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É isto o Brexit

16 Janeiro, 2019

O grande José Meireles Graça disse o que importa dizer (eu só acrescentaria: lamento que os nossos articulistas claramente não tenham lido o texto do acordo… caso tivessem, provavelmente não escreveriam os disparates que escrevem… o acordo não era mau – o acordo que foi a votos era um verdadeiro nojo, daí a derrota histórica do governo):

‘O Brexit é um pesadelo, mas é um pesadelo porque a União Europeia é um pesadelo. Não só a saída da CEE nunca levantaria o mesmo tipo de problemas como é improvável que dela algum país quisesse sair. E o que se vislumbra por trás do projecto de acordo derrotado hoje, um ilegível mastodonte com quase 600 páginas, é que é mais difícil sair da UE do que foi, por exemplo, a separação da Eslováquia da República Checa. Não é por acaso, é que a UE quer dar uma lição não apenas ao Reino Unido mas a todos os outros países onde exista, larvar ou já pujante, a pulsão da resistência à força integradora, burocrática e anti-democrática, da UE. Connosco, ou com alguns outros países que recebem da UE mais do que pagam, não precisam de se preocupar: trocamos alegremente soberania por subsídios. Mas o Reino Unido, previsivelmente, foi o primeiro a acordar, e é impossível sufocar, mesmo que agora se invente uma maneira de dar o dito por não dito, a crescente resistência à interferência supra-nacional de burocracias inimputáveis. Que fazem o que sempre fizeram e é inerente à sua natureza: centralizar, normalizar, regulamentar, aumentar o seu poder e, de caminho, beneficiar os seus membros. Se eu fosse inglês, insistiria no Brexit, mesmo que sem acordo, mesmo que correndo o risco de estilhaçar o Reino Unido, e mesmo vivendo pior durante algum tempo. E ingleses como eu não sou não faltam. São os melhores. Quanto a vós, amigos, adversários, inimigos, conhecidos, desconhecidos, se sois europeístas, tenho um conselho: ide-vos catar.’ (por José Meireles Graça)

34 comentários leave one →
  1. Carlos Gonçalves permalink
    16 Janeiro, 2019 21:41

    Verdadeiramente impressionado com a sua paciente leitura das 600 páginas.
    Agora só falta dar carne ao que afirma. Porque o li e fico com a impressão de um menear de anca como numa parada gay. Porra para mim.
    Beijinhos e essas coisas todas, mesmo assim.

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    • Carlos Gonçalves permalink
      16 Janeiro, 2019 21:44

      Palavras dirigidas ao Zé, e identemente…

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      • Carlos Gonçalves permalink
        16 Janeiro, 2019 22:19

        Não tenho nada que ver com a duplicação de comentários. Com as gralhas, sim. Sorry.

        “Connosco, ou com alguns outros países que recebem da UE mais do que pagam, não precisam de se preocupar: trocamos alegremente soberania por subsídios.”

        Ao contrário da família daquela senhora “eurocética” do bloco, eu não recebi nada e não quero nada (gostava de saber afinfar aqui com um negrito). Mas troco alegremente (negrito outra vez) a soberania do dótôr Costa, 44 e camaradas etceteras do bloco central pelos corruptos de Bruxelas. Please, give me the corruptos of Bruxelas!!! Fim à soberania, já!
        Que por aqui não mexam uma porra de um cêntimo do contribuinte sem a anuência dos corruptos de Bruxelas, PLEASE!!!!!!!!!!!

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  2. Carlos Gonçalves permalink
    16 Janeiro, 2019 21:41

    Verdadeiramente impressionado com a sua paciente leitura das 600 páginas.
    Agora só falta dar carne ao que afirma. Porque o li e fico com a impressão de um menear de anca como numa parada gay. Porra para mim.
    Beijinhos e essas coisas todas, mesmo assim.

