T-shirt do dia
O assunto do dia é dos mais interessantes dos últimos tempos. Não se trata do assunto do mês, não é o assunto da semana e, mesmo para assunto do dia, está limitado pela probabilidade de acontecer algo a que se possa chamar “notícia”, obrigando o assunto do dia a passar para terceiro ou 16º plano. Mesmo assim, para já, enquanto escrevo isto, é o assunto do dia (e a chuva, a chuva também).
O assunto do dia é então uma entrevista ao comentador Sócrates, que terá acontecido na RTP e que seria relevante se mais pessoas estivessem interessadas em ver entrevistas ao comentador Sócrates na RTP, pelo menos ao ponto de falarem sobre entrevistas feitas na RTP ao comentador da RTP. Portanto, o assunto não é a entrevista e sim o quão interessante teria sido que alguém tivesse visto a entrevista apesar de ninguém ver o comentador Sócrates na RTP. Ninguém, não: há quem veja, conseguindo o programa quase competir semanalmente (“Telejornal”, 665.000 telespectadores em 16 de Março) com colossos como “A tua cara não me é estranha: kids” (1.149.500 telespectadores em 16 de Março), “Vale tudo” (855.000 telespectadores) ou “Somos Portugal: festa da Rainha do Tejo” (722.000 telespectadores).
Em primeiro lugar, medir as espingardas: José Rodrigues dos Santos tem, hoje, dois livros no top de vendas nacional, “Um milionário em Lisboa” em número 2 e “O homem de Constantinopla” em número 3. José Sócrates escreveu uma coisa sobre algo que envolve tortura (auto-biografia?) e que pesa 277g, tendo sido um item curioso (novelty item) para se oferecer no Natal mas demasiado caro para calço de frigorífico, a única estratégia de marketing viável para se tentar chegar à segunda edição a tempo do Natal de 2018.
Em segundo lugar, a ideia de repetição de um julgamento popular ao comentador Sócrates, que já ocorreu a 5 de Junho de 2011, originando 28,06% para o condenado e 38,65% para o opositor, agora no governo até 2015; esta diferença, de 1.568.168 votos para 2.159.742 implica um multiplicador cainesiano de 1,38, demonstrando a eficácia do investimento em dívida pública.
Em terceiro lugar, a ideia de que “eles andem aí”, uma espécie de promessa de retorno do animal feroz às lides tauromáquicas, como se um indivíduo sujeitar-se ao voto popular e subsequente escolha pelo eleitorado fosse algo a temer num regime democrático com sufrágio universal. Como se uma vitória em eleições legislativas do comentador Sócrates, caso obtivesse aval de liderança no seu partido, fosse algo a temer por alguém, numa espécie de ameaça tola de “cuidado, vem aí o voto popular”.
Em quarto lugar, a ideia de que o comentador Sócrates obtém liderança no seu partido a partir do apoio de 25 a 30 indivíduos dispostos a assinarem manifestos com Manuela Ferreira Leite, Bagão Félix e Francisco Louçã. Retirando o evidente lado cómico da situação, só se atinge os píncaros da comédia se tal acontecer mesmo, enviando o “novo rumo” do Partido Socialista para o velho rumo de glórias perdidas e erros de casting que causaram ao PASOK os resultados de 43,92% em 2009, 13,18% em Maio de 2012 e 12,28% no mês seguinte.
Em quinto lugar, a falta de percepção dos 25 a 30 indivíduos pendurados no PS que acreditam no sex symbol feroz: contrariamente ao que estes possam pensar sobre os opositores de Sócrates em 2011, nada seria mais agradável e confortável para a combinação PSD/CDS/PCP/BE do que ver o menino d’oiro a concorrer a eleições legislativas. Pessoalmente só posso incentivar: por favor, urbanóides equivocados, não percam tempo, tragam o comentador de volta à ribalta partidária. É que isto já não se aguenta.

“Pessoalmente só posso incentivar: por favor, urbanóides equivocados, não percam tempo, tragam o comentador de volta à ribalta partidária. É que isto já não se aguenta.”
Vitor, pessoalmente não gosto do atual governo do PSD/CDS-PP, mas há algo de que ainda gosto menos: de ver o Sócrates a tomar as rédeas do país outra vez. Por isso, sinceramente, prefiro que ele não volte a aparecer, é que estamos a falar do mesmo povo (agora um pouco mais envelhecido, mas o mesmo) que em 1995 estava farto do Cavaco Silva. Veja-se o resultado. Sinceramente, não faça apelos para que o Sócrates volte à política, é que isto ainda pode correr muito mal se ele volta (muito mal para todos os outros que não ele, evidentemente). Tal como o Cavaco, o Sócrates é demasiado inteligente para ser descurado por quem não gosta dele.
