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Notas sobre um desastre eleitoral da direita

7 Outubro, 2019

 

Começo por definir em termos latos aquilo que entendo por direita para efeitos deste texto. É de direita todo o cidadão que entende que o motor da economia é a iniciativa privada. Por sua vez, é de esquerda todo o cidadão que entende que cabe ao estado (à política) mandar na economia. Nestes termos, o PSD, o CDS, a IL e o Chega são de direita. Ora, estes partidos vão ser representados por 86 ou 87 deputados. Não são basicamente os mesmos resultados de há quatro anos, conforme disse Rui Rio; nem sequer é rigoroso comparar com as autárquicas onde lhe dá jeito a comparação, isto é, em concelhos como Lisboa e Porto onde fenómenos distintos afundaram o PSD nas últimas eleições. Em suma, a direita perde, embora se salve do desastre que seria ficar com menos de 1/3 dos deputados na AR.

Dentro da direita as coisas mudaram.

O PSD mantém-se claramente como partido liderante, mas não há dúvidas que repetiu grosso modo os maus resultados de Ferreira Leite (2009) e Santana (2005). Há quem diga que o reforço de liderança da direita por parte do PSD prova que é ao centro que a coisa se resolve. Não contesto que o eleitorado do centro é fundamental para ganhar uma eleição, mas isso não quer dizer que o partido não reafirme os valores de direita que estão na sua matriz e que, sobretudo, são partilhados pela esmagadora maioria do seu eleitorado atual e potencial. Este equívoco estratégico, que persiste em Rui Rio, transformá-lo-á apenas num “PS com dê” e não num partido federador do centro e da direita.

O CDS afundou, prejudicado pelo voto útil em Rui Rio e pela emergência de novos partidos como a IL e Chega. Cristas demitiu-se, obviamente.

A IL teve um desempenho fantástico. Uma análise mais fina por concelho e freguesia permite ver votações muito interessantes para um estreante e promissoras para o futuro eleitoral. Para já, parece-me ser um partido fundamentalmente urbano, em contraste com o Chega que me parece ser sociologicamente suburbano.

Ao contrário de Lisboa, no Porto a IL foi prejudicada pelo prestígio de Rio (o PSD ganhou no concelho do Porto – e até me pareceu que Rio está a comentar isso e não o total nacional), facto que também afundou o CDS (elegeu só um deputado) e não permitiu eleger o grande responsável por este resultado, o Carlos Guimarães Pinto.

Por último, queria deixar uma saudação especial à Madame Marques, que fez parte do espontâneo movimento liberal dos blogues e redes sociais que pavimentou o caminho para o surgimento de um partido como a IL, mas que, devido a problemas de saúde mental, não pode saborear devidamente esta vitória. Ficam aqui (e ficam bem) um grande beijinho e desejos de melhoras.

26 comentários leave one →
  1. lucklucky permalink
    7 Outubro, 2019 10:57

    O PSD e CDS sempre que estiveram no Governo nos tempos desde as maiorias de Cavaco aumentaram o Poder do Estado, os Impostos e a dependência dos Portugueses do Estado.

    Logo aquilo que disse que a Direita representa não existe no PSD ou CDS.
    As pessoas só o dizem por muito se repetir que o PSD e CDS são de direita. Não são.

    Os factos não o sustentam.

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    • Jornaleca permalink
      7 Outubro, 2019 11:34

      Correcto, lucklucky.

      O maior partido, a abstenção, é que ganhou as eleições.

      É muito triste, que a maioria não tem voz no parlamento doido e perverso em Lisboa, que prefere adorar o culto da morte e estragar mais ainda este belo país.

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  2. Luís Lavoura permalink
    7 Outubro, 2019 11:47

    A IL teve um desempenho fantástico.

    Não me parece assim. A IL teve um excelente desempenho, tanto quanto consegui ver, em basicamente três concelhos do país – Lisboa, Cascais e Oeiras. Nesses três concelhos ultrapassou os 3% da votação. Em todos os outros concelhos, ficou abaixo de 1,5%.

    (Enfim, eu não estive a ver os resultados de todos os 308 concelhos do país, longe disso, mas parece-me que a descrição acima feita não está muito longe da realidade.)

