Saltar para o conteúdo

O Sr. Aguiar

16 Julho, 2025

Américo Aguiar, formalmente Bispo de Setúbal e Cardeal, não passa uma semana sem evidenciar de forma escatológica e triste para católicos e não crentes que se trata de uma figura talhada para o showbiz, os holofotes das televisões e os corredores palacianos da politiquice e da classe dirigente, mas não para Pastor da Igreja.

Como seria de esperar, erradamente, o próprio entende que a sua missão é envolver-se no quotidiano das instituições do nosso país, dos partidos, do governo, das autarquias ou do Parlamento, dedicando tempo e energia a causas seculares e não à pastoral e à evangelização.

O senhor Aguiar dirá palavras bonitas que estamos habituados a associar a um verdadeiro sacerdote, mas a sua práctica e acção é a de alguém que vê a Igreja Católica como um espaço de debate e opinião e que não se importa de desviar a religião das verdades eternas em direcção aos assuntos deste mundo, que só podem ser objecto de polémica porque estão fora do domínio da fé.

Nota-se que é muito mais agradável para o Sr. Aguiar dedicar-se às causas abstratas da paz no mundo, das alterações climáticas, da habitação ou das vítimas da opressão capitalista do que trabalhar humildemente nos caminhos da caridade ajudando indivíduos concretos, reconhecíveis e muitas vezes indesejáveis que a Providência colocou no nosso caminho. É mais agradável para o Sr. Aguiar e é muito mais gratificante para o seu ego gigante.

Conforme assinalou o extraordinário e saudoso filósofo britânico Roger Scruton, «a atenção do mundo é mais facilmente captada pelo homem com uma causa, do que pelo homem que cumpre meramente o seu dever.» O verdadeiro sacerdote trabalha em silêncio, longe da publicidade que gravita em torno dos de pouca fé. O seu dever é para com o pecador individual, por quem deve renunciar à sinalização de virtude da sua preocupação com a justiça socia abstrata.

A incompetência apostólica de uma Igreja dedicada aos assuntos mundanos é confrangedora e subverte a essência de uma verdadeira religião que é a de salvar as nossas próprias almas. Esta heresia está muito em voga nos actuais meios sociais progressistas e activistas, zona de conforto para o Sr. Aguiar.

Mas convinha que alguém em posição de autoridade dentro da hierarquia da Igreja fizesse ver ao Sr. Aguiar que o papel apostólico de um sacerdote é apresentar a fé ao descrente e no mistério da condição humana e da universalidade da Igreja, oferecer respostas às questões da vida prometendo a redenção e a salvação individual.

A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

2 comentários leave one →
  1. passante's avatar
    passante permalink
    17 Julho, 2025 16:48

    O senhor Aguiar

    Estamos muito ateus republicanos hoje? Não lhe fica bem.

    Se o sr. Silva é cardeal, vem designado por Cardeal Silva. A menos que estejamos no reddit a ler devaneios de liceais.

    Gostar

  2. Desalinhado's avatar
    Desalinhado permalink
    20 Julho, 2025 08:06

    Américo Aguiar, como se diz na minha terra, é um mero idiota que se anda a armar ao pingarelho.

    Gosta muito de aparecer para de alguma forma ser lembrado, e a única forma que encontrou é andar, como rato de sacristia, a percorrer os palácios do poder.

    As JMJ foi a sua caixa de pandora, que se abriu para se dar a conhecer às agendas mediáticas do oportunismo e protagonismo, que ele tanto adora, escondendo atrás do altar, do deve e haver, o prejuízo económico que estas jornadas deram ao país.

    Bastaria comparar, esta figura egocêntrica e insuflada por aquilo que julga ser, mais que os outros e superior do que qualquer um, ao bispo de Lisboa, um homem mais sensato e discreto, na vanguarda dos valores da fé, que sabe escolher melhor os seus caminhos e silêncios.

    Américo Aguiar era muito amigo de Pinto da Costa, fazia realce disso mesmo, esquecendo-se que este companheiro altamente polémico e pouco recomendável, e a coberto de uma suposta regionalização anti-Lisboa, criou uma máfia que capturou toda uma região, em que o mais importante era ganhar, fosse pelos métodos que fossem.

    Américo Aguiar não tem jeito nenhum para a fé, e muito menos para ser bispo, sobretudo para a diocese de Setúbal, onde caiu de páraquedas como um deslocado, sem qualquer conhecimento dos reais problemas que afectam este distrito, não sendo, certamente, com artigos escritos que manda para os jornais que os vai resolver ou debelar, habituado que estava a andar pelas capelanias do norte, onde, quiçá, lhe davam mais importância e reverência.

    Gostar

Deixe uma resposta para Desalinhado Cancelar resposta