este homem sabe o que faz
12 Março, 2014
“Não me arrependo de ter subscrito o manifesto”, disse Sevinate Pinto, após a sua exoneração pelo Presidente da República.
Mas será que sabe mesmo? É que talvez se arrependa depois de ler isto, escrito por quem sabe mesmo o que (sub)escreve.
20 comentários
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“Pois no meu caso eu já estou a pagar IRS a 45 por cento, mais uma sobretaxa de 3,5 por cento, mais 11 por cento de Segurança Social, o que eleva o meu contributo para 59,5 por cento nominais e não me estou a queixar.
Sabem, a minha reforma já foi mais cortada que a vossa. Quando comecei a trabalhar, tinha uma expectativa de receber a primeira pensão no valor de mais de 90 por cento do último salário. Agora tenho uma certeza: a minha primeira pensão vai ser de 55 por cento do último salário.
E não me estou a queixar, todos temos de contribuir.
Caros subscritores do Manifesto para a reestruturação da dívida pública, desculpem a franqueza: a vossa geração está errada. Não agravem ainda mais os problemas que deixaram para a geração seguinte. Façam um favor ao país – não criem mais problemas. Deixem os mais novos trabalhar.”
…
Acima lê-se a diferença entre quem quer ser parte da solução, ainda que a perder e muito, e outros que não põem preto no branco igual declaração de interesses e, no geral, não consta que tenham contribuído para evitar a situação em que ficámos em 2011.
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O José Gomes Ferreira já foi proposto no Blasfémias para primeiro-ministro. Ironicamente, claro, uma vez que apresentava soluções, ou críticas (não me lembro bem) que afetavam o governo.
Realmente, ele tem destas coisas: ou acerta em cheio ou diz disparates também em cheio. Ou seja, ele é pleno. Tenho alguma tendência para simpatizar com ele, porque me parece sincero: falando certo ou dizendo disparates ele deseja ser honesto.
Neste caso, tem partes com razão e outras sem nenhuma. Senão, vejamos:
– “Deixem os mais novos trabalhar.” Não tarda nada, havemos de o ver a defender o aumento da idade da reforma para cima dos 67 anos, à laia de Alexandre Soares dos Santos quando respondeu “upa! upa!” à jornalista, insinuando que deveria ser muito daquela idade.
Ora, vários dos subscritores têm bastante abaixo dos 67.
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Meu caro, meu caro: lendo todo o texto percebe-se (pensava eu) que o “mais novos” tem um significado e alcance diferentes daquele que refere (ou pretende entender): Na sua retórica sustenta a validade acima dos 67, e bem, acontece que aqueles que são mais novos entendem que o que agora acontece sobre eles recairá até depois dessa idade e por mais tempo que sobre aqueles que querem em manifesto prolongar a pesada herança ad eternum. Esqueça a espuma dos dias e olhe o fundamental, que isto de ir buscar a idade de reforma para argumento no seu comentário é, digamos com cortesia, descabido.
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Claro, Jorge. Eu sei que é descabido para quem discorda. Para mim, não é nada descabido. Os “idosos” que assinaram o manifesto só não tiveram uma vida miserável quando eram novos porque pertenciam a uma restrita elite. Os mais de 90% com aquelas idades, mas fora das elites, passaram grande parte da sua vida mais ou menos na miséria, comparado com “os mais novos” que deverão ser deixados a trabalhar. JGF, como muitos dos meus amigos comentadores, têm dificuldades em ver as coisas fora dos círculos das elites de Lisboa e Porto.
Os “mais novos” tiveram infinitamente mais da vida até aos 30 anos do que a maioria da mesma geração do manifesto até à morte.
De resto, gosto imenso de o ver confundido com os meus comentários, uma das várias razões para os fazer. 😉
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Significa a sua resposta que vai continuar a comentar o comentador e não os argumentos?
Quando refiro des-cabido não refiro clero exonerado, refiro sem cabimento. O assunto é que estes 70 não representam a(s) sua(s) geração/ões, como bem diz, representam um interesse (no caso vários mas amigados) que não tem sustentabilidade crítica, não propõem nenhuma solução, apenas embirram com um caminho. Também os tolos são honestos e de nada lhes serve. Não irei deixar a honestidade ou a não honestidade por comparações implícitas (para isso teve ontem o Ferreira Fernandes a chamar desonesto a Paulo Rangel). Estas pessoas são intelectualmente desonestas porque não têm qualquer propósito comum de solução e, como JGF conclui (involuntariamente?!), apenas redundam na tentativa de estrago ao pouco que se vai conseguindo de alívio à pressão financeira.
E a sua solução, sub67 ou não, é….
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Ah! Esqueci-me de dizer aqui, mas já escrevi noutro comentário, que tenho dúvidas sobre a oportunidade e o interesse deste manifesto.
JGF escreve “Vocês pensaram bem no momento e nas consequências da vossa proposta, feita a menos de dois meses do anúncio do modo de saída do programa de assistência internacional?”
Eu coloco a mesma questão. Mas isso não é uma questão de gerações.