    Portanto, a IL nem sequer pode ser descrita como “um partido urbano”, como é escrito neste post. A IL não é um partido urbano. A IL é um partido da linha de Cascais. A IL é um partido “sulista, elitista e liberal”.

    (Nota: votei na IL.)

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  3. Jornaleca permalink
    7 Outubro, 2019 12:19

    Na Madeira o PSD teve quase 4 por cento mais que o PS e ambos têm as mesmas cadeiras? Que raio de sistema eleitoral é este?

    A CDU tem a nível nacional 6,46 por cento e tem 12 deputados e o CDS que tem 4,25 por cento só tem o direito a 5 deputados?

    Não estou de acordo.

    O Bloco da Estupidez e Perversidade que obteve 9,67 por cento leva 19 cadeiras?

    Isto são relações corruptas.

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    • Luís Lavoura permalink
      7 Outubro, 2019 12:25

      É sabido que o sistema de Hondt distorce a distribuição de deputados a favor dos partidos grandes.
      Em particular, é relativamente difícil eleger o primeiro deputado num círculo eleitoral, mas eleger o segundo é muito mais fácil, e o terceiro ainda mais fácil, etc.

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      • Jornaleca permalink
        7 Outubro, 2019 12:52

        Isso é a explicação.
        Mas o sistema assim não está bem.

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      • 7 Outubro, 2019 13:52

        A proporcionalidade absoluta apenas seria garantida num círculo geral nacional. O que adoravam as cabeças dos partidos, os quais teriam facilitada a missão de escolher os apaniguados para a lista do dputedo geral.

        Quando falamos em círculos pequenos, os grandes partido ganham.

        No limite, em círculos uninominais, quase toda a assembleia seria PS e PSD, com uns PCP aqui e ali, eleitos nas terras mais retrógradas.

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      • Zé Manel Tonto permalink
        7 Outubro, 2019 17:42

        “O que adoravam as cabeças dos partidos, os quais teriam facilitada a missão de escolher os apaniguados para a lista do dputedo geral.”

        Não acho que isso faça diferença. Ninguém sabe quem é o 8º ou 9º da lista, mas em Lisboa e Porto, PSD e PS conseguem sempre fazê-los entrar

        “A proporcionalidade absoluta apenas seria garantida num círculo geral nacional.”

        É mais por aí que a lei não mudará. Simulei os resultados de ontem para um único círculo de 226 deputados, sem percentagem mínima para representação:

        PS 90 (-16)
        PSD 69, curioso número (-8)
        BE 23 (+4)
        PCP 15 (+3)
        CDS 10 (+5)
        PAN 8 (+4)
        Chega 3 (+2)
        IL 3 (+2)
        Livre 2 (+1)
        Aliança 1(+1)
        RIR 1 (+1)
        PCTP 1(+1)
        (os outros não chegavam lá)

        A comunada, desde o Livre a algum PSD, já lhe está a dar um chilique com um deputado do Chega, com três havia gente que não aguentava do coração, eheh

        E seria impagável ver o Tino de Rans no Parlamento, a fazer bonecos no papel.

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      • Tiro ao Alvo permalink
        7 Outubro, 2019 19:16

        O Colaço escreve que “a proporcionalidade absoluta apenas seria garantida num círculo geral nacional” para acabar afirmando que, “no limite, em círculos uninominais, quase toda a assembleia seria PS e PSD”, ignorando que poderia haver círculos uninominais e, simultaneamente, um círculo nacional para garantir a proporcionalidade desejada, que podia não ser absoluta. Eu, por exemplo, defenderia que no Parlamento não devia estar representado um Partido apenas com um único deputado. Assim como está, está mal.
        Uma coisa tenho por certa, no sistema actual um elevado número de deputados dependem dos directórios dos Partidos de que são, como se tem visto, autênticos funcionários.

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      • Duarte de Aviz permalink
        9 Outubro, 2019 03:44

        Um sistema misto de circulos uninominais e um circulo nacional seria uma opção.
        1 deputado por cada 100.000 eleitores registados, em circulos uninominais, a duas voltas, e 50 deputados a eleger proporcionalmente no circulo nacional com os votos da primeira volta.
        Os candidadtos a 1ª ministro teriam que obrigatoriamente concorrer no circulo nacional.
        Em caso de morte ou incapacidade do deputados de circulo uninominal haveria eleição intercalar, acabando a mama das substituições.

