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A tempo

8 Julho, 2013

Cerca de 12 mil alunos do 4.º ano em risco de chumbar Não se estes números são reais mas da minha experiência como professora guardo a certeza que teria sido muito melhor para inúmeros alunos terem ficado mais um ano no chamado ensino primário. Era desesperante ver alunos do 9º ao 12º a reprovar por falhas que dificilmente seriam recuperáveis naquele nível de ensino. A alguns pais que me perguntaram se deviam procurar explicadores para os filhos  só me apetecia responder sim mas se a explicação for dada por um professor do ensino primário. Aqueles que melhor que ninguém sabem ensinar a ler e a escrever.

24 comentários leave one →
  1. YHWH's avatar
    YHWH permalink
    8 Julho, 2013 11:41

    Pode ser que Crato volte a surpreender com um flic-flac, agora que se especializou em cedências…

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  2. josegcmonteiro's avatar
    8 Julho, 2013 11:47

    A Helena Matos foi “professora” no
    século 19 ou 20?!
    Os professores têm formação oficial para orientarem as aulas dos alunos, inclusive as dos universitários.
    Os alunos e professores primários ( muito dignos) foram extintos.

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    • Joaquim C. Tapadinhas's avatar
      Joaquim C. Tapadinhas permalink
      8 Julho, 2013 12:20

      O que foi extinta foi a nomenclatura que designava os graus de ensino, com a finalidade pacóvia de chamar a tudo, do 1.º ao 9.º, ensino básico, para ficar tudo no mesmo saco, ou seja, misturar formações universitárias com as das antigas escolas normais e em muitos casos com as “novas oportunidades” dadas a antigas regentes. Os 4 primeiros anos deviam continuar a ser denominados de ensino primário, com as finalidades próprias e não encaixá-los num conjunto de 9 anos – ensino básico – onde tudo se confunde. Passaram todos a ser doutores, a ter carreira única, e a rapaziada a sair cada vez pior preparada. É preciso mudar o nome às coisas mesmo que fiquem sempre pior. É a inovação permanente. O pessoal que tem poder gosta disto, e os que vivem à volta, também.

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  3. helenafmatos's avatar
    helenafmatos permalink
    8 Julho, 2013 11:59

    «formação oficial para orientarem as aulas dos alunos, » – Ter formação oficial para ser professor de Português no secundário não tem nada a ver com saber ensinar a ler e a escrever. Não quer dizer que não se consiga. Mas é muito melhor aprendê-lo quando se é criança e com quem sabe.

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    • Bolota's avatar
      8 Julho, 2013 14:06

      Helena,

      Vai engolir mais sapos, este descalabro já é obra do Crato o ministro antes dele j
      á nem sei qual foi

      Atine porra

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      • Tiago Filipe's avatar
        Tiago Filipe permalink
        8 Julho, 2013 15:09

        Atina tu porra! Há muito que andas desatinado.

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  4. Filipe's avatar
    Filipe permalink
    8 Julho, 2013 12:52

    Conheço casos de alunos do Superior que trocam um s por um z e vice-versa nas palavras.

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    • André's avatar
      André permalink
      8 Julho, 2013 13:45

      Uma colega de turma (no 12.º ano de humanidades) perguntou à professora de sociologia se sapato se escrevia com “ç” ou com “ss” (isto no início da palavra). Era bom que os alunos só confundissem “s” e “z”, significava que ainda se sabia alguma coisa.

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  5. Filipe's avatar
    Filipe permalink
    8 Julho, 2013 12:56

    Os novos métodos não funcionam. A experiência de vida ensinou-me que a repetição mecânica e a memorização precedem a compreensão. Nada como cópias diárias, cadernos com conjugações de verbos, escrita diária de tabuadas, memorização de nomes de rios, serras, países ou capitais. Mais leitura obrigatória de obras adequadas à idade, mas obras de autores decentes. Infelizmente muitos professores preferem os métodos «lúdicos».

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  6. André's avatar
    André permalink
    8 Julho, 2013 13:49

    Neste caso concordo plenamente com a Helena: muitas vezes é melhor chumbar alunos. Mas para isso surtir efeito, é preciso que os pais se apercebam que têm de ter um papel ativo na aprendizagem dos filhos.
    Lembro-me bem do caso de um colega do oitavo ano em que a mãe perguntou à diretora de turma se iam chumbar o filho. Quando a diretora de turma disse que o iam passar, a mão perguntou-lhe se não era melhor chumbá-lo, para ele apanhar um choque e trabalhar no ano seguinte. Foi o que aconteceu e no ano seguinte ele melhorou muito as notas nas disciplinas.

