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E se o Ronaldo não jogasse futebol? *

16 Janeiro, 2009

Claro que não havia gala. Nem festas. Nem fogo de artífício. Não só não era o melhor do mundo como, à partida, todos os dias, professores e padres, políticos e sociólogos, juízes e jornalistas, usariam e abusariam dum conjunto de estereótipos que não só explicavam o seu falhanço como muito provavelmente o condenavam à partida a ser um falhado. Ou mesmo um delinquente.

O pai alcoólico, a violência doméstica, os baixos rendimentos da família e a separação dos pais seriam explicações mais que suficientes para que nada se esperasse dele na escola. Nem sequer bom comportamento! Curiosamente tudo aquilo que explicaria o seu insucesso na escola torna-se um argumento para o reforço do seu carácter e da sua performance  quando se fala de futebol. Os artigos sobre a sua infância e adolescência tornaram-se, graças a uns jornalistas em transe místico-futebolístico, numa espécie de conto do Dickens adaptado aos tempos modernos: o pai tinha problemas com o alcool e um outro parente com a droga? Eis então o jovem Ronaldo a abominar esses vícios. A família deixou-o vir sozinho para Lisboa? Eis uma opção a louvar porque de cada vez que ligava para casa, a chorar com saudades, e não o deixavam desistir aprendia que há que fazer escolhas. Os colegas gozavam com o seu sotaque madeirense? Havia que trabalhar para ser melhor do que eles. E assim sucessivamente até chegar ao triunfo.

Desconheço a real importância destes episódios na vida de Cristiano Ronaldo mas a bem da verdade diga-se que dificilmente uma escola poderia impor aos seus alunos o mesmo rigor que os treinadores impõem aos candidatos a jogadores profissionais pois logo se vaticinariam mil traumas às crianças em causa. O reverso de a escola não esperar grande coisa destes alunos é que lhes exige pouco e não lhes impõe nada.

Não sei também se a memória da pobreza fez ou faz Cristiano Ronaldo chutar melhor mas tenho a certeza que caso Cristiano Ronaldo tivesse ficado pela escola não só ninguém teria pensado que ele poderia vir a ser o melhor do mundo no que quer que fosse como, e isso é que é grave, nem se esperaria que fosse sequer profissionalmente competente.  

Meninos como o  Cristiano Ronaldo, com alcoolismo na família, divórcio dos pais e baixos rendimentos, constituem parte do grupo daqueles alunos que, segundo a actual doutrina politicamente correcta sobre a aprendizagem, levam a que o ensino público “nivele por baixo”. Nada melhor do que os comunicados da FENPROF contra os rankings para perceber como o Cristiano Ronaldo estava votado escolarmente ao insucesso: “Os resultados académicos reflectem realidades que devem ser analisadas à luz de muitos factores, especialmente factores sócio-económicos, linguísticos e culturais. Por isso, não é legítimo colocar em pé de igualdade, em termos de resultados esperados, todas as escolas do país (públicas e privadas, do litoral e do interior).” Nem de propósito. Ronaldo é o retrato do aluno falhado à partida pelos “factores sócio-económicos” – família pobre e com problemas – “factores linguísticos” – o sotaque madeirense não facilita a vida a ninguém – e “factores cuturais”- quantos livros existiriam na casa da família Aveiro?

Neste particular, como em tudo o que são questões de doutrina, a senhora ministra concorda com Mário Nogueira e também ela declarou mal chegou ao governo que “Falta uma informação fundamental para um ranking poder ser uma coisa séria, que é a origem social dos alunos e sem isso não é possível fazer uma boa análise”.