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  4. Perigoso Neoliberal permalink
    7 Outubro, 2019 15:43

    Como já foi apontado pelo lucklucky, a análise começa de uma premissa errada. E aqui está o grande problema da direita em Portugal. Há muita gente a apoiar e votar no PSD e CDS convencida que está a apoiar e votar na direita. E o que é trágico é que não é só o povo, na sua maioria politicamente analfabeto. Acontece com gente que devia ter uma visão mais abrangente e devia saber mais. É só levantar a cabecinha do retângulo, tirar as lentes vermelhas e observar o que se passa noutras paragens. Ainda ontem, no painel da Rádio Observador o Sérgio Sousa Pinto disse que a IL era um partido difícil de definir. E num painel com comentadores, politólogos e políticos ninguém contestou. Que o Zé da esquina não saiba o que é liberalismo, nunca tenha ouvido falar de John Locke, Adam Smith e por aí adiante eu entendo. Que isso seja estranho pra gente que vive de política, só mostra o caminho loooongo que falta percorrer em Portugal para que a direita tenha possibilidades de influenciar os destinos do país.

    PSD e CDS só parecem de direita porque o espaço político e cultural está absurdamente distorcido para a esquerda.
    Há gente de direita nesses dois partidos? Claro. São mais do que uma pequena minoria que não influencia de forma decisiva o posicionamento e a natureza estatista desses partidos? Infelizmente não.
    Como disse o lucklucky, só precisamos de olhar para a prática desses partidos quando tiveram oportunidade de governar (Mesquita Nunes foi exceção, não regra). E, cada vez mais frequentemente, já nem tentam disfarçar mentindo. O Rio diz abertamente que o PSD não é de direita.

    O autor e quase toda a gente com voz no espaço público opera no pressuposto que PSD e CDS fazem parte da solução. Dentre eles, há-de haver os que discordam da análise da prática política e achem que governaram como partidos de direita. Há-de haver os que concordam com essa análise e acham que esses partidos são “reformáveis”. Eu acho que fazem parte do problema e que são tão reformáveis como uma diabetes tipo 2. Precisariam de nascer de novo. Não, não é o caso do CDS. Ainda tem 5 deputados. Sao 4 a 5 deputados a mais do que seria necessário para entenderem que precisam de nascer de novo.

    Então a minha análise sobre os resultados da direita nestas eleições é simples: resultado histórico. A direita tinha zero partidos no parlamento. Agora tem 2.

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    • Zé Manel Tonto permalink
      7 Outubro, 2019 17:47

      “PSD e CDS só parecem de direita porque o espaço político e cultural está absurdamente distorcido para a esquerda.”

      Eu digo sempre que não voto nesses, porque me recuso a votar em socialistas. É cómica a reacção que obtenho dos socialistas que estão ainda mais à esquerda desses dois.

      “A direita tinha zero partidos no parlamento. Agora tem 2.”

      Foram precisos 44 anos, mas aconteceu.

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  5. Tiro ao Alvo permalink
    7 Outubro, 2019 19:33

    O lucklucky diz que o PSD e CDS sempre que estiveram no Governo nos tempos desde as maiorias de Cavaco aumentaram o Poder do Estado, os Impostos e a dependência dos Portugueses do Estado”. E que por isso, são socialistas.
    Permito-me descordar: os aumentos de impostos, no tempo do governo do dr. Cavaco, não podem ser comparados com os efectuados pelos governos seguintes, especialmente o governo do Passos Coelho. Naquela altura a dívida pública era baixíssima e o País precisava de dar um salto, como deu, bastando lembrar que só existiam dois bocados de auto-estrada: de Lisboa a Vila Franca e do Porto aos Carvalhos.
    Além disso o grande aumento de impostos feito pelo Gaspar (Passos Coelho) não foi para distribuir pela maralha, mas para segurar o barco que estava a naufragar. Os governos socialistas, esses sim, é que se fartaram de comprar votos, distribuindo benesses a torto e a direito, às custas do enorme aumento da dívida do Estado elevando-a para níveis astronómicos, perigosíssimos, como mais tartde se verá.

