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“Vão empandeirados como animais, mas lá vão…”

7 Maio, 2009

– esta frase surge num conto de Miguel Torga, “Renovo”, que dá conta do caminho de morte que uma gripe doutros tempos deixava por aquelas aldeias serranas que constituíam o universo de Torga. A dado momento os mortos eram tantos que o prior para não desmoralizar ainda mais os vivos proibiu o sacristão de tocar o sino aquando dos funerais. E foi aí que o Eusébio, assim se chamava o sacristão, proferiu aquele “Vão empandeirados como animais, mas lá vão…” Concluia Torga que “até aquela alma rude sabia que, embora triste, sempre era uma nota de vida e de dignificação o sino a anunciar um trespasse humano.” Torga só escreveu isto porque não conheceu Sebastião Cabila, também ele sacristão, residente em Setúbal e não morto pela gripe mas sim a pontapé. A morte de Sebastião Cabila não gerou grandes notícias e apesar de serem vários as pessoas que assistiram ao espancamento que o matou ninguém quis intervir. Dois homens ainda por cima imigrantes não são suficientes para quebrar a indiferença que mascara o medo daqueles que vivem em localidades onde se deixou de acreditar na polícia. Por isso Sebastião Cabila, ex-sacristão, foi para o outro mundo empandeirado tal como outrora iam os cães.

*PÚBLICO

40 comentários leave one →
  1. Pi-Erre permalink
    7 Maio, 2009 10:42

    Mas, em compensação, Setúbal é uma Zona Livre de Armas Nucleares.

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  2. caramelo permalink
    7 Maio, 2009 10:44

    “ninguém quis intervir”

    Helena, talvez não fosse mau ler com atenção a notícia que cita. Quanto a “indiferença que mascara o medo”, nem sei bem o que isso significa. Medo, parece-me que sim; Indiferença não, obviamente.

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  3. EMS permalink
    7 Maio, 2009 11:11

    Caramelo, acho cruel da sua parte exigir que a senhora Helena abdique da
    sua liberdade poética apenas porque o post não coincide com a noticia que ela própria sita.

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  4. 7 Maio, 2009 11:14

    Os imigrantes, e escrevo com i por se tratar de pessoas que chegaram ao nosso país, tiveram um papel importante´; realizaram trabalhos que os portugueses abdicaram de os fazer; contribuiram para a segurança social; evitaram que a população diminuisse. Dito isto. Chegou a nossa vez de os tratar como cães???

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  5. xuxa permalink
    7 Maio, 2009 11:17

    O nosso grande africanizador nem deve ter dormido bem com tamanha perda.Mas os setubalenses gostam dessa animação toda.Senão não votavam no internacionalismo dos que defendem que trabalhador não tem pátria…
    Os antifassistas de sempre andam sempre a queixar-se da “censura” do anterior regime.Agora as notícias dos jornais acerca de crimes são incolores,inodoras, sem “origem” e nacionalidade.Porque será?
    500000 imigrantes legais(os ilegais devem ser outro tanto) para 500000 desempregados.30000 pobres nacionalizados por ano.
    Acho que têm que se habituar a novos hábitos.Fuba e peixe seco como em áfrica em nome da solidariedade…
    Eu cá por mim nunca pensei ver na minha vida tamanha irresponsabilidade, traição a principios de bom governo e desonestidade duns gajos que partem tudo para descolonizar e agora em sentido contrário para nos colonizar com os descoloniados…

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  6. xuxa permalink
    7 Maio, 2009 11:26

    Ó 4
    Vai propagandear para outro lado pá.A imigração foi o maior desastre que nos poderia acontecer.Africanizou a país.Baratinho para o patronato, mas caríssimo para quem paga impostos e vê a sua segurança de rastos.Tudo porque uns gajos combinaram nuns gabinetes africanizar esta merda de país.O que obriga os nacionais a ter que emigrar.A não ter os “rendimentos” para casa social, subsídios, etc pois que os imigrantes vêm com uma mão á frente e outra atrás.A pobreza em portugal é esmagadoramente importada e todos os anos engrossada e sem sequer ser necessária.Quase meio milhão a RSI.Vai catar macacos para áfrica pá…