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Não afasto a hipótese de Sócrates chegar a presidente, um dia. A PM não só não chega como tentar o arruinaria durante anos.
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Mas quem é que escreveu que ele precisa de se candidatar às próximas legislativas? O governo vai-se manter até ao fim do mandato, depois haverá eleições e vencerá o PS (que se irá aliar ao PSD ou ao CDS-PP), a questão é quanto tempo durará esse governo e que apoios irá José Sócrates obter durante a sua duração.
Até lá ainda vai correr muita tinta, mas descurar José Sócrates pode ser mau para quem queira conquistar o poder (diga-se, por exemplo, António Costa ou Rui Rio, ou ambos). Se não se conseguir levar aquele homem a uma condenação criminal, dou-lhe dez anos para que ele seja de novo primeiro-ministro, e depois logo se verá como corre para uma presidência da república aos setentas e muitos anos.
PS: De qualquer forma, se o Sócrates fosse presidente da república, tem alguma dúvida que mesmo com escassos poderes seria ele a estar no comando do país? Tal o Cavaco, ele é demasiado inteligente para não ser levado em conta.
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Dá demasiado crédito a alguém condenado a ser Santana Lopes.
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É possível que Sócrates chegue a Presidente da República.
O mesmo se dirá de Santana Lopes.
Até é possível que o Benfica venha a ser campeão europeu.
Infelizmente esta última possibilidade tem uma probabilidade igual à de Jesus descer à terra (estamos a falar do original) enquanto as duas primeiras infelizmente podem vir a ser verdadeiras.
Este bom povo já fez tantas asneiras que tudo é possível.
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O manifesto português “pode ser um gatilho para a mudança na Europa” (Expresso)
O economista dinamarquês Bengt-Ake Lundvall, especialista em sistemas nacionais de inovação e “economias que aprendem”, assinou o manifesto dos 74 pela reestruturação da dívida portuguesa, prevendo que se possa estar a chegar a um “momento político de rutura” na Europa.
E esta, hein?!…
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Eheheheheh! Especialista em economias que aprendem… Eheheheheheh!
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Eu até gostava de ver o parlamento dinamarquês a votar a mutualização da divida portuguesa, espanhola, grega, italiana, francesa, etc e tal. Mesmo aconselhados por especialistas em economias que aprendem.
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É já a seguir…
Clarinho, como o pez!
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YHWH, você complexa-me ao demonstrar a completa ignorância em que estou mergulhado: quem será o economista dinamarquês Bengt-Ake Lundvall? É de certeza alguém que as pessoas cultas veneram e que eu, raios me partam, jamais ouvi falar.
O único economista importante que de vez em quando cito – para armar ao pingarelho, como se adivinha – é o Artur Baptista da Silva.
É que não é só você. Em jornais de referência, jornalistas de nomeada – portugueses, porque nesta coisa de bitaites, prefiro o produto nacional – realçam a importância da declaração da referida criatura. E de outras. Importantes de certeza no encaminhar dos desígnios nacionais, e que me são ilustres desconhecidos
PS. só sei que são amigos do Dr. Louçã, o que realça a importância das criaturas
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Pois, compreendo-o
Você conhece a economia e os economistas que os livros cristalizaram para as mitologias pop.
Este trabalha ideias e conceitos para o futuro. Talvez os livros daqui a 20 ou 30 anos comecem a mencioná-lo, e aí você já o poderá conhecer.
.
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Ó YHWH, ainda bem que me compreende. O que não acontece comigo em relação a si.
Mas indo ao assunto: com “E esta, hein?!…” tenta-nos transmitir o seu sentimento de deslumbramento, porque alguém da estranja botou opinião sobre proposta de um grupo de criaturas indígenas.
E com o parágrafo “O manifesto português “pode ser um gatilho para a mudança na Europa” a dita criatura daqui a 30 anos constará nos livros… talvez de humor. É que por motivos profissionais/familiares, saio da terrinha mais que uma vez por mês e, mesmo na UE, por mais que rebusque, nada de falarem em nós (e quando falam não é por coisa boa).
E as vezes que tento meter a colherada de “nós, em Portugal…”, ficam com aquele olhar “o-que-é-que-a-gente-tem-a-ver-com-isso”.
Bom, como já tinha dito, fico-me pelo “porcelana” do Artur Baptista da Silva.
Para o gasto, chega.
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vitorcunha onde é que Sócrates te mordeu?!
Olha para as patas dos pantomineiros e vigaristas que estão a empobrecer o país.
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Quer mesmo que responda onde é que me mordeu? Isso não é conversa para blogue que não filtra por idade.
