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Uma mão cheia de nada e outra de dogmatismo

2 Dezembro, 2009

No Tio Patinhas existiam os escuteiros mirim. Na realidade existe a brigada que todos os dias olha para o espelho e pergunta: “Espelho, espelho meu existe alguém existe alguém que não fique embatucado que lhes digo que não são tão progressista quanto eu?” E todos os dias partem para a rua com o firme objectivo de provarem que são progressistas, moderníssimos e gírissimos. Quem não quer ser assim é reaccionário.

Tal como os escuteiros da anedota que atravessavam velhinhas que não queriam mudar de passeio, pela simples razão de que eles tinham de fazer a boa acção do dia, estes prosélitos também têm de fazer a acção progressista do mês. A dita acção pode não ser desejada por aqueles que a sofrem e em vários casos complicar a vida às pessoas. Mas isso não lhes interessa. As causas estão para eles como os sapatos mudam a cada estação: os que há dois anos eram maravilhosos, agora foram substituídos por outros mais maravilhosos ainda. Lembram-se quando entraram em frenesi com a Lei do Divórcio que só almas muito retrógradas e burrinhas não percebiam ser uma coisa maravilhosa e reivindicada pela sociedade? Pois aí está o resultado: Lei do Divórcio aumentou recurso a tribunais

10 comentários leave one →
  1. Frank permalink
    2 Dezembro, 2009 10:26

    E ouvi dizer que desde que as mulheres deixaram de ter vergonha e/ou medo de se queixarem dos agressores, as queixas também aumentaram imenso. Também nos séc.XIX quase não aconteciam acidentes de viação causados pelo uso do telemóvel e agora é o que se vê.

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  2. helenafmatos permalink
    2 Dezembro, 2009 10:40

    Há desculps fabulosas mas essa é seriamente candidata a prémio.
    a LEi complicou em vez de facilitar: «No entanto, foi no processo de divórcio por mútuo consentimento que as coisas se complicaram. Agora, para legalizar o fim da relação, o casal tem de chegar primeiro a acordo em quatro questões: na relação de bens, na pensão de alimentos, na atribuição da casa de morada de família e, quando há filhos, nas responsabilidades parentais. Mas, apesar de estarem de acordo quanto à decisão de se divorciarem, muitos casais acabam por recorrer aos tribunais para conseguir resolver as outras questões, lembra o juiz António Fialho. Para o especialista, a nova lei, “em vez de facilitar as situações de resolução de conflito, está a aumentar as possibilidades de conflito”.»

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  3. PMS permalink
    2 Dezembro, 2009 10:55

    É o que dá ter leis feitas por quem não gosta nem compreende o conceito de casamento, nem consegue aceitar que alguém se case em plena vontade e consciência.

    Ironicamente, os mesmos que criaram o divórcio na união de facto…

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  4. Zé Toino permalink
    2 Dezembro, 2009 12:09

    Se forem espertos façam como o Grande Sócrates:

    Prefere ter namorada a ter esposa.

    E ele é que é burro?

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  5. Macho permalink
    2 Dezembro, 2009 13:26

    Se é burro ou não ver-se-à em breve.
    Quanto às namoradas dele(as verdadeiras)…prefiro mulheres!

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  6. 2 Dezembro, 2009 15:22

    “Agora, para legalizar o fim da relação, o casal tem de chegar primeiro a acordo em quatro questões: na relação de bens, na pensão de alimentos, na atribuição da casa de morada de família e, quando há filhos, nas responsabilidades parentais.”

    Helena Matos,

    Já era assim na lei anterior. Para o divórcio por mútuo consentimento era necessário chegar a esses acordos.
    Pode ser um facto que os divórcios tenham aumentado, mas não se as causas desse aumento residem na nova lei. Tenho muitas dúvidas que sendo a lei tão recente o verificado aumento seja uma sua directa consequência.
    Parece-me que este post foi só para ver se picava os ditos progressistas.

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  7. Chloé permalink
    2 Dezembro, 2009 17:15

    Tem inteira razão a Helena Matos. São reformas legais “contra natura” (aqui contra a simples natureza das coisas). O facto é que resolveram fazer dos caminhos processuais já existentes uma espécie de rampas alcatroadas para onde as pessoas são projectadas à velocidade da luz. O resultado da «lei-escorrega» é a acumulação de assuntos a resolver entre as partes. E depois uma reacção (compreensívelmente) mais belicosa face a esta urgência de acordo forçado.
    Isto não é progressismo, é irresponsabilidade social.
    Aliás, é precisamente o tipo de progressismo que essa gente perfilha.

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  8. Eduardo F. permalink
    2 Dezembro, 2009 17:18

    O experimentalismo e voluntarismo sociais são práticas com um potencial de perigo muito grande pois perseguem uma utopia. A criação do paraíso na Terra, por oposição à promessa que a religião católica oferecia do paraíso no Céu.

    Não sei se será o caso mas, as mais das vezes, as leis acabam por produzir efeitos preversos tão ou mais poderosos que as virtudes voluntaristas que elas perseguem. Para reflexão.

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  9. MJP permalink
    2 Dezembro, 2009 21:02

    Quem defende causas não precisa de ataques pessoais a adversários, como etiquetá-los de reaccionários, para demonstrar que tem razão.
    Quem precisa de classificar os que se lhe opõem já está a demonstrar a fraqueza da sua argumentação.
    Não há jornalismo de causas progressistas em Portugal. O mais parecido é o que faz Vital: inconsequente, incoerente, mas sempre idealista. Ser progressista é ser idealista e todas as ideias têm uma boa percentagem de utopia. Em Portugal nega-se ou oculta-se essa parte em vez de tentar colmatá-la. Avança-se para o abismo sem dar ouvidos aos retrógrados que são prudentes, nem fazendo um simples balanço do que corre mal. Todos querem descobrir a pólvora.

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