Felizmente que no ranking dos jogadores de futebol não entra esta “informação fundamental” que é a origem social dos avaliados. Aliás se essa informação fosse tida em conta dificilmente o nosso Ronaldo teria sido considerado o melhor jogador do mundo pois certamente que pululam por todos os cantos e clubes jogadores com vidas muito mais difíceis do que a dele outrora foi. Por outro lado se essa informação fosse tida como fundamental os treinadores e dirigentes desportivos passariam a justificar os insucessos, falhanços, trafulhices e demais desatinos das respectivas equipas com a origem social dos seus jogadores, espectáculo a que na graça dos deuses nos têm poupado. Infelizmente na língua de pau do politicamente correcto não existe igual decência e todos os dias se diz e rediz que os filhos dos pobres não aprendem como os dos ricos. Quando na verdade o que acontece é que não ensinados como os dos ricos. 
O confronto com o falhanço de todas as incensadas políticas em favor duma “escola inclusiva“, “que promova a igualdade”, “que não seja para ricos”… tenha não só criado assimetrias sociais tremendas como, por grotesca ironia, converteu os filhos dos pobres no bode expiatório do falhanço ideológico e profissional daqueles que construíram confortáveis carreiras na política e na administração sob o lema do combate à pobreza e à discriminação.
Que em qualquer actividade uns são melhores do que os outros é algo que o próprio Ronaldo mostra à exaustão mas que a nossa escola dita inclusiva demorou a assumir, (sendo certo que no dia em que tal assumiu adoptou como doutrina a tese de que os filhos dos pobres nivelam por baixo). Desgraçadamente  não só este determinismo social se instituiu na escola portuguesa – e recordo que nem sempre assim foi – como vemos banalizar-se também um discurso igualmente vexatório para os mais pobres quando se associam baixos rendimentos e desemprego com aumento da criminalidade. Confrontado com um problema de violência nas escolas, o  presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha de Nascimento, explicou o fenómeno acusando os desempregados ou quiçá os seus filhos: “Se há gente a mais no litoral, se não há emprego, se fecha a indústria, o que é que a gente nova vai fazer? Estamos a falar de gente nova, porque não são as pessoas de 50 ou 60 anos que estão a criar problemas. O que vão fazer as pessoas que estão a começar a vida? (…) A escola é um reflexo disto.” E o próprio Procurador Geral da República, Pinto Monteiro, entendeu por bem avisar-nos que o desemprego e a exclusão social podem motivar neste ano de 2009 uma verdadeira “explosão de violência“.

Por outras palavras, caso Ronaldo não tivesse optado pelo futebol, e a fazer fé nas profecias sociológicas vigentes, não só teria deixado a escola cumprindo o que dele se esperava – ou seja nada – como os seus baixos rendimentos levariam a que também, segundo as mesmas doutrinas, pudesse vir a integrar os números da delinquência violenta, aquela que se estima venha a aumentar por causa da crise e do desemprego.

Numa sociedade que passa a vida a vasculhar sinais de discriminação não encontro nada mais discriminatório do que estas teses aparentemente consensuais da nossa Justiça e Educação. Tal como também não consegui encontrar até agora qualquer notícia sobre assaltantes e outros criminosos mais ou menos violentos que se tenham dedicado a essas práticas por terem ficado desempregados.

Ao contrário do que se gosta de acreditar os pobres raramente se revoltam. O mais que se consegue é que ocupem o seu lugar mais ou menos folclóruco em revoltas que outros, mais abonados, lideram e arquitectam. Quanto a dizer em Portugal, no ano de 2009, que a criminalidade nasce da pobreza parece-me um óbvio insulto àqueles que todos os dias saem de casa para receberem ordenados baixíssimos e terem uma vida muito mais massacrada pelo Estado com taxas, contribuições, multas e demais imposições do que aqueles seus vizinhos que se dedicam ao crime.

Por tudo isso, honra seja feita ao mundo do futebol e doutras modalidades desportivas que, ao contrário da Escola e da Justiça, mandam os fatalismos sociológicos às malvas e fazem milhares de miúdos acreditar que podem ser os melhores do mundo. E sobretudo que não se chega ao topo por passagem administrativa e com muita caridadezinha.

*PÚBLICO, 15 de Janeiro

39 comentários leave one →
  1. permalink
    16 Janeiro, 2009 10:24

    Brilhante.

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  2. Acção Directa permalink
    16 Janeiro, 2009 10:37

    Se o gaijo não desse pontapés na bola não havia post…poupem-me.

    ( E que tal mostrar o caminho do sucesso? Atirar uma cadeira à profe & etc & tal, ),

    mas tem DINHEIRO MUITO DINHEIRO. Neste País abrilado…

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  3. 16 Janeiro, 2009 10:40

    Brilhante mesmo. Parabéns.

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  4. ordralfabetix permalink
    16 Janeiro, 2009 11:00

    Muito bem.

