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Jornalismo de Causas III

2 Dezembro, 2009

Quando os jornais optam por ajustar a realidade à narrativa de uma causa, correm o risco que apareçam notícias incompreensíveis para o leitor. Se os assassinatos de Montemor-o-Velho são um caso que só pode ser lido na perspectiva da violência doméstica, como explicar a afluência maciça ao funeral do GNR assassinado? O leitor que seguiu o caso pelo Público tem dificuldade em perceber o fenómeno, sobretudo porque o jornal focou todas as notícias anteriores na outra vítima.

Depois disto tudo, e porque as prioridades eram outras, ficou por saber como é que uma vítima é assassinada à porta do quartel da GNR depois de se queixar e como é que um preso (supostamente) desarmado mata um guarda dentro de um quartel da GNR.

8 comentários leave one →
  1. José permalink
    2 Dezembro, 2009 10:51

    Claro, mas são estes sinais difusos que nos apresentam a realidade tal como é. Não foram os media que criaram esse acontecimento do funeral e a fúria colectiva contra o assassino. Foi apenas a evidência de uma violência algo incompreensível e perceptível pelo cidadão comum.
    A reacção a essa violência é outra violência, replicada em cada pessoa que sente a morte de um agente da autoridade que cumpria uma missão em auxílio de outra vítima da violência.
    Pode por isso dizer-se que é uma reacção a uma violência entendida como excessiva.
    Assim, se em consequência dessa violência, o guarda, colega da vítima, tivesse feito justiça eliminando o agressor do mesmo modo, o que poderíamos esperar como reacção colectiva?
    Será que iríamos ter ainda uma “afluência maciça ao funeral do GNR assassinado” ou a ira popular ficaria aplacada?

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  2. joao permalink
    2 Dezembro, 2009 11:01

    O problema está na brandura da nossa legislação e na falta de prevenção e exigência das policias no que toca à segurança…a prática de deter um homicida e não o algemar de imediato está enraizada na cultura policial e a ela se deve o assassinato do GNR. Mesmo depois de matar alguém o assassino é transportado habitualmente pela polícia como um normal cidadão, sem algemas e com todas as comodidades. Na verdade a nossa cultura acha horrivel alguém ser algemado pela policia…isso só acontece no país dos cowboys não é verdade ? o sindicato dos policias devia-se pronunciar sobre a forma de actuação policial na detenção de homicidas, em vez de só aparecer na rua a pedir melhores regalias salariais…..

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  3. 2 Dezembro, 2009 11:44

    Pelo post, link e comentários, não se consegue perceber o que se passou.
    Vou procurar nos jornais antigos, já venho.

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  4. Bin Ladino permalink
    2 Dezembro, 2009 11:51

    Isto só começa a funcionar quando o povo acordar, ele está a fazê-lo timidamente, mas um dia engata e a polícia e as amnistias de nada vão valer. Há contas a ajustar com muitos criminosos à solta e não é com as leis vigentes que se saldam.
    Façam como nós cá nas arábias e vão ver como a coisa muda.

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  5. Vicente Alcatruz permalink
    2 Dezembro, 2009 11:57

    Se não fosse as tragédias associadas a esta história, apetecia-me fazer um pouco de ironia e perguntar porque é que quando a GNR prende um suspeito em flagrante, não o revista. Não veem a série COPS na Fox? a 1ª coisa que um policia deve fazer é revistar o suspeito. Infelizmente para ele e para a sua familia, aquele GNR que morreu pagou caro a displicencia com que se trabalha neste país. Penso que morrem mais agentes de autoridade em Portugal nos confrontos com criminosos, do que o contrário. E por menos de mil euros por mes.

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  6. 2 Dezembro, 2009 12:25

    Caro João Miranda,

    Este seu ‘post’ acaba de ser referido no ‘Sorumbático’, acompanhado de uma foto que mostra como é feita a segurança no posto da GNR de Armação de Pêra.

    Garanto-lhe que vale a pena ver [aqui].
    .

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  7. Anónimo permalink
    2 Dezembro, 2009 12:37

    o miranda anda armado em ponto contra ponto do público, desde qu despacharam o maoísta. eu também sou assim, quando embirro vai dos atacadores à boina. no tempo de fernandes é que era du fixe, era a plantação de belém.

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  8. Muito Mau permalink
    2 Dezembro, 2009 13:48

    e ficou por saber como é que uma mulher com uma filha ao colo foi assassinada dentro de uma ambulância, onde estava um bombeiro, que se afastou para não ser atingido (reacção natural institiva, mas não compatível com o lema “Vida por Vida”). O outro, que estava fora, disse hoje na RTP 1 que primeiro se negou a abrir a porta e foi o assassino a abri-la.

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