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  3. Carlos Gonçalves permalink
    16 Janeiro, 2019 21:43

    Palavras dirigidas ao Zé, e identemente…

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  4. Paulo Valente permalink
    16 Janeiro, 2019 22:07

    Mais um demagogo.
    Sair da UE é fácil. Sair da CEE era mais difícil, porque não estava previsto.
    Mas como eu disse, sair da UE é fácil. O Reino Unido, caso o deseje, pode sair já no dia 29 de Março. O problema do Reino Unido é que quando sair não terá acordos comerciais com nenhum país e portanto qualquer importação/exportação será complicada. Mas isso já acontecia no tempo da CEE. Por outro lado há o problema dos cidadãos britânicos a viver no Continente e vice-versa. O que já acontecia no tempo da CEE. Mas o governo britâncio resolveu esse problema facilmente: nenhum desses cidadãos, britânicos no continente ou continentais no RU estava autorizado a votar no referendo. Finalmente, o que não acontecia no tempo da CEE: os acordos de paz na Irlanda e a fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte assinados em 1998 e que prevêem a não existência de uma fronteira física. O tratado de Maastricht data de 1992 e portanto o problema não se punha com a CEE. Pois não, mas a Irlanda do Norte vivia em clima de guerra civil.
    E claro a dívida! A dívida do Reino Unido para com a UE por causa de compromissos já assumidos. E quais são esses compromissos? Dois exemplos: (1) as reformas dos funcionários britânicos da UE; (2) todas as comparticipações da UE em projectos por toda a UE (e noutros países europeus). Algum (muito) desse dinheiro é aplicado no RU ou em projectos em que instituições britânicas (ex. universidades) ou empresas participam. Se esses projectos no RU ou com instituições britânicas forem para levar até ao fim (e convém que assim seja ou o dinheiro já aplicado será desperdiçado), então o RU deve participar do seu financiamento. Projectos deste tipo já existiam com a sua saudosa CEE.
    Finalmente os reguladores europeus: para diminuir a burocracia (e os seus custos) a UE (e a CEE antes dela) estabeleceram reguladores como por exemplo a Agência Europeia do Medicamento (esta é posterior a 1992, ms o Euratom data de 1957 e desde 1967 que está enquadrado na CEE/UE). Se a 29 de Março de 2019, o RU deixar a UE sem qualquer acordo, muito simplesmente não terá qualquer organismo de regulação da produção ou comercialização de medicamentos, e desde o referendo até hoje nada fez para resolver esse problema. Mas não se preocupe. O RU pode fazer como Angola: qualquer medicamento autorizado em Portugal pode ser comercializado em Angola.

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    • 17 Janeiro, 2019 00:16

      Tá calado Valeeente. Claro que ninguém irá comercializar com o Reino Unido… É a segunda economia da Europa está ali ao lado da França, em cada 7 carros que Alemanha vende para a europa 1 vai para o Reino Unido, e certamente as companhias Alemãs querem perder 22 mil milhões em exportações de automoveis e componentes para o Reino Unido. Para além de perderem a cooperação de um aliado ali mesmo ao lado . A suposta dívida O reino unido so paga se quiser, tendo em conta que foi um dos maiores contribuidores da UE e portanto só tem que utilizar essa “divida” como alavanca de negociação, se assim o entenderem .
      Como todos sabemos Valente, o Reino Unido não era nada antes da UE, era uma república das bananas, não administrou um império em 500 anos que chegou a ter quase metade do território mundial sobre as suas mãos. É claro que se compara a Angola, e irá ter uma dificuldade tremenda em regular medicamentos cujo o próprio é o 6º maior produtor e exportador, com a mesma dimensão em valor que os EUA .

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      • Albano Silva permalink
        17 Janeiro, 2019 17:19

        Caro mg: é certo que o RU não é uma república das bananas — ao contrário de Portugal –, que também administrou “um império” durante 500 anos.
        Curiosamente, estes países administradores de impérios procederam da mesma forma a partir da década de 70: puseram-se de cócoras perante De Gaule, e Jack Delors implorando-lhes, literalmente, para os deixar entrar na CEE. Conhecemos a razão portuguesa para o fazer; pobreza franciscana. Mas porque o fez essa grande nação, o Reino Unido? Por estar bem de vida quando o fez? Ter administrado impérios só torna a pedincha mais vergonhosa. E sair, agora, por arrogância não merece contemplação.