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  7. Anónimo permalink
    7 Maio, 2009 11:28

    “No café estava uma funcionária e alguns clientes que tentaram pôr cobro à situação. Impassível, o jovem sacou de uma faca e ‘ameaçou toda a gente’ – correio da manhã

    “A morte de Sebastião Cabila não gerou grandes notícias e apesar de serem vários as pessoas que assistiram ao espancamento que o matou ninguém quis intervir.” – helena matos

    já duvido que a senhora saiba ler, pensar está fora de causa.

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  8. Anónimo permalink
    7 Maio, 2009 11:36

    passatempo helena matos descubra as sete diferenças.

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  9. xuxa permalink
    7 Maio, 2009 11:39

    A verdade verdadinha é que este governo trata os Portugueses indígenas como pretos.E armam-se em sobas desta república das bananas.E a malta assim albardada nem um pio dá…

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  10. caramelo permalink
    7 Maio, 2009 11:51

    ó cum catano, ó cum catano… cada vez que a Helena Matos escreve um post, parece que se abrem as portas do manicómio.

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  11. 7 Maio, 2009 12:54

    Que marca era a cerveja?

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  12. fnv permalink
    7 Maio, 2009 12:59

    Ó caramelo: saiste por que porta? eheheh;)))))

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  13. Jorge R Coelho permalink
    7 Maio, 2009 14:42

    Excelente post.
    Pena ter sido piscoisado pelos comentários.

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  14. Jorge R Coelho permalink
    7 Maio, 2009 14:44

    Melhor dizendo:
    Excelente post.
    Pena é receber tantas tentativas de piscoisação.

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  15. 7 Maio, 2009 14:55

    Ó R.Coelho, para unanimismo basta vc.
    Ou anda atrás da mulher?

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  16. AGG permalink
    7 Maio, 2009 15:04

    Isto não se resolve enquanto não adoptarmos a politica dos US, imigrante ou filho de (mesmo que tenha nacionalidade do país) comete crime grave e é imediatamente extraditado após cumprir a pena… e não querem saber se o país tem estrutura para os acolher ou não…. basta ver o que se passa nos Açores…

    Aqui no burgo temos a mania de vitimizar os bandidos então se são imigrantes aí é que dá direito a tempo de antena e permite aos partidos da palhaçada chamar fascista a toda a gente que é o o seu desporto favorito…

    Hoje e sempre contra a politica o coitadinho.

    Saudações

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  17. 7 Maio, 2009 15:05

    6#

    Se não fosse a migração (com i e com e), porque presumo que viva do herário público, teria que andar pelas ruas a pedir, vc e muitos dos reaccionários que pupulam por aí encapotados…

    PARASITAS do sistema!

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  18. miguel dias permalink
    7 Maio, 2009 15:35

    o anónimo 7# já assinalou, mas volto eu a sublinhar não só a demagogia, como, sobretudo, a incompetência da jornalista Matos:

    A morte de Sebastião Cabila não gerou grandes notícias e apesar de serem vários as pessoas que assistiram ao espancamento que o matou ninguém quis intervir

    …E NO ENTANTO…

    No café estava uma funcionária e alguns clientes que tentaram pôr cobro à situação. Impassível, o jovem sacou de uma faca e ‘ameaçou toda a gente’. ‘Fugiu por um beco’, descreveu Antónia Pina, dona do Morabeza.

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  19. helenafmatos permalink
    7 Maio, 2009 15:35

    “No café estava uma funcionária e alguns clientes que tentaram pôr cobro à situação. Impassível, o jovem sacou de uma faca e ‘ameaçou toda a gente’ – correio da manhã

    Uma pessoa com uma faca na mão que simultaneamente pontapeia alguém que está no chão dificilmente consegue ameaçar com a dita faca mais do que uma pessoa. Não censuro ninguém pois se as pessoas se tivesse metido no meio poderiam ter arranjado inúmeros problemas. É isto que eu acho assustador: perante o medo de se voltarem a encontrar como o agressor no dia seguinte e temendo também que intervir nestes casos só lhes traga problemas com a justiça, as pessoas olham para o lado. Sobretudo se forem imigrantes.