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  7. Fernando Oliveira Martins's avatar
    8 Julho, 2013 14:14

    Cara Helena: neste blog já se disse muitas vezes mal dos professores, que afinal até são importantes e necessários… Já agora, porque não pergunta ao meu amigo Doutor Crato quando revoga a proibição de os alunos do 1º Ano (vulgo 1ª Classe) reprovarem? É que, muitas vezes, uma reprovação num aluno no 1º Ano permite-lhe recuperar e ficar com possibilidades de vir a ser alguém…

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  8. ZL's avatar
    8 Julho, 2013 14:32

    No ensino e não só, vai demorar muito tempo a desmontar a teia de disparates que a nossa “intelectualidade” pós 25.04 conseguiu transformar em doutrina oficial. Ainda assim, vale a pena começar. No ensino, chumbar quem não sabe é um bom começo.

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  9. Tiradentes's avatar
    Tiradentes permalink
    8 Julho, 2013 14:33

    Ora aí está um bom motivo para os professores fazerem um protesto. Porque será que nunca o fizeram? Será que “certas” orientações do ministério são para acatar e “outras” orientações não o são?

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  10. Joaquim C. Tapadinhas's avatar
    Joaquim C. Tapadinhas permalink
    8 Julho, 2013 16:12

    Este país é um caso que merece a atenção dos sociólogos, psicólogos, antropólogos e toda a enumeração de cientistas que estudam as sociedades e o comportamento dos povos, pois, com tanta gente que fala, de cátedra, sobre assuntos que conhece pela rama, e com tantos sábios, não consegue governar-se decentemente.

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  11. Esmeralda's avatar
    Esmeralda permalink
    8 Julho, 2013 17:18

    MUITO OBRIGADA, HELENA. Falo enquanto professora. Realmente é muito frustrante ver o que se passa nos níveis mais elevados do ensino. Não podendo esquecer que o ensino, a educação, andou ao longo dos anos ao sabor de mudanças contínuas. Muda o Governo, muda o ministro, muda a côr partidária e vá de alterar tudo de novo, voltando à estaca zero. Programas, cargas horárias, retirar tempo ao ensino para ocupar com coisas sem interesse, reuniões em barda que não servem para nada, papeladas para preencher até às tantas da madrugada.
    Mudava tudo num ápice, mesmo as coisas que os diferentes ministros faziam bem feitas. Os sindicatos é que sabiam! A vida nas escolas eram um completo desassossego: o que se dizia hoje, podia ser ao contrário àmanhã. Uma vida ao sabor da corrente. Sempre lutei pela autonomia das escolas, para se resolverem rapidamente os problemas mais básicos. Mas não: complicar era o mote. Depois, como em todo o lado, havia quem se esforçasse por ensinar e havia quem não o fizesse. A impreparação também começou a notar-se com o tempo. Havia que tomar posições de força. Eu tomei-as e criei anticorpos. Eu estava na escola para ensinar e não para andar sempre na rua com os alunos, por isto ou por aquilo. Em geral, no 3º período, reduzia as saídas ao essencial: natação, educação física e pouco mais. Senão era maior o tempo na rua do que dentro da sala de aula. Graças a Deus, em entendimento com os pais e encarregados de educação logo no início do ano, conseguíamos um equilíbrio muito útil para todos. É do que tenho saudades: de ensinar. Papeis e reuniões, nem por isso.

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  12. A.Lobo's avatar
    A.Lobo permalink
    8 Julho, 2013 17:18

    Os Professores dizem muitas patetices, até os universitários, como o Marcelo Rebelo de Sousa.
    Muito gostava de ler da sua pena 2 comentários sobre o dito do Marcelo e sobre os ditos do Bispo Torgal, o das Forças Armadas.
    Assim

    O 1º comentário sob patetice do Marcelo Rebelo de Souza ao dizer ontem na TVI que só houve palmas a Passos Coelho e a Cavaco nos Jerónimos porque a assistência era de direita ! Será que a esquerd não vai à Missa? É a direita rica e preveligiada que enche Fátima durante o ano? Uma patetice (uma palhaçada, como soe dizer-se hoje) o comentário de MRS.
    O 2º comentário sobre a tristeza que o Bispo das Forças deve estar a passar ao ver os fiéis da Diocese de Lisboa, de pé e numa Cerimónia Litúrgica ,aplaudirem fortemente a entrada de Passos Coelho e do PR.
    Dom Januário deve meditar nisto a não ser que, à boa maneira das “élites”, etenda que só os tristes, os desmiolados e os mentecaptos é que vão à Missa.
    Repito, peço-lhe um comentário/análise como só a Helena sabe escrever.

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    • Esmeralda's avatar
      Esmeralda permalink
      8 Julho, 2013 17:28

      Não sabia dessa do Marcelo! Sempre a mania da direita e da esquerda. Até parece. Eu, por vezes, acho-me muito mais de esquerda do que muitos que o andam para aí a apregoar!

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      • Aryan's avatar
        8 Julho, 2013 21:09

        Parabéns Esmeralda. Há sempre um lado bom, atencioso, inteligente e tolerante num recôndito local do nosso ser, sejamos nós intragáveis, inimagináveis, impossíveis de aturar, maus, enfim; de direita.
        E esse lado bom é uma das razões porque de vez em quando se sente de Esquerda!