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      • Luís permalink
        17 Janeiro, 2019 17:23

        O RU era um país rico e civilizado quando entrou no mercado único, contudo o PIB per capita era muito inferior ao PIB per capita francês e alemão. A economia do país a partir dos anos 80 começou a convergir, graças ao mercado único, pois o país especializou-se no sector dos serviços e em algumas indústria e começou a exportar sem entraves para a Europa Continental. A Tatcher, que não morria de amores pela CEE, foi uma das grandes defensoras do mercado único.

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      • 17 Janeiro, 2019 23:31

        Albano Silva, eu não sei se sabe, muitos já esqueceram porque não estão atentos. Mas ouve um golpada dada aos povos menbros da cee e ninguem parece ter notado. A UE não é a CEE. O britânicos votaram em referendo para fazerem parte de uma união económica europeia, não uma união politica que agora pretende ter o seu próprio exercito , com politburo em bruxelas. Já nós nem direito a voto tivemos.

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      • Zé Manel Tonto permalink
        18 Janeiro, 2019 19:21

        ” A economia do país a partir dos anos 80 começou a convergir”

        Meter a comunada na ordem também ajudou. Isto de os sindicatos fazerem o que querem transforma qualquer país numa amosytra do rectângulo.

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  5. António Queirós permalink
    16 Janeiro, 2019 23:06

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  6. JgMenos permalink
    17 Janeiro, 2019 01:08

    A UE só pode ser o que o articulista diz se todos os países o forem essencialmente.
    Dai que, sabendo o que temos em casa, sempre espere mais da UE que dos indígenas.

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  7. António Queirós permalink
    17 Janeiro, 2019 09:41

    directamente do RU.
    UK- we are leaving.
    EU- ok, but you owe us 39 billion.
    UK- sod off, we are not paying a penny.
    EU- we still take you to the european court of justice.
    UK- we don’t acknowleadge your legal system. It has no jurisdiction over us.
    EU- we will not trade with you.
    UK- really! France alone exports 35 billion to UK. Have you discussed this with yellow vests.
    Germany sells more cars to the UK than any other european state. Get real.
    EU- but you will suffer greatly in trade.
    UK- actually we are already negotiating trade deals outside europe.
    EU- we are building a new european army.
    UK- you tried that before and it didn’t end well.

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    • 17 Janeiro, 2019 10:20

      Falta acrescentar no fim, que um exército europeu sem a RAF, Navy and Special Operations e com o poderio nuclear britânico é …. a França … “Gilets Jaunes” … a Itália apoiaria Bruxelas ou aproveitava qualquer confusão para bombardear o Junker? Espanha teria votações nos quartéis … e pois, a Alemanha, que ainda não tem propriamente umas Forças Aramadas completas desde 1945.

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      • Isabel permalink
        17 Janeiro, 2019 11:40

        Parece que no próximo dia 22 há a assinatura de um tratado comecando a dar corpo à UE atravez do processo de união da França com a Alemanha.

        Click to access Accord-parlementaire-20181106.pdf

        https://ripostelaique.com/macron-doit-tenir-jusquau-22-janvier-apres-nous-aurons-affaire-a-merkel.html

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      • Carlos Gonçalves permalink
        17 Janeiro, 2019 12:53

        Outra obsessão dos súbditos de sua majestade: a minha bomba é maior que as vossas. Ok, os frogs também são nukes, mas são covardes. (O que não deixa de ser absolutamente certo….)

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      • Zé Manel Tonto permalink
        18 Janeiro, 2019 19:29

        Carlos Gonçalves,

        Aqui por terras da Rainha pode haver essa fixação com as bombas serem maiores que as dos outros europeus, mas a verdade é que há 30 anos os argentinos armaram-se em carapaus de corrida nas Falkland, e uma força de combate atravessou o Atlântico de Norte a Sul para lhes dar no lombo, e ainda hoje se fala disso.

