A demissão de Costa, Galamba e a Operação “Influencer”

Costa saiu de cena. Há motivos para festejos? Ainda não. Guardem os foguetes porque neste país, por tradição, nenhum colarinho branco aquece o lugar na cadeia. Só os políticos e colarinhos brancos de menor importância (leia-se, os que menos segredos sabem que possam incriminar outros sobre as negociatas) é que acabam bodes expiatórios.  Lembram-se do Processo Casa Pia? (recorde aqui e aqui).

Todo o resto safa-se. Porque se abrirem a boca arrastam centenas deles. De todas as cores políticas. Isto é um polvo e o Costa é a cabeça do polvo neste momento, tal como o foi, Sócrates. 

Costa foi apanhado nas escutas mas os “boys” colocados por ele em posições estratégicas, farão de tudo para a montanha parir um rato isto, apesar de estar implicado até ao tutano. Porque se assim não fosse, não teria tentado silenciar Sandra Felgueiras do Sexta às 9, a investigação que desencadeou a Operação Influencer. (recorde aqui e aqui). É clarinho como água.  

Enquanto A NOVELA decorre, nos bastidores já se negoceia nova geringonça. Sim, os socialistas vão agarrar-se ao poder como lapas porque se saírem colocam em risco os TENTÁCULOS do POLVO, cheios de casos de polícia que não podem ser investigados. Além disso, o dinheiro tão apetecível da corrupção não pode parar, entendeu?

Para haver MUDANÇA a população teria de dar maioria absoluta a um único partido à direita. Mas como isso não vai acontecer porque o PS de Costa investiu 8 anos do seu mandato em fazer crescer o número de dependentes do Estado e clientelas – entre 2015 ate ao 3º trimestre deste ano, só em funcionários foram mais 86,563 – os partidos vão todos procurar fazer coligações PÓS ELEITORAIS (porque nestas o povo NÃO MANDA) para surpreenderem-nos com todo o tipo de coquetéis políticos apenas para ganharem o poder.

Aqui chegados, este PSD de Montenegro, infelizmente, irá rejeitar  uma coligação com todos os partidos da direita e optará por fazer acordos, inclusive com o PS que afirmará ser “pelo bem de Portugal” porque não pode ceder aos “radicais de direita”, que, EM BOM RIGOR, só o são porque assim os conotaram.

Desta forma, a menos que o povo vote massivamente para essa mudança, jamais haverá mudança. Apenas será mais do mesmo. 

O (des)governo de António Costa foi o pior desde o 25 Abril. O PIOR. Ainda não tinha aquecido o lugar, em 2015, e surgia o caso BANIF (lembram-se?) onde “a decisão de vender este banco de forma compulsiva ao Santander em 2 meses escondia a necessidade de livrar os accionistas que em Janeiro de 2016 estariam abrangidos pela normativa europeia que os OBRIGA a avançar com capital, antes da entrada do Estado. Ora, colocar os portugueses a pagarem SOZINHOS o prejuízo do banco e fazer de conta que a culpa era dos outros, sabendo que os portugueses são mal informados, foi o primeiro golpe logo a seguir a Outubro de 2015 “. (A Propaganda Mentirosa de Costa)

Mas afinal, quem é este António Costa que nos calhou na rifa? Que percurso teve? Vamos lá recordar:

Como presidente da associação académica da Faculdade de Direito de Lisboa não quis aceitar uma eleição e foi preciso rebentar uma porta com uma mesa de matraquilhos por este se recusar a dar a chave da sede à lista vencedora.

Como “boy” de Constâncio, subiu ao secretariado nacional do PS e participou activamente na negociação com os comunistas para a coligação que haveria de governar o município de Lisboa entre 1989 e 2001.”

Como “boy” de Guterres, foi secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e ministro da Justiça. Com a saída de António Vitorino, subiu a ministro dos Assuntos Parlamentares e a tutela da Expo 98. Depois da derrota do PS nas legislativas antecipadas de 2002, assumiu o lugar de líder parlamentar enquanto Ferro Rodrigues era o secretário-geral, cargo que ocupou enquanto decorreu o caso Casa Pia (recorede aqui, e aqui), tendo saído em Junho de 2004 para o Parlamento Europeu.

