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o busílis

27 Julho, 2013
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Dois anos e inúmeros aumentos de impostos depois, o primeiro-ministro português mais liberal de sempre reconhece que a excessiva carga fiscal que incide sobre os portugueses e as suas empresas está a matar a economia e, por arrasto, as próprias finanças públicas. O Dr. Xavier, que a propósito da reforma do IRC lhe deve ter explicado isto, poderia ter tido esse trabalho mais cedo. Não escaparíamos, à mesma, à actual carga fiscal, mas sempre teríamos um primeiro-ministro mais esclarecido e sabedor.

25 comentários leave one →
  1. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    27 Julho, 2013 12:39

    Agora é que não percebo nada.
    O PM quer unir-se ao PS?
    E vai pôr os cornos ao CDS ou quer ménage-à-trois?

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  2. MJRB's avatar
    27 Julho, 2013 13:06

    Lido no Sapo : “Ou nos salvamos todos ou não se salva ninguém”.
    Autor da “previsão” e frase eleitoralista, AJSeguro. Demagogo e/ou ignorante. Pateta, porque sabe muito bem que há quem esteja e continuará a safar-se e bem(!), e a muitos outros a crise está a passar-lhes lateralmente.
    E é AJS putativo PM… Safa !

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    • manuel's avatar
      manuel permalink
      27 Julho, 2013 14:17

      Penso que entende perfeitamente o que Seguro e Passos sabem. Nós vamos para 2ºresgaste ,antes do chamado pós-troika com que o sr presidente disfarçava a falta de liquidez desta “choldra”. O próximo resgaste terá de ter perdas para os credores na ordem dos 30 a 40% da dívida ,a minha dúvida é se vamos levar com uma dose “cavalar” à Chipre.As contas da república estão insustentáveis.Concordo consigo ,as grandes fortunas fazem-se em momentos de crise.

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      • MJRB's avatar
        27 Julho, 2013 14:27

        Óptimo : “as grandes fortunas fazem-se em momentos de crise”. Permito-me acrescentar : também, em momentos de crise. Os espíritos santo, os melos, e não só, passam praticamente intocáveis.
        E, AJSeguro se não sabe, alguém que lhe diga que se um dia fôr PM, para se aguentar em S.Bentyo, terá de atender os telefonemas dos banqueiros, dos mega-empresários, dos lobbys, dos maçons (e da troyka), quiçá também para lhe marcarem –a ele, PM– encontro à hora X para o assunto Y sob pena de “a matéria” Z provocar-lhe incómodos.

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      • Trinta e três's avatar
        Trinta e três permalink
        28 Julho, 2013 09:19

        Não se preocupem. Os números de telefone mais importantes, são das primeiras aprendizagens que se fazem nas “jotas”. E não me refiro ao número de emergência, claro.

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    • theodore's avatar
      theodore permalink
      27 Julho, 2013 14:52

      o zé siguro é outro mafioso, padrinho e nepote de fraca cota, embora .

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  3. manuel's avatar
    manuel permalink
    27 Julho, 2013 14:46

    MJRB: As coisas não são como o sr pensa. Se o resgate se fizer com perdas internas esses grupos da finança vão todos à falência . Quem tiver dinheiro no estrangeiro em contas pessoais safa-se ,como aconteceu no 25 Abril 74 e no 11 de Março de 1975 quando tiveram que fazer a mala à pressa.Ressalvo, que houve figuras do Estado Novo que tiveram grandes dificuldades no estrangeiro ,naquele tempo ,não havia ppp nem swaps!

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    • MJRB's avatar
      27 Julho, 2013 15:19

      Manuel,
      Se –repito, se– “esses grupos da finança” fossem “todos à falência”, Portugal estaria ABSOLUTAMENTE falido !…
      A banca, certa banca, é uma autêntica flor de estufa para governantes. O Estado, constatámos recentemente, não deixa falir bancos importantes — sempre, com o dinheiro dos nossos impostos. Lamenta-se que nessa salvação, o mesmo critério assistencial (“os amigos são para as ocasiões, contrapartidas surgirão para o partido no poder) beneficie pequenos bancos que não mereciam ser “revitalizados”…
      Alguns bancos e banqueiros tugas têm robustas e intocáveis fotunas no estrangeiro. Inclusivé desde o 25 de Abril, 11 de Março e 25 de Novembro. Muito desse dinheiro deveria estar em Portugal, aplicado no país. E, como se sabe, bastante mais fugiu a impostos…

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      • MJRB's avatar
        27 Julho, 2013 15:22

        Outra questão, Manuel : Há(!) muito dinheiro em Portugal. Está, isso sim, não aplicado no desenvolvimento de certas empresas e noutro tipo de relações da banca com os clientes.

