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iniciativa liberal

14 Outubro, 2018
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Em dia de ciclópica tempestade ciclónica, o Carlos Guimarães Pinto foi eleito presidente da Iniciativa Liberal.

É uma boa notícia, porque o Carlos é um sujeito brilhante, com enorme capacidade, e que está ainda naquela fase da vida em que se podem fazer algumas coisas, porque se tem a ilusão de Arquimedes de que, com uma alavanca e um ponto de apoio, se consegue levantar o mundo. O Carlos conquistou ontem, por mérito próprio, o dito ponto. Aguardemos, agora, para ver como manejará a alavanca.

Espero, no entanto, que as novas responsabilidades não o façam aligeirar aquela em que me parece ser mais útil, e na qual se tem notabilizado e conquistado inúmeros admiradores, que é a de escrever, opinar e publicar. Seria uma péssima troca, se isso acontecesse, mas acredito que o Carlos Guimarães Pinto continuará a distinguir o essencial do acessório.

Parabéns e boa-sorte!

P.S.: Parabéns, também, ao Miguel Ferreira da Silva, que foi um bom presidente da IL, até porque fez sempre o que tinha de ser feito. Não deixará, certamente, de intervir politicamente como bem entender, até porque está agora livre de responsabilidades institucionais.

14 comentários leave one →
  1. Mario Figueiredo permalink
    14 Outubro, 2018 12:37

    Não estou tão entusiasmado com a noticia.

    Apesar de apreciar muitas das opiniões políticas do Carlos, julgo reconhecer nele um aptidão para o liberalismo social que é precisamente o que empurra estes partidos para o neoliberalismo da esquerda radical. Não antevejo quaisquer melhores para a IL.

    E ainda tenho na memória a conversa sobre a Holanda. Com o Carlos pudemos contar com ideais como a liberalização das drogas e da prostituição, marchas gay (porque sim), e outros que tantos. Desconheço as suas opiniões sobre mudanças de sexo aos 16 anos ou eutanásia. Mas nem preciso de perguntar.

    O que não me lembro é se o Carlos está ou não interessado em voltar e colocar a UE no manifesto da IL e a clarificar o que pretende o partido para a UE no contexto dos valores liberais que diz defender. Porque antes de ser completamente retirada do manifesto (nem uma menção agora), a UE figurava como uma excelente coisa que era preciso fortalecer.

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    • Luis Lavoura permalink
      15 Outubro, 2018 16:03

      a UE figurava como uma excelente coisa que era preciso fortalecer

      Se calhar o Mário Figueiredo gostaria de enfraquecer a UE. Dou sugestões:

      (1) Acabar com o Espaço Schengen. As pessoas voltavam a ter que mostrar o passaporte antes de viajar para outro país.

      (2) Acabar com a liberdade de migração. Os portugueses que trabalham no Luxemburgo podiam ser recambiados para cá. Nenhum português passaria a poder emigrar sem autorização do país para onde fosse.

      (3) Acabar com a liberdade de prestação de serviços. Nada de empresas portuguesas a instalar eletricidade ou canalizações em casa de franceses.

      (4) Acabar com a união monetária. Fim do euro. As poupanças em euros devem ser convertidas em escudos.

      (5) Fim do mercado livre. Os automóveis devem ser revistados de cada vez que um português vai a Espanha comprar caramelos. Aliás, o melhor será até proibir de levar o automóvel, não vá voltar de lá com o depósito cheio de gasóleo espanhol.

      Tudo excelentes ideias para enfraquecer a UE. E Portugal.

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  2. 14 Outubro, 2018 13:40

    Obrigado pelas palavras, Rui. Não me recordo exactamente quem, mas houve alguém que quando lhe pediram um texto de 1 página, respondeu que só tinha tempo para escrever textos de 3 páginas. Agore imagine o trabalho e o esforço intelectual que dá escrever textos com 6 palavras.

    A ideia que sempre tive de um partido liberal é de ser mais um mecanismo de transmissão de ideias. De não ser um partido que aspire a exercer o poder, mas a fazer o possível para o devolver onde ele sempre deveria ter ficado: no indivíduo e nas comunidades locais. Foi esse projecto que apresentei ontem e foi aprovado por 95% das pessoas presentes. Um partido pode ser um mecanismo poderoso de transmissão de ideias, porque visto como consequente e com mais capacidade de mobilizar. Se fosse por oportunismo, havia caminhos mais fáceis (ainda que menos divertidos, assumo).

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  3. CGP permalink
    14 Outubro, 2018 13:42

    Obrigado pelas palavras, Rui. Não me recordo exactamente quem, mas houve alguém que quando lhe pediram um texto de 1 página, respondeu que só tinha tempo para escrever textos de 3 páginas. Agore imagine o trabalho e o esforço intelectual que dá escrever textos com 6 palavras.

