Desalegoria da caverna
Eu sei que estou sozinho quando olho para o lado e vejo pessoas nas suas vidas, a andarem de um lado para o outro, completamente alheias ao regresso da pena de morte. Talvez não se importem, ou talvez até equacionem sentenciar o velho a “um fim digno” que leve às tão necessárias partilhas.
O seguro não paga a hipoteca da casa caso a morte do cônjuge se comprove ter sido por suicídio. Poderia dizer que já se sabe como será em caso de eutanásia, mas a realidade é que não se sabe nada, só se sabe que é fundamental legalizar o extermínio de pessoas imaginárias, já que em Portugal, que se saiba, nunca alguém solicitou ao estado que o matasse. Vê-se muita gente a pedir o contrário, que os salve, muitas vezes sem que tal seja possível, outras ainda porque o estado os trata com menor reverência do que a que dispensa a um poio de cão na praia.
Os projectos de legalização de eutanásia visam apenas um fim: convencer papalvos da bondade do estado para certificar que chegou a altura em que só andam a chatear e a dar despesa. Como se costuma dizer por aí, há muito idiota útil à causa. Discordo da expressão: são idiotas inúteis. Talvez sejam úteis a alguém, se dotados da imensa riqueza que é serem amados por outro, mas, para a causa comum, são inúteis que acumulam com amor alheio desperdiçado.
Os meus amigos não acham que o grande cisma nacional se dará com a aprovação da hedionda lei, seja ela qual for. Quanto a eles e ao país não sei, mas quanto a mim, será o meu regresso à caverna numa tentativa de esquecer que, em tempos, tentei compreender a humanidade. Foi um desperdício de tempo: além de macacos a masturbarem-se com as próprias fezes não resta mais nada.

“completamente alheias ao regresso da pena de morte”
Não sou contra a pena de morte, e casos como o do islamista que esfaqueou dois ontem, em Londres, mais do que justificam.
Posto isto, quem quiser cometer suicídio, esteja à vontade. Só pedia que não o fizesse com o dinheiro do contribuinte.
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… não há pessoas islamistas. Islamistas são os templos, as cidades, livros, coisas, etc. As pessoas que seguem a fé islâmica são muçulmanas.
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Por favor, não importem mais modas da estranja! O que se comete são crimes, proezas. Nunca suicídio. As pessoas suicidam-se e ponto.
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Não é nada ponto. Nada disso.
Agora depende da sua igreja, da sua seita, da sua escola de pensamento.
Você é que interpreta assim a coisa, o dado. E porquê? Porque é uma ovelha da igreja ateia. Os ateus na sua grande maioria não se interessam um corno pelo próximo. Pela própria família, talvez. E se for.
Mas, suicidar-se, é um crime. Porque é que essa pessoa quer suicidar-se? Aqui já começa o problema. Alguém tem culpa.
E esse culpado, nega a culpa. E assim para a frente.
Os ateus são quase todos maus pensadores. Eles só dizem que sabem pensar. Mas, fazendo a prova dos nove, quase todos chumbam.
Suicidar-se é mau, um crime.
E a pena de morte. Existem seres humanos tão diabólicos, cheios de profunda maldade, que merecem a pena de morte, porque não querem emendar-se. Quem o negar, nunca tratou desses problemas.
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Acho que o comentárioa cima é mesmo só uma questão de português: as pessoas suicidam-se, não cometem suicídio. É um estrangeirismo estúpido.
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Eu só falo aqui português e não sou perfeito. Quem quiser perfeição que fale comigo em alemão. No alemão diz-se assim: cometer suicídio.
Mas o problema fica na mesma. Nada muda, nadinha.
Porque é que as pessoas se suicidam? Elas não o fazem de livre vontade. Quem é que os levou a esse ponto?
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Vitor, o seu argumento e dos que aqui se opõem à eutanásia é o da slippery slope: mau-grado quaisquer boas intenções, a eutanásia será depois abusada por um Estado desonesto e prepotente.
Para mim, o ponto maior continua a ser quem manda nesse Estado: se esta partidocracia, se os cidadãos numa democracia semidirecta. Mas nisso estou eu sozinho; ninguém aqui quer saber do assunto. Logo, o Estado continuará a ser uma entidade distante e abstracta, chula, desonesta e prepotente, porque é gerido por uma canalha chula, desonesta e prepotente. Adiante.
Não vejo a hecatombe que o Vítor e outros antevêem: não creio que o Estado, mesmo este Estado gerido pela canalha política, desate a matar velhotes e indesejáveis a torto e a direito. Tal como a legalização do aborto não nos deixou no top dos abortos, nem nada que se pareça, ou a relativa discriminalização das drogas não nos tornou um país de drogados – pelo contrário.
Para o melhor e o pior, Portugal é um país moderado, sem os exageros de boa parte do resto do mundo (a começar pelos EUA, esse farol dos direitalhas). Há abusos e abusadores, como em todo o lado, mas esses abusam com ou sem as leis. Mantenho que a eutanásia faz parte daquilo a que chamamos civilização. Negá-la trará mais hipocrisia e sofrimento do que legislá-la e regulá-la.
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Estado e boas intenções não combinam.
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Filipe,
Não ser ilegal consumir drogas ou providenciar aborto seguro a quem o procura está a milhas de autorizar alguém a morrer (“posso atirar-me desta ponte?” seria ridículo). Usar médicos para activamente matar pessoas é um grau de imoralidade acima de qualquer outra coisa incluindo canibalismo, incesto ou qualquer outra actividade que não carece da autorização e beatificação estatal.