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      • manuel's avatar
        manuel permalink
        27 Julho, 2013 15:30

        Então um país que pede dinheiro para pagar juros ,não está falido? Não temos economia para pagar juros ,mesmo não pagando toda a dívida pública(127,4% do PIB ). Os resultados dos bancos são todos negativos,excepto o BPI, e ainda agora ,78 Câmaras tiveram resgate, isto é catastrófico.

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      • lucklucky's avatar
        lucklucky permalink
        28 Julho, 2013 02:55

        “O Estado, constatámos recentemente, não deixa falir bancos importantes — sempre, com o dinheiro dos nossos impostos.”

        Não escreva tontices, não há maneira de pagar a falência de um dos maiores bancos portugueses com impostos. No máximo os depositantes serão forçados a tornar-se accionistas.

        No dia em que a troika for embora e os euros pedidos emprestados políticamente – porque o mercado há muito fechou- deixarem de chegar será necessário um corte de 8 mil milhões pelo menos.

        40 anos de défices só possíveis pela baixa dívida vinda da ditadura acabaram.

        Várias gerações que construiram o Regime de Esquerda Social Populista saído do 25 de Abril e uma Cultura Política acabaram por se autodestruir.

        Podemos ir para baixo e escolher dar ainda mais poder aos políticos que nos trouxeram aqui, dando~lhes como recompensa mais poder para impressão de dinheiro e inflação a la Argentina. Ou podemos começar agora a corrigir e perceber que o que produzimos não dá para vivermos com os quase 20000 euros per capita a que chegámos com crédito . Andamos mais pelos 15000 Euros. Ou seja um PIB de 150 mil milhões e não de quase 200 mil milhões.
        Sem o escape percebemos melhor que criação e produção ou melhor falta de é que é o problema.

        “Muito desse dinheiro deveria estar em Portugal, aplicado no país.”
        Quem é você para dizer onde os outros devem gastar o seu dinheiro?

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  4. theodore's avatar
    theodore permalink
    27 Julho, 2013 14:50

    “sejemos realistas”…

    está bem, e lá “sejamos”, prontos, eu sou tal o relvas, colega em docência como na maçona do siguro e do zorrinho, posso bem dizê-lo de seita e sabença… pah, tudo mesma m…. destinada à guerra máfia, msma roubalheira … os trolhas 🙂

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  5. JDGF's avatar
    JDGF permalink
    27 Julho, 2013 15:14

    O que se ouviu em Pombal não é mais que um paleio pindérico para empalear a ‘reforma’ do IRC. No meio disto tudo o Lobo Xavier deve sentir-se gozado. Quando muito estará prevista uma alteração cosmética lá para o OE de 2015 coisa muito oportuna dentro dos ciclos eleitorais, que a actual maioria prevê.
    Este Governo, no imediato, não vai querer mudar nada. Vamos continuar na dependência de uma espiral recessiva e vão pedir-nos que fechemos os olhos para ‘acreditar’ que algo mudou. Os custos inerentes à reforma do IRC, ontem proposta, não podem ser contabilizados no OE de 2014. São alterações com reflexos a médio prazo e o seu protelamento será inevitavelmente trágico para o País. E a corda está demasiado esticada.
    É impressionante a dualidade de critérios deste Governo. Para aumentar impostos não se ensaia mas para adaptar o sistema fiscal à situação ( e ao Mundo) torna-se necessário discussões públicas e o que adiante se verá. Se fosse necessário ilustrar um exemplo de governação sem qualquer tipo de estratégia não seria necessário procurar longe. Está debaixo das nossas barbas.

