O rapto da selecção
: Uma coisa foi a vitória da selecção no campeonato da Europa, onde nunca perdeu a cabeça, mesmo depois de perder Ronaldo; outra coisa foram as celebrações populares na rua, que esperavam ocasião desde 1966; e outra coisa ainda foi a tentativa desesperada da oligarquia política para usurpar a alegria nacional: tivemos assim o sequestro dos autocarros da selecção, desviados para Belém; a folga municipal em Lisboa; e o ministro das finanças de cachecol da selecção em Bruxelas.
Em Belém, estiveram os chefes da oligarquia, paramentados a rigor. Quando os jogadores desembarcaram, agarraram-se-lhes como uma espécie de grandes parasitas. Houve sorrisos muito estudados, abraços com grandes palmadas nas costas, e selfies para os assessores porem no facebook. Dir-me-ão: mas certamente que o Estado tinha de assinalar a ocasião. Sim, claro que tinha, embora esta seja a mesma oligarquia que durante anos subsidiou uma razoável quantidade de artigos, livros e congressos a castigar o modo perverso como ditadura salazarista explorava o futebol.
Se alguém, daqui a uns tempos, tiver de ilustrar o esgotamento deste regime, poderá muito bem começar pelo dia de ontem. Não foi só o rapto da selecção. Foi o sorriso bacoco com que comunistas e bloquistas esperaram enquanto o presidente, a pretexto do entusiasmo pela selecção, enumerava as capitais provinciais do antigo ultramar e lia correspondência de Moçambique. O que andámos nós para aqui chegar. Ao princípio, a ideia do regime era começar tudo de novo. Não apreciava fado, mas canções de “intervenção”. Não gostava de futebol, mas de atletismo. Não queria África, mas a Europa. O futebol e o fado voltaram logo. E depois foi a vez do império, em versão de fraternidade histórico-linguística. Perdido o imaginário europeu, o regime volta ao velho imaginário da ditadura salazarista. Até o hino do momento transpira atavismo: “a minha casinha” é interpretada pelos Xutos e Pontapés, mas nem por isso deixa de ser a canção de Milú de 1943. E para que nada falte ao ambiente retro, temos até as acusações de traidor à pátria, com Catarina Martins, no debate do Estado da Nação, a insinuar que quem não é pelo governo “torce” pela Alemanha (que jeito que teria dado uma final contra a Alemanha). Se o presidente for a Fátima, a geringonça também irá atrás? É o único F que falta daquela trilogia tradicional (Fado, Futebol e Fátima) que tanta urticária causava aos profissionais do progressismo.
Por acaso, no que toca à ida a Fátima, acho que a Geringonça devia acompanhar e irem lá todos acender uma velinha ao milagre para não se ir à bancarrota.
GostarLiked by 1 person
Excelente texto.
Se o Januário e o Papa lá estiver a ver se os Marxistas não vão a Fátima. Só falta substituir a cruz pela estrela vermelha.
GostarLiked by 2 people
eheheh
GostarGostar
Não há milagre que nos livre da bancarrota, a não ser que o Costa mude e mande o Centeno para o BdP fazer muitos estudos sobre o efeito do salário mínimo, quer no crescimento, quer no emprego.
GostarGostar
Ahahahahahahahah! “os chefes da oligarquia”, ahahahahahah. A leninha que acompanha com tudo o que há de mais decrépito, anacrónico, pestilento e rançoso em Portugal, vem num regresso às suas origens mrpp (ianas), acusar a esquerda de voltar “ao velho imaginário da ditadura salazarista”.
É que não há mesmo consciência do ridículo.
Bem me parecia que a reaccionarice aguda provoca rápidamente, a perda das capacidades mentais.
GostarGostar
“É que não há mesmo consciência do ridículo”
Really ? & os beijinhos da Catarina ao Christiano
GostarGostar
Pura e Simplesmente uma palavra:
CLARIVIDÊNCIA!!!