    A ideia que sempre tive de um partido liberal é de ser mais um mecanismo de transmissão de ideias. De não ser um partido que aspire a exercer o poder, mas a fazer o possível para o devolver onde ele sempre deveria ter ficado: no indivíduo e nas comunidades locais. Foi esse projecto que apresentei ontem e foi aprovado por 95% das pessoas presentes. Um partido pode ser um mecanismo poderoso de transmissão de ideias, porque visto como consequente e com mais capacidade de mobilizar. Se fosse por oportunismo, havia caminhos mais fáceis (ainda que menos divertidos, assumo).

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    • Luis Lavoura permalink
      15 Outubro, 2018 12:39

      Votos de boa sorte ao Carlos.
      Essa de um partido que transmite ideias mas não exerce o poder faz-me lembrar os partidos nacionalistas que atualmente pululam por essa Europa fora: raramente exercem o poder, mas fartam-se de transmitir ideias a quem o exerce…

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  4. CGP permalink
    14 Outubro, 2018 13:47

    Mário, a sua opinião é uma que respeito, discordando. Eu acho que o poder de permitir red light districts, cafés de consumo de drogas ou paradas de orgulho gay deve ser dado às autoridades locais. O estado central não se deveria meter nisso. É o que acontece na Holanda e eu acho muito bem. Pode chamar-lhe liberalização, que é isso que eu defendo. A mim nenhuma me incomoda, desde que possa escolher outro sítio onde passar o domingo à tarde com a família. Felizmente, não faltam opções alternativas tanto aqui como na Holanda.

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    • Mario Figueiredo permalink
      14 Outubro, 2018 14:20

      Bom, em todo o caso faltou do meu texto um desejo de boa sorte e os meu parabéns que não queria nunca omitir. Portanto aqui vai. E mais um abraço.

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  5. Perigoso Neoliberal permalink
    14 Outubro, 2018 17:21

    Bom, caso ambos concorram nas próximas legislativas, já tenho uma escolha a fazer: IL ou D21.
    Espero que tenham a paciência e a vontade necessárias para consolidar uma opção liberal num país formatado pela esquerda.

    Aqui no Brasil o Novo demorou 7 anos até eleger os primeiros deputados no congresso. Aí talvez demore um bocadinho mais.

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  6. licas permalink
    14 Outubro, 2018 19:54

    Atrasados… ainda permanecem no
    duelo Monarquia-Liberalismo, 200 anos passados

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  7. Arlindo da Costa permalink
    14 Outubro, 2018 21:22

    Finalmente um partido liberal do centro-direita!

    Já tínhamos o BE mas é da esquerda social.

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  8. Blitzkrieg permalink
    15 Outubro, 2018 03:27

    Carlos, não me conheces mas terás o meu voto porque gosto mesmo das tuas opiniões aqui no blogue mas por favor, por favor não te vendas como aquele sujeito ex-blasfemo que apareceu subitamente no PSD a dizer e fazer o oposto do que aqui defendia. Haja coerência e uma espinha dorsal forte ok? Acredito verdadeiramente que sim, que haverá, até porque seria parvo copiar os outros partidos e querer ser apenas mais um…

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  9. basto_eu permalink
    15 Outubro, 2018 06:50

    Mais um que quer ter direito a lugar à mesa do Orçamento…

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  10. Carlos Santos permalink
    15 Outubro, 2018 15:51

    Qual será o impacto da IL para promover a liberalização da economia portuguesa? Nenhum.

    Qual será o impacto de haver à direita libertários a fazer coro com os libertários do BE? Todo! Será um verdadeiro terramoto.

    Já que os trotsikistas não conseguem tornar Portugal numa ditadura do proletariado e os IListas não conseguem tornar Portugal numa economia amiga do investimento e das empresas, vão fixar-se no que sobre que por acaso é aquilo em que estão de acordo: as questões fraturantes.

    E por que é que Ilistas e BE estão de acordo nisso? Por superficialidade, ignorância, e falta de vontade de aprender.

    Por exemplo, virá aí o debate das barrigas de aluguer outra vez. O BE vai apoiar. A IL vai apoiar porque apoiam a liberdade individual desde que isso não interfira com a liberdade de terceiros. Ora quem não quer alugar barrigas não aluga; quem quiser alugar que alugue, e ninguém tem nada com isso. Atacados pela esquerda e pela direita, PSD e CDS vão ficar ainda mais confusos que habitualmente, pelo que o resultado no Parlamento será cada vez mais previsivelmente horrível.