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  6. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    27 Julho, 2013 15:39

    Passos Coelho, sendo efectivamente “o primeiro-ministro português mais liberal de sempre”, não precisou das “explicações do Dr Xavier” para reconhecer que Portugal sofre duma excessiva carga fiscal.
    Sempre o disse !
    A diferença esta entre o reconhecer a necessidade de baixar a carga fiscal e a possibilidade de o fazer de forma realista e sustentavel.
    Como PPC disse ontém :
    “Mas não conseguimos fazer isso de um ano para o outro, não é possível. Não poderíamos agravar ainda mais o IRS para compensar alguma perda de rendimento que resultaria dos impostos para as empresas”
    Não me parece que seja justo e oportuno estar a dizer que Passos Coelho podia ter feito mais cedo o que se propõe fazer agora ou num futuro relativamente proximo.
    Parece-me fazer mais sentido apoiar e aplaudir a vontade do actual Primeiro Ministro de obter alguma abertura do PS para a realização de alguns dos cortes nas despesas publicas estruturais que permitiriam criar alguma margem para baixar a carga fiscal sem comprometer a consolidação orçamental.
    Mesmo sabendo que, no contexto politico actual, é um pouco como pregar no deserto !

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    • JDGF's avatar
      JDGF permalink
      28 Julho, 2013 08:21

      Não pôde tratar da carga fiscal mais cedo porque estávamos a trabalhar para ‘ganhar’ credibilidade externa, o que demorou 2 anos. Pode ser ‘anunciada’ agora – julgo eu – porque destruímos essa credibilidade em 3 semanas. Ou haverá uma razão estratégica pré-negocial próxima e outra eleitoral a médio prazo?
      Para fazer cortes da despesa precisa de responsabilizar ‘outros’ sem ceder terreno com o argumento de que é um compromisso – seu ! – com a troika. Mais tarde aparecerá a acusar os mesmos ‘outros’ por terem acelerado (intensificado) a espiral recessiva…
      De facto, tudo isto mais parece um circulo vicioso o que não bom para ninguém.
      Caminhamos velozmente para o dia em que a esperança e a confiança vão bater no fundo (desaparecendo sem rasto) e, como a História nos ensina, a partir daí tudo pode (e vai) acontecer…

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    • Trinta e três's avatar
      Trinta e três permalink
      28 Julho, 2013 09:23

      Quais são essas “despesas públicas estruturais” que precisam ser cortadas? É que, até agora, ainda não se percebeu “estrutura” alguma na coisa.

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  7. MJRB's avatar
    27 Julho, 2013 16:02

    Manuel
    15:30,
    Não, não está ABSOLUTAMENTE falido, como assinalei no comentário surgido às 15:19.

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  8. Ricciardi's avatar
    Ricciardi permalink
    27 Julho, 2013 17:44

    Bem, excluindo o periodo de crise internacional, onde TODOS os países tiveram defices gigantescos, gostaria de colocar os sucessos que cada país intervencionado teve para dirimir o défice público:

    2008 2012 Dif.
    Irlanda -13.500,00 -12.400,00 1.100,00
    Portugal -6.200,00 -10.600,00 -4.400,00
    Grecia -22.900,00 -19.400,00 3.500,00

    (fonte: eurostate)

    Como se pode ver Portugal foi o único país que está pior em 2012 do que no ano inicial da crise.
    .
    Desconsolidação, portanto. Um péssimo aluno que quer dar ares de bom aluno sem o ser.
    .
    A divida pública, bem, essa, vamos ver:

    2008 2012 Dif.
    Portugal 123.302,00 204.485,00 81.183,00
    .
    Rb

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  9. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    27 Julho, 2013 19:26

    Rb,

    Portugal não esta “intervencionado” desde 2008 (nem a Irlanda e a Grécia, de resto) mas sim desda 2011.
    Portanto, a avaliação deve ser feita comparando 2010 (e não 2008) com 2012.
    Em Portugal o déficit nominal em 2010, ano de forte recuperação da economia mundial a seguir à crise, foi de 9,8% do Pib, e em 2012, apesar da estagnação economica no conjunto da Zona Euro e dos efeitos necessariamente recessivos da politica interna de austeridade, desceu para 6,4%.
    Tendo em conta que ha uma componente importante do déficit que resulta de factores conjunturais, ou seja, de uma procura externa limitada por uma situação economica internacional menos favoravel e dos efeitos recessivos duma politica de austeridade que se tornou inevitavel para evitar a ruptura do financiamento do Estado e da economia, para se ter uma ideia certa da evolução da situação é util descontar os esta componente e ver qual foi a evolução do saldo estrutural primario.
    Ora bem, este passou de um déficit de 6,0% em 2010 para … um excedente de 0,2% em 2012 !
    Isto significa muito simplesmente que logo que e à medida que a situação conjuntural interna e externa for melhorando, em função da evolução da economia internacional e dos efeitos positivos esperados na segunda fase do ajustamento interno (ja começaram a aparecer os primeiros sinais), as contas publicas portuguesas deverão registar em poucos anos uma melhoria rapida e significativa.
    O documento de estratégia orçamental 2013-2017 considera um cenario central, construido com hipoteses conservadoras, de equilibrio orçamental em 2017 e de inicio da diminuição progressiva da divida publica acumulada a partir de 2015.