        Quantas horas Portugal resistiu na Índia? Se o Canadá quiser apoderar-se de St Pierre and Miquelon quantos navios franceses saem do porto? Os Espanhóis vão ter cojones se os marroquinos quiserem Ceuta e Melilla?

        Há umas forças armadas na Europa, são as britânicas. O resto, fora dois ou três grupos por país (para-quedistas, comandos e outros similares) não passam de funcionalismo público gordo, preguiçoso, e com reforma por inteiro aos 50 (diz que lhe chamam reserva).

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    • Carlos Gonçalves permalink
      17 Janeiro, 2019 12:49

      Não fosse o apelido e iria jurar que o senhor era um súbdito de sua majestade. Deve ter copiado, portanto. É o que eu digo: não há povo mais cómico.

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    • Pedro permalink
      17 Janeiro, 2019 14:52

      Espero que esteja a ser irónico ó senhor Queirós.

      Se fosse só isso não havia problema nenhum com o brexit.

      A esta altura do campeonato ainda não ter percebido que aquilo não é o que os brexiters disseram é obra…

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    • Paulo Valente permalink
      17 Janeiro, 2019 20:21

      O problema do pagamento da dívida é uma questão de confiança. Não só da UE no RU, mas do resto do mundo no RU. Se o RU hoje se recusa a pagar uma dívida, o que acontecerá amanhã quando tiver outra dívida com outro país ou bloco de países?

      O RU não está a negociar acordos comerciais com outros países. O RU está a tentar negociar acordos comerciais com outros países. Mas o RU não conseguirá negociar nenhum acordo com países terceiros enquanto a sua posição em relação à UE não estiver claramente definida. É completamente diferente uma negociação dentro do EEE (Espaço Económico Europeu) e fora dele.

      É claro que o Reino Unido irá continuar a fazer negócios com outros países, incluindo países da UE, mas sem acordos aplicam-se as regras da OMC (o que implica tarifas alfandegárias).
      E as regras da OMC têm mesmo de ser aplicadas, excepto se o RU também abandonar a OMC. Mas se abandonar a OMC, então cada automóvel, cada vaca ou cada rolo de papel higiénico que importar/exportar terá de ser objecto de uma negociação. Convenhamos que não seria uma decisão muito inteligente.

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      • Luis permalink
        17 Janeiro, 2019 21:55

        Só que as regras da OMC tornam as exportações agro-pecuárias inviáveis para países com moeda alta. E não cobrem o sector dos serviços, o principal sector do RU. Além disso as tarifas existentes para a indústria mais tarde ou mais cedo podem levar à saída de muitas fábricas, com especial destaque para o sector automóvel.

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  8. Luis Lavoura permalink
    17 Janeiro, 2019 11:37

    O Brexit tem que ser assim, não por causa da burocracia da União Europeia, mas por causa da Irlanda do Norte. Se não fosse aquilo, o Brexit seria muito mais simples e facilmente seria aprovado. O problema é querer-se que o Reino Unido saia da UE, mas sem se colocar uma fronteira em torno da Irlanda do Norte.

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  9. Pedro permalink
    17 Janeiro, 2019 14:44

    Os ingleses querem todas as regalias mas nenhuma das obrigações de pertencer á UE.

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    • André Miguel permalink
      17 Janeiro, 2019 15:58

      Tal como os portugueses. A diferença é que eles pagam e nós recebemos.

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      • Carlos Gonçalves permalink
        17 Janeiro, 2019 19:11

        Eles pagam e recebem. E se julga que nós apenas recebemos…

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  10. Velho do Restelo permalink
    17 Janeiro, 2019 16:26

    Cá pra mim não vai haver brexit coisa nenhuma, e não me peçam evidências para além daquelas que estão à vista de todos! Até agora ainda não foi identificado nenhum stakeholder que tenha alguma vantagem na saída. O que está em causa é a credibilidade do referendo, e o possível aproveitamento pelos populistas. É por isso que a farsa tem de continuar até haver condições para um novo escrutínio com um “não ao brexit” garantido.
    Entretanto, na próxima semana a Theresa May é convidada da Cristina Ferreira para confessionar um beef wellington 🙂

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  11. Luís permalink
    17 Janeiro, 2019 17:11

    Desta vez não concordo com os Blasfémias e até achei este artigo demagógico e revelador de falta de estudo do tema.

