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Crescei e multiplicai-vos!

29 Agosto, 2025

Algumas passagens do meu artigo de hoje, na coluna da Oficina da Liberdade:

Nenhuma política pública impulsiona a natalidade de forma minimamente significativa e sustentada. Ao contrário do que fica bem dizer a qualquer pessoa preocupada com o envelhecimento e contracção da população, resulta evidente das inúmeras experiências internacionais que subsídios directos, créditos fiscais, licenças de maternidade e parentais remuneradas, pagamentos de creches, ajudas de custo ou tarifas mais baixas nos transportes públicos, por exemplo, têm impacto despiciendo e limitado no aumento do número de nascimentos de bebés. Ninguém tem filhos por incentivo dos decisores políticos. Políticas deste tipo, além de ineficazes, são provavelmente contraproducentes.

Mas talvez a análise do problema demográfico das nossas sociedades seja mais rica e reveladora se em vez procurarmos obter respostas sobre porque é que as pessoas não têm filhos, tivermos antes um ponto de vista mais etnográfico e investigarmos as razões e motivações humanas pelas quais as pessoas têm filhos e o que leva uma minoria de pais a terem muitos filhos.

Os maiores custos associados à maternidade não são, portanto, os das despesas directas com os filhos, mas sim o custo das oportunidades de carreira perdidas e de outros sonhos que ficam por cumprir.

Mas as Mães que participaram no estudo de Pakaluk descreveram a sua escolha em ter muitos filhos como uma “rejeição deliberada de um estilo de vida autónomo, personalizado e autocentrado, em favor de um modo de vida intencionalmente limitado pelas exigências da maternidade”. O seu planeamento familiar não seguiu a atitude convencional moderna. Os seus filhos, como todas as crianças, custam-lhes quase tudo. O que diferencia estas mulheres é que consideram os seus filhos como tão imensamente benéficos que os custos não podem ser comparados.

Em Hannah’s Children descontroem-se mitos e contam-se histórias sobre o imenso valor dos filhos, da natalidade como pertencendo ao domínio do espírito, das crianças como chave para o infinito e caminho para a salvação do mundo. Faz falta este modo de olhar a vida. «Crescei e multiplicai-vos!».

O artigo completo, aqui:

2 comentários leave one →
  1. passante's avatar
    passante permalink
    30 Agosto, 2025 11:06

    consideram os seus filhos como tão imensamente benéficos 

    Frase chave. Enquanto não escavacarem ideologicamente o “feminismo” e o resto das aberrações egoístas como o “direito à felicidade”, continua a avalanche de consequências de acreditar em tolices.

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  2. balio's avatar
    balio permalink
    31 Agosto, 2025 10:42

    Catherine Pakaluk […] desenvolveu um trabalho de investigação académica que consistiu em entrevistar 55 mulheres com formação superior, com pelo menos 5 filhos, vivendo em várias regiões dos EUA e com níveis de vida diversos

    Note-se que somente entrevistou mulheres com formação superior. Se tivesse entrevistado também mulheres com formação inferior (que são maioritárias na sociedade), poderia talvez ter obtido resultados diferentes. Em particular, é expectável que, para mulheres com formação superior, os incentivos financeiros à natalidade sejam relativamente pouco importantes – precisamente o resultad que Pakaluk obteve.

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