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Liberais à solta

3 Maio, 2019

Não deixa de ser uma (in)feliz coincidência o seguinte facto: no dia em que a Oficina da Liberdade e a Aletheia lançam no mercado um  livro que reune quase 31 pensadores liberais, a extrema-esquerda portuguesa (a aliança ‘Chavista’ PSD-BE-PCP-CDS-PP) verga às exigências dos professores. Tudo isto na mesma semana em que dirigentes do CDS-PP mentiram descaradamente em relação ao apoio incondicional do seu partido ao regime venezuelano. Nem de propósito, dias depois juntam-se a partidos ‘Chavistas’ para aprovarem uma medida própria do regime de Maduro: o dinheiro é para imprimir/distribuir; depois vivemos na ilusão de que esse mesmo dinheiro volta à procedência via impostos. Viva a Venezuela! A estupidez deste tipo de raciocíonio só mostra a necessidade do livro que hoje mesmo lançamos no mercado.

O livro ‘Juntos, somos quase um 31. Liberais à solta!‘ reune cerca de 31 pensadores liberais. O livro está dividido em 4 partes. Na primeira parte tratamos da história do liberalismo (com a companhia magnífica do André Azevedo Alves e do José Manuel Moreira), de alguns dos seus movimentos internos (juntamo-nos aqui ao Stephan Kinsella e ao Miguel Botelho Moniz) e da sua relação com o cristianismo (viagem proporcionada pelo Ricardo Dias Sousa). Esta primeira parte é um pouco mais académica, o que é extremamente necessário: dado que nem o CDS-PP sabe o que é ser de direita, convém voltar às origens de tudo e explicar, com calma, o que é o liberalismo. Não vá dar-se o caso de mentes simples confundirem liberalismo com o seu oposto, o fascismo! Para os dirigentes do CDS-PP, caso saibam ler, temos um capítulo sobre cristianismo e liberalismo – ali têm acesso a material muito interesssante para pensarem sobre as tristes figuras que fazem.

A segunda parte do livro está dedicada ao liberalismo em Portugal. Esta parte inicia-se com uma reflexão histórica, da autoria do Rui Albuquerque; segue-se uma breve reflexão sobre liberalismo nos partidos, da autoria do único dirigente do CDS-PP que aparentemente terminou a ‘quarta classe’, o Adolfo Mesquita Nunes; seguem-se alguns textos centrados na realidade portuguesa, da autoria do Gabriel Mithá Ribeiro, do Alexandre Mota e do José Meireles Graça. Tratam-se de reflexões cujo estilo é diverso, mas bastante rico. Creio que temos ali uma breve, mas lúcida, análise do país.

A terceira parte do livro é bastante técnica. Esta opção foi consciente e hoje sabemos que os deputados do CDS-PP que ontem se uniram à extrema esquerda ‘madurista’ devem passar directamente para a quarta parte do livro. Eu pessoalmente não acredito que esta parte esteja dirigida a quem se recusa a pensar. Autores de renome explicam ao leitor que tenha conseguido terminar a ‘quarta classe’ (lá se foi a possibilidade dos deputados adquirirem a obra para a biblioteca da Assembleia) o que são mercados livres, o que é moeda e o bitcoin (escrevo isto já com um certo sentimento de misericórdia pelos dirigentes do CDS-PP…), do que trata o termo austeridade (por favor enviar o livro para o Tribunal Constitucional), o que é o rendimento básico incondicional (é o que a Assunção Maduro Cristas deu ontem aos professores…), quais são os desafios de um mercado de trabalho, o que esperamos do estado quando se mete na saúde, como o estado delapidou as nossas reformas, porque é que as exportações não interessam e, principalmente, o que representa a máquina Nazi de extracção de impostos. Dito isto, foi assim que imaginei esta terceira parte do livro. À boa maneira liberal, os diversos autores deram o seu cunho pessoal a cada capítulo. Ficou excelente, e nesta parte o leitor encontra muita matéria para pensar a realidade económica que o rodeia. Os autores que nos guiam pelos meandros técnicos do liberalismo são o Ricardo Arroja, o Daniel Lacalle, o Juan Ramón Rallo, O Telmo Azevedo Fernandes, o Rui Santos, o Carlos Novais, o Pedro Martins, o Ricardo Campelo Magalhães, o Mário Amorim Lopes e o Carlos Guimarães Pinto. Por fim, o Professor Ubiratán proporciona ao leitor uma excelente reflexão sobre a realidade Brasileira – definitivamente a ler!