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“Tiradentes HIPERLIGAÇÃO PERMANENTE
12 Março, 2014 20:34
O problema não é de “geração” embora possa assim ser designado por ser mais fácil explicar. Há muitos mais novos que são mais “velhos” que estes.”
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Caro Jorge, fui buscar este comentário ao post da Helena Matos “Carta a uma geração”. Veja se assim concorda já que é um comentador mais de “direita liberal” do que eu.
O que me irrita é a sustentação de que a geração dos velhinhos seja privilegiada. Só mesmo quem vive em castelos nos grandes centros e cria esses mitos por falta de micose para coçar. A larguíssima maioria de jovens até aos 30 anos gozou mais a vida do que a quase totalidade dos “velhinhos” gozará até à morte.
Diz bem, muito sub67. Ou também gostaria de me “ver” já velhinho. 😉
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Concordo com a citação mas é irrelevante como crítica ao JGF, repito que ele não comete o erro de alienar gerações duma discussão. Ele fala de geração política. Não me vejo como menino de Lisboa ou Porto, não me alheio do sofrimento humano que não tem idade ou geração. Não aceito dois dos seus juízos: dos mais novos serem privilegiados face aos mais velhos pelo evoluir dos tempos e dos mais velhos serem uns coitados, não se faz deve e haver inter-gerações e não me comisero pelo passado difícil dos “velhinhos”, esse tipo de atributos é para mim destituído de fundamento racional. Respeito a pessoa, dificilmente por qualquer estatuto que ela invoque e faço-o transgeracionalmente.
O que temos de facto é um modelo de estado social no geral e de pagamento de pensões em particular que objectivamente beneficia gerações actuais em detrimento das vindouras, e isso não é questão da subjectividade do merecimento mas de sustentabilidade de pagamento.
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“Não aceito dois dos seus juízos: dos mais novos serem privilegiados face aos mais velhos pelo evoluir dos tempos…”
Este juízo é exatamente para combater a ideia de que uma geração que muitas vezes abdica de carro para dar aos filhos, e que lhes dá cursos que nunca teve, seja uma geração de privilegiados. Eu sou contra a guerra geracional como substituição da luta de classes e tenho todo o gosto que a evolução permita aos mais jovens ter uma vida melhor.
O governo, a Helena Matos, o José Manuel Fernandes, e outros, sustentam estas teses, mas deve ser com saudades da luta de classes marxista que já não resulta bem. 😉
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Sem demagogia, abdicar de carro implica a possibilidade de o ter, vejo o sofrimento como privação a anos-luz dessa problemática de escolha. Lamento-o mas a minha memória pessoal da evolução de gerações e do país transporta-me para reais dificuldades.
Não sou apologista de jmf, hm, Governo ou sejam eles quem forem, mas não hesito em concordar que a questão geracional possa ser usada como paradigma, não os vejo a atacar gerações mas sim interesses instalados.
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“… não os vejo a atacar gerações mas sim interesses instalados.”
O seu coração é puro, meu caro. 😉
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JGF enrrabou 70 duma só vez
‘deu uma de valente’
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As enrabadelas deram-lhe prazer, balde-de-cal? 😉
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É curioso o súbito apoio a Gomes Ferreira, já por aqui tão criticado anteriormente. Mas, entendamo-nos: o vosso apoio deve-se, apenas, ao facto da manutenção da atual política representar a destruição radical dos principais serviços públicos. Só isso.
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PS: Mas alguém acredita que “os mercados” precisam do telejornal da SIC ou de um qualquer manifesto, para saberem o que conseguimos ou não fazer?
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Obrigado por querer fundamentar a (também) minha opinião. Na sua forma de ver, alguém que (eventualmente) tenha sido criticado jamais poderá vir a ser apoiado pelos críticos, a sua definição de crítica roça a erradicação. Querer ter um estado sustentável é querer assegurar as funções do estado por muitos e bons anos, quais essas funções é um assunto que depende de existir estado. Os mercados usam a informação para intuir variações de risco e probabilidades dessas ocorrerem, diria que ninguém acredita que você saiba o que é um mercado. Recordo-lhe que foi através da inevitabilidade deste quarto poder que muitos assuntos viram a luz do dia e determinaram crises. Claro está que na Soeiro Pereira Gomes não se concebe a existência de quarto poder, a possibilidade de “regeneração” de dissidentes ou um estado menor que o total, daí a sua matriz discursiva.
Detalhe: como outros não argumenta sobre o assunto, porque será?
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Já tentou ler o meu comentário até ao fim, ou apenas precisava de um pretexto para debitar o texto?
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Já agora: não argumentei, AQUI, sobre o assunto, porque já o fiz noutro local e, sobre mercados, digo-lhe que nada mais diz do que baboseiras. Não, eles não precisam da sua opinião ou da minha.
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Como os meus comentários estão sujeitos a exame prévio, tive tempo de ver o programa de hoje de Gomes Ferreira e convido a vê-lo os entusiastas da citação que originou estes comentários.
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Talvez valha a pena lembrar que um dos magníficos 70 até foi Ministro de Salazar.
A sua responsabilidade na situação em que nos encontramos, é portanto já muito antiga.
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Excelente artigo! Depois disto, a Brigada do Reumático que pegue no seu manifesto e o …
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