Coisas que aprendemos com os mirós
1. Os museus de arte são um negócio muito lucrativo, sobretudo em Portugal.
2. A Christie’s não percebe nada de como programar vendas de obras de arte.
3. A PGR tem política cultural e decide quais são os quadros que interessa manter em Portugal.
4. Portugueses cumprem escrupulosamente a lei e as leis são em geral justas e não burocráticas.
5. Em cada português há um especialista de arte, capaz não só de identificar quadros de qualidade, mas também de prever a sua rentabilidade. Isto tudo sem ver os quadros.
6. Quando se opta entre dinheiro e um bem é relevante se já se está na posse do bem. Se já se tem o bem, então ele não custa nada.
7. Custo de um bem (e.g. 35 milhões) pode ser substancialmente reduzido se nos lembrarmos de algo que custe muito mais(e.g. juros da dívida ou custo do BPN).
Enquanto isso, a RTP-nível-médio-de-audiência-2 (e isto não é um insulto) exibiu esta noite um documentário de José Fonseca e Costa a partir de um roteiro turístico de Lisboa escrito por Fernando Pessoa, que terminou assim:
No documentário podemos apreciar os principais monumentos da cidade, incluindo as obras de arte – pública, arte sacra. Dificilmente Lisboa terá sido mais bem retratada, e também o que o país foi e é.
Agora os “Miroses”?Vendamo-los, deixemos que nos rendam provavelmente bem mais que o valor base da licitação.
Imagino que se o Estado os tiver de manter na sua posse haverá filas gigantescas para os ver, maiores ainda que as da exposição de pechisbeques da Joana V.
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Será que ainda dá para juntar este filme ao lote dos Mirós?
E já agora a RTP também?
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Vamos com calma: nem só na Índia há “vacas sagradas”.
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“RTP-nível-médio-de-audiência-2” é uma expressão que li em tempos na antiga revista “3” d”O Independente”, na 2ª metade dos anos 90.
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Os portugueses são todos uma merda e não sabem arte.
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Pelo contrário, são todos uns grandes “artistas”.
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E percebem muito de obras dar-te.
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Este assuno já chateia.
Um país que por uns míseros 35 milhões deixa sair (e nunca deixou expor) uma coleção única no Mundo, merece claramente este post e todos os outros anteriores.
Gerido por empregados de balcão que servem bicas (sem factura) a trolhas.
Só para lembrar que ontem a RTP deitou à rua 100 mil euros mais os muitos 100 mil euros que demorou a fazer aquele concurso.
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FD
Já viu os quadros?
Sabe quanto custa expor?
Pagava 20€ para ir ver os Miró?
Se eles foram para Madrid ou Barcelona (que curiosamente ainda não se mostraram) vai lá vê-los?
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Não (não pertenço ao Governo nem ao BPN), não (não tenho nenhuma galeria de arte), sim (posso gastar esse valor), não (esse valor já é demasiado para mim).
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Ponto 1: Os museus não são lucrativos. Evidentemente. E as exposições temporárias? Ou melhor, as exposições temporárias que conseguem captar a atenção? Ainda bem que o João Miranda não é administrador do Álvaro Covões, que senão, não tinha podido ver a exposição da Joana Vasconcelos e a do Prado em Lisboa. Ah, e ele não tinha feito lucros com elas…
Ponto 2: A leiloeira percebe, os gestores do nosso governo é que percebem imenso de valorização do património e adoram ser enganados. Era o Passos Coelho que antes de estar no governo falia as empresas, não era?
Ponto 3: Quando vi isso ontem não acreditava. O que é que a PGR tem que ver com isso? Só acertou em dois pontos neste texto e este é um deles.
Ponto 4: Os portugueses não cumprem escrupulosamente as leis (veja-se a fuga ao fisco, a sua influência nas receitas insuficientes do estado e consequentemente, no défice que nos obrigou a pedir ajuda externa), mas o estado não cumprir as leis (embora não seja novidade, veja-se os picos de atividade do Tribunal Constitucional) é certamente infeliz, embora seja realmente uma tendência neste governo. Realmente o PCP tem razão, estamos comprovadamente perante um governo de ladrões (ou de perpetuadores de atos ilícitos, como preferir).
Ponto 5: Pessoalmente não aprecio Miró (gosto muito do surrealismo, mas o Miró!? Não consigo gostar daquilo), mas com a publicidade que já se fez à coleção, neste momento uma exposição temporária vinha a calhar. Ganhava-se uns trocos e depois vendia-se alguns quadros espaçadamente. Mas sim, tem razão, há imensa gente que não gosta de arte moderna a defender com unhas e dentes a manutenção dos quadros em Portugal.
Ponto 6: Correção, a coleção custa, no caso, juntamente com um banco, custou-nos cerca de 6000 milhões de euros e com perspetivas de aumentar. Acho que vender os quadros todos de uma vez provoca a desvalorização do pintor (o que interessará a quem for comprar as obras, mas muito pouco a quem as quer vender). Sinceramente acho que manter uma coleção daquelas a ganhar pó em Portugal não faz sentido, mas vender alguns quadros separadamente (até fazermos 35 milhões de euros, ou 40, se quiser) e expor os outros será algo bem mais rentabilizador do património (mas vendo a queda do governo em vender participações e empresas lucrativas, parece-me que não temos no governo gestores que queiram rentabilizar o património, só estão interessados em afundar ainda mais o estado).