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    • Jornaleca permalink
      7 Outubro, 2019 22:02

      A tal maralha.

      Um ponto grande dos seres humanos que se dizem de esquerda, é a falta de justiça. Aqueles que arruinaram Portugal, várias bancarrotas, põe-se a andar, fogem como as serpentes, para pouco depois, voltar a aparecer como falsos salvadores.

      É preciso ter lata. E nenhum desses porcos é posto na prisão e responsabilizado.

      É por isso, que eu odeio esta esquerda. São pessoas cobardes, incompetentes, que negam amanhã qualquer responsabilidade.

      É por isso, que eu detesto e nunca vou perdoar a este falso António Costa e a aqueles que o deixaram passar com isso.

      As pessoas da tal “esquerda” têm duas medidas. Quem com bom senso pode respeitar trafulhas desses? Este governo de António Costa já devia ter-se demitido quantas vezes? Um governo do mais corruptos e incompetentes jamais visto.

      Não se deixem enganar com o jogo de meninos, esquerda ou direita ou liberal. Não é o rótulo que conta, mas o conteúdo da garrafa. E aqui, a esquerda perde quase sempre.

      A esquerda é a coisa mais traidora deste mundo. Quem é que gosta da infidelidade e da traição?

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    • Perigoso Neoliberal permalink
      9 Outubro, 2019 06:28

      No cérebro de um socialista, aumentar impostos é uma das primeiras ferramentas para resolver problemas financeiros. As desculpas podem ser as mais elaboradas do mundo. Só que os 10€ que o Estado decide extorquir a mais fazem-me a mesma falta, quer me digam que é por uma boa causa quer me digam que não havia outra alternativa, quer não me digam nada.

      No cérebro de um liberal, “aumentar impostos” não faz parte do kit de ferramentas e só de ouvir a expressão, já se lhe eriçam os pêlos da nuca.

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  6. Miguel Neto permalink
    7 Outubro, 2019 20:17

    “PSD e CDS só parecem de direita porque o espaço político e cultural está absurdamente distorcido para a esquerda.”

    Concordo em absoluto. A social democracia e a democracia cristã são variantes de socialismo.

    Mas o Liberalismo só por si não considero direita ou esquerda. É sempre mais individualista em oposição aos mencionados que são, uns mais que outros, de alguma forma colectivistas.

    Uma das grandes dificuldades dos liberais tem sido a de conciliar o “Liberalismo Libertário” (nas causas sociais quase que pode ser confundido com o bloco de esquerda, p. ex.) e o “liberalismo conservador”, que pode ser chamado de direita moderada, algo próximo do partido Chega.

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    • Jornaleca permalink
      7 Outubro, 2019 21:53

      A democracia cristã é uma variante do socialismo?
      Onde foi buscar essa, por favor? Nada mais errado.
      Gostaria de saber como definiu, define valores cristãos ou democracia cristã.

      Os valores cristãos são melhores e incompatíveis com qualquer socialismo. São os os maiores inimigos.

      O português não sabe nada sobre o jogo de palavras, liberal, direita, esquerda. Ele quer é aumentar o seu nível de vida e os criminosos da esquerda não o deixam.

      Não é o rótulo que determina o conteúdo da “garrafa”. O que o lucklucky disse, não é nada de novo. Se alguém mandar vir uma garrafa de vinho bom num restaurante e o empregado de mesa apresentar-lhe uma garrafa com o rótulo de um vinho bom, mas a garrafa ter só vinagre lá dentro o que é que o cliente afinal recebeu? Vinho bom ou nenhum vinho?

      A esquerda mentiu e iludiu sempre. A esquerda é so uma palavra sem efeito nenhum. Melhor é descrever o que a esquerda fez, desde 1974.

      O que é que eles alcançaram? Fora roubar, estragar, levar o país várias vezes à bancarrota, matar seres humanos, favorecer o crime organizado, etc.?

      Este país está onde está, porque desprezou os valores cristãos. Ponto final.