    Quando foi feito o referendo praticamente ninguém falou da questão da fronteira com a Irlanda do Norte. A Irlanda e o Reino Unido têm um acordo de livre circulação com muitas décadas, que é anterior à entrada do RU no mercado único. Além disso há um acordo de paz, no qual foi garantido que não voltaria a haver fronteira física entre as duas Irlandas. Ora o problema maior do acordo é este, a fronteira com a Irlanda. Se o Reino Unido não ficar na união aduaneira com a UE terá de existir uma fronteira física com a Irlanda do Norte, e o acordo de paz fica em risco. Os unionistas do DUP rejeitam a existência de fronteira. Ninguém quer uma fronteira na Irlanda do Norte nem na Irlanda. Além disso se o RU ficar fora da união aduaneira e se não houver fronteira física há um risco a médio ou longo prazo. É que o RU poderá assinar acordos comerciais e importar produtos proibidos na UE, e esses produtos poderiam entrar no mercado único pela Irlanda. Temos ainda outro problema, o da imigração. A Irlanda está no mercado único, logo os cidadãos da UE podem residir no território. Se o RU sair do mercado único poderíamos ter entrada ilegal de imigrantes da Europa Continental no Reino Unido. Percebem agora o quão complicada e difícil de resolver é esta questão? Uma solução seria a Irlanda do Norte permanecer na UE e a Grã-Bretanha sair. Contudo o DUP rejeita esta solução, e se ela fosse imposta, o Governo cairia, pois não há maioria dos Tories, que estão dependentes do apoio do DUP. E a queda do Governo poderia colocar Corbyn no poder. Além disso a Escócia exigiria imediatamente que também quereria permanecer na UE, e então o problema da fronteira seria transferido do Mar Celta para dentro da Grã-Bretanha.E para a Escócia ficar na UE e Inglaterra e Gales fora, teria de existir fronteira física e voltaríamos a ter os mesmos problemas da fronteira com a Irlanda.

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  12. Luís permalink
    17 Janeiro, 2019 17:20

    E há mais.

    A União Europeia tem acordos comerciais com mais de 50 países, entre eles o Canadá, o Japão e a Turquia. Se não houver acordo com Bruxela, depois do dia 29 de Março estes acordos deixa de se aplicar ao RU. O que significa isto na prática? Um aumento brutal do custo de vida. As frutas do Sul da Europa pagariam 40% de taxas para entrar no RU, e as verduras, carne ou leite do RU pagariam 40% para entrarem na UE. Seria a ruína de muitos agricultores. O sector dos serviços tem como principal cliente a UE, e ficaria impedido de vender os seus serviços por ausência de acordo comercial. Milhares de postos de trabalho altamente qualificados acabariam transferidos para outras cidades da Irlanda, Alemanha, Holanda ou França. As indústrias ficariam impedidas de importar as matérias-primas da Europa Continental, e uma das indústrias mais afectadas seria a indústria automóvel. Não é por acaso que o Japão tem feito um grande trabalho diplomático para que haja acordo. Uma libra em paridade com o euro também afectaria negativamente a indústria, pois seria mais caro importar as matérias-primas que o país não tem. O sector dos serviços também teria problemas. Com nova queda da libra as agências de viagens, os operadores turísticos ou as companhias áreas do RU que colocam milhões de turistas no Sul da Europa ficariam numa situação delicada. Então e sem uma acordo, como ficaria a indústria farmacêutica? Percebem agora o quão grave é a situação?

