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Missão: extinguir instituto público

5 Junho, 2024

Segundo dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística, em 2022 tinham actividade em Portugal muito perto de um milhão e meio de empresas não-financeiras. De acordo com a mesma fonte, só 2% destas empresas são sociedades com perfil exportador e mais de 80% de todos os trabalhadores no nosso país estão integrados em empresas que se dedicam apenas ao mercado nacional.

Não deixa, pois, de ser curioso que o Estado mantenha em funcionamento a AICEP, uma agência pública para suposto apoio à internacionalização da economia que, como vimos, potencialmente beneficia um número ínfimo de empresários. Aliás, segundo o próprio relatório e contas da AICEP, este instituto público teve em 2023 interação direta para desenvolvimento do negócio internacional de empresas com umas singelas 3.555 empresas. Ou seja, interagiu com 0,2% das empresas do país. Dito de outro modo: por cada mil empresas nacionais, a AICEP interagiu com apenas duas.

Esta brincadeira custa só em gastos com o pessoal deste instituto público 29 milhões de euros por ano aos contribuintes, numa pitoresca estrutura hierárquica caracterizada por ter um cargo de direcção por cada 4 funcionários.

Recordo que sectores de actividade tão importantes como a energia, as telecomunicações, o serviço postal, entre muitos outros foram já totalmente privatizados. Porém, o Estado mantém-se presente nos serviços de consultoria em internacionalização de empresas, o que não deixa de ser anedótico. Note-se que não faltam sequer empresas privadas que prestem serviços neste âmbito. Aliás, só não existem mais porque o Estado lhes faz concorrência desleal à custa dos nossos impostos.

Os contribuintes portugueses já pagam demasiados impostos em benefício de poucos, mas o Estado insiste em servir de “babysitting” aos interesses instalados do costume e às corporações que se lambuzam em rendas obtidas pela sua proximidade ao poder político.

Confesso que tenho uma secreta, embora ténue, esperança de que a nova administração da AICEP recentemente nomeada e chefiada agora por um respeitado economista que chegou a ser candidato a presidente da câmara do Porto pela Iniciativa Liberal, encare como sua missão extinguir, tão depressa quanto possível, este instituto público.

A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

2 comentários leave one →
  1. JgMenos permalink
    8 Junho, 2024 00:28

    Como agência de viagens de quadros e dirigentes de associações patronais esse instituto deve ser extinto.

    Quanto ao suporte a empresas, importa garantir que estas tenham meios, vontade e possam demonstrar justificar esses apoios.

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  2. Arlindo da Costa permalink
    10 Junho, 2024 04:09

    O “liberal” Arroja é agora funcionário público???? Ai kerido Estado e dinheirinho dos contribuintes!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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