      E o tal liberalismo, o que é isso, como se define?, aparece, porque muitos já não sabem como sair deste inferno, desta prisão socialista.

      O socialismo nunca funcionou em nenhum lado deste mundo. O socialismo é o veneno que mais tarde o mais cedo leva ao comunismo.

      O socialismo que se foda!!

      Eu quero pagar no máximo 30 por cento de impostos.
      Eu não quero ninguém, especialmente burros e asnos, a meter-se na minha vida e a dizer-me como eu é que tenho que viver.
      Eu quero um governo que proteja a vida humana e a nação.
      Eu quero um governo que oferece energia o mais barato possível.
      Eu quero poder mandar nos professores da esquerda.
      Eu quero sindicatos inteligentes, que ajudam a criar emprego e não destruir o mesmo.
      Eu quero responsabilizar políticos pelos crimes que fizerem.
      E muito mais.

      Eu não quero ser governado por Bruxelas, nem por Paris e muito menos os cabrões de Berlim.

      Valores socialistas? É so terror e roubar: fascismo.

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      • Miguel Neto permalink
        8 Outubro, 2019 00:24

        Jornaleca, boa noite.

        Só para esclarecer, porque de alguma forma não era o tema do que eu disse anteriormente, estamos de acordo nessas aspirações para um governo do nosso país. Então e só para esclarecer, digo apenas que tenho votado CDS “por aproximação”. Nestas eleições votei IL, embora me considere liberal conservador. Algo que nenhum partido o é verdadeiramente neste momento. O Chega, acho eu, também poderá andar lá por perto. O CDS do tempo de Manuel Monteiro também não andava muito longe.

        Como o/a Jornaleco diz, a Democracia Cristã tem raiz na Doutrina Social da Igreja mas, precisamente por isso, é um facto que há diferenças significativas entre os partidos democratas cristãos europeus e sul americanos, por exemplo. Estes últimos, sendo democratas cristãos, têm programas muito mais “socialistas” que os europeus.

        É óbvio que a Democracia Cristã é diferente e opõe-se ao materialismo socialista. Mas também existem pontos convergentes com o “socialismo democrático”. Esses pontos são, não querendo ser exaustivo, os limites ao capitalismo e a sua reformulação por forma a promover a justiça social; o estado social (ou estado providencia) e o papel do Estado (intervencionista se tiver que ser) na economia.

        Isto apesar da evidente oposição entre o materialismo e coletivismo socialista e o espiritualismo e individualismo democrata cristão.

        Sucintamente, estas são as razões para eu ter dito que a democracia cristã é, para mim (longe de mim impor a minha visão das coisas) uma variante do socialismo. Era nesse sentido.

        Claro que (e por isso votei no CDS no passado) há muitos pontos de “aproximação” ao Liberalismo e ao Conservadorismo na Democracia Cristã.

        Cumprimentos

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      • Jornaleca permalink
        8 Outubro, 2019 05:32

        Caro @Miguel Neto,
        muito obrigado pela sua resposta (inteligente).

        Os físicos, para assim dizer, fizeram um grande erro, tratar só da matéria. O que a física finge ser para a matéria (hardware), são só os valores cristãos para o espírito, para a mente (software).

        O socialismo nunca percebeu o ser humano e dá cabo dele. E, o pior de tudo, o socialismo, finge ter raízes científicas, o que é um disparate completo. Aos sul-americanos foi ensinado a excelência, mas os asnos optaram pelo medíocre, porque quiseram. Como na Europa.

        Aqueles fora de Europa agradecem e riem-se.

        Cumprimentos

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    • Cristóvão permalink
      8 Outubro, 2019 09:55

      O liberalismo libertário quer o Estado fora dos “assuntos sociais”. O Bloco de Esquerda quer o Estado a promover e subscrever o progressismo social (que na prática é regressivo para a sociedade, mas isso é outra conversa). Infelizmente, muita gente na Iniciativa Liberal confunde os dois, daí ser às vezes tratado como Bloco de Direita. Espero que mudem.

