O voto útil marginal
Num debate ontem no Porto, com a presença de representantes do PS, PSD, CDS, IL e Aliança, foi claro para mim um muito razoável alinhamento de ideias entre o CDS (representado por Cecília Meireles) e a Iniciativa Liberal (representado por Carlos Guimarães Pinto). Embora menos, também foi possível perceber que tanto o PSD como o Aliança não são o inimigo. O inimigo é a esquerda, sem margem para dúvidas. E quem lidera a esquerda é o PS.
Tenho lido algumas teorias delirantes sobre as culpas do CDS e PSD na formação de novos partidos e o mal que isso pode fazer à direita, via diluição de votos. Em particular, no que diz respeito à Iniciativa Liberal, desenvolvem-se teses sobre a utilidade do voto neste novo partido. Ora, a este propósito convém lembrar a teoria do valor, recordando que o valor diz respeito à última unidade consumida (ver teoria subjetiva de valor). Transpondo para o voto e em particular para o distrito do Porto, o Carlos Guimarães Pinto não está a competir com os votos da Cecília Meireles ou do Rui Rio, nem sequer com os do Álvaro Almeida, seu adversário no debate de ontem (todos garantidamente eleitos). Está a competir com o terceiro ou quarto deputado do CDS e com 12º ou por aí do PSD.
Portanto, se a IL tem hipóteses (e tem, caso contrário não estaria a causar chiliques sortidos, desde adversários a terapeutas sexuais com colunas nos jornais), é doentio ou simplesmente néscio dizer que há desvio de votos dos grandes partidos que não servem para nada. Não, o raciocínio é marginal e só no dia 6 saberemos, com a eleição do último deputado pelo Porto, quais os votos úteis e inúteis. Repito: para quem tem dúvidas, a IL compete, no Porto, contra o 3º ou quarto deputado do CDS e para aí o 12º do PSD. Terá mais valor esse deputado marginal do CDS / PSD ou o CGP, presidente da IL?

Está bem, pronto(s), o IL elege 1 deputado, o do Porto. Voto útil, portanto. Oxalá não cause chiliques em quem pensou eleger 2 ou 5.
O Aliança elege o Santana que vendo-se só na ARepública passados meses abdica, sai do Aliança e forma novo partido. Outra hipótese à la Capucho: se houver congresso do PSD e o RRio sair, o Santana faz beicinho, arvora-se novamente herdeiro do Sá Carneiro, relembra que foi –ou ainda se sente– PM, aforma que nunca traíu ninguém e pede a reintegração como militante (chora novamente de emoção).
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2 ou 5? Nunca ouvi ninguém sóbrio a dizer tal coisa.
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De políticos pode ouvir coisas incríveis.
2, é a previsão interna ou se quiser entre-pares; 5, é o que numa excitação incontrolada pode ouvir em público para tentar caçar votos.
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Na IL 2 é um no Porto e outro em Lx. Santana talvez faça Lx … duvido que faça Porto. Já o Chega, PNR e PRD podem ser surpresas … Na esquerdalha não se passa nada.
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A partir do 2º deputado (inc.) pelo Porto (ou por Lisboa, Santarém, Aveiro, Braga ou Faro, para o que é, dá igual), o CGP é infinitamente mais relevante, terá sempre muito mais valor.
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O IL, por o que já demonstrou por palavras e nos famosos cartazes, pode “animar” a ARepública. O que não seria pouco num parlamento partidariamente controlado, quase sempre amorfo.
Venha pois o deputado pelo Porto.
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… e o de Lx … também
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Duvido que o IL eleja 1 deputado em Lisboa. O eleitorado em Lisboa (que é diferente do do Porto), está indeciso em travar o AC-DC votando no PSD e com simpatia pelo IL, provavelmente optará (dado os acontecimentos recentes não só o debate, o que está a acontecer hoje e o mais que aí vem ) por dar mais um voto ao PSD.
() Segredo é segredo.
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A Cecília Meireles tem uma linha de raciocínio excepcional, destaca-se de forma impressionante dos outros 99% de deputados. Não estivesse ela no CDS e seria um elemento muito óbvio num partido como o Iniciativa Liberal.