    O facto de se gerarem e congelarem umas dez crianças para que só uma sobreviva, é um pormenor. O facto de se atribuir um valor á gestação (10, 20, 30 mil euros) e a consequente completa desvalorização da maternidade da nossa própria mãe, isso é um pormenor. O facto de haver uma criança a quem os pais mentem a vida inteira, é um pormenor. O facto de haver uma criança a quem não mentem e por isso sabe que algures no mundo há uma mulher que o carregou durante nove meses, uma mulher com quem sonha, que adormece a imaginar como será, etc., tudo isso é um pormenor na cabeça dos libertários. O facto de haver uma criança que conhece a mãe que o criou e a mãe que o gerou, que passa a vida a imaginar como seira a sua vida na casa da outra pessoa, etc., é um pormenor; uma criança que sabe que é um dos afortunados porque nasceu já que tem 8 ou 9 ou 20 ou 30 irmãos congelados no frigorífico, é um pormenor. O facto das crianças sujeitas a este tipo de brincadeiras laboratoriais ter mais problemas de saúde (eg, maior incidência de cancro dos olhos) é um pormenor para os libertários. Porque nada disto incomoda os libertários? Porque os libertários (de esquerda e de direita) são essencialmente iguais aos pedófilos ou abortistas: acham que as crianças se devem sujeitar (ou sacrificar) aos interesses dos adultos. Ponto.

    Portugal mete pena 😦

    Qual era a dificuldade de ter um partido a defender a economia liberal e a ética Aristotélico-Tomista? Porque é que os liberais portugueses não seguem o seu mestre (Pedro Arroja) até ao fim, em vez de ficarem a meio da ponte?

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  11. Carlos Santos permalink
    16 Outubro, 2018 10:47

    O povo tem dificuldade em perceber que carregando o país de impostos para promover a “redistribuição” não é nem a melhor, nem a mais rápida nem a mais eficaz forma de ajudar os pobres. E como as pessoas têm dificuldade de perceber isto, levamos em cima com o país mais socialista da Europa (todos os partidos do parlamento são socialistas!).

    No mesmo grau de superficialidade ética estão os liberais que leram uns livros sobre mercado, estudaram uma equações diferenciais, uns “parâmetros”, e acharam que tinham a receita para todos os problemas sociais, políticos e humanos, mas demonstrando de facto a mesma incapacidade do grupo acima, agora para perceber que a ética é uma ciência tão complexa como a micoreconomia ou a física, que tem regras próprias, técnicas próprias, e que cada problema que se coloca (aborto, eutanásia, PMA, barrigas de aluguer, legalização de drogas, da prostituição, etc.) exige estudo profundo, tal como um problema de física, e não é compatível com um principio geral exportado atrapalhadamente da economia e que alegadamente providencia uma solução rápida para todas as questões. Pedro Arroja percebeu o primeiro parágrafo e durante anos foi um lutador quase solitário, admirado por um pequeno exército de discípulos. Depois de muitos anos a pensar e estudar percebeu este segundo parágrafo, mas infelizmente o seu pequeno exercito de discípulos nunca teve o rasgo/brilhantismo/lucidez necessários a acompanha-lo. E vão fazer muito mal a Portugal…

    A maioria dos sistemas de equações diferenciais em uso na economia são altamente dependentes das condições iniciais, isto é, um pequeno erro nos parâmetros iniciais faz com que a solução não tenha nenhuma relação com a realidade. Esta metáfora devia servir de inspirador aos liberais portugueses: extrapolar ideias sobre a organização do mercado para assuntos que nada tem a ver com o mercado, é um grande erro nos parâmetros iniciais que leva a conclusões completamente disparatadas num espaço de tempo muito curto. Além disso, o liberalismo económico, tem muitas vantagens (sobretudo sobre o nosso socialismo imbecil), mas está longe de ser um sistema perfeito, ou o menos mau dos sistemas. Tal como Arroja percebeu -e diz!- o liberalismo e o socialismo estão intrinsecamente errados (embora o socialismo muito mais que o liberalismo). O facto de se pegar numa teoria que já na origem precisa de ajustamentos e correções e a exportarmos para uma área diferente, tem todos os ingredientes para dar desgraça. Num sistema altamente dependente das condições iniciais postular que está certo um sistema económico que só está parcialmente certo, e depois exportar esse modo de pensar para áreas que têm regras próprias e técnicas próprias, é meter erros demasiado grandes nas condições iniciais e portanto injetar demasiados erros nas conclusões finais.

    Os liberais gostam de falar dos crimes do socialismo (há muitos milhões de morte e exércitos de misérias a creditar ao socialismo), mas não devem ignorar que na base do liberalismo económico está uma filosofia de individualismo radical a quem deve ser imputada a morte de muitas mais pessoas que o socialismo: aborto (foi o direito à privacidade “lido” na Constituição Liberal Americana que permitiu o Roe vs Wade), PMA, eutanásia, legalização de drogas, etc.

    È uma pena que os antigos discípulos do Pedro Arroja o desclassifiquem dizendo que “converteu-se logo perdeu-se” em vez de procurar perceber o quadro profundo de evolução filosófica que experimentou. Para os que não têm oportunidade de falar com o Pedro Arroja (como é o meu caso que apenas tenho acompanhado o que escreveu e disse nos últimos 20 anos) sugiro que leiam o livro: “The Race to Save Our Century” (JS Jones & J. Zmirak) como forma de conseguir perceber em duas horas o itinerário filosófico que levou Arroja ao ponto onde está hoje.

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