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      • Miguel Neto permalink
        8 Outubro, 2019 14:04

        Cristóvão, boa tarde

        Tem razão na distinção que faz. E acrescento que esse discurso do bloco de esquerda é apenas para ser considerado fofinho (inclusivo, progressista, etc.) enganar os tolos e angariar votos. O igualitarismo que perseguem é incompatível com toda a diversidade que apregoam. Basta ver que os países que mais avançaram nessa direcção são na sua prática dos mais intolerantes. E nisso são coerentes: se deves ser igual aos outros não podes ser diferente. É a escolha que tem que ser feita entre a Igualdade ou a Liberdade.

        Nesse aspecto os Liberais Libertários são absolutamente sinceros e coerentes. E estando eu de acordo em querer ver o Estado fora dos “assuntos sociais”, como diz, penso que essa posição nos leva numa direcção demasiado próxima da Anarquia.

        Também não concordo embora ache possível chegar-se a um tipo de sociedade dessas se e quando o Homem evoluir para outro tipo de Ser que agora não é. Nos dias que correm e ainda durante muitos, muitos anos será impossível. No mínimo, teríamos que ser todos muito iguais uns aos outros (igualmente fortes, inteligentes, virtuosos, auto-suficientes, responsáveis…) e como Deus, omniscientes. E sê-lo intrinsecamente, genuinamente, sem qualquer interferência externa.

        O Liberalismo Libertário poderá ser no máximo, em minha opinião, uma referência, uma “Estrela do Norte”, um guia que nos faça querer evoluir enquanto indivíduos em direcção a esse Ultra – Homem / Super-Homem. É uma Utopia.

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    • Perigoso Neoliberal permalink
      9 Outubro, 2019 06:03

      “Mas o Liberalismo só por si não considero direita ou esquerda.”

      Sim, concordo. O eixo Esquerda-Direita é demasiado redutor para categorizar adequadamente as várias correntes políticas. Mas tendo que “enfiar” tudo nesse eixo, o liberalismo parece-me mais facilmente encaixar na direita do que na esquerda.

      Seria uma discussão interessante (sem ironia, seria mesmo interessante, talvez agora com os liberais representados essa discussão surja) olhar para essas tais semelhanças entre posições dos liberais e posições do BE.

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      • Miguel Neto permalink
        9 Outubro, 2019 21:32

        Perigoso Neoliberal

        Também acho que essa discussão deverá ser feita.

        No entanto as semelhanças entre o BE e os Liberais são apenas superficiais. Em minha opinião, enquanto que para os liberais essas posições são consequência da máxima Liberdade Individual (a que corresponde necessariamente uma máxima Responsabilidade Individual) que advogam, para o BE essas posições fazem parte da estratégia para, como eles dizem, “desconstruir a sociedade burguesa e capitalista”. Trata-se de desestabilizar e dividir os “outros” e unir e arregimentar os deles.

        A esquerda tem um problema maior: como conciliar a Absoluta Liberdade com a Absoluta Igualdade. O igualitarismo colectivista é inconciliável com amplas liberdades individuais.

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  7. Leunam permalink
    8 Outubro, 2019 01:09

    Portugal actual move-se num plano inclinado SEMPRE A DESCER.
    Um dia virá em que não poderá descer mais nem terá forças (GENTE CAPAZ) para retroceder.
    Ai de quem viver por cá nesses tempos.
    Não tarda nada.

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  8. Arlindo da Costa permalink
    9 Outubro, 2019 17:51

    Se considerarmos o PSD como CENTRO (ou centro-esquerda) como afirma o Dr. Rui Rio, a Direita ideológica em Portugal (confinada ao CDS e à IL) não pesa mais do que 5%!. Caso único na Europa. Até dá vontade para rir.
    Quanto ao CHEGA – aquilo não é nada!. Agrupa os antigos eleitores do PC desiludidos da cintura industrial de Lisboa mais uns velhotes simpáticos do Alentejo.

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    • Jornaleca permalink
      9 Outubro, 2019 22:03

      a. Porque é que você discrimina cinco milhões de portugueses que trabalham fora do país?

      b. E os 45 por cento de abstenção?

      c. Você conhece aquelo experimento com os macacos e a inovação?

      d. O que significa ser esquerda? E o quê direita?

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