Feliz Natal para vós, que ides todos morrer

“Tudo leva a crer que está em preparação a terceira guerra mundial”, enuncia, da sua cátedra observatóri@ e até premonitóri@, o doutor Boaventura Sousa Santos no seu magnífico texto “A Terceira Guerra Mundial?”, advertindo, logo no segundo parágrafo, que será “uma guerra provocada unilateralmente pelos EUA com a cumplicidade ativa da Europa”, guerra esta que poderá ser “total e, portanto, (de) guerra nuclear”. Ficamos também a saber (eu julgo que fiquei, admitindo total ignorância perante tão provável cenário, e logo no Natal) que “várias agências de segurança fazem planos já para o Day After de um confronto nuclear”.

Isto parece que começa por causa da Rússia e da Ucrânia mas, muito rapidamente, será de uma devastação brutal graças ao “negócio altamente lucrativo da guerra”. O neoliberalismo que criou grandes grupos de média deve sentir-se muito mal porque estes “e seus jornalistas estão a ser pressionados para difundirem tudo o que legitime a provocação ocidental e ocultarem tudo o que a questione”. Juro que fiquei sobressaltado com esta revelação e acho que deviam avisar o Adão e Silva ou lá quem é o actual director da SIC.

Todo o problema pode ser completamente entendido e devidamente assimilado através de um parágrafo brilhante, quer em termos gramaticais, quer em termos do Factor Wow (identificado na literatura como FW):

Depois do 11 de Setembro de 2001, a CIA financiou um projeto chamado “projeto profecia” destinado a prever possíveis novos ataques aos EUA a partir de movimentos financeiros estranhos e de grande envergadura. Sob diferentes formas, esse projeto tem continuado, e um dos seus participantes prevê o próximo crash do sistema financeiro com base nos seguintes sinais: a Rússia e a China, os maiores credores dos EUA, têm vindo a vender os títulos do tesouro e em troca têm vindo a adquirir enormes quantidades de ouro; estranhamente, este títulos têm vindo a ser comprados em grandes quantidades por misteriosos investidores belgas e muito acima da capacidade deste pequeno país (especula-se se o próprio banco de reserva federal não estará envolvido nesta operação); aqueles dois países estão cada vez mais a usar as suas moedas e não os petrodólares nas transações de petróleo (todos se recordam que Saddam e Kadafi procuraram usar o euro e o preço que pagaram pela ousadia); finalmente, o FMI (o cavalo de Troia) prepara-se para que o dólar deixe de ser nos próximos anos a moeda de reserva e seja substituída por uma moeda global, os SDR (special drawing rights).

A nova moeda, os SDR, que é uma unidade plural – ou, alternativamente, SDr, para Special Drawing Right, para singularizar unidades neoliberais -, proveniente de um “país em declínio”, os EUA, que, como sabemos, “tende a tornar-se caótico e errático na sua política internacional”, juntamente com o “ato de sabotagem por parte das elites neoconservadoras europeias no sentido de tornar a Europa mais dependente dos EUA, tanto no plano energético e económico, como no plano militar”, vai correr mal, ai vai, vai, ou como quer que seja a correção gramatical que esta complicadíssima frase exige para ter um fim tenebroso; o avassalamento impede a correção sintática, gramatical, semântica e até psico-motora pela genialidade inerente à perspicácia do autor.

Algumas pessoas poderão achar que isto é tudo sátira mas não, isto é tudo a sério. Mesmo. É que:

Pode argumentar-se que a nova guerra fria, tal como a anterior, não conduzirá a um enfrentamento total. Mas não esqueçamos que a primeira guerra mundial foi considerada, quando começou, uma escaramuça que não duraria mais de uns meses. Durou quatro anos e custou entre 9 e 15 milhões de mortos.

Sim, leram bem: 9 a 15 milhões de mortos, os amadores. Só o Mao tratou de 15 milhões numa semana (seis dias, descansou ao sétimo) enquanto estes palermas precisaram de 4 anos. Isto é muito sério. A sério, muito muito sério e até natalício.

Aproveito então a oportunidade de este post (quem sabe, até pode ser o último) para vos desejar um Santo Natal, neste que deverá ser o vosso último, que isto não se aguenta mas, como vem já aí a IIIª Guerra Mundial, importa é sobreviver até tirar o Passos Coelho do poleiro, para depois podermos ser aniquilados em paz efectivando o nosso eu fragmentado.

Viva Jesus! Morte à austeridade! Morte à guerra! Paz! Paz! Paz! Chiribitatatá!