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Alexandre Mota, pode-se saber onde decorreu o dito debate e quem foram os representantes dos partidos com excepção do IL, no post já referido?
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Na Casa dos Arcos. Os contendores foram os cabeças de lista pelo Porto de PS, PSD, CDS, Aliança e IL e o moderador foi o Manuel Queirós
P.S. – O cabeça do lista do PS é bastante fraco, diga-se
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Hap, obrigado
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Os votos são contados por circulos eleitorais. Ou seja o total de votos a nivel nacional conta alguma coisa para eleger deputados?
Pensava votar na I.L. mas se é assim para quê votar num circulo eleitoral que manifestamente não vai atingir o minimo de votos para eleger 1 deputado.
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Excelente pergunta! Que eu saiba não conta, o método de Hondt é aplicado pelos círculos eleitorais de forma individual e atribui mandatos só nesse circulo. Contudo … não esqueçam que nos partidos ainda pequenos é indispensável para a sua “existência” perante a Grande Meretriz da Pova (Comunicação Social agenciada pelo Estado) o que vai fazer virar antenas não é só o número de deputados, mas sobretudo a percentagem Nacional. Que o número de votos é-lhes indiferente de tão poucos: PS 1976 2,3milhões de votos com 5 milhões de eleitores, hoje com 10 milhões quantos vão ser quantos?
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Sem menosprezar a categoria dos candidatos do IL, nas atuais circunstâncias não se pode facilitar a vida ao PS e demais geringonços, sob pena de em breve termos a 4ª bancarrota. Assim, é muito mais importante o PSD eleger o seu 12º deputado pelo Porto, pois isso pode até significar a derrota do PS.
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Ideia aparentemente prática mas falsa: o PSD tem que levar um puxão de orelhas à Direita e vigoroso!
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A 4a bancarrota depende mais do BCE do que daquilo que fazemos. Se alguma coisa acontece “lá fora” que faça as taxas de juro das dívidas soberanas voltarem a refletir o nível de risco real das economias, temos o tetra garantido. Parece-me muito mais importante surgirem vozes mais ativas no debate político para começar a fazer alguma mossa na hegemonia quase completa da esquerda. Vi um clip de 7 minutos daquele debate a 6 (os representados no parlamento) e é desolador. É por isso que o primeiro da IL vale muito mais do que o 12° do PSD.
Quanto às expectativas, não estou tão otimista como aparentemente muitos estão, quando falam em 2 (!!!) deputados. Do meu pontos de vista, eleger um já seria uma pedrada no charco. Dois até me faria começar a acreditar que o retângulo não está condenado ao atraso.
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Isto nao e bem assim, devido ao metodo de Hondt. E preciso muito mais votos para eleger o primeiro deputado da IL do que para eleger o decimo-segundo deputado do PSD.
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Falso, vejo o método e exemplos no site da CNE!!! É indiferente, disputarão até à igualdade do último cociente. No pós eleições a IL jamais deixaria o PSD cair face à esquerdalha, excepto para por ordem nas esquerdices que passam por essas cabeças laranjas de vez em quando.
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o valor diz respeito à última unidade consumida (ver teoria subjetiva de valor)
Nao e a teoria subetiva do valor, mas sim a teoria marginalista.
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Além disso, novos partidos como a IL podem (não moro no retângulo há quase 5 anos, digam-me vocês se isto faz sentido) ir buscar votos que iriam para abstenção e brancos e não necessariamente canibalizar CDS e PSD.
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Preciasamente Perigoso Neoliberal! P.e. o meu voto que está em repouso desde há 8 anos e só para eleger o Passos Coelho é que alguma vez votei PSD. Tirando isso votei sempre CDS ou estive na “praia” …
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Preciasamente Perigoso Neoliberal! P.e. o meu voto que está em repouso desde há 8 anos e só para eleger o Passos Coelho é que alguma vez votei PSD. Tirando isso votei sempre CDS ou estive na “praia” …
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