Há que colocar o RBI no centro da discussão política em Portugal
Na discussão sobre o Rendimento Básico Incondicional há dois lados. De um lado as pessoas sofisticadas e generosas, que têm um conhecimento profundo das últimas tendências da tecnologia, sabem que se aproxima uma era nunca vista na história da humanidade de substituição de trabalhadores humanos e que têm consciência social. Por isso, defendem que todos deveríamos receber um rendimento sem precisar de trabalhar. Do outro lado estão uns grunhos egoístas, gente burra que provavelmente nem sabe o que é a internet, não percebe os efeitos do aumento do consumo na economia e que não vê os benefícios óbvios do acesso de todos a uma vida de ócio. Os intelectuais dos partidos de esquerda, como sempre, já há muito lideram o grupo das pessoas sofisticadas e generosas. Mas o PSD não demorou muito a chegar lá. Os muito sofisticados e generosos Carlos Moedas e Pedro Duarte preparam-se para apresentar uma moção em que propõem que se estude a possibilidade de implementar o RBI. Aqueles que se queixavam da falta de renovação de gerações no PSD acabam de ser provadas erradas: está aí uma nova geração de líderes muito prá frentex que não se deixa influenciar por grunhos como Passos Coelho e Vítor Gaspar, sempre agarrados aos números.
No Mundo da masturbação intelectual, aproxima-se a grande velocidade uma realidade em que faltarão empregos e a economia deverá começar a pagar prestações não contributivas a pessoas em idade de trabalho. No mundo real, temos uma população a envelhecer rapidamente e uma economia com dificuldade para pagar pensões contributivas que garantam um fim de vida decente aos mais velhos. No Mundo da masturbação intelectual, estamos a umas décadas de podermos ficar todos em casa agarrados ao Netflix. No Mundo real, a geração dos filhos únicos vai-se ver grega para produzir o suficiente para sustentar pais e avós em idade de reforma. No Mundo da masturbação intelectual, a produtividade irá aumentar de forma nunca vista. No Mundo real, a produtividade nunca cresceu tão pouco nos países desenvolvidos. No Mundo real, idosos com demência ou dificuldades de mobilidade vivem sem condições porque a economia não produz o suficiente para libertar recursos humanos que cuidem deles a preços decentes. No Mundo da masturbação intelectual, iremos em breve poder abdicar de parte da população em idade de trabalho porque há um robot que até conseguiu a cidadania num país qualquer. Mas não deixem que este grunho egoísta que vos escreve arruine os sonhos de um RBI no futuro próximo. Certamente os intelectuais sofisticados e generosos já encontraram a solução para todos estes problemas.

Se depender de mim, é já! com o RBI a que devo ter direito, vou viver prás Bahamas.
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Eu apoio o RBI mas tem de ser universal. Todos vamos ganhar ainda mais com o desenvolvimento gerado pelo consumo do aumento do rendimento das familias, por via do efeito dos multiplicadores.
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Carlos, a questão é muito complexa.
O RBI já existe em Portugal e chama-se RSI. O seu alargamento a todos o que quisessem dele usufruir talvez não custasse tanto como se imagina desde que não fosse acumulável com o subsidio de desemprego ou as bolsas de estudo.
A questão mais relevante é saber se é prematuro pensar que os Robots vão de facto deixar a maioria das pessoas desempregadas. Ao nível teórico é uma questão que pode ser discutida em qualquer altura e sem clivagens de esquerda/direita.
Ao nível prático, penso que será uma questão para os nossos netos ou bisnetos decidirem qual o valor desse RBI.
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Os teares mecânicos também iam deixar os tecelões sem emprego. Assim asseverava o Sr. Ludd.
Mas depois os tecelões foram trabalhar para as fábricas de óculos, de automóveis e de computadores.
Os computadores então iam deixar a malta desempregada.
E os desempregados foram trabalhar em artes e nos novos negócios digitais.
E os robôs vão deixar muita gente desempregada. Especialmente os professores de história e os vaticinadores do futuro.
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Repetindo o imortal Eça : “povo do caldo da portaria do convento”.
Um desiderato “nacional”, digamos assim…
Mas há que perguntar à abadessa, teutónica ( e muito provavelmente luterana por questões patriarcais…), se concorda com a esmola “urbi et orbi”…
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Se eu depois quiser trabalhar vou ter que pagar? E quanto?
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E digo mais : há que instituir um pacto de regime à volta do RBI.
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Os patos do regime são os que pagam os bolos para as raposas do regime distribuírem migalhas às preguiças do regime.
Estranhamente, não me espanta a opinião de um abutre do regime, que segue sempre a do partido das locustas do regime.
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