A Lei do Menor Esforço
É um facto incontestável: as empresas têm dificuldade em recrutar pessoal para trabalhar. Uns dizem que é por culpa dos cidadãos que não querem trabalhar. Outros culpam os salários baixos. Outros o Estado. Ainda há quem atribua toda a responsabilidade nos patrões. Mas a verdade é que não há só um culpado. São todas estas razões juntas que criam este problema.
Começa pela forma como se educam os filhos. No tempo dos nossos pais, cedinho se aprendia a ser responsável e a valorizar o trabalho como meio para atingir os objectivos de vida. Sabíamos que para ser alguém na vida teríamos de lutar. Ninguém o faria por nós. Havia transmissão desses valores que entretanto se perderam. Na “evolução educacional” inventou-se a mesada, uma espécie de salário para o filho cumprir com as obrigações de filho, suprimindo as frustrações de ter de trabalhar fora para ter seu primeiro par de ténis Nike. Ora, se por um lado o conceito pode ensinar a gerir dinheiro para seus próprios gastos, por outro põe o filho a receber sem esforço algo que ele deveria fazer por livre e espontânea vontade, sem qualquer remuneração. Porque por essa ordem de ideias, os pais também deveriam ser pagos pelos filhos para cozinhar, lavar roupa, e dar habitação. Parece-lhe ridículo? Então porque pagamos a nossos filhos para executarem suas obrigações de filho? E começa aqui o primeiro grande problema: receberem dos pais para terem o que querem em vez de lutar no mercado de trabalho. Vão dizer que é a mesma coisa. Não é. Porque enquanto num part-time vão aprender a dureza do mercado de trabalho cumprindo horários num ambiente profissional exigente e sem margem para erros ou desculpas, em casa, vão recebendo a mesada, tenham ou não feito tudo o que lhes competia na perfeição. A maior parte dos pais, acaba mesmo por abandonar a árdua tarefa de exigir só para não ter conflitos.
Depois, ainda em casa dos pais, vão ser estimulados a serem doutores. Porque doutores é que é bom. Mesmo que tenham sido alunos medianos. Mesmo sem qualquer aptidão para estudar no superior. Seguir curso profissional é desprestigiante. Ser doutor é o objectivo. Então, em resultado, temos jovens adultos a passear livros nas universidades, num curso mais fácil de sair com canudo mas que depois só garante o desemprego. Irão procurar trabalho APENAS na sua área profissional mesmo que demore anos. Enquanto isso, há sempre a casa do papá para viver enquanto se espera… E se a espera for longa? Procura-se outra coisa apenas para se manter activo e produtivo, ganhar experiência, enquanto não surge o emprego ideal? Procura-se empreender ou criar seu próprio emprego? Não. Reclama-se à sombra da bananeira.
Enquanto criamos filhos para serem incapazes e eternos dependentes, o Estado passou também ele a ser “um paizinho” de nós todos. Em vez de estimular as pessoas a serem activas faz exactamente o contrário. Se não consegue um emprego não faz mal que o “papá Estado” dá subsídio sem pedir nada em troca. Com esta política estimulou-se a lei do menor esforço porque não converte os subsídios em trabalho comunitário enquanto o cidadão não é colocado. E assim, as pessoas passaram a ter rendimentos em casa, sem mover um dedo e sem qualquer obrigação de retorno para a comunidade.
Outro problema são os salários médios que em Portugal são baixíssimos. De tal forma que acaba por compensar mais ficar em casa a receber subsídio do que trabalhar pelo mesmo preço. Mas se temos salários médios miseráveis é porque fomos desgovernados durante décadas. Com 3 bancarrotas no currículo em 43 anos, passamos 4 décadas e recuperar o país de crises económicas que assustadoramente no colocaram no top dos países com impostos mais altos. Como pode um país que faz do massacre fiscal às empresas sua política de eleição, ter salários melhores?
Por fim, os patrões. Não são todos iguais. Há de tudo. Mas grande parte cultiva ainda a ideia de que pagar poucochinho é poupar. E não percebe que com esta política desmotiva seus trabalhadores que perdem rendimento. Que mais vale um trabalhador bem pago do que dois com salários baixíssimos. Não percebem porque culturalmente não evoluíram e as escolas empresariais em Portugal não ensinam isto. E por isso, mesmo que possam, apostarão mais na “poupança” do que no investimento pessoal.