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  13. Esmeralda's avatar
    Esmeralda permalink
    8 Julho, 2013 17:25

    Ah! Sem esquecer a mãe de uma aluna, esforçadíssima, trabalhadora, chorona por não conseguir atingir o que desejava. Tinha enorme consideração por aquela miúda. Falei com a mãe acerca do passar ou repetir o ano. E a mãe preferiu que ela repetisse. Agradeceu-mo mais tarde, na continuação da vida escolar da filha. Valeu a pena. Correu tudo sempre bem.
    Quantos aos erros que se dão nas universidades, nas TVs, nas legendas dos filmes, nas redes sociais tem a ver com o que eu disse: retirar o essencial dos programas curriculares, para se ligar ao acessório e ao que dava ares de foguetório, sempre do interesse de quem faz politiquice.

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  14. Zegna's avatar
    Zegna permalink
    8 Julho, 2013 18:54

    Onde esta a preocupaçao disto? No meu tempo havia tantos ou mais chumbos e nem sequer havia exames no 4ºano , quem nao sabia reprovava e mais nada. Os chumbos nos anos 80 eram muitos e qual era o problema ? nenhum quem nao passava repetia o ano. Hoje fazem filmes com as reprovaçoes e passa tudo e mais alguma coisa, vi alunos com 4 e 5 negativas a passar de ano , ate existe curriculos “alternativos” que mais parece atestados de burrice e depois temos alunos no 5ºano e 6ºano alguns sem saber ler nem escrever, no meu tempo do antigo 1ºano do ciclo nao havia aluno que nao soubesse ler ou escrever .

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  15. Simão Cardoso's avatar
    9 Julho, 2013 14:38

    Minha cara Helena Matos:

    Comungo de muitas das suas opiniões e penso que me situo no mesmo campo ideológico. E isto até não é o mais importante, se o que nos motiva é só – e apenas só – o BEM COMUM de toda a sociedade humana. E nisto estamos de acordo. Só que, para uma boa parte dos nossos cidadãos, o Bem Comum passa em primeiro lugar pelo meu bem, mesmo que este colida ou se aponha, para ser preciso, com o Bem Comum.
    Fui docente universitário (e, apesar de aposentado, ainda me sinto como tal). Em público e nas minhas aulas dizia e digo mais ou menos isto: no ensino podem desaparecer todos os professores; sentiremos a falta dos bons professores. Mas o que não pode desaparecer nunca são os professores primários, como sempre lhes chamei e chamo, com todo o meu respeito. Os professores primários são como os alicerces de um arranha-céus ou de uma simples moradia. Bem feitos, seguros e sólidos, aguentam qualquer edifício que se lhes construa em cima; mal feitos, estes tombam no chão ao mais leve abanão.
    Também a mim me apeteceu muitas vezes enviar os meninos e meninas do 3.º ano do curso de Língua e Literaturas Modernas, com a componente de Português, ir pedir explicações à minha antiga professora primária. E recordo que uma vez tive de levar a uma oral uma menina, 3.ª ano de Faculdade, numa cadeira de Linguística Portuguesa, porque tinha confundido na escrita o morfema -mos das formas verbais, 1.ª pessoa do plural, com o pronome pessoal -mos (contacão de em e os). Na oral, meteu as mãos pelos pés e os pés pelas mãos, no quadro, ao completar uma frase onde propositadamanente eu tinha inserido formos como da-mos e damos e outras do género, a menina meteu as mãos pelos pés e trocou tudo (ex. “Na escola nós damos livros aos alunos carenciados, mas a mim, a editora dá-mos”). Por mais dicas que eu e os outros membros do júri lhe déssemos, a menina não acertou uma. Com muita pena minha e mesmo perante o choro convulsivo da menina, uma jovem com 20 anos feitos, tive de a chumbar com a concordância unânime dos dois colegas. Eu também deixei que as lágrimas aflorassem nos olhos, mas erros de morfo-sintaxe deste género não perdoava. E dou um salto quando deparo com erros destes em livros publicados ou, vulgarmente, nos jornais.
    Que falta nos faz uma escola primária exigente! Exigente e humana, pois a exigência é uma qualidade humana que deve ser cultivada. É que o que não se aprende e apreende em determinada idade – neste caso a gramática explicita da língua materna – muito dificilmente se aprende depois dessa idade. Não sei se exagero, mas disso apenas são capazes os sobredotados ou que estão próximos dessa biotola.
    Obrigado pelo seu post.
    Com estima e consideração,
    Simão Cardoso

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  16. Simão Cardoso's avatar
    9 Julho, 2013 14:40

    Perdão pelo erro de digitalização: “contracção” e não “contação”, que não existe.

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    • Simão Cardoso's avatar
      9 Julho, 2013 14:47

      Escrevendo à velocidade de que sou capaz na digitalização do texto, acontecem erros de vários tipos e repetições desnecessárias. Foi o que me sucedeu no texto-comentário que escrevi com a expressão “as mãos pelos pés”. Peço desculpa. Devia ter lido e revisto mais atentamente.

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