Twins
Muitos dirão que é dificil encontrar diferenças entre o PS, PSD e CDS no que diz respeito a questões europeias. Eu digo mais: é exercício inútil, é farinha do mesmo saco. Há decadas. Basta analisar como votam e o que votam.
E tanto é assim que os próprios protagonistas tem dificuldades em conseguirem fazer-se distinguir uns dos outros. Repare-se no emeranhado e rodriguinhos com que Paulo Rangel conseguiu ontem preencher uma página do Público. Diz ele que num debate entre Shultz e Junker, o primeiro terá dito que «os eurobonds não estão na agenda». E o que diz Junker? «esse processo não pode avançar sem a vontade política dos Estados e que, neste momento, ela não existe manifestamente em alguns deles». Ok, Paulo Rangel acha, eufórico, que são respostas totalmente diferentes… enfim.
O mesmo Rangel vem no entanto reconhecer «que também no âmbito do Partido Popular Europeu e, de resto, no quadro do programa europeu dos partidos portugueses que apoiam o Governo, não se exclui o caminho futuro de uma mutualização». Portanto, o PPE, e por consequência o PSD e CDS, são favoráveis a essa mutualização. Tal como o PS. Tal como o PSE que apoio Shultz. Tal como Shultz, que apenas constata não estar de momento na agenda, ao que Junker acena que sim, dizendo que se terá «mais tarde voltar a essa questão». A agenda de Shultz, de Junker, de Rangel, de Nuno Melo, de Seguro é pela mutualização da dívida. Mas não gostam de aparecer juntos na fotografia. Tem vergonha. Tem absoluta necessidade de dar a falsa imagem de que são diferentes. Por causa dos votos. Se se perceber que defendem exactamente a mesma coisa, podia ser um sarilho….

Todos são a favor da mutualização da dívida. O problema reside nos outros. Os outros que não estão para aí virados. A dificuldade está em identificá-los. Porque os outros nunca são os outros quando perguntados. Todos são a favor.
A situação na UE, é similar a um montão de criaturas esfomeadas que não encontram quem lhes pague o almoço. Divergem nos que lhes apetece comer, mas convergem no que se refere ao pagamento: que sejam os outros
A razão de discordarem na concordância tem razão de ser: os eleitores nunca votam nos “outros”
GostarGostar
Os ‘outros’, i. e., os que se atravessam no caminho da mutualização, adiando decisões, são fáceis de identificar.
São exactamente aqueles (países) que essas medidas podem fazer perder uma fatia da hegemonia económica e, o que é mais importante, a capacidade de especular no terreno financeiro.
GostarGostar
JDGF
Só tenho que agradecer por me elucidar sobre a horrível dúvida: quem são os outros?
Mas perante tanta perspicácia, levantam-se outras dúvidas: “hegemonia económica”, equivale a ter as contas em “ordem”? Caso positivo, isso representa que não interessa tê-las em ordem, pois passa-se a ter a obrigação de ter que “aguentar” com quem as não tem.
E ser ter dinheiro representa a “capacidade de especular no terreno financeiro”; não ter: representa a capacidade de vigarizar (pedir prometendo pagar sob certas condições e depois recusar-se a tal obrigação) no terreno financeiro?
PS. Agora entendo a obrigação que temos (para evitarmos ser “hegemónicos económicos”), em pagar as loucuras do Alberto João.
GostarGostar
“A capacidade de especular no terreno financeiro”, mas que estupidez patológica. Vou ali comprar um Classe E e mutualizar a dívida com o tribuno anterior. Apre!
GostarGostar
Muito provavelmente foi mesmo por isso que Paulo Rangel foi convidado a liderar a lista da coligação às “europeias-a-quem-já-ninguém-liga-peva”. Se compararmos Paulo Rangel e Francisco Assis – acredite-se ou não, FA é mesmo a melhor opção que o PS tem para “oferecer” – vemos que são ambos talentosos na argumentação, mas que não nasceram para liderar mais que uma bancada parlamentar.
Rangel é uma pura “piscadela de olho” ao centro-esquerda, do mesmo modo que se nota agora no PS uma diminuição na intensidade da “repulsa” em relação ao que chamam de “neliberalismo”, quanto mais não seja porque “ele” está a começar a apresentar resultados positivos.
Temos portanto uma classe política cada vez mais ensimesmada e a fazer de conta que não percebe que os eleitores já não se identificam com o seu discurso; Freitas do Amaral insinuou até que o voto deveria ser obrigatório para parar os níveis de abstenção – medida típica de quem quer tapar o Sol com a peneira.
GostarGostar
Sobre a mutualização da dívida, só isto: já devíamos ter vergonha na cara.
GostarGostar
Absolutamente de acordo com a tese de Gabriel Silva. Mas (Ah!Ah!) não deixa de ser irónico que seja o PCP, afinal, quem tem razão. Pois ão são os comunistas que andam por aí, já há muito tempo, a dizer que PS, PSD e CDC são todos “farinha do mesmo saco”?
GostarGostar
No meu comentário, onde se lê “(…) Pois ão são os comunistas (…)”, deve ler-se “(…) Pois não são os comunistas (…)”.
GostarGostar
Portugal é um pobre coitado, sempre gostou de armar aos cágados…se houver mutualização da dívida lá vai ser o primeiro da fila a estender a mão à caridade. Portugal foi, é e será sempre um moinante. Está no âmago. Sinto tristeza ao dizer isto mas é verdade. Já dizia o outro que as dívidas não são para pagar mas sim para gerir…sempre à espera que isso seja feito pelos “outros”.
GostarGostar
Ó meu caro senhor:
Portugal são 10500000 almas, mais coisa menos coisa. Apelidá-lãs, todas, de “pobres coitadas” que gostam de armar aos cágados, é querer esconder a árvore podre no meio da floresta.
GostarGostar
Já agora parece que vai ser preciso injectar dinheiro na economia europeia. Parece que uma a-posta a day makes his day.
GostarGostar
Nao foi Afonso Henriques (nosso primeiro rei) o tal que prometeu ao Paga umas quantas oncas de ouro e mais tarde lhe fez o manguito?
GostarGostar