Ponto 7: Não era esse o argumento usado para que o PSD, o CDS-PP e o PS não reduzissem os privilégios dos políticos? E olhe que isso não seria só 35 milhões… Mas já agora, se acabar com essas despesas não tinha qualquer efeito no défice, por que razão terá um grande efeito ganhar 35 milhões de euros? Não faz lá muito sentido, mas tenho a certeza de que algum apoiante do governo conseguirá arranjar um fraco argumento que poderá ser rebatido dois minutos após a leitura (ademais, como os apoiantes da direita portuguesa nos têm vindo a habituar, argumentos com muito pouca qualidade).
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Ponto único:
Se chama arte à Joana Vasconcelos estamos conversados!
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Foi ver a exposição ao Palácio da Ajuda? Eu fui, antes até nem tinha grande opinião sobre ela (fui contrariado à exposição), confesso que depois de ver a exposição mudei de opinião. Mas obviamente não escondo que entre essa e a do museu de arte antiga preferi a do museu de arte antiga.
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Está em boa companhia
I know how foolish critics can be, being one myself – Anthony Burgess (*)
(*) Não confundir com burgesso
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André, já tinha ido ao Palácio da Ajuda antes?
Eu já, várias vezes.
A Joana não fui, não costumo ver o Querido mudei a casa.
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Sim, já lá tina ido antes. Qual é o interesse da pergunta?
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“Tinha ido”, não “tina ido”.
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Abre Latas
Afinfe aqui uma lista de nomes do que para si é arte.
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Viram como O Oliveira e Costa era um visionário?
“uma colecção única no mundo”
Oliveira e Costa para o panteão por serviços mais que relevantes na cultura portuguesa.
Uma pessoa que chama a 35 milhões “míseros” devia ser taxado nos seus rendimentos em pelo menos 75% como fez o Hollande…pelo menos pela presunção de “miserabilidade”.
Já 100 mil euros é muita coisa agora mas quando recebeu mais de um milhão há três anos era serviço público.
Assim não brinco
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Não percebeu nada do que escrevi.
35 milhões são 0,000cagasésimos do que o estado espatifa a todo o momento, não aquece nem arrefece nada.
Nunca me viu escrever que um milhão ou um tostão gastros na RTP são serviço público, são simplesmente dinheiro deitado à rua.
Mas talvez contratando uns cinquenta deputados mais a senhora PGR eles possam em três meses fazerem mais mirós uns picassos e uns freud que se vendam também muito bem.
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Ele há coisas estranhas!
No meio de toda a bandidagem que dizem que sucedeu no BPN, ninguem se lembrou de meter os Miró numa camionete e escondê-los?
Ou havia por lá uns Picassos e estes são milho para os pardais.
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É uma maneira irónica de concordar com o destino que o governo deu aos mirós, um armazém da Christie’s onde estão a pagar alojamento com dinheiro dos nossos impostos.
Até gostava de saber qual o montante da factura da Christie’s até este momento, não só de armazenamento das obras mas da preparação de um leilão abortado com todos os prejuízos daí resultantes.
É que os ingleses não suportam este tipo de coisas.
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O leilão não foi nada abortado (a comunicação social julga que Portugal é o centro do Mundo) retiraram simplesmente algumas peças.
Não deve ter sido a primeira vez nem vai ser a última.
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João Miranda, também aprendemos que o Oliveira e Costa é um genial colecionador de obras de arte e um profundo conhecedor da cultura universal.
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Lembram-se de Foz Coa?
A cáfila é a mesma…
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Estamos a pertir do principio que se os Mirós ficarem, vão para um museu.
Mas poderão ir para um armazem qualquer e daqui a uns tempos quando formos por eles poderemos descobrir que já não estão lá e nunca se vir a descobrir o que lhes aconteceu
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Há outra coisa que se aprendeu com os mirós: o desespero dos propagandistas do governo é tal, que já aceitam atropelos à lei, venda ilegal de património e… secretários de estado imbecis.
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Fui ver a exposição da Joana Vasconcelos e aproveitei para visitar o Palácio da Ajuda que não conhecia e gostei bastante.
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Caro João Miranda,
O serviço da dívida para 2014 é de 7239 milhões. Os 35 milhões dos Miró representam 0,48%.
Mas representam este valor apenas este ano. Se os Miró forem vendidos e calcularmos a percentagem em relação ao total do serviço da dívida dos próximos 100 ou 200 anos, representará zero. E em relação à dívida em si representa 0,018% ou seja zero.
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/portugal_paga_7239_mil_milhoes_de_euros_em_juros_da_divida_publica_em_2014.html
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/divida_publica_superou_127_do_pib_no_primeiro_trimestre.html
Temos de tentar melhores argumentos. Eu sugiro um bom: “queremos vender os quadros de chave na mão” porque… “queremos vender os quadros de chave na mão”. 😉
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