Um governo minoritário para quatro anos?
O dilema do PS nos próximos tempos – afastada que está, aparentemente, a possibilidade de formação de uma frente de esquerda, abertamente proposta pelo PCP e não rejeitada pelo Bloco – é o de ser uma oposição colaborante (via abstenção), viabilizando um governo do PSD/CDS ou não colaborante, forçando a queda do Governo logo que seja possível agendar novas eleições.
No primeiro cenário, o resultado a curto prazo será, certamente, a perda de popularidade junto do seu eleitorado actual e o intensificar das vozes mais à esquerda dentro do partido. A longo prazo, porém, será provavelmente a solução menos onerosa para o PS: daqui a quatro anos, os socialistas poderão capitalizar os resultados da governação, quer sejam bons (“nós somos uma alternativa responsável, os bons resultados só foram alcançados porque nós o permitimos, impedindo o país de entrar no caos”), quer maus (“não foi por culpa nossa que o Governo não fez o que pretendia, são mesmo uns incompetentes, etc.”).
O segundo cenário, porém, terá consequências catastróficas. Mesmo que Costa se demita (ou seja forçado a demitir-se), a realização de eleições antecipadas implicará seguramente a perda de votos e de mandatos, quer para a esquerda quer para a direita. Com efeito, se a coligação não tiver condições para governar, por causa do PS, é provável que o eleitorado socialista moderado, temendo a possibilidade de a extrema-esquerda anti-europeia vir a governar, acabe por dar nova maioria absoluta à coligação governamental. Em contrapartida, o eleitorado mais à esquerda será tentado a direccionar o seu voto para o Bloco, acreditando ser essa a forma mais eficaz de forçar um governo de esquerda.
Mesmo que os números das sondagens e barómetros venham a ser favoráveis ao PS, a experiência destas eleições forçará qualquer liderança a ser cautelosa e a não confiar neles em demasia. É provável, por isso, que a coligação, mesmo sem maioria, possa aguentar-se toda a legislatura, mesmo sem grandes cedências ao PS. A dúvida será, neste caso, se o PSD (mais do que o CDS) não terá, daqui a algum tempo, interesse em provocar eleições antecipadas…

O primeiro cenário será o mais provável. O PS só obrigará a cair o governo quando achar que tem hipóteses de ganhar as eleições. E para já, está fora de questão. ( e depende do próximo presidente,)
Assim, o PS vai abster-se, viabilizando e assumindo o discurso “não é por nossa causa que a coligação não governa, nós somos pela estabilidade”. Ao mesmo tempo que vai aproveitar qualquer erro, lapso ou imprevisto da governação para reclamar que “se fossemos nós, isto não acontecia”.
No fundo o PS vai fazer agora o que deveria ter feito há 4 anos: manter um pé no apoio implícitro ás medidas difíceis do governo e outro pé de fora, na alternativa. Tivesse o TóZero trabalhado assim, e o score socialista de ontem teria sido outro bem diferente.
A contra gosto, os socialistas estão obrigados a viabilizar pelo menos o próximo orçamento.
Ao contrário do que se passou há 4 anos, não se podem dar ao luxo de votar contra tudo, sem excepção. Desta vez vão ter que colocar alguma carne no assadouro. Mesmo que a temperem à sua maneira.
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Como vai ficar o caso Socrates? Como vai ficar o Defice? Se tudo correr … Eleiçoes depois de Rio se sentar …
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depende também das sondagens. Se forem favoráveis ao PS…
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Ninguém acredita que esta legislatura dure 4 anos. As opções do PS são essas no curto prazo. Mas o PS não precisa de esperar 4 anos. Basta que não inviabilize já este governo, que lhe dê “o benefício da dúvida”. Abster-se-à, assim, para fazer passar o OE de 2016 e depois aguardará uma qualquer trapalhada do governo para o fazer cair, provalmente por altura da aprovação do OE de 2017. Nessa altura o PS aspirará ser governo.
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Só para os “blasfemos” e seus fiéis comentadores é que o cenário de uma frente PS+BE+PC era credível. Ao longo da sua história governava, o PS apenas fez alianças com dois partidos: o PSD e o CDS.
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CONTO
Numa maratona há um vencedor destacado mas o grupo dos coxos de várias origens salpicados pelos lugares de cauda e com múltiplas contradições são mais numerosos. Mesmo assim e desde logo coxos ao pódio.
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“Destacado” de quê?
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Do pelotão de perseguidores.
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dou lhe dois anos de paz o prazo para o ps se recompor , arranjar um lider menos parolo e resolver o caso pinocrates . depois , tudo irao fazer para cair o goveno , evidente.
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Como abstencionista convicto e militante, as tricas partidárias não me interessam minimamente.
No entanto, de vez em quando, como mero exercício de desfastio, escrevo, por aqui, umas previsões.
E foi assim, que previ (e escrevi) a derrota do PS com muita antecedência, numa altura em que nada o fazia crer.
Foi quando José Seguro, que transmitia uma imagem de seriedade e nada queria com Sócrates (como ele estava certo!), foi corrido pelos da velha guarda, apoiantes confessos e defensores acérrimos do prisioneiro e de tudo o que ele representa.
Aí, nesse momento, ficou sentenciada a derrota do PS.
Não foi nada uma questão de programas, de mais ou menos austeridade, de mais ou menos dívida, de mais ou menos segurança social, de mais ou menos debate na televisão…
O Povo, o nosso Povo, não vota nessa base, mais ou menos racional.
Se fosse por aí, há muito que tinha corrido com certos partidos e com certos políticos, a começar pelos do Governo, pelos quais tão maltratado tem sido, como já tem acontecido por outras paragens.
O nosso Povo vota pela emoção.
Sócrates?!
Não, obrigado!
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“A dúvida será, neste caso, se o PSD (mais do que o CDS) não terá, daqui a algum tempo, interesse em provocar eleições antecipadas…”
Já muitos dos comentadores, sempre muito competentes, da nossa praça, vão adiantando que, lá para o meio da legislatura, a Coligação provocará novas eleições e conseguirá nova maioria absoluto, ao jeito do que Cavaco.
Penso que, se tal vier a acontecer, o tiro sairá pela culatra e o resultado será
diametralmente o oposto.
Pela razão que fica no meu comentário anterior.
É que Cavaco tinha sido eleito pela positiva e a seguir queixava-se de que o não deixavam trabalhar.
No caso vertente, as coisas são diferentes.
Aí, já não será Sócrates ou não Sócrates que, entretanto, passará à história (ou à estória), como Carlos Cruz passou.
Aí, sim, já será a hipótese de mais ou menos austeridade, de mais ou menos desemprego, de mais ou menos impostos…
E a Coligação não terá a mínima hipótese.
A ver vamos.
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O CDS não terá interesse algum em antecipar eleições, até porque conseguiu que nunca teria conseguido sozinho (aliás, pelos resultados da coligação, nem sei se teria representação parlamentar). O problema é que, no final da legislatura, vai ter que começar a dar nas vistas. Aí, o PSD que se cuide!
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Vocês estão todos com as calças na mão pois sabem que o monhé é que manda nesta merda toda 🙂
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