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  5. rxc permalink
    16 Janeiro, 2009 11:02

    Faz sentido iludir milhares de jovens das classes baixas com um futuro muito incerto no futebol (apenas 1 em cada 50 alunos das escolinhas singram mais tarde), desviando as suas atenções de um percurso educativo e formativo sério, que os levasse a uma profissão produtiva e que permitisse à esmagadora maioria ter um futuro digno?
    Pelos vistos, muitos preferem que esses jovens continuem a sonhar com uma vida que é quase impossível de terem. Jogadores de topo haverá umas poucas centenas na Europa (!), o que a Helena defende é pois uma estratégia de vida tipo “euromilhões”…É que por cada Ronaldo ou Figo, há centenas de jogadores mal pagos e com um futuro muito incerto após terminaram as suas irrelevantes carreiras (inclusivamente na 1ª divisão há dezenas de jogadores em situação financeira muito instável).

    Vão-me dizer que é importante sonhar, e eu concordo. Mas reduzir as possibilidades de sucesso ou insucesso na vida à capacidade de controlar uma bola de futebol parece-me muito redutor, mais ainda tendo em conta que os lugares são muito reduzidos…

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  6. helenafmatos permalink
    16 Janeiro, 2009 11:11

    5 – Não deve ter lido bem ou então não fui suficientemente clara. O que eu digo é que no futebol/desporto não se olha para cada um daqueles candidatos com a ficha sociológica pronta a justificar o falahnça. Na escola à partida a sociologia explica o insucesso.

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  7. Proflog permalink
    16 Janeiro, 2009 11:21

    Muito obrigado por ter produzido este texto. Utilizá-lo-ei com os meus aprendizes de jornalismo. É um exemplo perfeito para ilustrar o tema que estamos a tratar: a demagogia.

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  8. caramelo permalink
    16 Janeiro, 2009 11:22

    O que faz o Ronaldo nesta história? Helena, o Ronaldo não é exemplo de nada; é uma excepção, um fenómeno. A regra, desculpem-me lá os paladinos da responsabilidade individual, do esforço individual, etc, é que miúdos com a história de infância do Ronaldo não tenham sucesso, ou tenham muito menos sucesso do que os outros.

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  9. Filipe Abrantes permalink
    16 Janeiro, 2009 11:27

    Opinião da H.Matos repetida pela 348ª vez na sua página do Público. Mais do mesmo. Só mudam as figuras de estilo. Mais do mesmo, na base: “deve haver ensino público e esse deve ser à antiga porque eu é que sei o que é bom para os pobres”.

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  10. Anónimo permalink
    16 Janeiro, 2009 11:32

    O problema é que miúdos como ele são tratados como falhados. pior aqueles que os definem como falhados passam a vida a pedir mais meios, mais equipamentos mais isto e mais aquilo para perorarem sobre o falhanço sem jamais se interrogarem sobre a sua responsabilidade nessa catástrofe. São os profissionais da caridadezinha

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  11. caramelo permalink
    16 Janeiro, 2009 12:00

    Em complemento do meu comentário lá em cima, repare a Helena que é o seu colega de blog LR que dá a entender lá em baixo que se não fosse o jeitinho para a bola do desmiolado do Ronaldo, o gajo não teria passado de trolha (estou enganado, LR)?;) Eu, por acaso, não acho. No casso dele houve uma série de factores excepcionais que condicionaram o seu destino: uns inatos, como o jeito para a bola, outros relacionados com o voluntarismo dele e da familia.

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  12. 16 Janeiro, 2009 12:09

    «“Falta uma informação fundamental para um ranking poder ser uma coisa séria, que é a origem social dos alunos e sem isso não é possível fazer uma boa análise”» – disse a ministra?

    Mau sinal. Para a ministra e a sua política educativa. De vistas curtas.
    O que disse até é verdade, mas curto.
    Experimente-se levar alunos de meios sociais desfavorecidos para escolas dotadas de bons professores conduzidos por boas direcções, talvez as coisas mudem para melhor.
    Começando pelas escolas básicas ou primárias,o mais importante.
    Para que servem os ranking, se não para demonstrar algumas evidências correntes?
    Que há escolas: onde os professores não foram seleccionados; onde as direcções não exercem os seus papéis de direcção e controlo; direcções sem qualquer liberdade/capacidade académica e financeira, logo irresponsáveis; onde os programas do ministério quase não fazem sentido; onde parece terem sido abolidos termos como: desafio, exigência, sacrifício até…

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  13. 16 Janeiro, 2009 12:27

    Um texto perfeito.
    Já o tinha lido no Público onde faz a diferença entre os outros comentadores.

