O ministro, a bastonária, o merceeiro e o diabo
Por princípio a baixa de impostos é sempre algo positivo. No entanto, tentar fazer da política fiscal um instrumento para baixar o preço dos bens para o consumidor é não apenas uma ideia estapafúrdia, como também algo profundamente estúpido, perverso e contraproducente, prejudicando sobretudo as pessoas mais pobres.
A iliteracia económica da generalidade da população e a dificuldade que a maioria das pessoas tem em fazer uma análise racional e contraintuitiva das medidas para além do imediatismo epidérmico que possa ser visível, é campo aberto para a manipulação dos mais despudorados políticos da nossa praça, em especial o videirinho caudilho que é António Costa.
Mas sobre preço já fiz crónicas e, por isso, a pretexto da telenovela do “Iva Zero” destaco dois outros aspectos.
Desde logo a falta de vergonha na cara dos nossos jornalistas em convidar para comentar as medidas do governo familiares próximos dos titulares de cargos políticos. Eis, por exemplo a mulher do ministro da saúde a comentar as medidas do seu marido: ver vídeo ao 1m30s.
Outra coisa extraordinária e dificilmente explicável é a facilidade com que a grande distribuição ou muda de opinião, ou é profundamente ingénua ou é activamente colaborante com as patranhas do governo. Repare por exemplo na evolução das posições públicas de um dos grandes players no mercado. Em 2018 o dono do Pingo Doce confiava em António Costa, este ano já considera o governo uma cambada de mentirosos e desonesto, mas passados breves dias a associação que representa a empresa está aos abraços ao primeiro-ministro e feliz por ter feito um pacto com o Diabo, perdão, com o governo: ver vídeo aos 2m48s.
Isto não se inventa.
O país é uma anedota de mau gosto.
O país não é apenas uma anedota de mau gosto, ele é também um esgoto a céu aberto de tramóias de políticos, um beco sem saída, um navio descomandado a desfazer se em frangalhos.
Com esta maltosa política que faz da política modo de vida, que nunca na vida fez nada de útil salvo darem nos cabo dos nervos com suas aldrabices e uma retórica rançosa, que têm para o desenvolvimento sustentado do país uma ideia tacanha, não se vai a lado nenhum. Somos um país falhado.
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O Diabo é o Costa.
O resto é bruxaria.
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Note-se como os jornalistas de repente esqueceram-se da palavra Populismo
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O Crony Capitalism, que o Telmo evidencia na relação do Pingo Doce com o governo, é endémico em Portugal (e em muitos outros países capitalistas) e enquanto a IL não o denunciar, não os considero confiáveis ao meu voto!
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O Crony Capitalism…
Uma admissão louvável para alguém de direita, mas ainda assim inútil: fora de contos de fadas, unicórnios e outros delírios direitalhas, não há outro capitalismo.
Nem pode haver; é impossível. Primeiro porque os DDT não deixam; depois porque deixaria de ser capitalismo.
O “verdadeiro capitalismo”, bonito e puro, das fantasias da direita é isso mesmo, uma fantasia. Nunca existiu.
Já ouviu isto em algum lado? É natural: é o que a direita diz de qualquer socialismo. Só que a “natureza humana”, essa velha historieta, é sempre aplicada à esquerda. Nunca a aplicam ao seu querido capitalismo, vá-se lá saber porquê…
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Porque é que julgas que os capitalistas gostam muito mais de socialismo desde que não percam o controlo do meio de produção?
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…Fazer da política fiscal um instrumento para baixar o preço dos bens para o consumidor é … perverso e contraproducente, prejudicando sobretudo as pessoas mais pobres.
Bonita, esta preocupação dos neoliberocas com os mais pobres. Se há alguém que sempre lutou por eles foram bilionários e lobbies mamões.
E o mercado que funcionava tão bem… o Continente, Auchan, Pingo Doce e Cia. cada vez mais baratos, as rendas a descer, os preços dos combustíveis na feroz concorrência do costume… e vem o Estado meter-se? O horror!
Felizmente que o mercado não dorme, basta ver Espanha: os mamões mamam também o IVA e agradecem. Isso já os Telmos acham bem.
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Guincha e grunhe para aí até te cansares.
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Quando os impostos são a maior parte do preço onde é possível a concorrência?
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