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assuntos de fé

4 Fevereiro, 2016
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Há cerca de dois meses, publiquei um artigo no Público* sobre o Serviço Nacional de Saúde («Serviço Nacional de Saúde: estatizar ou liberalizar»), onde timidamente sugeria o reforço da componente privada no financiamento e gestão desse importante sistema.

Passados uns dias, respondeu-me, gravemente ofendido, o bastonário da Ordem dos Médicos Portugueses, com este texto, onde garantia que o SNS português era o melhor serviço público de saúde do mundo.

O exercício pareceu-me mais teológico do que científico, e foi nessa presunção que lhe ofereci réplica, com um artigo publicado, infelizmente, muitas semanas depois do que lhe dera origem, ao qual atribuí o título «Nem sempre a fé move montanhas». Nesse texto, entre outros aspectos, evidenciei que nem eu, nem o bastonário, nem provavelmente ninguém conhecerá o custo real do SNS, sendo apenas duas as coisas que, sobre ele, podemos ter por garantidas: que o sistema está falido e que nele se gasta muito mais do que dizem os orçamentos de estado. Para ilustrar algumas afirmações do meu artigo, utilizei um Relatório da Gulbenkian de 2014, elaborado por uma comissão independente, onde se expõem suspeitas tão graves como a de que boa parte dos gestores do SNS são nomeados em razão de interesses político-partidários, em vez de serem escolhidos em virtude da sua competência técnica e profissional.

Hoje, poucos dias passados sobre a publicação do meu segundo artigo, o bastonário respondeu-me com um texto, que é essencialmente um conjunto de citações extraídas de livros de diversos autores que ajudam a cimentar a sua fé, e donde ele retira pérolas deste quilate: «A curiosa experiência da China mostra como “a Saúde está sujeita a sérias falhas dos mecanismos de mercado”». A isto, o que se pode dizer? Nada, obviamente. A não ser que a fé do bastonário é assunto pessoal, que só a ele diz respeito. Que fique com ela e lhe faça bom proveito.

* Os artigos do Público aqui linkados só estão acessíveis a quem tiver a assinatura digital do jornal.

10 comentários leave one →
  1. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    4 Fevereiro, 2016 06:07

    A única fé que nos deve mover é que com António Costa, Portugal volta a ser um país decente.

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    • MJRB's avatar
      4 Fevereiro, 2016 08:34

      fé de Arlindo + fé de “socialistas” = fezes !

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      • O Bronco's avatar
        O Bronco permalink
        4 Fevereiro, 2016 14:33

        Mesmo Bronco, não teria respondido melhor.

        Um comentário tão possidónio como o do comentador Arlindo teve réplica adequada.

        Muito bem.

        Liked by 2 people

  2. Joaquim's avatar
    Joaquim permalink
    4 Fevereiro, 2016 06:11

    Caro Rui,

    Um estudo interessante sobre este assunto:

    Click to access EHCI_2015_report.pdf

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  3. Algarvio's avatar
    Algarvio permalink
    4 Fevereiro, 2016 10:03

    Arlindo fia-te na virgem e não corras!

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  4. ali kath's avatar
    ali kath permalink
    4 Fevereiro, 2016 10:04

    dizia há anos um médico competente e sério
    ‘a maioria dos colegas devia dizer
    -hoje já me viram 5 doentes’

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  5. Boris's avatar
    Boris permalink
    4 Fevereiro, 2016 15:36

    O Bastonário tem que defender a sua seita!

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  6. cristof9's avatar
    4 Fevereiro, 2016 16:17

    As opiniões do sr bastonãrio merecem-me zero de credibilidade e negativo em acuidade. Acho que faz muito bem em defender mais vezes e duma forma simples (como se fosse para uma criança de 5 anos) que a componente privada do SNS deve ser reforçado . Penso que a ADSE responde mais aos anseios do utente que o ter um medico nomeado, que só pode consultar , por vezes deslocando-se do seu emprego longe, e que mesmo que tenha discordancia é obrigado a manter.; sobre os custos vale a pena , repisar o velho conceito que certos sectores gostam de repisar de que é gratuito (o custo estimado duma consulta na USFamiliar fica-nos por 78€.

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  7. Sei Tudo's avatar
    Sei Tudo permalink
    6 Fevereiro, 2016 23:04

    Este bastonário da OM é pior que o arménio. Realmente este BOM (leia-se bastonário da ordem dos médicos) já nem à bastonada lá vai. É um reles comicieiro e um inútil

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