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  14. lucklucky permalink
    16 Janeiro, 2009 13:21

    Ao lado de Ronaldo há muitos pobres em muitas outras áreas que ficaram ricos. Aliás a estupida lógica do eduquês impede que alguma vez alguém tivesse saído da pobreza, nunca poderia ter existido Virgílio, Homero, Sócrates, Pitágoras, Arquimedes o mundo era pobre. Qualquer criança pobre actual tem mais hipóteses que uma criança do Século XIX.
    O Eduquês que não é mais do que o Politicamente Correcto, evolução do Pós Modernismo, aplicado á Educação. Existe apenas e só para dar poder a uma clique burocrática essencialmente de Esquerda e como todas as burocracias o objectivo é perpetuar-se no Poder, justificar a sua existência e estabelecer uma clientela. Por isso nunca tem nem terá o objectivo de resolver problema algum.

    “Muito obrigado por ter produzido este texto. Utilizá-lo-ei com os meus aprendizes de jornalismo. É um exemplo perfeito para ilustrar o tema que estamos a tratar: a demagogia.”

    Muito obrigado por nos mostrar a ideologia que formata o jornalismo actual. Quando não tiverem emprego porque as pessoas descobriram que jornalismo é apenas e só fazer política por outros meios não se admirem.

    —-
    Nunca percebi esta obsessão pelos “Traumas” qualquer pessoa com um mínimo de cérebro ou experiência percebe que há traumas bons e traumas maus.

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  15. 16 Janeiro, 2009 13:39

    Jornalismo de propaganda política,
    NÃO, OBRIGADO.

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  16. Arsénio permalink
    16 Janeiro, 2009 13:44

    Excelente texto.

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  17. Marcos Garrido permalink
    16 Janeiro, 2009 13:59

    Lool, quando não se alinha com a cartilha dominante já é demagogia e propaganda política? Espantoso…

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  18. 16 Janeiro, 2009 14:09

    Propaganda política é propaganda política, seja qual for a cartilha.
    Jornalismo, jornalismo é isento, equidistante.
    Mas é claro que rende mais o da cartilha.

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  19. lucklucky permalink
    16 Janeiro, 2009 15:04

    “Jornalismo, jornalismo é isento, equidistante.”

    Não existe jornalismo isento, pela definição de jornalismo isso não existe. O jornalismo foi inventado para apresentar uma narrativa, para guiar o povo, ou como muitos candidatos á profissão dizem: “Para mudar o Mundo” logo nunca pode ser isento. Isso não tem mal.
    O Mal é apresentar-se como isento.

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  20. 16 Janeiro, 2009 15:24

    Caramelo,

    “Em complemento do meu comentário lá em cima, repare a Helena que é o seu colega de blog LR que dá a entender lá em baixo que se não fosse o jeitinho para a bola do desmiolado do Ronaldo, o gajo não teria passado de trolha (estou enganado, LR)?;)”

    Está. Eu apenas disse que o rapaz é de senso mal servido. Mas daí não se poderá tirar a ilação que ele seria um “vencido da vida”. O que não falta aliás neste país é bem instalados com falta de senso…

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  21. 16 Janeiro, 2009 15:28

    para a senhora HM, quando lhe convém, as excepções só confirmam as regras… neste caso, a excepção tem força de lei! nem concordo com o cruzar de braços perante condições culturais e sociais adversas, e a falta duma escola pré-primária pública e obrigatória não ajuda nada na socialização, e desenvolvimento de competências motoras, intelectuais e emocionais (de que também faz parte a força de carácter para vencer as adversidades e que não fazem falta só aos pobres coitadinhos, também se vê disso por outras classes sociais, mas, claro, as consequências não são as mesmas, porque os meios não são os mesmos) em muitos casos as famílias não estão em condições de preparar os seus rebentos para a disciplina necessária desde a entrada no 1º ciclo escolar, e muitas não são forçosamente famílias disfuncionais… não ao eduquês e não há demagogia fácil que por aqui se professa promovendo a regra o que não é senão excepção.

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  22. caramelo permalink
    16 Janeiro, 2009 15:32

    Ó LR, os bem instalados têm todos um óptimo senso; pode é não ser o senso que o LR preferia que eles tivessem…;)
    Portanto, desculpe lá, mas não me parece ter estado assim tão engando, LR.