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  13. Carlos Guerreiro permalink
    17 Janeiro, 2019 18:54

    Mas o Reino (des)Unido estava na UE? Eram tantas as clausulas de excepção que tinham.
    Acho que a saída clarifica a situação.
    Se um dia voltarem a querer entrar, sabem ao que os espera, não podem estar com um pé fora e um pé dentro.
    Quanto ao dinheiro que iriam poupar com a saída (e iria ser aplicado no NHS), se não o conseguirem encontrar é só falar com Nigel e o Boris que eles podem explicar….

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    • Luís permalink
      17 Janeiro, 2019 19:12

      O problema é mais complexo. O RU merece ter excepções, pois é um país de Common Law e tem uma moeda especial, a libra. A UE se quiser sobreviver e ser um sucesso a longo prazo terá de ter a sensibilidade de acomodar países com estas particularidades. Se aceitar as diferenças o projecto terá futuro, mas se tal não acontecer teremos mais problemas no futuro.

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      • Paulo Valente permalink
        17 Janeiro, 2019 20:27

        Os sistemas legais adaptam-se. O RU é um país de Common Law, mas tem também um código de leis escritas.
        A libra esterlina, é tão especial quanto o eram o marco alemão, o franco francês ou o escudo português.
        As excepções foram o primeiro problema. Teria sido preferível apontar-lhes imediatamente a porta de saída.

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  14. 19 Janeiro, 2019 20:47

    https://viasfacto.blogspot.com/2019/01/brexit-ue-e-cee.html

    se depurarmos bem essa conversa, acho que se resume a “é muito mais fácil sair de um emprego em que se ganha o salário mínimo do que de um emprego onde se ganha 10.000 euros por mês” – se a Grã-Bretanha saísse da CEE em 1985, ficaria mais ou menos como ficará em caso de sair sem um acordo agora: os produtos ingleses teriam que pagar taxas para entrar na UE/CEE e ser sujeitos a inspeções na fronteira para ver se estão de acordo, ou com os regulamentos de qualidade da UE, ou com os regulamentos de qualidade de cada um dos países da CEE; a diferença, que torna talvez mais dífiicl sair da UE do que seria sair da CEE é que toda a economia já está “viciada na droga” dos produtos puderem circular de uns países para os outros sem terem que estar sujeitos aos regulamentos de qualidade específicos de cada país e vai ser complicado o “desmame”.

    Atenção que acima falo da Grã-Bretanha, não do Reino Unido, mas o problema fundamental da saída do Reino Unido é similar – é verdade que, se em 1985 o Reino Unido tivesse saído da CEE, não haveria todos aqueles problemas de “como é que as pessoas vão passar de Armagh para Ballyalbany?” ou “voltaremos a ter combates UVF versus IRA versus exército britânico?”; mas esses problemas não se colocariam pelo simples facto que ainda havia (acho) barreiras na fronteira e o IRA, o exército britânicos e as milícias lealistas continuavam a combater-se; claro que sem acordo da Sexta-Feira Santa e sem processo de paz, não haveria o problema de conciliar o Brexit com os acordos feitos (que foram feitos na premissa que tanto o RU como a Irlanda pertenciam à UE, o que tornava mas fácil a ambas as partes aceitarem um compromisso, já que tornava menos relevante a questão “Londres ou Dublin?”), mas é o mesmo que disse acima – a situação na Irlanda do Norte dificilmente ficará pior do que ficaria em 1985 (p.ex., por mais confusões que haja, duvido que a guerra regresse), só que entretanto toda a gente se habituou a uma situação muito melhor.

    Mas deixando de lado a questão da Irlanda do Norte, eu diria que o grande problema do Brexit é que a ideologia de base dos brexiters (uma espécie de liberalismo económico anti-globalismo mas pró-globalização) muito provavelmente não faz sentido (pelo menos na realidade do mundo atual) – um Brexit feito por nacionalistas económicos (fossem de direita à maneira de Trump ou de Le Pen ou de esquerda como possivelmente parte do Labour de Corbyn) talvez pudesse dar algo coerente (gostássemos desse projeto coerente ou não); o Brexit dos liberais económicos do European Research Group ou do Legatum é provavelmente um projeto condenado a não ir dar a lado nenhum.

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