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O horror às reformas e o fascínio pela revolução

17 Dezembro, 2013

Tema do meu artigo de hoje no DE: «uma das grandes lições das revoluções é que aqueles que a mais pequena mudança indigna aquando da tentativa conservadora de uma reforma, passam a aceitar tudo mal chega o período revolucionário. Portugal, que tem a França e a respectiva revolução por modelo, ilustra esta tese à exaustão: nas reformas tudo nos indigna. Nas revoluções ou, pior ainda, no declínio tudo aceitamos. Num país cujas élites à semelhança dos irmãos de Luís XVI não querem mudar coisa alguma incensam-se os revolucionários que entre disparates e folclores não mudam nada e afastam-se os reformistas que sempre podiam mudar alguma coisa. (…) A nossa Versalhes doméstica está farta e cansada de tanta austeridade. Os comités revolucionários fazem a festa do costume e pedem cabeças. Os bons burgueses querem a habitualidade. O que nos vai acontecer? »

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  1. André's avatar
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    17 Dezembro, 2013 09:22

    Helena, por esse raciocínio, eu pertenço a duas das três classes: os revolucionários e os burgueses. Primeiro, quero manter a austeridade e aumentá-la, principalmente naquelas classes que a ainda a aguentam, como Ulrich disse e muito bem (de facto, o comércio de luxo continua a ter de renovar o stock continuamente, a classe alta está cheia de dinheiro). Assim não devo pertencer à Versalhes doméstica farta de austeridade. No entanto, quero cabeças, quero as cabeças daqueles que nos colocaram nesta situação de bancarrota. E tenha a agravante de querer que na busca dessas cabeças se ignore os partidos, em vez de fazer como o PSD, que investigou as PPP rodoviárias (feitas pelo PS) e esqueceu as ferroviárias (feitas pelo PSD). Assim é combater a corrupção eliminando a concorrência (para que se possa ser corrupto sem ter de dar uma parte do bolo aos outros). Assim não dá. Também sou um bom burguês, peço a habitualidade. Aliás, acho que o único meio de termos habitualidade é destruindo todos os corruptos, para que o Estado tenha dinheiro para funcionar sem precisar de destruir a classe média e mantendo salários essenciais ao consumo interno (que aguenta uma boa parte das nossas pequenas e médias empresas). Infelizmente, também não sou reformista, Acho é que no século XXI as revoluções se fazem sem grande alarido, o sistema pseudo-liberal corrupto que o PSD está a implantar pode ser combatido eficazmente combatendo a corrupção e mantendo o Estado Social, nem sequer precisamos de revoluções (isso tivemos nos anos 70), agora precisamos é de destruir os parasitas. Como? Prendendo-os, extraditando-os, apreendendo-lhes os bens… Fazer o que for preciso, mas considerando sempre a corrupção como um dos crimes mais perigosos do país.

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  2. @!@'s avatar
    @!@ permalink
    17 Dezembro, 2013 14:05

    Vamos lá a ver se entendi. É preciso reformar mas os portugueses não o querem, só com uma revolução, onde só se fazem disparates, para haver outras revoluções onde se fazem disparates, e no fim de contas acabamos por fazer reformas disparatadas. … Dá que pensar porque é que se querem reformas.

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  3. JP Ribeiro's avatar
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    17 Dezembro, 2013 16:13

    Só que por aqui nem sequer há um Turgot. Apenas uns turgots-faz-de-conta, uns mais modernos príncipes de Lampedusa.

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  4. BELIAL's avatar
    BELIAL permalink
    17 Dezembro, 2013 19:23

    Uns remendinhos aqui, uns pensos acolá.
    Barafusta-se, escoicinha-se, mas entre o “bitatite”, o “acho” e o “parece”: fazemos pela vidinha, “virando-nos”.

    E vamos andando.
    Com a cabeça entre as orelhas, Há 900 anos.

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