Assim, sem mudar a educação que damos aos nossos filhos, sem mudar a atitude do Estado e mentalidade dos patrões, haverá cada vez mais falta de pessoas para trabalhar. Porque ao estimular a lei do menor esforço estamos a contribuir para uma sociedade de parasitas.
Bem visto, pois é a triste reallidade
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Há uns anos queriam trolhas, acabaram as obras das PPPs, despidiram os que lhe interessava, mandaram outros para Angola, depois queriam costureiras receberam os milhões de subsídios e fecharam a chafarricas, agora querem criados para os turistas, enquanto Lisboa estiver da moda, para o ano ainda não sabem o que querem, mas sabem que só querem pessoas descartáveis e ao preço da uva mijona..
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ò senhora doutora você lá sabe que educação anda a dar aos seus rebentos !
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‘você sabe lá’
O coberto de toda a ausência de opinião!
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Eu sei a que dou e com excelentes resultados e pela forma como se exprime, acabo de ver a “qualidade” da educação que recebeu.
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Ui. Há pessoas muito sensíveis por aqui. Parece que faltou aquela aula onde falavam daquela piquena coisinha que vem na CRP sobre o direito de opinião e expressão
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Oh Andreia, “você sabe lá” é uma opinião baseada em quê?
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“Sabe lá ela” que opinião, muito menos baseada seja no que for. É mais uma “posta de pescada” e “prontesssss” está dada a opinião.
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O maná de Abril fez seu caminho, e quem nega a sua perene viabilidade é proscrito.
A geringonça é a sua bandeira, e contra toda a evidência, permanentemente o invoca.
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Isto não pode ser generalizado. Por exemplo, na Coreia do Sul ou Norte, pais e filhos encaram o estudo com o rigor de autêntico trabalho, sendo justo a sua remuneração, dinheiro no Sul e aceitação social no Norte.
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Aqui por casa implementei o RBI, já desde os 12 anos.
20€ entregues todos os meses a título de RBI, obrigação de manter 20€ de fundo de emergência fixo, que deve ser reposto sempre que existe entrada de dinheiro, menos 5€ para testes negativos e faltas, mais 5€ para testes acima dos 80%, mais 10€ para testes acima dos 90%, com majoração de 5€ para português e matemática. Compra roupa e paga telemóvel com o dinheiro. Liberdade para tudo o resto e autonomia total – não chateamos com nada em relação à escola.
Tem resultados aceitáveis para uma aluna que não é excelente por natureza – médias entre os 16 e os 18.
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Na minha casa não se paga ninguém para ser 1 indivíduo com valores. A primeira lição de vida foi aprender a ser excelente nas suas obrigações e participativo nas tarefas em família, por prazer e não a troco de dinheiro. Depois, nas férias escolares foram aprender a lidar com o mercado trabalho em part time ganhando seus primeiros trocos com o seu suor. Nem tenha dúvida que o estofo que levam desta educação é muito maior e os prepara melhor para a vida.
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Na minha casa também não se paga por valores. Nem foi nada disso que escrevi.
A única coisa que se fez foi dar a noção mais cedo de que resultados/trabalho = sustentabilidade financeira.
Se os seus filhos o fizeram em part-time nas férias, a minha faz isso todos os dias. Extrapolar o que escrevi para pagamentos a troco de valores parece-me ser um julgamento infundado e precipitado.
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Deixe-lá FD , olhe entregue os seus filhos à Dona super nanny Cristina, que como diz a senhorita Andreia lá em cima, ela é que “lá sabe” como criar, disciplinar e meter a vossa criançada nos eixos.
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Desafio aceite.
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Criei dois filhos espetaculares, com valores, honra, verdade, transparência.
Expliquei-lhes que, quanto mais se deve, menos liberdade se tem, os netos estão a receber os mesmos valores.
Toda a verdade no texto, obrigado por nos ir lembrando, que nesta naçãozinha, não há inocentes. Continuamos rurais, não evoluímos nada, pensamos e votamos com a carteira, e isso paga-se.
Um homem/mulher sem honra e dignidade e uma merda.
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Eu presumo que a mãe do 44 pense o mesmo do seu filho, os papás do Costa, e por aí adiante… Se viesse aqui escrever a fraca qualidade de filhos que ajudou a criar, isso é que me admirava e tirava-lhe o chapéu…
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Fez um resumo onde disse tudo o que deveria ser dito. Muito bem!