Como “boy” de Sócrates ocupou o lugar de ministro da Administração Interna onde deixou o legado desastroso dos kamov, SIRESP, Protecção Civil, DGV, Guarda Florestal, e contratação de policiais. Venceu as eleições intercalares em Lisboa, em 2007 e tratou imediatamente de fazer um acordo de governação do município com Helena Roseta e José Fernandes, tendo sido reeleito em 2009 e 2013. Preferido de Sócrates à sua substituição, não aceitou o cargo e seguiu Francisco Assis que perdeu para António José seguro, o homem que ele acabaria por trair. (recorde aqui e aqui)

Como presidente de câmara de Lisboa deixou, juntamente com Medina, uma gestão desastrosa cheia de casos de polícia sob investigação.

Como derrotado nas eleições com Passos Coelho, em 2015, depois da “hecatombe” do PS provocada pela inesperada prisão de José Sócrates e dos problemas na sua gestão da Câmara de Lisboa, quase dois meses depois de ter perdido as legislativas, António Costa tornou-se primeiro ministro de Portugal estreando-se no “fabrico de uma maioria parlamentar de derrotados”, com todos os partidos de extrema esquerda.

Como primeiro ministro durante 8 anos, saiu após mais um (entre dezenas anteriores) escândalo de corrupção mas deixa um pântano na governação com: os professores; os médicos; os enfermeiros; no sns; nas urgências hospitalares; com o maior crescimento da carga fiscal alguma vez registada, superior ao período da Troika (leia aqui, aqui e aqui); a tragédia mal contada de Pedrógão Grande e os incêndios de Outubro; a corrupção nas golas anti-fogo; os escândalos de Eduardo Cabrita; a corrupção no Ministério da Defesa; o polémico sorteio de Ivo Rosa; o processo quase prescrito de Sócrates sem julgamento; os escândalosos Galpgate, Familygate, CGDgate, TAPgate; e Plasmagate; a estranha substituicao da PGR; a vergonhosa implementação da ideologia (doutrinação) de género nas escolas e as suas consequências (veja aqui); a desastrosa gestão da “palermia” e suas graves consequências.

E eis que surge mais um Processo: a Operação “Influencer” a juntar-se a esta carrada de escândalos!

Perguntas óbvias que se impõem:

1. Seria possível tantos casos sem conhecimento do “primeiro minúsculo” sabujo?
2. Andam todos a fazer o que lhes dá na real gana sem dar satisfações ao “Deus” como o chamaram nas escutas?

Costa finge que sim mas elas (as escutas) demonstram exactamente o oposto (apesar de abafadas pelos media dos sistema).

Vamos a factos: de que trata a Operação “influencer”?

Segundo o Jornal ECO, “No total, são 28 crimes: prevaricação, tráfico de influência, corrupção e e recebimento indevido. Afonso Salema e Rui Oliveira Neves estão a ser investigados por 7 crimes. Lacerda Machado por quatro. (…) Diogo Lacerda Machado, amigo de Costa, foi detido, tal como o chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, e ainda Nuno Mascarenhas, autarca de Sines, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, da Start Campus, numa investigação que visaria os casos dos negócios do lítio, do hidrogénio e do centro de dados em Sines. (…)Nesse mesmo dia, foram ainda constituídos arguidos o ministro João Galamba e Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). João Tiago Silveira, sócio da Morais Leitão, é também arguido.” (ouça aqui, também)

Há ainda, as teias familiares de alguns dos suspeitos na Operação Influencer:

1. Susana Escária (esposa de Vítor Escaria) é Diretora de Serviços no Ministério do Ambiente e foi adjunta do secretário de Estado da internacionalização;
2. Franscisco Lacerda Machado (filho de Diogo Lacerda Machado) foi adjunto do gabinete do secretário de Estado da Internacionalização;
3. João Lacerda Machado (filho de Diogo Lacerda Machado) foi nomeado pelo Ministério da Defesa para uma empresa tutelada pelo Ministério da Defesa;
4. José Matos Fernandes (filho de João Matos Fernandes) é ex secretário de Estado da justiça num governo PS;
5. Laura Cravo (esposa de João Galamba) trabalha no Ministério das Finanças;
6. Catarina Gamboa Vaz (esposa de Pedro Nuno Santos) é Chefe de Gabinete do Ministro do Ambiente e da Acção Climática.