GostarLiked by 2 people
e tudo isto para dizer que se o passos estivesse no poder,era exactamente o descrito no texto que aconteceria.seria o pm passos a receber os herois e a tirar selfies.provavelmente em fatima.
GostarGostar
Infelizmente o mesmo não aconteceu para os/as nossas medalhadas (os) nos campeonatos de europeus de atletismo.
Nem presidentes, nem minis, nem secretários…
Estavam a repousar
GostarLiked by 1 person
Subscrevo.
GostarGostar
Claro que se fosse a Merkel a tirar fotos junto com a seleção alemã, á Helena não lhe ocorreria fazer um post semelhante.
GostarGostar
Atenção senhores comentadeiros distraídos, quem escreveu o texto foi o Rui Ramos e não a Helena Matos.
GostarGostar
Eu cá nunca vi os dois ao mesmo tempo.
GostarGostar
… Física Quantica pode-lhe ajudar hehehe
GostarGostar
D. Helena. Apreciei o seu comentário, mas acho que está mal recordada. Não falta lá “F” nenhum: Amália e Eusébio estão no Panteão e os pastorinhos estão no altar, Ou será que não se lembra que foram canonizados já no novo tempo? E até podia ter ido mais longe no seu comentário…bastava recordar que o “F” do futebol foi devido, no tempo antigo, à construção do Estádio Nacional. Um desperdício de dinheiro, como se dizia na altura, Em 2004 foram construídos 10 estádios – DEZ! – e ainda os estamos a pagar com língua de palmo. Alguns deles nem sequer foram mais utilizados. Muita massa no bolso de toda essa gente. e ninguém foi preso…
GostarGostar
Subscreveria a quase totalidade do texto.
GostarGostar
Já comuniquei à polícia.
Parece que estão todos bem. E em férias.
GostarGostar
Quem em férias e bem com polícia tranquila ? O Sócrates, o Vara, o Santos Silva, o dos robalos, a lurdinhas escolar-em-festa & outros “socialistas” ?
GostarGostar
Afinal a receita que a comunistada tanto criticava no anterior regime, ( Fátima, Futebol e Fado), assenta como uma luva no programa da geringonça. A falta de pudor é tanta que ainda não se deram conta do ridículo em que caíram ao misturarem-se ridiculamente nos festejos que apenas deviam pertencer ao povo. Era ver o Jerónimo ao lado do Presidente quase mais parecendo um assessor. Vergonhoso demais para quem assistiu a estes dislates. Tristes políticos que até meteriam dó, se não fosse tão grave o seu procedimento.
GostarGostar
E no final da cerimónia em Belém, o PR Marcelo/Craveiro/Thomaz a transitar pelo jardim cimeiro acenando um último adeus aos “heróis nacionais”… Caricato, popularucho, obsceno, estatuto de PR vulgarizado.
GostarGostar
O PR vai condecorar os cinco atletas medalhados no Europeu de atletismo. Muito Bem !
Mas uma pergunta: se a “selecção de todos nós” não tivesse ganho o Euro e recebido as condecorações, será que o Marcelo distinguiria o pessoal do atletismo ?
Num país em que o futebol “é um desígnio nacional”…–JSampaio em 2002.
GostarGostar
Devemos dar os parabéns ao Rui Ramos. Fátima vem aí em força, no próximo ano teremos o aniversário das aparições(1917). Ainda vou ver este regime a obrigar o Dr António Salazar a ir para o panteão e claro que o Medina da CML dá tolerância de ponto nesse dia! Vómito é o que esta gente me provoca.
GostarGostar
Se por qualquer motivo houver legislativas antecipadas, não ficarei surpreendido se o governo propuser na ARepública a ida do Salazar para o Panteão. Mais uma vez o P”S” de cócoras, cu para o ar.
GostarGostar
Falais de Fátima? Aqui tendes:
http://jornaldiabo.com/sociedade/governo-laico-da-a-mao-aos-negocios-de-fatima/
GostarGostar