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  20. caramelo permalink
    7 Maio, 2009 15:54

    Helena, um indivíduo com um passado violento, como esse, com uma faca na mão e a pontapear uma pessoa, acredite que amedronta mais do que uma pessoa de cada vez. É presumir demais que as pessoas que ali estavam ficaram indiferentes, ao contrário da Helena, suponho, a única pessoa capaz de ficar sensibilizada e actuar vigorosamente quando um imigrante está a ser pontapeado…

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  21. 7 Maio, 2009 16:03

    >i>”perante o medo de se voltarem a encontrar com o agressor no dia seguinte e temendo também que intervir nestes casos só lhes traga problemas com a justiça, as pessoas olham para o lado. Sobretudo se forem imigrantes.”

    É uma afirmação gratuita. Será o que vc. faria em tal situação, mas generalizar aos outros o seu comportamento… pode não chegar a 0,1%.

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  22. Anónimo permalink
    7 Maio, 2009 16:10

    #19 – moral da históriadora, a violência assusta, sobretudo se forem imigrantes.

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  23. helenafmatos permalink
    7 Maio, 2009 16:11

    eu não estou a dizer que agiria de forma diferente. Estou sim a dizer que a par da descrença na justiça a sociedade portuguesa vive a olhar para o lado. Nos transportes públicos umas criaturas de palmo e mEio estragaM BANCOS E injuriam as pessoas mas ninguém diz nada. Ninguém se mete se vê outro a ser agredido. E Setúbal é isto levado ao extremo. As lojas fecham cedo com medo dos assaltos.

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  24. helenafmatos permalink
    7 Maio, 2009 16:15

    22 – Não vá por aí. Não acho que a violência assuste mais quando são imigrantes. Acho sim que se Sebastião cabila não fosse angolano talvez ainda alguém tivesse ousado acabar com o espancamento.Quem sabe se fosse um cão talvez fosse mais difícil que se assistisse à sua morte sem que se atirasse uma cadeira à cabeça do agressor

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  25. 7 Maio, 2009 16:17

    “a par da descrença na justiça a sociedade portuguesa vive a olhar para o lado”

    Continua a generalizar de modo avulso. Se tem descrença na justiça, é lá consigo. Quem lhe deu representatividade para falar em nome da sociedade portuguesa?
    Arre!

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  26. Anónimo permalink
    7 Maio, 2009 16:20

    #24 – afinal confessou, mas escusava de comparar com o cão. também gosto muito de animais, mas as pessoas estão primeiro, solidariedade racial.

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  27. miguel dias permalink
    7 Maio, 2009 16:28

    O que diz é capaz de ser verdade, refiro-me concretamente a olhar para o lado. Mas o exemplo que escolheu foi completamente despropositado.
    Aliás, posso lhe dar um exemplo precisamente do contrário. Na minha rua há uma cabine telefónica alvo permamente das sevícias de toxicodependentes à cata de umas moedas. Como já ninguém as usa e não se está para chatear, os autocnones passam ao lado do vandalismo. No entanto, há dias quando um toxicodependente insistia em martelar insistentemente o dito telefone público, foi um imigrante africano que aqui mora que o impediu, precisamente porque se tratava das poucas pessoas que tinham necessidade daquela cabine.

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  28. Anónimo permalink
    7 Maio, 2009 17:01

    #23 – e a solução é andarmos armados e um polícia escondido dentro de cada caixa registadora.

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  29. Pi-Erre permalink
    7 Maio, 2009 17:15

    O Piscoiso é um verbo-de-encher.

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  30. Anónimo permalink
    7 Maio, 2009 17:58

    #1 -Esses cartazes, de tão patéticos e estúpidos, já desapareceram.

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  31. Anónimo permalink
    7 Maio, 2009 18:02

    A selvajaria jacobina não dá relevãncia a um ex sacristão!!!