Na quarta e última parte do livro, autores como o Vítor Cunha, o Helder Ferreira, o Eduardo Cintra Torres, o Alberto Gonçalves, o Carlos M. Fernandes e a Gloria Alvarez, reflectem sobre temas vários: a arte, os media, a liberdade de expressão, o politicamente (in)correcto e os ‘guerreiros da justiça social’. É uma forma diferente de terminar o livro: depois de uma parte mais técnica, guiamos o leitor por temas aparentemente importantes para podermos sobreviver na sociedade que alguns, infelizmente, já conseguiram desenhar. Tal como acontece nas outras partes do livro, os textos têm estilos variados, partilhando contudo a mesma qualidade: são excelentes reflexões que potencialmente permitem ao leitor incauto escapar à prisão em que muitos sonham colocar quem não se rendeu a determinadas lutas. Esta parte do livro é especialmente útil para os dirigentes do CDS-PP mais preocupados com as cores das passadeiras do que com quem lá morre atropelado! É que discutir as cores a usar, mas não a necessidade de garantir a visibilidade das passadeiras, a sua renovação regular ou até a sua iluminação, demonstra o triste estado a que a ‘direita’ portuguesa chegou!

Como editor do livro, só tomei três decisões críticas (tudo o resto deixei ao critério dos autores). A primeira decisão foi não incluir a educação no livro. Não fosse dar-se o caso de algum autor, na sua liberdade, defender, num livro editado por mim, o cheque-ensino! Dei por isso rédeas à minha veia pouco liberal, e não deixei que alguém viesse aqui defender formas escamoteadas de socialismo. A segunda decisão que tomei foi a de não ter um capítulo dedicado a política internacional. Também aqui tive medo que alguém tivesse a triste ideia de, num livro editado por mim, defender a intervenção militar na Venezuela. A terceira decisão foi a mais difícil. Confesso que pensei em eu próprio escrever acerca da relação entre a proibição para o porte de armas e a tomada do poder na Venezuela por cartéis de droga… pareceu-me contudo que num livro desta qualidade, e rodeado de tão ilustres autores, seria ridículo escrever o óbvio!

Dito isto, estão todos convidados para a sessão de apresentação (ver figura)…

Apresentação livro.jpg

 

 

9 comentários leave one →
  1. MJRB's avatar
    MJRB permalink
    3 Maio, 2019 13:21

    Porra, os participantes no livro são mais do que os militantes do Aliança ou do Chega…

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  2. Ana Castro's avatar
    Ana Castro permalink
    3 Maio, 2019 14:31

    Zita Seabra ?
    A mesma que vi de punho no ar a cantar a internacional durante o PREC ?
    Liberal ela?
    Não acredito 😩

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    • Oscar Maximo's avatar
      Oscar Maximo permalink
      3 Maio, 2019 16:43

      Depois do pecado de frequentar o Versailles, nunca mais foi a mesma.

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  3. Duarte de Aviz's avatar
    Duarte de Aviz permalink
    3 Maio, 2019 15:11

    Bravo! Bravo…
    Infelezmente estou a 12 horas de avião de Lis, Caso contrário lá estaria, entusiasticamente a apoira e para comprar o manual!!!! 🙂

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  4. Manuela Taveira's avatar
    Manuela Taveira permalink
    3 Maio, 2019 15:28

    Também estou admirada com a Zita Seabra pertencer ao grupo. Mas o que têm contra o cheque ensino? Nao seria mais democratico cada um escolher a escola que quer mesmo se isso implicar por um grupo de ensino domestico ?

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  5. Oscar Maximo's avatar
    Oscar Maximo permalink
    3 Maio, 2019 16:14

    A minha irmã perguntava-me se isso do liberalismo (ou eu) não era fascista, e a minha resposta foi muito simples. O fascismo é militarista, eu sou anti. Claro que só isto não chega, dada as novas correntes BE, PAN, VEGAN…

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    • lucklucky's avatar
      lucklucky permalink
      3 Maio, 2019 19:52

      Que raio de resposta.
      Diga-lhe que não é Socialista logo não pode ser Fascista.

      No Liberalismo ninguém obriga um Socialista a ser Liberal, já os Socialistas obrigam todos a serem Socialistas. ou Fascistas, ou Comunistas…

      E o Fascismo aliás é Comunismo(Marxismo) moderado.

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  6. hajapachorra's avatar
    hajapachorra permalink
    5 Maio, 2019 03:32

    E ‘o’ Bento da Silva andou com toda essa gente na escola? Parece.

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