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Você realmente deve ter algum problema no cérebro. Mas qual é a mãe ou o pai que esperam que um filho que fez um curso de engenharia vá ganhar 500 euros/mês. E que tal ler um bocadinho sobre o assunto por exemplo algo escrito por um especialista na matéria que não é caso da Sª Drª Miranda. Leia por exemplo este professor da universidade do Minho http://observador.pt/opiniao/em-casa-de-ferraz-competitividade-de-pau/
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“Você realmente deve ter algum problema no cérebro.”, a sua opinião é baseada em quê?
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Filipe, não é baseado em nada. Esta só vem pra,malhar na autora.
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A maneira como se exprime diz tudo sobre si. Precisa de insultar para dar seu ponto de vista? Claro q sim. Pelo comentário q acaba de escrever concluo q não entendeu o q eu escrevi. Também não me surpreende. Não vem aqui para trocar pontos de vista mas sim, para rebaixar a autora. Porque o texto é claro. Não defende 500 euros de salários pra licenciados. Nem sequer é disso q se fala. Mas também não serei eu a explicar-lhe. Não dou aulas grátis.
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Muito bem!
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Cristina,
Actualmente e desde há uns sete, oito anos, raramente os pais tugas desejam e estimulam os rebentos para serem doutores ou engenheiros. Já há muitos, os ordenados normais ou baixos, o mercado de trabalho oscilante.
O que “está a dar” é verem e quererem nos rebentos machos futuros Ronaldos e nas fêmeas Cristinas Ferreiras. Se não forem Ronaldos ou CFerreiras, “queira Deus” que sejam cantores para aparecerem nas televisões…
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~ «Depois, ainda em casa dos pais, vão ser estimulados a serem doutores. Porque doutores é que é bom.»
Razão tinha o Prof. António José Saraiva quando em reunião em 1975 do Departamento da Faculdade, em que «depois de ouvir longos debates e acesas discussões sobre o que se pretendia com a avaliação dos alunos», «pediu a palavra, se levantou com cuidado e disse, num tom de voz resguardado (que contrastava com as vozes alteadas dos contendores que o tinham antecedido):
«Eu queria propor que se desse o diploma de licenciatura aos alunos quando eles fossem admitidos na Faculdade. Depois, só cá ficavam os que queriam mesmo aprender».
E sentou-se. Fez-se silêncio na sala. Era uma frase radical, na realidade ninguém sabia como reagir a ela.»
Era fácil de fazer, barato e satisfazia em pleno o que as Elites idolatram: aparências!
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Essa, do AJSaraiva, é demolidora !
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Pois é. Mas não é só os filhos que andam à procura de emprego. Os pais também. E por tudo o que se fala aí das dificuldades em arranjar emprego, não parece interessar a ninguém o facto de que em Portugal, um desempregado com 48 anos está arrumado para a vida.
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Correcção: E por tudo o que se fala aí das dificuldades dos jovens em arranjar emprego.
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Sim tem razão. Eu sofri essa adversidade na pele. É a cultura empresarial que temos. Lá fora, as pessoas com essa idade são muito bem aproveitadas.
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Lei do menor esforço = nivelamento por baixo, ergo, resultado do caminho para o socialismo (quando lá se chegar é ainda pior…)
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O presente é isto. Uma pecentagem enorme de castrados, dois terços do território desocupado com idosos à espera do dia. Existe um proporção razoável, 10% de tipos jovens capazes, 1% mesmo excepcionais.
Tendo padrinhos tendema ficar, senão abalam para outras paragens.
A Iberia está sob observação atenta. O espaço vazio será ocupado nas próximas décadas.
Outras gentes virão com outras mentalidades. O processo já está em curso, passa em claro. O tugas andam doidos por causa da grande penalidade por marcar.
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Visto ao longe, por quem emigrou, é mais fácil ver o cenário: dantesco.
Mas o tuga, entorpecido por uma central de propaganda brutalmente eficaz, não vê um palmo à frente do nariz. Como se diz na gíria: cada um só tem aquilo que merece.
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É essa a intenção de quem governa. A causa maior do socialismo é meter toda a gente debaixo da pata do Estado e nada melhor que uma sociedade de mão estendida para tal. Menos mal que não temos um muro e podemos emigrar, já que será mesmo pela demografia e peso da dívida que um dia a coisa estoira.
E como manter uma sociedade envelhecida e com poucos jovens, mas parasitas? Será interessante descobrir, mas não deve ser bonito.
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É isso, continue a dizer que é o socialismo…
The EU Directive on the protection of young people at work (94/33/EC) insists that Member States must prohibit the employment of children (i.e. those under the age of 15 or still in full-time compulsory education
http://ec.europa.eu/social/main.jsp?catId=706&langId=en&intPageId=209
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Yah isso é bué liberal.