Outra questão para reflexão de que ninguém fala: será mera coincidência as zonas dos incêndios serem as de prospeçção de lítio? Fica a dúvida e uma proposta para uma investigação da Sandra Felgueiras.

Outro enigma: Galamba que nunca teve a sua demissão em cima da mesa, amplamente protegido pelo Costa (certamente porque sabe demais), entretanto já apresentou demissão (que conveniente). Sabendo que não se verga facilmente (note-se a quantidade absurda de escândalos à volta deste indivíduo sem causar demissão), o que lhe terá sido prometido para que se afaste sem resistência? O que continha, afinal, o portátil de Galamba para que accionasse o SIS para o recuperar e com o aval de Costa?

A verdade é que, segundo o Jornal ECO, “legalmente o SIS não pode ir a casa de ninguém buscar “seja o que for”. (…) Tal como não pode fazer detenções, exceto aquelas que a lei prever que sejam feitas em flagrante delito”, acrescentou. O advogado admite que estamos perante um crime, desde logo de “abuso de poder” (…) a lei veda ao SIS qualquer tipo de competências judiciais ou policiais, podendo apenas cooperar com estas. “Os Serviços de Informações não dispõem de competências policiais, estando os seus funcionários, civis ou militares, proibidos de exercer poderes, praticar atos ou desenvolver atividades do âmbito ou competência específica dos tribunais ou das entidades com funções policiais, sendo-lhes expressamente proibido proceder à detenção de qualquer indivíduo ou instruir processos penais”, lê-se no site oficial. (…) só no caso de existirem dúvidas na prossecução de um determinado serviço é que o SIS pode consultar o primeiro-ministro, uma vez que é o presidente do Conselho Superior de Informações.” 

O Mecanismo, esse sistema oculto organizado, que opera em todos os segmentos do Estado para alimentar e proteger o Polvo e seus tentáculos, foi accionado desde a demissão de António Costa -demissão essa que, em bom rigor, não passou de uma estratégia frustrada de retirar de cena o Costa (por mera questão de imagem política do PS) e substitui-lo por um “boy” seguidor fiel das suas agendas políticas.

Por isso assistimos à bizarrice dos erros “primários” de um Ministério Público que supostamente troca “António Costa Silva” por “António Costa”, mas que não convence e o número da portaria em que João Galamba é suspeito; de uma reunião na sede do PS com Lacerda Machado e Salema no Largo do Rato que, dizem, não aconteceu, mas o arguido acabou confessando que foi em S. Bento. E assim, com estas “supostas” lacunas ilibaram-se uns e colocaram-se em liberdade, outros. Isto só mesmo numa “venezuela da europa”. A este propósito, sugiro que vejam o documentário da Netfilx sobre a dona da L´Oréal e observem como Sarcozy foi ilibado de um crime. Cá e lá o “modus operandi” (do mecanismo) na política, é exactamente igual.

Quando António Costa procedeu à substituição da PGR foi a pensar nestes cenários que sabia poderem vir a acontecer.

Entretanto, tenta-se aprovar, com um governo demissionário, “decretos expresso” para ILIBAR acusados e e nomear “boys”, antes das eleições.

Marcelo, para mal dos nossos pecados, faz parte do Mecanismo. Ao marcar para daqui a 4 meses as eleições legislativas antecipadas, cometeu uma ilegalidade a vista de todos e que permite dar tempo ao governo cessante de fazer as alterações que necessita para livrar os implicados nesta teia de corrupção da Operação Influencer, entre outros.

Nestas eleições antecipadas de 10 de Março de 2024, é importante não esquecer, além dos casos recentes com Guterres, Sócrates e António Costa, todo o legado passado do PS – desde a sua constituição, que nos deixou INÚMEROS CASOS DE CORRUPÇÃO E TRÁFICO DE INFLUÊNCIAS, entre outros e que pode ler neste livro “Contos Proibidos” de Rui Mateus – e 3 bancarrotas (1977, 1983 e 2011) para os partidos sucessores resolverem. Só isto, já era mais do que suficiente para fugir a sete pés desta gente.

Portugal foi capturado nesta teia montada por uma quadrilha política. Só sairá quando o povo despertar entendendo que o poder da mudança está nas suas mãos. Votar sistematicamente na mesma fórmula e esperar resultados diferentes foi o que nos trouxe até aqui.