    Por sinal, comparando com a Irlanda, embora o programa de ajustamento tenha começado mais tarde, e existam naturalmente algumas diferenças, o perfil geral da consolidação das contas publicas é muito semelhante.
    O facto da Irlanda ter regressado a um crescimento positivo e estar a regressar aos mercados é uma indicação encorajadora para um pais como Portugal que segue globalmente o mesmo caminho.

    Como é geralmente reconhecido, a situação da Grécia é bem mais diferente e problematica. Mesmo assim, o programa grego esta a avançar e a situação financeira deixou de se degradar sistematicamente, como vinha a acontecer desde ha 3 anos.
    Depois de um começo muito dificil, mesmo na Grécia a austeridade esta a acontecer e a dar resultados.

    De qualquer modo, não ha alternativa à austeridade, dentro ou fora do Euro !

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  10. Ricciardi's avatar
    Ricciardi permalink
    27 Julho, 2013 20:04

    Fernando S, o meu problema, como deve entender, não tem a ver com partidos. Longe disso.
    .
    Seleccionei o periodo de 2008 por ser o ano zero da crise onde os efeitos ainda não se tinham manifestado fortemente.

    E seleccionei os países intervencionados para percebermos se nós estamos a consolidar melhor ou pior do que eles tendo tido a mesmíssima crise internacional.
    .
    E, claramente, tivemos um pior desempenho, independentemente de quem veio depois de 2008.
    .
    E porque é que uso o ano de 2008. Porque é normal depois de uma crise, regressar ao ponto inicial ao cabo de 2 ou 3 anos. Já vamos em CINCO anos de crise e os resultados são piores, como acima demonstrei.Ainda não regressamos ao ponto inicial (que já per si era mauzinho).
    .
    A Irlanda e a grécia, incrivelmente, consolidaram mais depressa do que nós.
    .
    Rb

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  11. Ricciardi's avatar
    Ricciardi permalink
    27 Julho, 2013 20:19

    Mas olhe, caro Fernando S, eu habituei-me a lidar com os meus problemas, resolvendo-os, independentemente das expectativas que tenho do crescimento dos outros.
    .
    Nós não podemos ficar à espera de uma recuperação eventual do mundo. Temos de ser parte dessa construção.
    .
    Dependemos uns dos outros, é certo, mas uns dependem mais que outros, como diria o porco dos animais da quinta.
    .
    Ou seja, não chega fazermos os trabalhos de casa todos os dias e convencermos-nos que já sabemos tudo e que vem a recuperação dos outros e salva-nos; temos mesmo de estudar a matéria de facto, isto é, agir.
    .
    Agir é muita coisa. Básicamente ter começado pelo lado que este governo quer agora começar.
    .
    Desde logo ter atacado o problema da dependencia do país das importações. A Energia que representa cerca de 12 mil milhões de saidas por ano. A fiscalidade para atrair investimento estrangeiro, que o governo agora parece ter tido uma ipafania. Uma ipafania insuficiente. Uma reduçãode 1% no IRC para o proximo ano é uma anedota.
    .
    Boa parte das contas do estado estão escondidas em sub contas. Olhe, por ex, vc sabia que o estado orçamentou para este ano uma despesa de 800 milhões para pareceres de advogados?
    .
    Pois.
    .
    Rb

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    • manuel's avatar
      manuel permalink
      27 Julho, 2013 22:31

      Rb: ssf diga-me a página do orçamento de estado que eu quero confirmar esse número monstruoso!

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      • Ricciardi's avatar
        Ricciardi permalink
        28 Julho, 2013 09:22

        Manuel,

        São várias paginas, mas veja no http://www.app.parlamento.pt... e entretenha-se a tarde TODA.
        .
        De memória:
        As rúbricas «SERVIÇOS GERAIS, ESTUDOS, COORDENAÇÃO E CONTROLO» e mais aquelas outras de «Trabalhos especializados» ou Serviços de gestão da Divida entre muitas outras contas ‘perdidas’ no meio de centenas de contas, totalizavam em 2012 mais de mil mihoes de euros. Tem mesmo que as somar uma a uma. A coisa está feita de forma a que seja dificil obtermos infiormação relevante.
        .
        Estou mesmo convencido que a contabilização de certas despesas são efectuadas de acordo com aquilo que mais interessar para esconder este tipo de despesas.
        .
        É exactamente neste tipo de contas que pulalam as verbas que servem os amigos do sistema. Se vc pagar por serviços da gestão da divida, cerca de 400 milhoes, para os serviços pretados pela troika, Borges, estudos do FMI, OCDE etc, vc não encontra esta verba ali para nós vermos. Nada disso. Ela está espalhada algures em subcontas.E nós só podemos obter esta informação se formos somando certas contas que indiciam este tipo de gastos.
        .
        Rb