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  23. DSC permalink
    16 Janeiro, 2009 15:47

    leiam o livro outliers que dá para entender algumas diferenças entre as hipóteses de sucesso entre ricos/menos ricos.

    Resumidamente, um teste elaborado no início do ano lectivo em 4 anos diferentes da mesma escola mostrou grande disparidade na classificação entre os alunos ricos/menos ricos. O mesmo estudo apresentou que poucas ou nenhumas diferenças existiam quando o teste era efectuado no final do ano. Todos aprendem de igual forma. Uma das hipóteses apresentadas, seria que, enquanto no verão os de classe mais alta envolviam-se (podiam) em actividades que lhes permitia estar expostos ao maior número de experiências cognitivas e sociais, os de classe baixa não. Ano após ano era assim, aumento assim a dicotomia de sucesso entre uns e outros no 4 ano. Outra razão é a própria estrutura familiar. A grande surpresa que uma investigadora encontrou foi que não existem diferenças na forma de relacionamento com os filhos em termos de cuidados, amor, etc. A única grande diferença era a grande disponibilidade e interação que os de classe mais alta tinham com os filhos.

    No fundo, arrasa todo o sistema educativo Norte-americano na criação de reais hipóteses de sucesso entre todas as camadas sociais. e demonstra que 3 meses de férias no verão não é boa ideia também.

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  24. bmm permalink
    16 Janeiro, 2009 16:02

    Piscoiso,

    Desde quando é que o jornalismo voltou a ser isento e equidistante (se é que alguma vez o foi)?

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  25. Anónimo permalink
    16 Janeiro, 2009 16:39

    É proibido fazer festa. Só se pode fazer festa por bombas em Gaza ou para assobiar os governos.

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  26. ex-blogger permalink
    16 Janeiro, 2009 16:57

    Que nada se consegue sem esforço, é verdade. Agora que Deus nos livre de termos os pobres todos deste país a descambar em Cristianos Ronaldos, não haveria telejornal que aguentasse.

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  27. p D s permalink
    16 Janeiro, 2009 17:24

    Helena,

    brilhante…e ao contrario de outrs posts, neste caso estou plenamente de acordo com a analise efectuada. :o) !!!

    Não pos estar mais de acordo consigo, em tudo o que diz sobre o facilitismo e o nivela por baixo que refere.

    :o) !

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  28. Anónimo permalink
    16 Janeiro, 2009 17:50

    27 – não estou ao nível do taxista pela simples razão que dificilmente como motorista teria competência técnica para tal. Também não sei se seria capaz de levar os dias sentada num carro, aturando todo e qualquer um que para lá entrasse, arriscando-me a ser assaltada… E no fim de tudo isso ainda ter de ouvir umas criaturas desfazerem no meu trabalho!!!
    Helena Matos

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  29. XXX permalink
    16 Janeiro, 2009 18:42

    A falta de rigor e exigência, imposta pelas políticas educativas, afasta um grande número de alunos de metas mais ambiciosas.

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  30. 16 Janeiro, 2009 19:29

    Cara Helena

    Não vá por aí … A proveniência sociológica não me parece ser o ponto essencial nesta matéria

    O que interessa dizer é que os jovens portugueses não podem pensar ser putativos “Cristianos Ronaldos” sem que, em primeiro lugar, façam a escolaridade obrigatória, adquiram saberes e competências para a vida activa e pensem em ser bons seres humanos (de preferência que dêem mais valor ao que se conquista com o suor, coisa que Cristiano não faz – pelo menos – com os seus automóveis).

    Toda a gente tem que concluír o 9º ano. A partir daí, cada um seguirá o caminho que entender: ou a delinquência (a Escola ajuda a combater a delinquência porque, afinal, agora também “educa”), ou então o sucesso.

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  31. 16 Janeiro, 2009 21:23

    A Helena Matos para fugir ao politicamente correcto envereda pelo erro.

    Conclui-se que as escolas do interior do país, públicas e privadas, que figuram nos últimos lugares dos rankings estão todas, todas mesmo, a prestar um mau serviço aos alunos mais pobres.

