sabe o que fazer, contestado por todos e ninguém capaz de o afrontar directamente, uns congressos que se vão fazendo para que não se diga que não há oposição e que se aceita tudo de uma forma conformada, com uma população anémica, sem saber o que fazer ou escolher, sem incentivo nem dinamica. Soares sente na pele como ninguém em Portugal estes ambientes que são os piores para uma sociedade que se quer em transformação. Soares viveu a contestação, foi agredido, foi insultado e empolgou-se como ninguém em Portugal o fez para lutar pelo País, mesmo na bancarrota. É curioso como a direita rejubila com a fraca adesão ás manifestações e a fraca contestação à governação, depois ficam surpreendidas quando a população sai à rua em celebração pela mudança. Soares comprende como ninguém o quão perigosa esta modormia pode ser.
GostarGostar
Qual pré-revolução? É mas é o folclore para patego comer quando o PS não está no governo. É preciso aceitar: isto é deles.
GostarGostar
De um lado o folclore, do outro fandango, ao centro o corridinho, esparramado no chão o cavaquinho e lá no alto o fado.
GostarGostar