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  12. Ricciardi's avatar
    Ricciardi permalink
    28 Julho, 2013 09:49

    Manuel, outro exemplo desta pessegada que me faz lembrar a serie ‘yes, prime minister’; onde é que podemos verificar nas contas que no ano passado se atribuiu a cerca de 30 empresas beneficios fiscais na ordem dos 1,2 mil milhões de euros????
    .
    Rb

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  13. Fernando S's avatar
    Fernando S permalink
    28 Julho, 2013 11:34

    Caro Ricciardi,

    O que o seu exercicio mostra é apenas que comparando 2008 com 2012 nos 3 paises em questão se constata que o déficit orçamental aumentou em valor absoluto em Portugal e diminuiu nos outros dois.
    Mas esta constação isolada não tem grande significado em si. Até porque faz abstracção de tudo o resto, da situação destes paises no inicio, no fim, nos entretantos, das diferenças entre eles, etc.
    Por isso não admira que a conclusão que o Ricciardi procura extrair seja errada. E seja até absurda. Pelo seu critério “o bom aluno” é … a Grécia !…
    De resto, embora o Ricciardi diga que o seu problema não são os partidos (suponho que quer dizer que o que importa não é saber quem é que esta ou não no governo), a verdade é que o seu objectivo, como se pode ver pelo resto dos seus comentarios, é claramente o de contestar a politica do governo em funções desde 2011.

    Ora bem, se quer avaliar os resultados do governo actual no plano do déficit e da divida publicos tem de ver a evolução dos numeros a partir de 2011, ano de entrada em funções do governo e de aplicação do programa de ajustamente negociado com a Troika, e não comparando 2008, antes da crise internacional, ainda no topo da bolha de crescimento mundial, com o ano de 2012, no meio de um programa de ajustamento com efeitos necessariamente recessivos e com uma Zona Euro em plena estagnação.
    E, acima de tudo, é indispensavel contextualizar tudo o que se passou e se passa. Algo que o Ricciardi não faz minimamente.

    Ja referi alguns elementos de avaliação que o Ricciardi pura e simplesmente ignora na sua analise e nas suas conclusões.
    Como vejo que gosta de comparar valores absolutos dos déficits nominais lembro-lhe este : entre 2010, antes da entrada do governo actual, antes da intervenção da Troika, antes do programa de ajustamento, e o final de 2012, em apenas 2 anos, o déficit orçamental nominal de Portugal foi reduzido em cerca de 7,6 mil milhões de Euros, 5 pontos percentuais do Pib 2012.
    Apenas como informação marginal, ja que, como disse, as situações e os timings são diferentes, no mesmo intervalo de tempo, o déficit da Grécia diminuiu 4,4 mil milhões (mas devia ter diminuido mais porque parte de mais longe, tem um déficit que é ainda o dobro do portugues, e ja beneficiou de um consideravel perdão de divida) e o da Irlanda 35,8 mil milhões (mas este valor inclui os reembolsos dos bancos capitalizados graças ao resgate).

    De um modo geral, o Ricciardi não pode estar a avaliar a situação do nosso pais em termos de um padrão normal de saida de uma crise de natureza internacional (3 a 5 anos) quando a crise portuguesa (e europeia) é tudo menos “normal” e tem uma dimensão interna (e europeia) que é bem anterior a 2008 e que não esta ainda ultrapassada. Os défcits excessivos e o rapido aumento do endividamento não apareceram apenas com a crise de 2008. O problema principal da economia e das finanças portuguesas não é principalmente conjuntural, ligado à crise de 2008, é sobretudo estrutural, decorrente do modelo economico e financeiro seguido nas ultimas décadas.

    Mas quanto a numeros e à contextualização haveria naturalmente muito mais a dizer …
    Na medida do possivel procurarei ainda comentar alguns dos aspectos que refere nos seus comentarios acima.

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