    Em contrapartida, no Expresso de sábado, um frustradinho da silva italiano incapaz de resolver os traumas pessoais, miseravelmente covarde, atira-se ao ratzinger, desesperado.

    Mas tocar nos tiranos do Sudão-Darfur, Líbia, Ayatollahs, Mugabe, talibãs, Kim da Coreia, Myanmar, traficantes de droga e armas,etc isso não!

    são estes desgraçados, mais os que os protejem, que são opinion-makers!!!

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  32. 7 Maio, 2009 18:52

    Estranho, muito estranho, que o MAI não tivesse vindo aqui sossegar toda a gente com a garantia de que a criminalidade não tem aumentado. Quanto à justiça, basta o Piscoiso para garantir a sua excelência. Estamos a ficar colonizados pelos africanos? quem é que ainda tem dúvidas?

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  33. Aguiar Mota permalink
    7 Maio, 2009 18:56

    #29,
    Ná…!!!, essa coisa não enche coisa nenhuma. O ar do peido só liberta fedor. Nem vale o salário de miséria que o Pigmeu S.S. lhe paga.

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  34. 7 Maio, 2009 19:00

    Ó C., eu não garanto nada e tenho muitas dúvidas.
    Mas se acha que está a ser colonizado por africanos, quando diz “estamos” refere-se a quem?
    É que eu não me sinto colonizado e até tenho amigos africanos.

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  35. 7 Maio, 2009 19:08

    Oh Piscoiso, mas os colonizadores sempre tiveram amigos! E os novos, muitas vezes, são piores que os anteriores, como se pode observar pelo elevado número que preferem a terra dos colonizadores à sua já “libertada”.

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  36. 7 Maio, 2009 19:21

    Então agora que está a chegar o calor, proliferam as colónias balneares.

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  37. 7 Maio, 2009 20:44

    O descrédito na justiça é muito maior do que se possa pensar.
    Sou professora quase há vinte anos, nos últimos tempos quando lecciono aulas sobre filosofia política em que são discutidas questões como: a necessidade do estado; as características de um estado de direito; de que modo é que se pode assegurar a justiça social; quais os limites da liberdade de expressão numa democracia… verifico que a maioria do alunos não só não tem a mínima noção do modo como a democracia funciona, dos seus direitos e deveres (apesar de até ao 10º ano ter tido disciplinas como História, Formação Cívica e ter passado horas sem fim a ouvir falar de cidadania) como também não valoriza o facto de viver num regime democrático.
    A ideia de que todos os políticos são corruptos e de que a justiça não funciona, pois os que podem pagar bons advogados safam-se, que os polícias têm medo de intervir em bairros problemáticos tornou-se um lugar comum. Posso dizer factualmente que se contam pelos dedos, entre as centenas de alunos a quem tenho leccionado aulas em cada ano lectivo, aqueles que consideram haver uma aplicação correcta, e sobretudo atempada, da justiça em Portugal.
    Espanta-me os políticos não perceberem que fora dos seus interesses imediatos e do poderzinho, estão a minar os fundamentos do estado democrático e a pôr em causa o futuro das gerações que virão.
    O descrédito no sistema de justiça português existe, quem quer tapar os olhos experimente a ouvir conversas de rua, de café e já agora a falar com adolescentes e então poderá perceber que a realidade é bem pior do que se possa pensar…

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  38. 7 Maio, 2009 21:30

    A minha tia Santina, que é professora de catequese, acha que todos os seu alunos têm um enorme sentido de justiça, a Justiça Divina que os ilumina.
    Só não vê isto quem não quer.

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  39. Kuito Kuanavale permalink
    8 Maio, 2009 08:28

    o sr piscoiso em vez que lançar as suas habituais graçolas, mlehor figura fazia se fosse escrever “o meu pipi II”, porque até tem jeito. Agora tenha algum respeito pelo menos pelas opiniões sérias que aqui são dadas, como a #37

    Trate-se, para ver se começa a parecer como uma pessoa normal, sem capacetes na cabeça e pensos na boca.

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