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  32. 16 Janeiro, 2009 21:52

    “Faz sentido iludir milhares de jovens das classes baixas com um futuro muito incerto no futebol ”
    “Eu apenas disse que o rapaz é de senso mal servido”

    O Ronaldo tem muitos defeitos ( o maior dos quais é ser um grande parolo). Mas tudo o que conseguiu foi à sua custa. Todos os que o conhecem desde a infância destacam a sua força de vontade. A sua tenacidade.

    Treinos com pesos nas pernas para ficar mais rápido. Ficar horas no ginásio depois dos treinos para deixar de ser o “Fininho” e passar a ter o cabedal que tem hoje. Repetir fintas e livres até à exaustão para ser cada vez melhor.

    Essa força de vontade, essa ambição, essa tenacidade, essa competitividade, deviam ser um exemplo para todos os jovens.Porque essas qualidades aplicam-se ao pontapé na bola mas também (sobretudo) à Matemática e à Escola.

    Por isso a Helena tem toda a razão. O CR devia ser um exemplo de como na escola, mesmo crianças de meios mais desfavorecidos,poderão ter sucesso.

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  33. 16 Janeiro, 2009 23:28

    Pergunta sacramental : por que será que o óbvio provoca tanta celeuma?
    E tanta “indignação” por parte dos serviçais do costume?

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  34. Luis Marques permalink
    17 Janeiro, 2009 00:59

    Helena…

    Great article…

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  35. 17 Janeiro, 2009 08:30

    Excelente artigo! Concordo com a sua análise.

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  36. 20 Fevereiro, 2009 01:03

    É uma evidência empírica (e mais do que debatida teoricamente) que os filhos dos ricos/cultos vão ser ricos/cultos e os filhos dos pobres/menos cultos vão ser pobres/menos cultos. Sempre “tendencialmente” ou com forte probabilidade, e também sempre com excepções e histórias de vida extraordinárias.
    É certo que varia muito o grau de “determinismo” ou “inevitabilidade” que as diferentes perspectivas propõem, mas nenhuma delas esquece a complexidade dos processos sociais. Não existem leis sociológicas fatalistas em lado nenhum, a não ser talvez no discurso de alguns «opinadores» da nossa praça, tal como não existe qualquer senso lógico ou empírico na ideia de que o mérito individual está desvinculado da origem e do percurso de socialização dos indivíduos.

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  37. Luís Filipe Redes permalink
    3 Março, 2009 03:24

    É uma boa análise dum problema por demais conhecido.
    Ronaldo evidencia algo muito comum nas nossas escolas. Não é o sucesso futebolístico versus o insucesso escolar que a Helena Matos faz aqui contrastar.
    É o facto de um sistema muito exigente e muito selectivo conseguir motivar mais a juventude do que um sistema em que a dificuldade é desvalorizada e a classificação cada vez mais indiferenciada, pesem embora as estatísticas de insucesso escolar.
    Curiosamente, muita desmotivação continua nos cursos CEF alternativos.
    A luta contra o insucesso escolar através da interferência sociológica na esfera da gestão pedagógica resultou nisto: a escola é cada vez menos apreciada enquanto instrução e cada vez mais como socialização. Vejam-se as patéticas intervenções da DREN nas escolas a título de ilustração.
    A ideologia é o que esconde e não deixa ver a realidade. E esta realidade é escamoteada por ideias sociológicas preocupadas com os efeitos sociais do chamado insucesso e abandono escolar, mas não com a formação e instrução relevante dos indivíduos. Concluindo: a escola para todos, nestes termos, é um presente envenenado.

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  38. Pedro Nunes permalink
    18 Fevereiro, 2010 12:42

    Simplesmente excelente!

    Focou o essencial da questão neste post!
    De facto, o Cristiano Ronaldo é um exemplo de puto mal educado, agressivo e mal-comportado que poderia ter resultado num criminoso violento (basta vê-lo em campo e o comportamento que tem com os profissionais de equipas adversárias). No entanto, em vez de canalizar a raiva da sua situação difícil, vivida na infância (pobreza, isolado na Madeira, pai alcoólico e violento, violência doméstica) para o mundo, nomeadamente, para as pessoas em seu redor, decidíu canalizar essa raiva toda, esse ódio contra uma bola e meter golos.

    De facto, ele é um exemplo de como as pessoas devem saber transformar as suas situações difíceis, vividas na infância e adolescência, em algo de positivo ao invés de ficarem a canalizar a sua raiva contra os que estão à sua volta como fazem alguns criminosos.

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