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Por alguma razão”que agora não me ocorre” a Catarina do BE declarou à dias , “temos de tratar dos Cuidados Paliativos, antes da eutanásia”!!! Segue em cadeia!!
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Mais uma subscrevo…excepto a parte dos direitalhas…os canhotos são uma abominação ao mundo e está para nascer um regime socialista que funcione (sim porque eles vão sempre continuar a tentar).
E dito isto…não acho que o assunto da eutanásia, assim como o do aborto seja ou deva ser uma questão de direita VS esquerda…é mais a consciência das pessoas.
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Diz-se ‘direitalhas’ mesmo para provocar direitalhas. Com esquerdalhas é igual, mas isto é um blog de direita, com público mais direitalha.
O regime capitalista também só funciona para alguns. Se o socialismo, tal como tem sido implementado, não funciona, então é preciso outra solução qualquer. Assim é que não pode continuar. Os mamões mamam de mais.
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Como escreveu o Carlos Guimarães Pinto, um excelente ensaio no Observador:
“Para percebermos o problema em todas as suas dimensões convém olhar para outra história que começa com os fornos de Londres do princípio do século passado. Nessa altura, as casas londrinas eram abastecidas com um tipo de gás que continha vários ingredientes, incluindo o letal monóxido de carbono. Isto dava aos londrinos uma forma fácil e sem sofrimento de cometerem suicídio.
Milhares de pessoas desviaram o tubo de gás para fora do forno ou metiam a cabeça dentro do forno, morrendo de forma indolor e pacífica. Cerca de metade das pessoas que se suicidavam em Inglaterra e País de Gales utilizavam esse método. Alguns leitores estarão a pensar que ainda bem que esse método existia, caso contrário as pessoas poderiam adoptar métodos mais dolorosos para si e perigosos para os outros.
Esse argumento parte de um pressuposto que se veio a comprovar errado: o de que as pessoas que se suicidavam usando o método indolor do monóxido de carbono se teriam suicidado de qualquer forma se aquele método não estivesse disponível. Nada mais errado. Na década de 60, os componentes do gás mudaram e lentamente foi abandonado o monóxido de carbono. As pessoas deixaram de ter um método confortável e indolor para se suicidarem. Em resultado disso, a taxa de suicídio no Reino Unido caiu cerca de 40%.”
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Eu gosto muito do Carlos. Mas isso não significa que o Carlos não tenha alimentado um monstro, independentemente das boas intenções.
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Vítor, não entendi o ‘monstro’: a citação do CGP parece concordar com a sua slippery slope – quanto mais fácil pôr fim à vida, mais pessoas o farão.
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O monstro foi esperar que um partido com designação liberal não se tornasse por excelência num bloco progressista anti-conservadores. O meu ponto é que se pode adorar o azul, mas se fazemos um clube em torno da beleza do azul, enche-se de indivíduos que simpatizam com o azul porque odeiam o amarelo.
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@Filipe Bastos
Você não tem nem inteligência, nem cabedal, para olhar para trás desse autor, que escreve uma autêntica porcaria, o Carlos G. Pinto.
Porque é que seres humanos cometem suicídio, asno?
Quem é que lhe disse, que o tal autor sabe o que está escrever é certo? Não é!!
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“To commit suicide” não se traduz por “cometer suicídio”, gaita!
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vitor, não se arrisque a sair da caverna. A busca da realidade tem alto preço.
Prisioneiro como os demais, vejo-o a apalpar saídas num desespero.
Os prisioneiros fitam-no aparvalhados, atentos aos jogos da bola, aos anúncios enganosos, às notícias falsas e à tiradas televisivas dos corruptos que se governam. A eutanásia já chegou ao seu espírito, do corpo anda perto. A eutanásia é filha de tanatos, prospera. Em silêncio lentamente, cumprida a estabilidade que o rei nu preza e a quem reza. Não existem culpados. Se existiram, tanto faz, ninguém se lembra.
Vivem-se os últimos actos da festa de créditos avulsos na enfermaria cor de rosa, gerida por foras da lei. Nada de equívocos. As leis não deixam de ser apreciadas aos fins de semana e durante as férias. Tão original como em Barcelos, os arguidos não deixam de merecer os votos do nosso povo para se guindarem à presidência da câmara. Doentio.
Já acenava António Nobre.
“Entrai na enfermaria! Vede! : as Ilusões sombrias! Cancros do Tédio a supurar melancolias! Gangrenas verdes, outonais, cor de folhagem! O pus do Ódio a escorrer nesta alma sem lavagem! Tristezas cor de chumbo! Spleen! Perdidos somos! Prantos, soluços, ais…”
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E uma pessoa a pensar que o histerismo, o maniqueismo e a má fé hiperbólica , era apenas uma carateristica da “escardalhada”…
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O extraordinário, encantador, muitas vezes genial George Steiner. RIP.
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Óptimo post, VCunha.
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Sobre a eutanásia: deem trela e papinha à besta e verão o que acontecerá…
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Sobre a imbecilidade da quadrilha que governa a esterqueira em que Portugal se transformou, nao ha nada a acrescentar. O que eu gostava era de ver alguem berrar alto e em bom som que “no dia em que acabar a ditadura trotskista, toda a tralha legislativa que esta gentalha criou vai ser total e imediatamente revertida”. So isso e que me fara voltar a votar.
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O CGP teria sido eleito para o Parlamento se este bando de malucos da IL não tivesse dito que ia legalizar a eutanásia. A IL vai desaparecer nas próximas eleições. É o que faz serem tão parvos como o BE: importar ideologias que não têm nada a ver com os portugueses e tentar injetar isso à força.
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