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Tome lá mais uma ajudinha pode ser que comece a acordar…
Se precisar de tradução, estou à sua disposição…
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Mas não se esqueça, sempre pode entregar a sua filha e ou também o seu filho para ser aconselhado por estes seus Liberais, na escolha das suas futuras carreiras profissionais.
http://www.dailymail.co.uk/news/article-3794462/Liberal-Democrat-says-schools-able-suggest-PROSTITUTION-career-pupils.html
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A projecção freudiana no seu caso é forte Dona Cristina. Está de parabéns .
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Mas de que nos estamos todos a lamentar? Razão tem a quirida andreia, vejamos: menor défice desde d. Afonso Henriques, maior crescimento desde que nascemos, maior reforma da floresta desde d. Dinis, menor desemprego desde que há emprego, austeridade zero, rendimentos sempre a crescer, enfim o mundo a nossos pés. Siga para o buraco.
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Há artigos que ajudam a ver o cenário.
https://www.transparency.org/news/feature/corruption_perceptions_index_2017
https://www.publico.pt/2017/04/24/sociedade/opiniao/jovens-o-mundo-e-o-futuro-1769578
O sítio caracteriza-se por conjuntos de clientelas aventaladas. A geringonça insiste nessa lógica e caminha alegremente para o descrédito, para a mediocridade, esperando que os merdia de um lado e a ignorância do outro, iluda as promessas por cumprir.
Os que dão os parabéns ao nº 2 e ao seu séquito contaminado pelo nº 1 são os que amanhã ajustarão as contas e lamentarão não terem sido ouvidos os avisos.
Ao palavreado colorido que os merdia enaltecem, seguem-se sempre frases sombrias.
Entretanto o comunismo messiânico acena com mais doses de coletivismo. Uma tirania que promete o paraíso na terra, a vida boa sem trabalho. No fundo eles sabem que não têm hipóteses mas é preciso fazer pela vida. Na central de negócios não se apanha mau tempo. Há espertalhões que gostam de baralhar. Avançam com a utopia da renda básica logo ao nascer com os robôs a trabalhar por nós como nos filmes infantis,
A ameaça das nossas liberdades é sobretudo interna. Postos em causa salários e pensões, ouvir-se-ão gemidos, queixas e queixinhas. Entram então de vez as forças externas, já controladoras do miolo. Operam de forma silenciosas e calibrada no tempo.
Acabaram de semear discórdia e causar fractura no frágil tecido político feito de partidos inconsequentes e nem os próprios lesados se aperceberam.
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“Num relatório publicado esta sexta-feira, o Fundo Monetário Internacional refere que a economia portuguesa se fortaleceu e que o país melhorou o acesso aos mercados financeiros. Contudo, o FMI mostra-se preocupado com alguns “legados da crise” que perduram, assim como com o nível de endividamento português.
O Fundo diz que há a necessidade de reformas estruturais e na flexibilização das leis laborais”. Sol.
Não é merda, mas cagou ao cão.
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Um tanto ou quanto “desviado” (mas não muito…) : nos idos de 68, sec.passado, na Finlândia pré-Nokia de Uhro Kekkonen,imediatamente após a conclusão do ano lectivo liceal, a rapaziada ia procurar um “summer job” : agricultura, floresta ou, mais comum, “serrações”.
A sociedade mais homogénea ( o palavrão “solidária/o” está mais que prostituído ) que alguma vez conheci : nada de lamechices , nas um sentido gregário, e de comunidade, fortíssimo.
Um “understatement” não britânico, de certa maneira ; .os Russos poderão falar sobre o assunto – mas não creio que lhes agrade o tema…
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“…Por fim, os patrões. Não são todos iguais. Há de tudo. Mas grande parte cultiva ainda a ideia de que pagar poucochinho é poupar….”.
Sim, não são todos iguais. O patrão Estado é o mais desejado. Apadrinha e retribui com igual carinho quem opta por enfileirar na referida Lei do menor esforço com maior proveito. Chamas-e socialismo. Nos seus vários cambiantes é o mais desejado, e votado, por cá,
Claro que resulta muito mal para os outros -como se vê nas esperas e “tratamentos” nos hospitais públicos- mas isso é outra conversa.
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Já o PSD não tem dificuldade nenhuma em recrutar para as listas, até se zangam. Tiveram outra educação.
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