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josegcmonteiro, com isso de “morder o VC” confirma “aquilo” do Sócrates? Do VC estou-me borrifando que faça parte das minorias – por enquanto. Refiro-me a serem minoria – mas o Sócrates interessa-me – não é por nada, porque nisso sou como o outro: o que mais odeio depois dos homossexuais, são os homofóbicos – para fazer conversa à hora de jantar. Com a crise não dá para sair, nem sequer ir ao cinema, e temas de conversa já estão esgotados.
Fico à espera
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O que é uma Economia que Aprende?
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É uma que não gasta dinheiro com investigadores de economias que aprendem.
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mas há alguém que leve a sério criticas (pela direita) ao PS, quando o mesmo está “agarrado” pela assinatura do memo e do tratado orçamental?
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Chegou a esquerda N-céfala. Vamos ouvir:
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alguém leva a sério os situacionistas que se limitam a fazer oposição à oposição? Ok, o “arco da governabilidade” tem um mandato da NS de Fátima para fazer o milagre que começou a ensaiar … há 4 décadas 🙂
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Você leva. Está cá todos os santos dias como um iraquiano a explicar que estão a ganhar a guerra.
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nada que seja diferente do que você faz.
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Qual é o seu blogue?
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“o meu blog” são os meus comentários no SEU blog. Simples.
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Parasitagem.
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Vitor Cunha, não me passa pela cabeça “tomar as dores” do Portela, mas essa doeu…
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Utilização dos veículos disponíveis.
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Eu faço-lhe um blogue. O prof. Anacleto até pode ajudar a fazer em inglês.
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Carvalho, seu eu usase o termo parasitagem para definir a política situacionista, seria “moderado”.
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Essa ideia do “milagre possível” que o PS tenta transmitir, obriga – no espírito soviético – a “tirar” da foto o que não interessa.
A ida de Matteo Renzi a França foi uma chama que se reacendeu. As notícias davam nota do acordo “pelo crescimento” (como se alguém fosse pelo decrescimento da economia), numa frente contra a Alemanha.
A alegria de um novo “fartar vilanagem” dava ânimo à malta: de jovens inconsequentes a jarretas marginalizados.
Mas, repentinamente, Renzi é acometido de “morte súbita” – com Hollande em estado de moribundez – após a visita à Alemanha.
Que diz o socialista que tenha forçado a ser abatido pelos PS’s: pois que a Alemanha é um parceiro importante para a solução e que os tratados não foram congeminados e assinados por pessoas más, mas também por eles, os italianos. Pelo que tinham que ser cumpridos.
E até deu um exemplo futeboleiro: se uma equipa nada ganha durante 5 anos, terá que mudar a táctica, não as regras do jogo.
A ordem é cortes em todos os ministérios. E a despesa possível de fazer, que seja exclusivamente dedicada a promover o crescimento.
O subsecretário da presidência do conselho, Graziano Delrio (coordenador do governo), uma “esperança”, pois é um ex-líder sindical de esquerda, põe mais uma pedra na tumba do delírio socialista: que a decisão dos cortes não são facultativos e ministro que não consiga resultados vai para a rua e que a Itália se encontra na situação da Alemanha pré-Schroeder.
Desconheço se Renzi vai ter êxito, pois a única certeza é que para os PS… está morto
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Com as acusações de há dias do procurador do MP em Aveiro, segundo as quais o Governo anterior não parou até conseguir “chegar ao processo” (neste caso não é um jornalista que se nega a revelar as fontes – é mesmo o procurador a dizê-lo, perante a passividade de um país inteiro e sinal de uma coisa angolana qualquer), há por aí muita gente necessitade em chegar a certos cargos, para depois dizer com cara de vítima que há judicialização da política. Mas de facto não há nenhuma, caso contrário as personagens não teriam sequer condições de disponibilidade para dar entrevistas.
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Claro , enquanto se fala do outro que, não digo o nome ,parece-me que o governo já tem 3 anos . Devem estar a preparar a execução da reforma do estado , ou seja, mais cortes nos salários e nas reformas!
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Tem razão. Pessoalmente preferia que fosse o inominável a fazer esses cortes. Era mais poético.
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Se não tivessem caído no golpinho dele de chumbar o PEC IV para ele ter um motivo para se ir embora, certamente que seria ele a fazer os cortes que fez este governo. Não tenho dúvida nenhuma disso. Como também não tenho dúvidas que António Costa ou António José Seguro (este, de uma forma muito improvável) ou outro qualquer que apareça pelo PS os farão depois das próximas eleições.
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“Bicharel poliglota e viúvas saudosas” – telenovelo dominical ou (má) publicidade paga?…
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